domingo, julho 15, 2012

Ainda os interesses comerciais e as competências

[4698]

Li o Expresso durante muitos anos. Ainda em Moçambique, esperava com avidez as tardes de Domingo para ler o jornal da véspera. Pouco a pouco, nos últimos meses fui comprando o jornal cada vez menos. Ricardo Costa deu-lhe o toque final. Definitivo. Não há como suportar as idiossincrasias da criatura mai-las piruetas de um jornal que me habituara a ser sério, de boa informação e bem estruturada opinião e que hoje é uma treta vulgar e irritante.

Deixei de comprar o Público, por razões semelhantes. O Diário de Notícias mereceu-me o mesmo tratamento ainda na era Sócrates, quando João Marcelino se esforçava imenso em escrever coisas extraordinárias sobre Sócrates e o «socratismo». Já quase não vejo a SIC e cada vez menos a SIC notícias. A repetição, à náusea, do «affaire» Miguel Relvas, os programas cada vez mais pró PS, a cada vez mais flagrante má qualidade dos seus comentadores e analistas, a dúbia selecção de convidados para os frente a frente do Mário Crespo e a esquerda revisitada de Pacheco Pereira desde que Passos Coelho está no poder têm-se encarregado de me desviar com cada vez maior intensidade para as séries da Fox e para os TVCines. Depois queixam-se e fazem imensos artigos sobre a crise da comunicação social.

Nota: Sempre olhei com a algum desdém envergonhado para os Correio da Manhã que as pessoas liam no restaurante ou num banco de jardim. Hoje, dou comigo de vez em quando a comprar e a ler o Correio da Manhã. Tem muito crime, muita violência doméstica, muito estupro e muito multibanco rebentado à botija de gás. Mas, pelo menos, nada daquilo é mentira. Acresce que no meio dos casos da vida real aparecem alguns artigos de opinião interessantes. Mais. Nas últimas páginas ainda dá para ver umas socialites, umas figuras bonitas e de férias e razoavelmente vestidas, ou despidas, e algum humor inocente, que isto de jornais não é só fazer opinião. Há uma coisa que os anglo-saxónicos preservam muito, o puro entretenimento. Nós, por cá, é que vamos achando que todos os órgãos de comunicação social têm a obrigação estrita de informar e formar. Porque sempre tivemos a ideia de que lidamos com um povo estúpido e recém saído da idade da pedra. Esquecemo-nos do entretenimento. Por isso, as pessoas passam a vida a falar dos Relvas, dos friportes, dos sobreiros, da Casa Pia, dos robalos, dos ricos e dos poderosos, da senhora Merkel, dos bacanais de Berlusconi e de outras coisas do género. E tornamo-nos mais ou menos broncos, chatos, sem humor, sem sorrir e sem tempo para apreciar um rosto bonito, um raio de sol, uma praia, um monumento, um carro desportivo, uma casa de férias ou uma boa anedota.

Voltando ao CM, hoje percebo um pouco melhor porque é que este título vende mais do triplo dos outros.
.

Etiquetas:

3 Comments:

At 5:37 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Perfeitamente de acordo!
O Balsemão está com as calças na mão pela vontade do Relvas, e diga-se de passagem, de quase todos os portugas, que estão fartos da chulisse da RTP, de vender a RTP e depois esta tirar publicidade à "SHIT"!!!
O Público, morreu com a saída do José Manuel Fernandes.
O Diário de Notícias desde a época gonçalvista que para mim, acabou.
Estou perfeitamente de acordo com o que escreve.
Continue, que agrada. Aliás já há muito tempo!

 
At 6:20 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

É isso mesmo. E isto serve tambem para o post anterior na menção da senhora doutora Clara Ferreira Alves.

 
At 2:02 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Um dos melhores Blogs de sempre..e eu nem estive em Moçambique.Idem para os jornais.O Espesso, acabou fino...e fraco. O DN e o Marcelino.
O Publico como diz o Raposão é o Avante do BLoco...Um asco. Esta gente continua a mamar na teta e quando sente que lhe foge a mesma aqui vai ataque...Continue pf. No meio do chavascal há que ter gente civilizada.

 

Enviar um comentário

<< Home