quarta-feira, julho 26, 2017

Em rigor e em liberdade



Acho que se chama Patrícia e é suposta defender os civis. "Brifa" jornalistas... não se 1 se 100, as câmaras NUNCA mostram

[6158]

Volta e meia cruzo-me com esta senhora na TV que, aparentemente, faz um briefing diário sobre o desenvolvimento da situação dos incêndios, em obediência às normas emanadas da Geringonça.

Do que percebi antes, estes briefings destinam-se a formatar e normalizar o fluxo informativo da situação (Costa dixit) e supõe-se que sejam seguidos pela comunicação social. E digo supõe-se por NUNCA as câmaras rodarem para mostrar os jornalistas. Não sei se a senhora fala para um, dez, cinquenta ou nenhum jornalista. No local, continuo a ver repórteres a fazer perguntas a populares. Perguntas capciosas e inteligentes, como: Estão, está preocupada? Ou a presidentes de Câmara que vão dizendo qualquer coisa assim a modos que não querem dizer nada mas lá vão dizendo qualquer coisa. Isto entre gente ilustre que vai passando pelas objectivas como secretários de Estado e até o Presidente Marcelo ontem sacudiu o torpor e lá foi ele a Mação dizer que antigamente, na ditadura, que ele viveu, a informação era muito controlada. E agora, não. Era livre. Para mim isto soou um bocado a anedota, mas posso estar a exagerar, talvez Marcelo estivesse apenas bem disposto.

Mas desviei-me um pouco da ideia inicial. A tal senhora que aparece todos os dias no briefing é um exemplo acabado de um tipo de informação manipulador e, frequentemente, falso. Tudo o que acontece é grave, mas é brando. E fofo. Os helicópteros aterram em dificuldade em vez de se despenharem, o SIRESP falhou outra vez, mas a espaços e pontualmente (???) e por aí fora.

Fico na dúvida se este tipo de gente fala assim porque acha que é assim ou porque lhe dão um papel para ler – tipo cartilha de que falam muito agora, a propósito do futebol. O que é, no mínimo, confrangedor. E ridículo. No caso do helicóptero, por exemplo, enquanto a senhora falava, outra estação mostrava a foto de um helicóptero despenhado e retorcido, explicando o que se passou. Felizmente, com o piloto a salvo.

Nada disto é diferente do que se passava na ditadura que Marcelo ontem referiu. Só que dantes todos nós dávamos o desconto, sabíamos o que a casa gastava. E agora temos uma poderosa máquina de comunicação que nos convence que esta despudorada manipulação é feita com rigor e em liberdade.

NOTA: Não sei se ainda estou com sono ou se ouvi mesmo, ali nas notícias, Marcelo dizer três vezes: A luta continua, a luta continua, a luta continua. Deve ter sido sono. Meu.


*
*

Etiquetas: , ,