sábado, julho 29, 2017

António Lobo Costa Xavier



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Foi na Quadratura do Círculo. O programa onde supostamente se junta a nata dos comentadores/analistas políticos, mesmo com o terno e planeado pluralismo que naturalmente emana da presença de um político (!!!) do calibre de Jorge Coelho, de quem, Deus me perdoe, só oiço banalidades inanes, proselitismo nauseabundo e palavreado balofo onde abundam os “hadem” e, anteontem, a "grandidade" (suponho que ele queria falar na “grandeza” deste governo, mas saiu-lhe aquilo). Se houver dívidas é verem o vídeo do programa de anteontem.

Pois no cream of the crop do comentário político foi possível usar, sem exagero, 4/5 do tempo malhando no PSD em geral e no Passos Coelho em particular. Por mim, acho que a “coisa” assume já contornos de uma patologia estranha que não sei definir. Quando o comentário político que, por definição, presume um posicionamento crítico em relação ao Poder e se torna na mais despudorada, contínua e acéfala campanha contra um homem de quem há dois anos ouço dizer que está morto e enterrado, eu tenho de parar para reflectir e tentar fazer uma avaliação higiénica de tudo quanto se está passando, no meio de quem ando a ser pastoreado e a quem pago cerca de metade dos meus proventos anuais.

Não é crível, nem aceitável, que se assista ao presente desiderato. Sobretudo quando tenho um governo que, esse sim, deveria pedir desculpa aos portugueses pela sua arrepiante ineficácia, pela forma como conduz Portugal a um posicionamento dúbio no palco internacional que só nos envergonha e que nos encaminha, literalmente, para nova bancarrota e, sensivelmente, estende uma passadeira vermelha aos regimes obsoletos e danosos de totalitarismo, pensamento único e destruição de tudo quanto nos tem custado alcançar. E, neste caso, como gosta de dizer Jorge Coelho, são os próprios números que falam. Como os da dívida e dos juros, mas aqui diria eu, não Jorge Coelho.

Ontem, até Lobo Xavier parecia um caniche enclausurado em casa e que se leva ao parque ao fim da tarde e começa aos pinotes. Lobo Xavier anteontem ontem esperneou, saltou, fez cangochas, pinos e cambalhotas para acusar o homem que tem andado mais calado nos últimos tempos – Passos Coelho. Apesar, e reconheçamo-lo, de ter cometido um erro de que já se penitenciou e desculpou. E, naturalmente, daquela cena idiota das 24 horas, protagonizada por um inexperiente chefe da bancada parlamentar e que deu origem ao gáudio da geringonça.

Tudo isto é estranho. Como um homem morto e enterrado faz soltar tanta poeira é coisa que verdadeiramente me espanta. E faz-me lembrar aqueles cães com uma incrível e improvável mistura de genes que quando mordem não abrem a boca nem à paulada na cabeça, ou as barracudas, com o mesmo tipo de reacção. Com a diferença de que tanto o cão como a barracuda se limitam ao impulso dos genes, enquanto os malhadores de serviço no anterior legislatura e no lambebotismo de uma situação de conveniência têm, se quiserem, capacidade de pensar. E de manter um módico da dignidade que, obviamente lhes falta.


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