quarta-feira, junho 07, 2017

Sinistro



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Continua em velocidade de cruzeiro o “debate” sobre a EDP. Não se esperava outra coisa que não fosse a asserção de que tudo o que os administradores da EDP fizeram foi sempre na estrita observância da lei. O que não parece difícil de perceber é que o Estado (Sócrates, para sermos exactos) extrapolou valores, colocando os níveis de renda muito acima do que era justo e tecnicamente aceitável. Claro que o tema é muito técnico mas é uma questão de se colocar lado a lado os custos de energia de Portugal com os dos outros países europeus. E, ainda, de recordar (a memória é curta…) a excitação doentia com que Sócrates incensava as energias eólicas, tornando Portugal o país número um nesta modalidade de desporto, ao mesmo tempo que não perdia a oportunidade (Sócrates) para mostrar aos papalvos como o Partido do Poder se empenhava no desenvolvimento de Portugal na “pegada ecológica”.

O resultado está à vista. É difícil detalhar as coisas, mas ouvindo os “especialistas” que vêm perorar sobre o assunto à televisão acabamos por concluir que sim, que o reinado de Sócrates foi um período de sinistra corrupção em que a EDP terá sido a sua derradeira acção. É absolutamente inaceitável que esta criatura tenha causado tamanho prejuízo aos portugueses e ainda hoje se ande à procura do papel, da prova, da resposta à carta rogatória e do raio que o parta. É por demais evidente que todas as explicações dadas nas TV’s apontam para um escabroso caminho. Nada se fez na ilegalidade, mas todos os valores considerados nos tais CMEC’s eram escandalosos, cerca de 250 mihões/ano, embrenhámo-nos na maior confusão com as eólicas as termais e as hídricas, o gás, o carvão e, convenientemente, se agiu para que os CMEC’s aparecessem como o corolário necessário ao bom funcionamento da EDP.

No meio disto tudo regista-se a acção sinistra de Sócrates, como chefe do governo em 2007, ano em que se subiu o valor dos CMECs em cerca de 25%, mas igualmente a cumplicidade dolosa de muitos componentes do seu governo, pois, que me recorde, nenhum se levantou e disse que tudo aquilo era uma tramóia sem nome. Muitos deles flauteiam-se agora, saltitantes na geringonça.

Em paralelo, esboça-se por ai um movimento de crítica a Passos Coelho por não ter atalhado na redução das rendas. O que é mentira pois, que eu saiba, foi o único governo a conseguir uma parcial moralização da coisa, com uma redução de dois mil milhões. Vai-se a ver a geringonça ainda vai aparecer como salvadora da pátria. Assim uma espécie de quem fez a merda e agora limpa laboriosa e patrioticamente o cu. E perdoe-se-me o plebeísmo mas não me ocorre expressão mais apropriada a tudo isto.




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