quinta-feira, janeiro 28, 2016

Sarar as feridas?



[5364]

Nunca apreciei o estilo de Sampaio. Sempre o tive por um homem culto e íntegro (lamento ter de enaltecer cultura e a integridade como qualidades de referência no meu país, mas as coisas são como são) mas tenho um trauma de juventude, qual seja o de ter ouvido uma longa conversa no bar do Hotel Florida entre ele e outros socialistas e que na altura me pareceram fortemente eivadas de utopia. Mas eu era um jovem e na verdade, que sabia eu de política progressista? Com o tempo fui podendo fazer uma desejável adequação do estilo e da substância daquele tipo de verve socialista e alguns anos depois apercebi-me que a utopia transvasava a estupidez para se tornar trágica.

Esta nota para dizer que não gosto da «proa» de Sampaio. E, no meu entender, o seu consulado na Presidência reflectiu exactamente a opinião que eu fui formando do homem, à medida que fui fazendo a tal adequação de estilos e conteúdos da célebre conversa que eu ouvira no Florida, seguramente há quarenta anos atrás.

Mas hoje, Sampaio, «acha» que Marcelo pode ser um bom estadista. Para além do paternalismo da asserção, o que noto é esta atitude corrente e generalizada, consubstanciada na ideia de que o importante agora é corrigir este clima de crispação e da necessidade de sarar feridas. Repare-se:

Terá esta omnisciente classe consciência de que as feridas foram eles que as abriram? Lembrar-se-ão de que foram os socialistas que ciclicamente nos remeteram para uma situação de indigência e que, não obstante, insistem em manobras diletantes e irresponsáveis que, como agora se verifica, nos levam à ruína de novo e nos colocam num conceito ridículo e embaraçoso perante o concerto europeu?

Costa e sequazes são responsáveis pela inevitável tragédia que se perfila, de novo, no horizonte de curto a médio prazo. Todavia, à semelhança da opinião de Jorge Sampaio, é recorrente ouvir a asserção de que é preciso sarar feridas. Não oiço é nada sobre quem insiste em nos infligir estas feridas. Nem de como o evitar.



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quarta-feira, janeiro 27, 2016

Pudores e fedores



[5363]

Eu tive um amigo que era um consagrado entomologista e com o qual eu privava com alguma frequência, porque éramos vizinhos num bairro nobre da cidade de Maputo e porque tinha assuntos correntes a tratar com ele, relativamente a trabalhos de pulverização aérea de culturas algures no norte de Moçambique.

O homem recebia-me afavelmente, mas levei algum tempo a perceber que de cada vez que ele me convidava para entrar em casa dele, a mulher e a filha, uma miúda de cerca de 10 anos, vinham à sala saudar-me reverencialmente, após o que se retiravam para a cozinha, enquanto nós comíamos no sala de jantar.

De outra vez, no Senegal, fui recebido por uma personagem importante de uma instituição governamental de Dakar, convidado para jantar. Recebido com lhaneza, foi-me servida uma dose abundante de refrigerantes, antes do repasto  e em determinada altura, mulher e a filha, esplendorosamente vestidas e maquilhadas, vieram à sala cumprimentar-me com simpatia, após o que se retiraram para a cozinha, onde aguardaram até que eu e o meu anfitrião jantássemos sozinhos.

Estas são práticas estranhas mas que do meu ponto e vista, devo acatar, por mais condenáveis e chocantes que me pareçam. Ao fim e ao cabo estava em pais e casa alheios, nada me aconselhava, humana ou eticamente, exigir a presença da mulher e da filha em comunhão de convívio. E sou capaz de, ainda que com dificuldade, aceitar.

Este tipo de episódios vulgarizou-se à medida que o tempo foi passando e eu percebendo o respeito de usos e costumes em casa de cada um.

O que não entendo e reverbero, com veemência, é que venha um cidadão a minha casa e me obrigue a esconder manifestações artísticas da minha cultura para não «ofender» a criatura. Sobretudo se, entretanto, tive bastas ocasiões para me aperceber da hipocrisia desta rapaziada que se choca em ver uma pilinha (God knows why...) mas que se prestam a práticas condenáveis onde a pilinha tem um papel activo. Lembro-me que numa primeira viagem a Rihad (fui fazer um curso intensivo de controle de musca doméstica L., que naquela cidade eclodem ao mesmo tempo e sobrevoam a cidade em populações de biliões e requerem práticas apropriadas de extermínio) encontrei a cada passo homens de meia-idade com lugares de proa no sistema, correntemente acompanhados de um grupo de garotos de entre 10 a 12 anos. Levei algum tempo a perceber que aqueles grupos de miúdos eram uma espécie de caravana permanente de respeito e submissão, entenda-se miúdos onde os tais senhores introduziam as tais pilinhas que não gostam de ver na Itália ou no Louvre, sempre que lhes apetece ou as hormonas lhes fervem.

Por isso me repugna esta decisão dos italianos. Não é aceitável que se castre (literalmente) estátuas de nus porque suas excelências se ofendem. No fundo, uma manifestação de complexas tempestades psíquicas que lhes varrem o mento de cada vez que têm de mostrar aos ocidentais a sua impoluta formação religiosa. Pelo menos até voltarem a casa e poderem estuprar, a seu bel-prazer, centenas de garotos que crescem a pensar que as coisas são mesmo assim – pelo menos até crescerem e poderem fazer o mesmo aos outros.


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terça-feira, janeiro 26, 2016

Sorrisos



[5362]

Quem me conhece sabe bem como aprecio uma boa gargalhada. Sabe, também da importância que dou a um sorriso bonito, franco e leal (*), sobretudo daqueles que nos mostram a alma (e, já agora, uns dentes bonitos). E também sabe como gosto de gente que emoldura o que diz com um sorriso sincero, mas apropriado.

Ao contrário, detesto duas manifestações de riso e sorriso. A risada alarve com que alguns dos mastigantes de alguns restaurantes nos importunam, com estridentes gargalhadas que fazem vibrar a colher da sopa ou saltar a tampa do galheteiro e, em matéria de sorrisos, abomino as pessoas que sorriem SEMPRE, seja por que lhes aconteceu alguma coisa de bom, seja por que estão com uma terrível dor de cabeça. Aquelas pessoas que afivelam o sorriso permanente que faz com que nos dêem a notícia de que nos saiu a lotaria ou de que nos morreu um parente próximo, sempre com o mesmo sorriso. Melhor, com o mesmo esgar.

Isto para dizer que o nosso primeiro Costa exibe um sorriso per-ma-nen-te anexado ao seu fácies gorducho. Havia qualquer coisa que eu não sabia definir exactamente mas me chamava a atenção para a expressão dele, para tudo o que ele dissesse. E descobri. É o sorriso, melhor, dizendo, o tal esgar. Aquele homem sorri sempre. Por tudo. Por nada. Pelo que diz, não diz e gostava de dizer. Pelo que faz, não faz e nunca será capaz de fazer. É um exemplo acabado de um «sempre-em-pé» sorridente, aqueles bonecos que havia quando eu era miúdo e que me divertiam imenso por estarem sempre de pé, por mais que os tentássemos deitar. Costa é um sempre-em-sorriso. O homem ri. Sorri. Não sei bem é de quê. Palpita-me que nem ele.




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Engraçadismos



[5361]

E quando Jerónimo fez alarde da sua proverbial simpatia (A Comunicação Social di-lo a toda a hora e por tudo que é jornal e TV) e do seu refrescante humor, dizendo que se soubesse tinha arranjado uma candidata engraçadinha, o FB deu-me a memória de um post que escrevi faz hoje exactamente cinco anos. No tempo em que os posts tinham quinze comentários, como este, e eu me divertia escrevendo banalidades e brejeirices sem precisar da Catarina, Isabel Moreira, Galamba, Silva Pereira, Santos Silva, Jerónimo, Arménio, Avoila, Nogueira, Mortágua, Costa, César e de mais uns quantos que formam uma verdadeira galeria de horrores que nos conduzem a postar todos os dias sempre sobre as mesmas coisas.

Fica aqui a moça do post … pode ser eu dê ideias a Jerónimo. E com uma candidata assim engraçadinha o que é que interessa o que ela diz? Melhor ainda, o que é que interessa o que diz o Jerónimo?

Nota – Havia de ser um esbirro da direita machista e «womanizer» a dizer o que disse Jerónimo e caía o muro de Berlim que o Costa quer deitar abaixo outra vez.


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segunda-feira, janeiro 25, 2016

Ufffffff!



[5360]

Confesso que cheguei a preocupar-me. Comecei a ver as bandeiras e o folclore em que o PS é exímio, com as arruadas, as bandeiradas e a histeria de aluguer dos figurantes da campanha de Nóvoa. Com tudo a acabar naquela zoada de palavreado barroco e vão, tipo papas e bolos, mas nem por isso menos parolo, de Nóvoa e cheguei a pensar naquela frase de um falecido locutor de futebol que dizia «é disto que o meu povo gosta».

Mas pronto. Enganei-me e ainda bem e Marcelo ganhou. E se nunca me passou pela cabeça que Marcelo pudesse vir a ser o vingador, pelo menos a sua eleição vai poupar-me a qualquer um dos nove pesadelos que o acompanharam na campanha. E verifico, com deleite, que os representantes da gerinconça nem todos juntos chegaram perto sequer da votação de Marcelo. Ou seja, o povo mantém um módico de estimável bom senso e esta votação é a prova provada de que estamos entregues a uma geringonça  sem préstimo que não seja escaqueirar «isto» tudo de novo para depois virem os outros arranjar.

Uma última palavra para a figura execrável de Costa que veio no fim da votação botar faladura. Mas afinal, por quem é que realmente este figurão se toma?


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quinta-feira, janeiro 21, 2016

A «fonética apardalada» do que me apetece dizer disto tudo



[5359]

Do cansaço passei a um sentimento de intolerância e repulsa face às continuadas demonstrações de impreparação, irresponsabilidade e má índole por parte deste grupo de gente que, por qualquer carga de água, governa Portugal. Ainda há dias o ministro da economia, questionado quanto à possível reversão da privatização da TAP e de como é que o governo faria para injectar capital, sabendo que essa é uma prática vedada pela UE, respondia, jactante: - Perguntem à direita.

Por outro lado, tenho um primeiro-ministro que fala mal. Da «precaridade» à matéria «insxucional» há de tudo no verbo calino daquela criatura malquista e oportunista. Daí que tenho deliberadamente evitado a notícia política e retornei ao desporto. Só que, ainda agora ouvi:

- O meu trabalho aqui no Porto será feito step a step (adorei o preciosismo patriótico do aportuguesamento da preposição intermédia) e nos timing apropriados – José Peseiro, novo treinador do FCP;

- A contratação do novo treinador obedeceu a uma unanimidade total (Pinto da Costa carregou bem no «total») da SAD e do Clube - Pinto da Costa, presidente do FCP;

- É mentira. Fui bem expulso, mas não disse vocês são uns corruptos. Até porque não gosto da palavra corrupto, porque tem uma fonética apardalada – Bruno de Carvalho, presidente do SCP.

Resumindo, estou a ficar sem opções. Valem-me algumas séries e os filmes da Fox e da Telecine.


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sexta-feira, janeiro 15, 2016

Grotesco




[5358]

E eu «que não sei nada de finanças nem consta que tenha biblioteca» confesso o meu repúdio por aquilo que me parece ser mais uma inominável manobra deste governo que, aos berros e aos insultos, vai dizendo aos «raivosos» o que lhe apetece. E agora diz que o défice será muito provavelmente acima dos 3% por causa da intervenção do Banif. Ora eu lembro-me de ouvir várias vezes (ninguém me disse, ouvi) que as intervenções nos bancos falidos eram alheias ao défice. Mudou alguma coisa? Logo, cheira-me a marosca socialista, aproveitar o Banif para justificar um défice superior a 3%.

Esta gente é execrável e meramente insuportável. Ainda hoje de manhã ouvi um par de questões colocadas por Passos Coelho acerca da educação às quais Costa respondeu (mal, o homem fala um português mais ou menos ininteligível) com o gáudio próprio de quem não sabe do que está a falar e de quem mente com todos os dentes que eu penso que ainda tem. É um exercício custoso e grotesco e que nos vai custar muito, ter de ouvir este inominável (para usar a terminologia de VPV) Costa. Mudei, mesmo, de canal.


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segunda-feira, janeiro 11, 2016

As irritações boas e as irritações más



[5357]

Eu acho extraordinário o escarcéu que se gerou por aí porque Marcelo Rebelo de Sousa se irritou (foi o termo mais usado) com Sampaio da Nóvoa. No que me diz respeito, acho mesmo que Marcelo demonstrou uma notável contenção em face da mesquinhez e do estilo rasteiro dos argumentos de Sampaio da Nóvoa. Mas dando de barato que parece ser de bom-tom as pessoas não perderem a fleuma em momentos tão elevados como os debates para as (nossas) presidenciais, há que registar como há a irritação boa e a irritação má. Como em tudo o que mete as benfeitorias do socialismo e as malfeitorias do «fascismo». Por isso, atentos veneradores e obrigados, os artífices da opinião pública, vulgo comunicação social, vão dando conta das irritações boas, mesmo que elas configurem pura má-educação ou um lamentável e complexo «feitio» de gente que acha que tem prerrogativas que lhe foram concedidas por um respeitável passado antifascista.

O Expresso, por exemplo, vai passando uma galeria de indignações, das boas, como esta. E como tal devem ser tomadas como reacções intrínsecas aos dotados das práticas dos bons costumes e da bondade de espírito. Por isso, Soares pôde berrar com um pobre GNR e as pessoas digerem um misto de respeito e consolo por ter tão insignes figuras que se indignam assim, com a nobreza e fibra do «homem novo», no «tempo novo». Já Marcelo, irritado mas claramente nos limites da decência e do respeito pelo próximo, foi amplamente remetido para a ralé política. Porque se zangou, porque se irritou, mesmo que isso tenha acontecido com uma das mais irritantes criaturas como Sampaio da Nóvoa. Acresce que, pela calada, é partidário de Durão Barroso, Cavaco e Passos Coelho, hoje por hoje perigosos representantes da camarilha fascista que luta denodadamente pela manutenção do tempo velho.



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domingo, janeiro 10, 2016

A SicN em «mode» espasmódico



[5356]

E de repente a esquerda bem compostinha rejubilou. Sampaio da Nóvoa, o exemplo acabado da grandiloquência vã, mas que parece surtir efeito, foi tido como tendo dado uma sova em Marcelo no respectivo debate. Não deu. Limitou-se a debitar naquelas banalidades em cascata, tudo num discurso redondo que é a forma adequada que encontro para me expressar quando uma coisa não tem ponta por onde se lhe pegar, exactamente pela redondeza das formas.

Mas as pessoas gostam e excitam-se. Na festa de aniversário da SIC, enquanto o jornalista (um excelente jornalista, aliás) fazia perguntas alternadas a Nóvoa e a Marcelo, a estação televisiva teve um acesso espasmódico de comentários em rodapé (é assim que se diz, não é?) todos eles dizendo que finalmente Nóvoa tinha aparecido em todo o seu esplendor e tinha esmagado Marcelo.

Enfim, sinal dos tempos. Tempos que Nóvoa afirma querer substituir por um «tempo novo». Pena que ele contribua, decisivamente, para o tempo velho.

Um pormenor delicioso, e porque lá atrás falei de excelentes jornalistas, recordo o seguinte diálogo entre Ricardo Costa e Tino de Rans:

- Tenho uma certa dificuldade em perceber. Afinal o que está aqui a fazer?

- Foi a SIC que me convidou.


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A patine e a falta de solarine



[5355]

Costa estabeleceu uma nova casta de portugueses. A dos raivosos. Esqueceu-se que em Portugal há mais raivosos que votaram na coligação do que nele. E que ele, de raiva, conseguiu deitar borda fora.

António Costa, olhe que aqui não há castas. Há cidadãos que votam e ganham ou perdem as eleições. Também há gente malcriada como você mas a esses não lhes é exigida a compostura que se espera de si, pelo lugar que ocupa e pelas pessoas que representa.

No fundo, não estou admirado com a raiva com que chama raivosos aos outros. O seu Partido sempre deu expressão a essa forma de estar, desde o seu antecessor que mandou já não sei quem, na Assembleia, para a tia dele, outro que fez corninhos, para não falar de outras expressões conhecidas como partir as fuças à direita, quem se mete com o PS leva ou com a postura desabrida de Soares que quase ia comendo um polícia na estrada. Isto para não falar no linguajar truculento e frequentemente ofensivo que o seu Partido usa quase em regime de permanência.

Enxergue-se, senhor primeiro-ministro. De cada vez que se deitar, à noite, se não tiver mais nada com que se entreter, pense no que diz e, já agora, faça um exame de consciência. Aproveite a onda de resgate dos feriados religiosos e faça uma oraçãozinha a Deus e peça ao Altíssimo que lhe dê mais educação. Ou, em opção, consulte um psicólogo que lhe tire a raiva com que você chama raivosos aos outros. Isto para não lhe dizer que raivosa era a sua tia, porque isso seria usar os borbotos da sua má-educação, para além de que não conheço a sua tia de lado nenhum e pode ser, até, que seja uma excelente senhora e não mereça o insulto de um raivoso como eu.


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sábado, janeiro 09, 2016

Uma «Quadratura» de bónus


[5354]

Assisti ontem ao comício que a SicN proporcionou a A. Costa por via de uma Quadratura do Círculo extra.

Toda a sessão assentou numa confrangedora manifestação de apoio e solidariedade ao «António, de quem sou amigo, mas não concordo com ele». Nenhuma das questões colocadas pelos participantes mereceu resposta adequada, umas vezes porque A. Costa manifestamente não consegue usar um português escorreito e compreensível, outras vezes porque as respostas se embrenhavam na repetição ad nauseam nas culpas do governo anterior, e em termos que variavam entre a pura incompetência e uma situação de quase latrocínio na forma como os assuntos foram tratados em fim de legislatura.

Ficou por explicar, por exemplo, a noção generalizada de que as empresas de transportes produziram e mantêm prejuízos de milhares de milhões de euros e como é que as coisas ficam depois das «reversões». Continuamos a dever aquele dinheiro todo e, logicamente, a aumentar a dívida? E a TAP? Que, sozinha, parece que deve tanto como as outras empresas de transportes todas juntas? E as perguntas – tímidas - de Lobo Xavier sobre a manifesta quebra de credibilidade do Estado Português mereceram apenas a repetição exaustiva das malfeitorias do governo anterior, sem que se obtivesse uma resposta adequada. Jorge Coelho fez uma perguntinha para que não se dissesse que ficava calado. E Pacheco Pereira exorbitou da sua conhecida posição de antagonismo a tudo o que cheira à Coligação transacta. Chega a assustar a forma como o homem espuma de raiva  (e treme e grita e gesticula e abana e aumenta os decibéis e, juraria, transpira) e perde por completo a compostura, basta lembrar a agressividade com que se dirigiu a Lobo Xavier de cada vez que este ensaiava uma timorata, ainda que pertinente, questão.

Já cansa.


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sexta-feira, janeiro 08, 2016

O socialismo fofo



[5353]

Não tenho a certeza, mas ia jurar que o Zé Faz Falta se mexe de novo. Esta ideia de estrangular a Segunda Circular só pode ser dele.

Enquanto que em outras capitais a mobilidade é uma preocupação fulcral para o bem estar dos cidadãos, em Lisboa optamos pela versão bucólica de uma das mais problemáticas vias rodoviárias. Como? Estreitando as vias, plantando árvores, muitas árvores (parece que uma árvore por cada bebé nascido por ano, o socialismo tem destas fofuras irresistíveis). E não são árvores quaisquer. A Câmara refere o pinheiro manso, o carvalho, mas também loureiros, abrunheiros, choupos e ciprestes. Ah! Mas é importante que o carvalho seja nacional porque o americano não trará grandes benefícios (ainda que o DN não explique porquê, não traz benefício, pronto).

A notícia espraia-se depois pelas aves. Porque a plantação daquelas árvores todas vai aumentar a população ornitológica, vamos ter muito mais chapins, periquitos-de-colar e outros que me parece fastidioso enumerar aqui. E remata, avisando que é bom que as autarquias ensinem  (acho extraordinário esta matriz pedagógica dos socialistas) às pessoas o que existe para que se interessem pela biodiversidade (presumo que árvores e pássaros).

Imagino já as imensas bichas de automóveis na arborizada, encolhida e ornitológica Segunda Circular, com os condutores penando «…que se lixe chegar atrasado, ao menos ganho uma nova dimensão da biodiversidade, ó Matildinha olha ali um periquito-de-colar…».

Sério, acho que está tudo doido. E não confundamos esta tontaria com a bondade da biodiversidade. Convenhamos é que só porque os socialistas gostam de nos tocar ao coração com estas tiradas pedagógicas, «tufinhas» e fofas, não temos que lhes aturar a incompetência e patetice.

Carlos Barbosa, presidente do ACP dá aqui uma achega ao assunto e diz que quer pedir uma providência cautelar. Sim, que isto em matéria de providências cautelares não há filhos e enteados. Se o cineasta pediu uma para não vendermos as caravelas voadoras, porque é que não se há-de pedir uma para esta loucura?


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Depois queixam-se


[5352]

Passo os olhos pelo escaparate dos jornais. Reparo na capa do DN onde, em letras gordas aparece o suculento título: SOCIALISTAS EUROPEUS QUEREM UNIR-SE CONTRA A AUSTERIDADE E POPULISMO.

Pensei: é agora. Lá vão os socialistas todos que restam na União Europeia reunir-se numa conferência numa cidade qualquer do velho Continente e estabelecer estratégias para acabar com a austeridade. Ah! E acabar com o populismo, mesmo achando graça só de pensar em socialistas juntos a combater o populismo (mais ou menos o equivalente a um ébrio a dizer que não está bêbedo...). Comprei o jornal e leio a notícia: Pedro Sánchez esteve com António Costa para construir uma frente socialista.

Estava desvendado o mistério e desfeitas as minhas inquietações. Afinal o aparente movimento para novos regimes e novas ideias (como ontem apregoava o insuportável Nóvoa) resumia-se a dois socialistas e o espanhol veio a Portugal para entender como é que se fazia para ver se conseguia armar a mesma moscambilha em Espanha à la mode de A. Costa.

Convenhamos que pelo título, fui bem levado. E muita gente que não terá comprado o jornal terá pensado que, afinal, os socialistas ainda levarão a sua avante.

Depois queixam-se que não vendem jornais.



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quarta-feira, janeiro 06, 2016

Guterrar outra vez


[5351]

Este homem, hoje por hoje, é um dos principais artífices do destrambelhamento do nosso país, como é do conhecimento geral. Desde o dia em que alegremente debitava discursatas hiperbólicas de êxito assegurado durante a campanha eleitoral, intervaladas pelo trauteio de Vangelis entre as suas deslocações, até ao dia de juízo final em que, com ar grave (mas acusatório) fugiu da vida política, acusando o país de se encontrar no pântano que ele próprio nutriu.

Agora, liberto das suas funções profissionais, resolveu regressar às origens, começando por fazer estrondosas acusações à Europa de falta de solidariedade para com os refugiados. Não lhe passa pela cabeça acusar seja quem for, quiçá os verdadeiros causadores de toda esta tragédia, mas sim uma Europa quase exaurida de recursos (e de paciência) perante a magnitude do êxodo. Só em 2015, entraram cerca de um milhão de refugiados que a Europa, com os recursos disponíveis e manejando diferenças naturais de posicionamento político numa manta de mais de uma vintena de retalhos, foi absorvendo. Apesar de tudo, entenda-se os trágicos acontecimentos de percurso. Este, noticiado ontem, acaba por ser pequeno, se comparado com contínuos assassinatos e comportamentos inadmissíveis que a falta de solidariedade europeia não conseguiu acomodar satisfatoriamente. Paralelamente, a Europa teve de aguentar ainda o percurso viral do politicamente correcto, onde nem o Papa faltou com algumas diatribes e em que qualquer gesto recriminatório contrário á torrente politicamente correcta era de imediato considerado fascista, chauvinista, xenófobo, racista e o mais que fosse apropriado.

Faltava agora Guterres acusar a Europa, alto e bom som. Esta oratória já cansa e chega a nausear os mais resistentes. A Europa não só tem sido solidária, mau grado as dificuldades próprias de uma inusitada situação, como continua a ser o destino preferido de hordas de migrantes, uns trágica e genuinamente vítimas de regimes sanguinários, outros, com clareza, aproveitando a corrente para, com a maior desfaçatez, dar continuidade a este degradante processo dos valores que nos levou décadas a estabelecer. E fazem-no por estratégia ou meramente por ódio. 

E Guterres… que vá chatear o Camões. Ou que concorra a outro cargo qualquer na ONU. Por cá, tirando um ou outro crédulo (já cheguei a ler por aí que depois do que ele disse, apesar de beato até votavam nele para presidente), estamos cansados de guterrices.


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terça-feira, janeiro 05, 2016

O atrevimento de Marcelo pensar de uma maneira diferente do resultado de um referendo


[5350]

Acabo por ver vários debates dos nossos candidatos. Em todos eles a conversa redonda de sempre, com a saudável excepção do candidato Henrique Neto que sabe do que fala e é suficientemente independente para dizer umas verdades com sequência e em português escorreito.

Mas não quero deixar de registar um pormenor que me provocou uma acentuada repulsa e, simultaneamente, uma espécie de resignada constatação pela forma como esta rapaziada da chamada esquerda continua a achar serem fiéis depositários da democracia. Não aceitando, em circunstância alguma, que as opiniões e convicções de cada um possam ser divergentes das deles. Talvez isso, noutras épocas, explique o degredo, os campos de concentração e o sumário assassinato de milhões de pessoas excedentárias ao pensamento correcto que deverá fazer de nós gente como deve ser.

Isto a propósito de Marisa Matias ter insistido, com turbulência, no facto de Marcelo Rebelo de Sousa ter uma convicção contrária ao resultado do referendo sobre o aborto. Bem tentou Marcelo explicar à excitada candidata que uma coisa são as convicções, outra, bem diferente, o posicionamento que um Presidente da República deve ter no respeito pela opinião popular expressa em votos. E de cada vez que ele tentava explicar isto a Marisa ela insistia, convulsa: - Ah! Mas a sua convicção é contrária ao resultado do referendo.

Ninguém me contou, eu vi e ouvi… e uma vez mais concluí que esta gente tem uma relação muito difícil com a liberdade, talvez mesmo impossível. E é isso que me faz sumariamente desprezá-los.

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Bom 2016, tutti quanti


[5349]

Razões meramente circunstanciais condicionaram-me a vontade e o gosto de agradecer as inúmeras mensagens de boas festas que recebi, o que se notou pela minha quase total ausência do blogue e do próprio FB. Venho agora, com o tempo e as circunstâncias mais favoráveis, desejar a todos os meus amigos um 2016 pleno de sucesso, saúde, conforto e uma redobrada resistência ao peso de um governo que nos foi imposto e esperança de que não estraguem muito. Que estraguem só um bocadinho.

Ao mesmo tempo que me proponho dedicar um pouco mais de tempo ao Espumadamente. Porque gosto, porque vai a caminho dos 12 anos e houve tempo em que escrevia todos os dias.

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