sexta-feira, dezembro 27, 2013

Greves. Grave


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E aqui vamos nós alegremente pelo meio de mais uma chuva de greves cujos motivos não só já desconhecemos como, mais grave, pouco nos vai importando.

A esquerda rejubila com o festim e a direita remete-se, tímida e como de costume, para o velho chavão de que o direito à greve é sagrado.

Por mim, já vou ouvindo com indiferença as mais variadas razões para greve. Desde o apagamento de nódoas curriculares até à discordância sobre o OE vou ouvindo de tudo. Como esta greve do lixo sobre a qual ouvi na TV, claro e bom som, por discordarem do Orçamento.

Houve altura em que eu tinha uma noção apropriada às razões de uma greve, quase sempre associadas a conflitos laborais entre empregador e empregados. Hoje parece que não é bem assim, um governo eleito apresenta na AR um OE mas, pronto, lá vem um sindicalista qualquer por detrás de um penedo dizer que não concorda com o Orçamento. As pessoas entreolham-se, fazem umas contas de cabeça e, ao que parece, nenhum especialista em direito laboral ou um desses constitucionalistas que por aí medram como o arroz-dos-telhados se dá ao trabalho de verificar se fazer uma greve porque se discorda do Orçamento é mesmo uma razão válida e legalmente aceitável. É que por este caminho um dia destes assistimos, com indiferença, um sindicato anunciar uma greve porque Passos Coelho usa risco ao meio ou porque não concordam com o detalhe de barba de um qualquer secretário de estado.

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