terça-feira, janeiro 15, 2013

África, terra bruta, que até à papaia lhe chamam de fruta... (Jan 13)


Maputo, esta manhã
Final da Julyus Nyerere, Praça do Destacamento Feminino

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Eu explico... primeiro faz um calor que dá para assar caju no terraço da casa. O sol é forte, mas começa a soprar um vento do Norte, carregado daqueles bafos quentes de Tete ou do Marromeu e sopra, e sopra, a caminho de uma coisa que os meteorologistas chamam de centro de baixa pressão, uma coisa que tem a mania de se fixar ali ao sul de Maputo, por cima da Ponta do Ouro. Depois, o barómetro do Naval baixa bruscamente (se o Covinhas fosse vivo começava a avisar o pessoal todo no mar através do rádio...) e o vento parece que pára. Mas não pára... ali perto, a cerca de uma centena de quilómetros, o vento baralha-se, porque vinha quente do Norte e soprando velozmente, depois esbarra na tal depressão, tropeça nos milibares e, desorientado, começa a vir, desbragado, para Norte, vindo de Sul. Mas agora vem frio, cortante, e começa a bater o mar que fica eriçado e branco de espuma. E depois, nem uma horita depois, começa a chover. Mas a chover... não são aqueles pinguinhos morrinhentos e carinhosos que nos borrifam em Lisboa e nos alagam as vias construídas em leitos de cheia com sarjetas que nos esquecemos de desentupir no Verão. Não, é chuva a sério, bagas macho, misturadas com o tal vento, agora frio, que ruge furiosamente acima dos 40 nós. E depois, o resultado é este, como se vê nas fotos. Um espectáculo bruto, mas belo, como só ele.


Em frente ao Scala. Ao fundo, o «33 andares»

As pessoas habituadas vão circulando, que os carros de agora já não isolam as velas nem têm platinados...(os avanços da técnica e da ciência), os pedestres abrigam-se por um tempo e as crianças riem, como sempre e de costume. Os lugares mais afectados são invariavelmente os mesmos. A Baixa, 25 de Setembro, Scala e Continental, a rampa para a Julius Nyerere, a marginal para o Naval. E depois há aquela sensação que o mundo vai acabar, mesmo para quem não conheça a futurologia dos Incas.

Depois a chuva pára, a água escorre para o mar, o Tembe, Umbelúzi e o Incomáti ficam turvos e é conveniente não tomar banho porque há um casalito ou outro de tubarão Zambezi que gosta de turbid waters... as ruas ficam juncadas de ramos de árvores, os contentores de lixo virados e a cidade fica um bocadinho destruída.



Av. 25 de Setembro. Frente aos Correios

Porque será que tenho saudade disto?
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