segunda-feira, maio 30, 2011

Tiros no pé? Mas isso não era só com PPC?

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Em matéria de tiros no pé, um excelente post do Henrique Raposo. Para que se não diga que os pés de Passos Coelho estão cheios de buracos e que os pés dos outros passam incólumes o tiroteio da campanha. Ou de como os nossos políticos não são, de uma vez por todas, capazes de assumir uma liderança eficaz contra a fraude, formatada em regimes sociais desenhados para agradar ao rebanho, sem quaisquer escrúpulos e que dão pelo nome romântico de «esquerda»

«Dr. Paulo Portas, eu pensava que usar a coisa do "eu sou mais de esquerda do que x"...

... não era para o CDS-PP. Eu pensava que o CDS-PP era um voto de direita sem complexos. Eu pensava que ter preocupações sociais não é o mesmo que estar à esquerda de y. Ver a direita - que se diz de direita - a usar a falácia do "estou à esquerda de" é triste. Roubar votos ao PS não se faz por aqui. Roubar votos ao PS faz-se mostrando que há outros caminhos para sair da pobreza, que há modelos sociais bem mais eficazes do que aqueles que dizem "ai, eu estou mais à esquerda do que y". Dr. Portas, não fique com os vícios dos partidos grandes catch-all antes de o ser. O caminho do CDS é ser um catch-all ou um partido de direita sem complexos? Querem crescer porque sim, ou querem crescer porque representam alguma coisa? O CDS-PP novo e tal só faz sentido se representar uma mudança cultural, uma direita sem complexos, se apanhar gente nova que não tem problemas em dizer "sim, sou de direita e não digo 'estou à esquerda de y' para me sentir superior". Aliás, V. Exa. tinha este discurso há uns meses.

Ouvir, nesta hora h, o líder do partido que se senta à direita dizer "ai, eu sou mais de esquerda do que y" é uma desilusão. Porque transmite, mais uma vez, que preocupação social é sinónimo de esquerda. Não esperava que este cliché aparecesse, nesta hora, na boca do partido que supostamente representa um voto numa direita sem complexos e que devia saber que as direitas têm tanta preocupação social como a esquerda. Dr. Portas, mantenha o caminho ("sim, sou de direita, so what?"), e não se ponha com malabarismos esquerdistas.

V. Exa. podia dizer que há um modelo social cristão ou católico, podia falar da doutrina social da Igreja, podia falar da importância social dos corpos intermédios (os centros paroquiais, as misericórdias, as escolas religiosas, etc., etc.) e da necessidade de aumentarmos os apoios a esses corpos intermédios, que são um verdadeiro Estado Social orgânico e mais eficaz do que o Estado Social oficial. Mas, em vez dessa mensagem, V. Exa. aparece a fazer contrabando esquerdista?! Não havia necessidade, dr. Portas.

O que se vê nos jovens do CDS, nesta nova vaga - fortíssima, diga-se - é o orgulho em estar à direita. Têm orgulho em dizer que são democratas-cristãos, ou conservadores, ou liberais, ou liberais-conservadores (à Cameron). É esse o valor do CDS. É uma marca cultural de fundo, representa uma mudança geracional. Ora, tiradas como esta, dr. Portas, traem esta viragem cultural, este orgulho de estar à direita, essa coragem para estar à direita.»

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