quinta-feira, setembro 08, 2011

Uma preta maningue naice, como anima...






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Ainda sou do tempo, há pouco tempo atrás, em que não se pedia uma cerveja preta. Esse pedido, na melhor das hipóteses, fazia com que fôssemos ignorados pelo criado de mesa. Pedia-se uma cerveja escura. Não estou certo, não posso garantir, mas a designação cerveja escura terá sido criada por Samora Machel, na altura em que se lutava contra o racismo e outras malfeitorias da época.

Mudam-se os tempos, talvez as vontades não mudem tanto como dizia o poeta, pelo que uma preta que foi de boa para melhor constitua um apelo suficientemente forte para mandarmos vir uma para a mesa. Mas há uma coisa que não muda com certeza. Os zelotas do reino do Umbelúzi mantêm intactas as suas atribuições e não se permitem que ramos verdes se desenvolvam na árvore do politicamente correcto e dos bons costumes. Daí que em Maputo se observe um verdadeiro «bruaá» por causa da preta que em vez de boa para melhor os guardiões do templo dos bons costumes querem que vá desta para melhor.

A Ogilvy, agência de publicidade responsável pelo anúncio, e o director de marketing da CdM (Cervejas de Moçambique) já anunciaram a suspensão da campanha mas, segundo consta, a cidade continua cheia de pretas boas que foram para melhor.

Apetece dizer que este caso é um bom exemplo da evolução na continuidade. Ou, evoluam lá à vontade mas a cerveja é escura, não é preta e fim de papo. E o Brasil que se acautele, não vá o Xico (*) Buarque ter de mudar «a situação está preta» para a «situação está escura». Até porque a Marieta não rima com escura…

(*) CHico. Por uma questão de rigor (!). Este dia haveria de chegar. Correcção feita *
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8 Comments:

At 3:54 da tarde, Blogger Dulce Braga disse...

A cerveja aqui é preta e pedir uma cerveja preta em qualquer boteco, não dá nem cadeia, o que pode perfeitamente acontecer se contares uma piada racista em publico, porque a lei assim o determina. Chico Buarque (já agora com "Ch" e não "X", não porque seja erro ortográfico, mas como diz alguém que prezo* muito, por uma questão de rigor:))) ) também pode dormir tranquilo, porque preto é cor e Negro é Raça! Bjs

 
At 4:40 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce Braga

Já agora: pÚblico. Palavra esdrúxula, logo com acento gráfico na antepenúltima sílaba. Para não se ler publico, com acentuação na penúltima sílaba, como na primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo publicar. Por uma questão de rigor!!
:)*

 
At 5:22 da tarde, Anonymous André disse...

Sogro, eles ficam mais ofendidos por serem chamados CRIADOS de mesa. :)

 
At 8:46 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Porque somos mestres da contemporização e do lambebotismo bem podíamos increver no AO a adopção de algumas expressões simpáticas. Pegando no tema, deveria ser instituída a expressão ovelha escura da família. Não custava nada :=)

 
At 2:34 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

genro

Na minha opinião, palavra mais feia que sogro... só sogra, mesmo. E mais feia que genro... só nora mesmo. Digamos que neste particular as mulheres não saem muito beneficiadas :)))

Quanto aos criados de mesa... perguntei ao Laurodérmio e ele recomendou-me que usasse table critxares. Assim seja :)))

 
At 2:45 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Além da palavra ser «feia», sogra não é parente... é castigo. ;-))

 
At 2:57 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Anónimo das 2:45

Hummm... cheira-me que este comentário vem de uma sogra solidária com a penitência dos homens :)))

 
At 3:11 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Também.
Mas, sobretudo, grande conhecedora do infortúnio de muitas noras perante algumas sogras - o nome lhes valha.
E se falarmos em «pseudo-sogras»... a coisa agrava-se!

P.S. - Já admitiu colocar o nariz no seguro? (Isto porque me parece que o olfacto não pode ser objecto de seguro) ;-))

 

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