domingo, julho 09, 2017

À la MST







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MST acordou baralhado e debitou uma algaraviada de ideias e factos (muitos deles provavelmente soprados pelo seu amigo EB) e fez uma das suas mais confusas crónicas, quase tão confusas como as suas intervenções na SicN. Pelo meio, aquela virtude bem portuguesa de dizer mal de alguém (no caso, Trump em particular e os americanos em geral, sempre a jeito para levarem uma bordoada, com ou sem razão) e a emulação de um povo, o russo, como uma espécie de Rosa&Teixeira que só assenta bem aos corpos elegantes. Como os dos russos, pontilhados de cultura, virtude e estoicismo, tanto que obliteram sem dificuldade as tropelias criminosas de que foram dando prova tanto no czarismo como, principalmente, já como União Soviética.

Já os americanos, broncos e ignorantes, paridos dos Colt 45, das forcas arbitrárias, dos stampede de búfalos, Pocahontas degeneradas e traidoras da tribo, lutas sangrentas com os índios (afinal nada de muito diferente do que os russos fizeram, alargando o território em não sei quantos quilómetros quadrados por dia, coisa de impante relevo de MST na crónica), dos duelos, dos “americanos profundos e ignorantes” e do melting pot que lhes dá uma dor de cabeça danada merecem o desprezo de MST. Que esquece que deve aos americanos falar português e possa continuar a viver num país estranho como o nosso, frequentemente à custa de povos desenvolvidos que nos vão dando uns trocos, de cada vez que nos vem a febre do socialismo, o que acontece com infeliz frequência.

MST desbobina depois uma cassete onde constam alguns dos melhores escritores do mundo e o bem nutrido boião de cultura que são a imagem de marca da Rússia. Mas convinha MST não se deslumbrar e entregar-se ao panegírico de um povo pela narrativa do tal amigo dele, numa refeição no tal restaurante mais bonito do mundo e da cidade mais bela do mundo. Qualquer cronista mais avisado e, quiçá, mais intelectualmente honesto que MST seria capaz de inverter as coisas e falar de cultura americana, das qualidades do grande povo americano (mesmo cheio de Trumps), da sua extraordinária capacidade de trabalho e desenvolvimento e, sobretudo, pelo mais conseguido, justo e insubstituível conceito de sociedade e que dá pelo nome de democracia, onde a liberdade individual é consagrada, ainda que no respeito pelo individualismo e liberdade dos outros. Uma coisa em que os americanos não pedem meças a ninguém, muito menos aos russos, que continuam a achar a democracia e a liberdade umas coisas assim meio para o esquisito. E já nem falo de nós, que ainda hoje somos o único país europeu a brincar (e a aturar) aos comunistas. E sobretudo, não esquecer que os russos foram responsáveis por um período trágico da humanidade, quando mataram milhões e, nao menos grave, moldaram a mentalidade de outros milhões de jovens que nasceram entretanto.

NOTA: Esta crónica vai bem com o Expresso. No fundo, um órgão de comunicação social muito à la MST.


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