quinta-feira, agosto 16, 2012

A culpa é da polícia, do governo, dos políticos, do berbigão, do Passos, das marés, da Transtejo, da senhora Merkel...

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Morre um pescador de amêijoas clandestino, perto de Alcochete. O homem era advogado e representava centenas de pescadores o que, à partida, lhe valoriza o currículo de boas práticas. Estas centenas, repito, centenas de pescadores ocupam-se na apanha destes bivalves, apesar de tal ser proibido, aparentemente por razões bem fortes e consistentes. Os familiares vêm para a televisão e zangam-se imenso com a polícia que teve culpa da morte do homem porque anda a fazer fiscalizações. Insurge-se contra a autoridade porque os homens andam apenas a ganhar o sustento para dar de comer à família, porque já não têm dinheiro para a renda de casa. Tudo aos berros. A lei diz que é proibido comercializar amêijoa apanhada no estuário do Tejo, mas os pescadores apanham centenas de quilos porque dizem que é para consumo próprio e isso não é proibido. O que é proibido é comercializar (assim um bocadinho como algumas drogas, podem ser consumidas mas não transaccionadas). A família continua a berrar nas televisões porque o homem ainda não apareceu derivado às brigadas de socorro que não deixaram os populares colaborar na pesquisa do corpo, que deve estar enterrado no lodo, coitadinho. Acusam ainda a polícia de ser culpada pela morte porque andava fazer fiscalização. Um chefe de polícia explica na televisão, com ar apologético, que não senhor, não andavam a fazer fiscalização coisa nenhuma, apenas passou um barco antes do acidente para ir a Alcochete perguntar de quem eram uns barcos que estavam ali acostados. A SIC ainda não pediu a opinião nem a Louçã nem a Jerónimo de Sousa, nem a Alfredo Barroso, Maria de Belém, Helena Roseta, Ruben de Carvalho nem Mário Soares ou Manuel Alegre. Mas não deve tardar. E o Tomás Vasques e a Ana Cristina Leonardo ainda não fizeram um postesinho sobre o assunto. Quiçá um postesão.

Como é complicado ser prior nesta freguesia. Alguém se entende nesta choldra?
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