sexta-feira, outubro 30, 2015

Prata da casa



[5330]

É o termo e a expressão do momento. São inúmeros os comentadores e «paineleiros» que se referem ao novo governo como a prata da casa. É óbvia a conotação com um conjunto de ministros e secretários de estado medíocres que vão ao Palácio da Ajuda cumprir um frete. À idiotia e falta de imaginação daqueles que repetem exaustivamente que se vai dar posse à prata da casa do PSD e do PP corresponde, no meu entender, a virtude e o sentido de Estado daqueles que se disponibilizaram a ser membros de um governo aparentemente condenado à pena capital. Mas a «prata da casa» pegou o que, em última análise, corresponde igualmente ao nível jornalístico da «prata da casa» da nossa comunicação social.

*
*

Etiquetas:

Serigaitas


[5329]

Uma serigaita é uma serigaita. As serigaitadas de uma serigaita estão normalmente condicionadas às limitações daqueles que acham que as serigaitas devem manter-se num espaço mediático onde possam serigaitar a seu bel-prazer sem maçar ou irritar quem está.

Serigaitar está nas tripas das serigaitas que se não serigaitarem pouco mais têm para mostrar ou fazer. Há quem ache graça às serigaitadas das serigaitas e que ache que serigaitas e serigaitadas estão de acordo com uma mudança de paradigma e a circunstância feliz de se voltar a discutir política. Uma circunstância afinal infeliz porque a juntar às serigaitas temos o habitual conjunto de idiotas úteis, com menos impacto que as serigaitas mas provocando semelhantes ou mesmo maiores danos. Por mim, mantenho uma secreta esperança que uma serigaita acabe por levar uma resposta adequada. Judite de Sousa conseguiu, numa entrevista recente, arrefecer um pouquinho os calores próprios de uma serigaita que se conforta com as suas próprias serigaitadas, num exercício a roçar a masturbação. Já Jerónimo de Sousa, honra lhe seja, pôs, com firmeza, uma serigaita no lugar. Sem necessidade de ele próprio serigaitar, que já não tem idade para isso.

*
*


Etiquetas: , ,

Back to basics


[5329]



Just landed. Safe, happy and sound.

*
*



Etiquetas:

A Oeste, nada (e sempre tudo) de novo


[5328]

«…Deus, ao mar, o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu…»

(Cabo da Roca, «finzinho» de Outubro de 2015) *

*
*

Etiquetas:

sábado, outubro 24, 2015

Escala técnica para reabastecimento


[5327]

Apetece dizer mil coisas sobre o que está a acontecer em Portugal mas, conjunturalmente, não tenho tempo nem oportunidade. Confesso que nem estímulo. Toda a gente vai dizendo o que lhe vai na alma e pouco mais se pode acrescentar ao que já tem sido dito. Refiro-me, naturalmente, à crapulosa conduta de A. Costa e à estratégica ideia da Esquerda vir acusando Cavaco de ter fracturado a sociedade portuguesa. Alguém que diga às sumidades que divulgam esta ideia, indo mais longe até, sempre que o fazem, acusando Cavaco de uma preconceituosa matriz conceptual, que quem fracturou seja o que for foi o Partido Socialista e a sua vergonhosa conduta (carregar bem nas cores do «vergonhosa»). Sobre isto, assim, pouco mais há a dizer. Fracturados que estamos, resta manter o mento sereno e pensar que mais tarde ou mais cedo esta gente vai estampar-se ao comprido, levando-nos a todos na poeira da queda. Aí voltará o ciclo habitual de vir a verdadeira social democracia (a que agora se chama, talvez com razão e ainda bem, de «direita) limpar os cacos e a trampa que esta gente vai deixar pelo caminho. É o costume e sempre assim foi desde há quarenta anos.

Já sobre a eleição (???) do Presidente da Assembleia da República, é com mágoa e vergonha que vejo ascender ao lugar de segunda figura do Estado um… figurão. Não no sentido da figura que se espera na presidência da Assembleia, mas um figurão no mau sentido. Um fulano de má índole, suspeito de mil suspeitas, semianalfabeto funcional e sem qualquer noção dos deveres e do sentido de Estado que a figura de um Presidente da Assembleia da República deve configurar. O homem já fez uma «discursata» idiota, própria de uma claque sem escrúpulos e perigosa de um clube de futebol e teve o arrojo de dizer que o fez para se defender ou vingar (falta-me o termo, estou em velocidade de cruzeiro…) do discurso de Cavaco Silva. É o fim da picada, é o princípio da macacada.

Pela primeira vez na minha vida sinto um embaraço tremendo, vergonha e experimento ainda um sentimento de total e lamentável desrespeito pela figura institucional que Ferro Rodrigues vai representar. Pela primeira vez. E sendo que por mais que uma vez essa instituição foi ocupada por membros de um Partido em que não voto, mas que nem por isso me mereceu menos respeito. Desta vez é diferente. Não posso, não consigo ter respeito por esta figura de banda desenhada e responsável por várias aleivosias, graves, no seu historial. Desde as suas cagadelas para o segredo de justiça, até às suas inenarráveis intervenções no Parlamento.

Baixo o polegar e lamento não me estar a cagar para ele, como ele se caga para a nossa democracia, mas prometo um sentimento de genuíno desprezo por tão desprezível figura. O que é, naturalmente, lamentável e contra os meus princípios de cidadania e civismo.

*
*

Etiquetas: , ,

terça-feira, outubro 20, 2015

A truculência como ideologia


[5326]

Este homem é malcriado. É possuído de uma truculência permanente que se junta a uma petulância, raiva, despeito, ódio e intolerância. A tempestade perfeita, pois, naquilo que se não deseja num homem decente e se receia possa tornar num ser furioso. Que morda, bata, denuncie ou, se vir que lida com alguém mais forte, pelo menos mostre os dentes e rosne.

Esta é uma imagem de marca de uma esquerda anquilosada e que se esperaria já ultrapassada e sublimada numa atmosfera de gente civilizada, cordata e tolerante. Voltando a Alfredo Barroso, talvez seja já demasiado idoso para mudar. Já se notava nele muitos tiques de presença iracunda na TV e agora confirma-se nesta linguagem trauliteira, única forma de se fazer ouvir – chamar cães raivosos, ladrando, mesmo que entre aspas, não se percebendo bem porquê.

Às vezes penso que a esquerda mudou um pouco. Já não oiço chamar cães às pessoas, ainda que Jerónimo e aquela criatura de nome Aurélio e que gere a CGTP se esforcem por manter o registo, mas hei-de reconhecer que a linguagem sofreu um desejável aggiornamento. Só que, caídos os cães, surgem novas formas de petulância, como as que diariamente se registam de cada vez oiço as lideranças do Bloco e aquela forma insolente e insuportável de dizerem o mesmo que Alfredo Barroso diz, mas com verbo renovado. Não há cães, mas há retrógrados, bafientos e uma tonalidade de um severo mestre-escola em tudo o que dizem, como quando Catarina um dia destes avisou que o governo da Coligação tinha acabado.

É a ideologia substituída por um sentimento insuportável de petulância, ódio e pesporrência, próprio de quem não tem nada de responsável para dizer ou de quem se está literalmente «nas tintas» para o interesse do país e mais não saiba fazer que adoptar este tipo de atitude manipulativa. Com a agravante que os media gostam imenso, acham graça e crescem de excitação pela modernidade da coisa.

Se Alfredo Barroso está velho e os seus cães raivosos vão perdendo audiência, já as Catarinas, Marisas e Mortáguas têm a vida inteira à frente para continuarem a complicar o desejo comum de um povo simples, possuído ainda por uma lamentável iliteracia e que merecia melhor sorte que continuar à mercê desta rapaziada sem escrúpulos e bem mais retrógrada que o retrocesso de Marcelo. Para usar o léxico daquela senhora que fala pelo Bloco. Como ela disse que falava.

*
*

Etiquetas: ,

Here and there


[5325]


Gone flying. Short-haul.

*
*

Etiquetas:

sexta-feira, outubro 16, 2015

Ontem é que o círculo ficou «quadratado»



[5324]

Pacheco Pereira está a passar à fase delirante. Ontem meteu os pés pelas mãos e entre achar que Marcelo não podia candidatar-se a PR por ter sido comentador na TVI e acusar frontalmente a Coligação de ter engendrado uma tramóia para empurrar Maria de Belém para uma candidatura à Presidência foi um passo. E da forma como o fez, matou dois coelhos de uma cajadada (na verdade, três, porque havia mais um Coelho ali à mesa e é apoiante de Maria de Belém). A Coligação passou, em definitivo, à condição de uma quadrilha de malfeitores que anda a infectar o espectro político da paróquia e as pessoas passaram a ser imbecis encartados que não se levantam e berram em uníssono que o Presidente tem de ser Sampaio da Nóvoa.

Ou a Quadratura do Círculo revê, conscienciosamente, os seus critérios de análise política e comentários ou um dia destes aquilo passa a uma versão revista e piorada de um Eixo do Mal, de gravata e diploma.

No meio daquela balbúrdia, prezo a paciência e correcção de Lobo Xavier. É obra. Registo ainda a frontalidade do nosso fadista premiado Carlos do Carmo que fez mais ou menos o mesmo que Pacheco Pereira, na Trindade. Só que em vez da Coligação acusou Maria de Belém. Que estava ali bem pertinho e, cá para mim, correu um sério risco de apanhar com um ré menor na cara, que o homem estava furibundo.

*
*

Etiquetas: ,

quinta-feira, outubro 15, 2015

Quem é que exclui o quê?


Invasão de propriedade privada, ameaças e destruição de bens, levada a efeito pelo Bloco de Esquerda em Silves, não há muito tempo. Em baixo, um tal Gualter Batista, com um sorriso também cativante a que os portugueses parecem ser muito sensíveis, noticiado como um dos principais responsáveis pelo crime e de quem nunca mais ouvi falar. Será que foi excluído pelo arco de governação?


[5323]

Começa a ser cansativo a intensidade e a frequência com que vários agentes da esquerda, em televisões, jornais, blogues e comentários profusos nas redes sociais, insistem na ideia de que não se pode pura e simplesmente excluir o BE e o PCP das opções democráticas. São dois Partidos com representação parlamentar e, portanto, com total legitimidade para participarem no jogo político e se intrometerem no chamado «arco da governação», expressão que a extrema-esquerda usa com o mesmo tom pejorativo com que se referem à peçonha.

Ora eu acho que é preciso pôr as coisas no seu devido lugar. Qualquer pessoa com sentido plural, democrático e cívico não exclui nada nem ninguém do lugar que legitimamente ocupam na Assembleia da República. Quem se exclui são os próprios Partidos da extrema-esquerda por ideias e actos completamente descontextualizados da nossa realidade geopolítica e da própria liberdade com que eles, manifestamente, não sabem conviver. Acresce que a generalidade dos agentes de ambos os Partidos em apreço são habilidosos e mentirosos. Eles sabem que o que dizem raramente corresponde à verdade factual, mas fazem-no com a aparente convicção de que estão a dizer e a fazer o que deve ser feito, em nome dos princípios que defendem. E para além da mentira, todos sabemos, também, que se prestam a um rendilhado de acções não democráticas e, frequentemente, ilegais. Será eventualmente muito extensa e até estulto listar muitas dessas acções, mas uma análise honesta da questão nos conduzirá a um punhado dessas acções. Algumas delas violentas e quase todas ilegais.

Portanto, chega de bater no ceguinho. Ninguém exclui nada nem ninguém. O PC e o BE é que se excluem por via da sua continuada acção e estratégia. E deviam dar-se por felizes por vicejarem num regime realmente democrático e tolerante que lhes permite (frequentemente com demasiada benevolência) dizer e fazer o que lhes dá na gana.

Vale a pena ler esta crónica do João Taborda da Gama. Além de ser uma peça de raro sentido de humor, serve para mostrar um pouco do Manifesto Eleitoral destes dois Partidos.

*
*


Etiquetas: , ,

quarta-feira, outubro 14, 2015

Mais um crime pró jornal...




[5322]

E eu que pensava que a diáspora tinha adquirido uma matriz diferente. Escorraçados de Portugal, obrigados a abandonar a zona de conforto, convidados sub-repticiamente por Passos Coelho a emigrar, tristes e a cantar, com um nó na garganta, aquela cançoneta inconcebível em que o Pedro Abrunhosa diz que a Alemanha é muito cinzenta, faz um frio do caraças em Paris, Amsterdão está cheia de putas, eles querem é voltar para os braços da mãe. Foram, ainda, objecto de comentários cerrados e lúgubres durante quatro anos seguidos a bater no ceguinho, nas televisões e jornais, mesmo assim acabam por votar no PAF. Resultam mais três deputados para a coligação e um para o PS. Donde imagino que o PS (1), o BE (0) e o PCP (0) ganham a emigração também.

No meu tempo (eu não fui propriamente emigrante, mas vivi muitos anos fora de Portugal, em vários países) dizia-se que os emigrantes votavam na direita porque tinham muitas saudades de Portugal e não estavam politicamente consciencializados para votar. Talvez poucos saibam ou se lembrem, mas durante muito tempo foi o próprio Mário Soares a emperrar o voto dos emigrantes. Porque Mário Soares pode até ter feito “muitas Fontes Luminosas” mas nunca deixou de pertencer àquela casta muito acima da mole ignara que vivia lá fora e, no mínimo, eram uns saudosistas meio abrutalhados e, por tal, não deveriam votar, porque votariam na direita e era porque Salazar já tinha morrido.

Afinal, menos brutos, muitos deles licenciados, mestrados e doutorados e se calhar nem conhecendo bem a cantiga do Abrunhosa ou nem sabendo quem é a Ana Lourenço ou a Constança, continuam a não querer nada com a esquerda. Mas um dia começam a dizer que não são os jovens que votam, são os pais ou os tios deles que lhes mandaram uma carta de chamada. E vistas bem as coisas, o Costa ganha outra vez. Porque os portugueses, emigrantes ou não, querem a mudança. E o Costa cá está para lhes fazer a vontade.

*
*

Etiquetas: , ,

sábado, outubro 10, 2015

Por mim chega, já dei para este peditório


[5321]

Deixo a articulação das teorias sobre a legitimidade de um governo menos votado vir a constituir governo, bem assim como a interpretação de prováveis meandros da Constituição para os especialistas da matéria. Ainda que muitos desses especialistas não me inspirem qualquer confiança, já que eles se fundem na maioria dos comentaristas habituais que resfolegam de prazer e da fútil vanidade de se ouvirem a si próprios pelas televisões disponíveis. Mas há que reconhecer que tanto o FB como os blogues têm uma assinalável produção de crítica inteligente que aborda esta tremenda crise em que um fulano ressabiado se atirou para o colo de um grupo de outros fulanos, tão ressabiados como ele, mas com a substancial diferença de serem igualmente potenciais torcionários e violentos. Sei do que falo.

E por isso deixo aqui apenas uma palavra de espanto pela nossa (entenda-se nossa, portuguesa) capacidade de borrarmos a escrita de cada vez que se consegue fazer alguma coisa de jeito na remissão das habituais heranças do Partido Socialista, por via das acções espúrias que pontilham as sua legislaturas. Desta vez apanhamos com um indivíduo mal formado, refiro-me sem qualquer rebuço a um tal de A. Costa, de quem ouvi pela primeira vez falar quando resolveu fazer uma corrida entre um Ferrari e um burro na Calçada de Carriche, e que deixou uma marca política, como dizer… sem marca nenhuma, que não seja o seu insuportável populismo e o emblema da claque prosélita de governos duvidosos e personagens ainda mais duvidosas.

Por mim, que já não sou um garoto, cansei-me da impotência ou do condicionalismo que me obrigou durante uma considerável parte da minha vida a viver entre comunistas. Tive a minha dose. Não porque quisesse, mas porque cedo, muito jovem ainda, fui um joguete nas mãos deste maralhal oportunista, torcionário e que, por qualquer razão que nunca consegui entender, passou na malha de um regime democrático como o nosso, inserindo-se numa actividade parlamentar que eles, pelo seu lado, nunca permitiriam se fossem Poder, por exemplo. 

Para que se saiba. De certa forma, entendo as pessoas que nasceram depois do 25 de Abril e/ou que souberam ainda criancinhas, do colapso inevitável do comunismo e da criminosa União Soviética. Sabem das coisas por ouvir falar ou, frequentemente, pela história de arranjo doce, progressista e mentirosa que campeia por aí. Outros poderão ter uma ideia mais realista dos acontecimentos mas são suficientemente imbecis como um deputado comunista que uma vez emulou a Coreia do Norte no Parlamento e hoje anda por aí a presidir a uma autarquia qualquer, julgo que Loures.

Mas atenhamo-nos a Portugal e deixemos a Coreia do Norte, Cuba (em cómica reciclagem) e as versões «Coronel Tapioca» da Venezuela e da Bolívia ou as divagações oníricas de Dilma ou de Kirchner. Quando, depois de um esforço tremendo por parte de todos os portugueses para «endireitar» Portugal, esses portugueses votam num Partido que entenderam como responsável por essa quase ressurreição ou num Partido de matriz semelhante, com divergências de fundo sobre algumas políticas e quando, juntos constituem 70% do eleitorado que, obviamente, rejeita o aventureirismo e oportunismo dos comunistas, e aparece agora uma instável criatura que não admite a derrota e, circunstancialmente, consegue colocar-se numa posição-chave da problemática política, a situação torna-se muito complicada e exige medidas firmes. Não sei de quem, nem quais. Deixo isso aos especialistas. Talvez que ao Presidente da República, não sei. O que sei é que não é possível desperdiçar, pulverizar o capital de confiança que com tanto esforço e sacrifício adquirimos internacionalmente, a posição que retomámos no concerto da União Europeia (onde estamos porque quisemos, ninguém nos obrigou) e remetermo-nos a um futuro que nem consigo sequer projectar.

Pela minha parte, estou realmente farto. Já tive a minha conta. Ainda acredito na dinâmica da nossa sociedade civil e na seriedade de muitos dos nossos agentes políticos e das nossas instituições para pôr termo a esta doideira que se instalou e que já causou, não duvidemos, graves danos a todos nós. Duvido que internacionalmente olhem para nós com a confiança que olhavam há poucas semanas atrás. Para além de que, digo, a Europa deve estar farta de nos aturar. Passamos a vida nisto. A complicar e a pedinchar dinheiro de cada vez que damos com os burrinhos na água. Pela minha parte, repito, estou farto. Não me sujeitarei, JAMAIS, a um regime político que possa emanar destas «cortesias» que vão por aí, antes de começar a tourada propriamente dita. E se isso acontecer, que faça bom proveito aos que cá ficarem por gosto e a minha sincera solidariedade pelos que ficam porque têm que ficar. Que eu, aqui o afirmo com as vírgulas todas, vou pastar para outros prados.

Nota: Referi-me apenas ao PCP, porque o Bloco, para mim, não é mais que uma excrescência snobe do mesmo totalitarismo. O Bloco e a miríade de grupelhos que surgiram por aí e que acabam por se diluir na parolice nacional. Mais tarde ou mais cedo.

*
*

Etiquetas: , , ,

terça-feira, outubro 06, 2015

Perderam o tino


[5320]

E eis que surge uma jovem, roliça e razoavelmente falante, com uns olhitos vivos e sensual q.b. que caiu no gosto do rebanho. Diz umas coisas com graça, outras sem graça nenhuma, quase todas com aquela insuportável altivez da chamada esquerda que acha que veio ao mundo para o endireitar. Mas, lá diz o ditado, em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Para além de um conjunto de felizes coincidências, qual seja a de uma correlegionária, igualmente bonitinha e ladina, de verbo fácil e olhos bonitos ter aparecido num inquérito parlamentar e ter caído no gosto dos nossos jornalistas. Catarina se chama a primeira, Mariana, chama-se a segunda.

Juntas alcandoraram o Bloco de Esquerda à invejável posição de terem duplicado o número de deputados. E a grei estremeceu. Ali estava Catarina, actriz, como o CV diz, dando lições de política e de condução de massas. Levada ao colo pelos jornalistas, sobretudo pelas televisões (na campanha, dificilmente passavam cinco minutos sem que Catarina não aparecesse, quase sempre dizendo a mesma coisa), em breve Catarina lançava na obscuridade as Dragos, as Joanas (esta última mesmo despida) e passou a fazer parte da primeira divisão da nossa atmosfera política.

E de imediato passou a exigir e a impor regras. Ao PS, já se vê. Com os olhitos vívidos de ternura sonolenta e voz de falsete iniciou a lista de ditames que devem condicionar a colaboração do Bloco ao PS. As pessoas ouvem-na e excitam-se e ninguém se questiona como será possível esta piscadela de olhos do Bloco ao Poder? E no PS, quando mais não seja por uma questão de honra alguém lembrou a pequena que se há alguém que, pelo menos por enquanto, imponha condições são os socialistas e não o Bloco? E alguém colocou à jovem duas ou três perguntas, como por exemplo, o Bloco ainda quer nacionalizar a Banca, deixar o Euro, renegociar a dívida (no extremo, não pagar), instigar e monitorizar cursos intensivos sobre desobediência civil, assaltos à propriedade privada (com destruição de bens, como um campo de milho, por exemplo, coisa que de repente me veio à ideia…) e mais uma longa lista de “benfeitorias” que foram a imagem de marca de um Partido que não sabe nem quer conviver com a liberdade e a cidadania sacrossanta do individual?

A mim preocupa-me esta excitação. Com o PS derrotado, desmantelado e em claro processo de desagregação, coisa que, de resto, acho muito bem feito por nunca terem sabido libertar-se de utopias serôdias e estabelecer uma liderança eficaz que acabasse com a tralha jurássica de comunistas reciclados (objectivamente responsáveis por tragédias avulso da nossa sociedade, das quais me ocorrem, assim de repente, a descolonização exemplar, três bancarrotas e um punhado de vigaristas, alguns deles, felizmente, presos), receio que possam cair na tentação de não se amarrarem ao mastro e seguirem as sereias. Sobretudo porque esta sereia de olhos verdes, na minha opinião, não é mais que um subproduto de uma esquerda anquilosada e revanchista e sem qualquer competência ou consciência de governança. Para os mais distraídos, lembro, por exemplo, uma entrevista recente de José Gomes Ferreira em que Catarina Martins foi trucidada, perante questões de política macroeconómica em que, via-se, Catarina demonstrava não fazer a mais remota ideia do que se estava para ali a dizer.

*
*

Etiquetas:

segunda-feira, outubro 05, 2015

Um reparo


[5319]

Escrever sobre derrotas e vitórias de ontem torna-se já extemporâneo, tal o caudal de comentários e crónicas que vai por aí. Claro que há reacções que merecem algum relevo (ocorre-me a estranha Canavilhas e a ainda mais estranha Roseta), mas pegar num campo tão rebuscado parece-me já desnecessário, senão mesmo estultícia.

Mas há um campo que me parece estar a passar mais ou menos incólume às críticas e que, no meu entendimento, é objectivamente merecedor da mais viva crítica e claro repúdio. Refiro-me, de forma clara, à maioria da comunicação social e à quase totalidade de comentadores que durante quatro porfiados anos tosaram o governo, sem dó nem piedade. Algumas vezes com razão, outras, na maioria, sem razão nenhuma, todavia sempre com aquele ar chocarreiro e insultuoso mais ou menos compreensível por se tratar, pretensamente, de gente de invulgar envergadura intelectual. 

E muita dessa gente deveria ser apontada a dedo, porque muita dela vai começar a virar a ponta ao prego, sem vergonha nem hesitação. O Eixo do Mal, por exemplo, já esta noite mostrou um ar cordato e razoavelmente deferente para com a coligação, com excepção do Daniel de Oliveira, honra lhe seja feita, que é assim uma espécie de versão revista e melhorada do PC que há quarenta anos que ganha sempre as eleições – no caso do Daniel Oliveira, ele pode perder, mas tem sempre razão. Como se viu com o «Livre». E até o intratável Pacheco Pereira ontem se mostrou surpreendentemente mais simpático. Mas aguardo, com alguma curiosidade, a atitude da vasta maioria de jornalistas e comentadores da SIC, da TVI e mesmo de alguns da RTP. Durante quatro anos adoptaram o diapasão do pisoteio e malquerença, com um refrão comum – a iminência da queda do governo que, imagine-se, não só não caiu como foi reeleito.

Não me esquecerei facilmente das diatribes de Ferreira Leite, de Constança, Marques Mendes, Pacheco Pereira, Bagão Félix e a habilidade camuflada de uma infinidade de gente da comunicação social que, por ser tanta, torna difícil, enumerá-la, mas que facilmente se sabe quem é. Esta gente prestou um mau serviço ao país. E não se confunda o que digo com qualquer ideia de pensamento único. Acho saudável, indispensável, mesmo, a pluralidade de opiniões. Mas isso não pressupõe desonestidade nem malabarismos. E foi a isso que se assistiu durante quatro anos, todos os dias, deturpando de forma soez aquilo que deveria ser a preocupação primeira perante o público. O respeito pela verdade e pelas pessoas a quem essa verdade é devida.

*
*

Etiquetas:

domingo, outubro 04, 2015

Af..nnl va…. c sclta d plici..a


Com escolta a cem metros...

[5318]

Andei cerca de uma semana a ver capas de jornal e a ouvir notícias na TV segundo as quais Sócrates ia votar sozinho. Porque os seus advogados e ele próprio não se submeteriam ao vexame de que ele fosse acompanhado por elementos da polícia. E mais, segundo o advogado Araújo, quiçá a figura mais arrevesada do mundo português, Sócrates não tinha que pedir ao juiz para ir votar. Não foram uma, nem duas nem três, foram várias as vezes em que ouvi esta notícia o que me fez pensar sobre o porquê da diferenciação estabelecida entre Sócrates e outros arguidos, dos quais se sabia que seriam acompanhados por elementos da PSP.

Há pouco, uma televisão avisava, de fugida, de raspão, assim como quem não quer a coisa, de que Sócrates iria votar às 14:30, acompanhado por elementos da PSP até à entrada do local de voto, uma vez que, por lei, não pode haver armas num raio de cem metros do local de voto.

A comunicação social igual a si própria. Fico apenas na dúvida se andar uma semana a noticiar que Sócrates ia votar sozinho se devia a mero sensacionalismo editorial ou se, de alguma forma, isso traduzia uma espécie de atitude revanchista e de vitória de um homem cheio de carisma e animalidade feroz. Nesta altura, pouco me interessa o porquê. Limito-me a conferir a desonestidade da coisa. Sem qualquer surpresa.

*
*

Etiquetas: ,