sábado, julho 21, 2012

Portugal no seu melhor

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Não, não é uma alusão a uma daquelas inúmeras tabuletas com erros de ortografia a anunciar que À caraqóis ou fotografias daqueles ininteligíveis sinais de trânsito antes de uma rotunda. É mais este caso da justiça em que andamos a brincar aos Sócrates e aos «friportes» há onze anos, onde só um pateta não se apercebe da actuação indecente do PGR e do DCIAP e da necessidade de se fazer qualquer coisa e que se traduziu num processo em que se acusava os arguidos de extorsão (do que percebi a acusação era de que os arguidos queriam extorquir dinheiro aos chefes alegando que era para pagar a Sócrates, mas não seria o caso, era para eles próprios, estou errado?) e do final mirabolante em que a pronúncia é por uma absolvição, que não podia ser outra coisa, segundo os técnicos que se manifestaram sobre a «coisa».

Entretanto, ao que parece, os arguidos foram absolvidos porque não se provou que o dinheiro não era para pagar a Sócrates, mas para eles próprios, sendo que Sócrates continuou a ser referido amplamente e sem reservas, no que seria, claramente, a sua, deles, própria defesa. Entenda-se, o dinheiro era para pagamentos de luvas e não para os arguidos. No fim, à leitura da sentença, o juiz diz, entre coisas, que há indícios fortes de que houve mesmo pagamentos ao antigo ministro do ambiente. E por isso manda extrair uma certidão. As pessoas ficaram muito contentes mas no dia seguinte reparam que agora a tal certidão dá com os burrinhos na água porque o crime, a ter havido, prescreveu.

Isto parece um conto de ficção de 5ª categoria para fazer um daqueles filmes do canal Holywood aos sábados à tarde, mas aconteceu mesmo. Num país onde se penhora contas bancárias de meia dúzia de centena de Euros por falta de pagamento ao fisco e onde por duas vezes se elegeu o «inenarrável» que agora, prescrito e feliz, tomará o seu café au lait e um petit gateau nos Campos Elíseos, depois de, acolitado por uma colecção de venais e idiotas úteis e um eleitorado crédulo, ter atirado este país para a desgraça.

Por cá, os tontos do costume vão-se entretendo em falar mal do Relvas e a entrevistas os outros tontos doutorados em política à portuguesa que todos os dias acordam convencidos da sua inevitabilidade histórica e que Portugal sem eles nada seria e inchados de vaidade. Não rebentarem eles como o sapo…
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