segunda-feira, junho 15, 2015

As sereias de Ulisses eram socialistas?


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È preciso não confundir as coisas e, sobretudo, não nos deixarmos afogar em considerandos técnicos do domínio da economia. É preciso não resvalar para a ideia fácil de que um punhado de aventureiros levou a Grécia para a desgraça. Quem realmente aproximou os gregos do abismo foram, como de costume, os socialistas com as suas tiradas e medidas infantis, em nome de uma ideologia que nem eles próprios sabem qual é. Qualquer coisa abastardada de um comunismo definhado e estéril, com efeito residual nos chamados socialistas democráticos, herdada do romantismo da faculdade, do Maio inebriante da Paris soixante-huitard ou cristalizada no sistema amorfo da idiotia. Foram os socialistas que conduziram a Grécia para uma situação sem retorno com as suas infantilidades habituais, mais o inevitável nepotismo, compadrio, venalidade e, em cima de tudo, uma total irresponsabilidade sobre as inevitáveis consequências que se abateriam sobre os eleitores, aqueles que de boa fé, vão dando o seu voto apoiado nas cantatas e promessas das campanhas eleitorais.

Os gregos tiveram ainda o azar de enveredarem, objectivamente, pelo voto num partido de aventureiros sem escrúpulos. Sentindo-se à beira do abismo, não cuidaram de tentar perceber como chegaram até ali, mas sim avalizar quem prometia salvá-los da queda. E foi o que se viu. Mais dia menos dia vem aí a verdadeira tragédia. Porque aqueles a quem foi dado o voto da salvação, mais nada saberão fazer que dar o último empurrão para o abismo. Quiçá convencidos que o bluff e a atitude espúria de uma arrogância própria deste tipo de aventureiros lhes traria os louros da vitória.

Que ao menos esta situação sirva para iluminar aqueles que se acham, eles sim, iluminados. Desde os que em algazarra patética, como o já impossível António Costa, se regozijaram com o Syriza até aos que, diligentemente, puxam dos galões e se atiram a exercícios de verdadeiro malabarismo para explicar e justificar a teoria de quanto pior melhor. Mas não ver ser fácil. Que isto da idiotia dos socialistas é um bocado como o imaginativo slogan de Pessoa à Coca-Cola, «primeiro estranha-se, depois entranha-se».

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