sexta-feira, dezembro 31, 2010

2010 Go, go, go. 2011 Vem cara, vem!


[4007]

Feliz Ano Novo
Happy New Year
Bonne Anné
Glückliches neues Jahr
Feliz Año nuevo
Felice Anno Nuovo
Gelukkige nuwe jaar
.

Etiquetas:

Bom ano para todos


[4006]

Todos os anos nos atiramos ao 31 com a fé dos crentes e o atrevimento dos incautos, na esperança de que o amanhã seja o início de uma nova era. Pela parte que me toca já levo alguns 31's e tenho de humildemente confessar que alguns deles fecharam o ciclo de verdadeiros 31's, no sentido popular do termo.

Mas é bom insistir. Manter a chama tremelicando, mesmo que tímida, pelo voto de um ano melhor para todos nós. E, neste caso particular, por «nós» entenda-se todos os que gradualmente foram constituindo esta família da blogosfera. Para ela e por ela vou acender a tal chama tímida e beber uma taça de bom champagne, porque para «espumante» já chega o dia a dia. Para todos, um 2011 que nos traga o conforto, o sucesso e a saúde que todos precisamos para um necessário e desejável discernimento que nos arranque das varas da camisa em que nos metemos. Ou nos meteram. Ou metemos e meteram.

Uma nota final, mesmo que correndo o risco de plágio de um post lindo que já li por aí, para uma gotinha de amor que nos preencha e mantenha a virtude do prazer do corpo e da nobreza da alma. E uma outra ainda pela amizade. Que um sem a outra não é nada.
.

Está o voto feito. Um grande 2011 (e um grande «reveillon»...) para todos.

NR
.

Etiquetas: , ,

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Deus nos guarde e nos ilumine pela «doutrina social da igreja»


[4005]

A esquerda institucional não é o verdadeiro problema de Portugal. Tanto o PCP como o Bloco são dois Partidos tendencialmente sujeitos à erosão natural que o progresso, a literacia e, porque não dizê-lo, um esperável desenvolvimento do espírito de cidadania em Portugal, lhes causam e acabarão por conduzi-los inevitavelmente ao desaparecimento. O verdadeiro problema reside mais no que eu chamaria a mentalidade de esquerda, uma mentalidade que gera nos seus mentores um sentimento de superioridade moral e de convencimento da sua inevitabilidade como condutores da massa inane que, por razões não completamente esclarecidas para a esquerda, não acedeu à virtude suprema do iluminismo de que ela se considera legítima e única herdeira. E se a massa é inane, a esquerda sente que tem de arrancá-la da obscuridade, das trevas, iluminando-a para que desfrute do progresso de toda a humanidade, lado a lado, como é bom de entender, com uma retórica oportunamente estudada e colocada em forma de cartilha. Convém, mesmo assim, que esta atitude doutrinária da esquerda seja lenta e gradual, não vá a grei iluminar-se de repente e a esquerda ficar sem emprego. Um pouco à semelhança do MES que acabou por encontrar porto seguro para atracar, no Partido Socialista, como se sabe mas os mais distraídos se esquecem. Mas isso é outra história e eu até acredito que no seio da esquerda exista gente bem-intencionada. Como acredito na desprezível pantomina a que celebradas figuras de esquerda se submetem para que do seu estatuto decorram vantagens, prebendas e, mutatis mutandis, um cortejo de invejáveis benesses que de outra forma dificilmente conseguiriam. Ou, em português corrente, se tivessem de trabalhar como as pessoas.

Esta reflexão é bem ilustrada pelo minuto final de Manuel Alegre no debate de ontem com Cavaco Silva, repare-se:

«...Eu dirijo-me ao povo da esquerda e a todos os outros democratas, àqueles que se reclamam da doutrina social da igreja e querem uma sociedade mais justa e solidária. É preciso resistir...»

Se Alegre fosse eleito, pergunto-me o que seria do povo de direita, incluindo o povo de direita que se reclama da doutrina social da igreja.

Ideia colhida daqui. Vídeo do debate aqui.

.

Etiquetas: ,

terça-feira, dezembro 28, 2010

Gente escovada. Uma questão de latitude?




[4004]

Ontem, distraidamente, dei-me conta de uma análise do ano futebolístico nacional. Comecei a perceber uma entoação agradável, um perfeito posicionamento de voz, uma dicção impecável, uma eficaz e judiciosa articulação das ideias na construção do tema em apreço, uma sobriedade notável, um português escorreito, correcto, elegante e com miolo.

Eram dois conhecidos jornalistas, David Borges e Ribeiro Cristóvão. Curiosamente ambos de origem ou oriundos de Angola. Há momentos avulso que me fazem reflectir que ir além da Trafaria e pular o equador para o lado de lá nos fez muito bem. Que pena os retornados não terem sido mais…
.

Etiquetas: ,

Pela Blogosfera


[4003]

«...Tive uma colega – agora é juíza – que se gabava das esmolas que dava aos pobres que encontrava à porta do pingo doce de Massamá. Uma vez, lembro-me bem, pagou uma bola de berlim a um desgraçado qualquer. Passou a semana a vangloriar-se do seu gesto. Nunca mandei a tal colega à merda. Arrependo-me profundamente de não o ter feito. Vem a conversa a propósito do Fernando Nobre. O Fernando Nobre, sempre a puxar dos seus galões -, esteve em Beirute em 82, viu crianças a lutar com galinhas por um pedaço de pão - fez-me lembrar a minha colega. Alguém devia mandá-lo à merda...»


Diz a Ana de Amsterdam. E diz muito bem, já era tempo de alguém o fazer.

.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 27, 2010

RRRRrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr....


[4002]

Desde que alguém lhe chamou Rottweiler, Ana Gomes, ciosa, não perde a mínima oportunidade de rosnar. E de morder, se puder. Rebola-se de gozo com o epíteto recolhido e perde-se, é o termo, rosnando na direcção dos seus ódios de estimação.

Nada disto me parece grave. O que verdadeiramente me parece trágico é a forma como o egocentrismo e irreprimível vaidade de uma mulher que se sente celebrizada pelas suas putativas celeumas recolhe o eco da comunicação social e ressoa na pequenez deste portugalzinho mesquinho e pífio. «Virtudes» bem patentes na qualidade dos candidatos a um cargo que nos devia, minimamente, merecer respeito pela dignidade que lhe está implícita – o de Presidente da República. Que qualquer badameco se sinta qualificado para dizer umas tretas e umas larachas e alcançar uns minutos de glória na televisão, aceita-se. Porque é constitucional. Que um badameco não consiga perceber a sua «badaméquica» condição e se preste à figura idiota e patética de quem nada mais tem para dizer que remexer em assuntos que nem sequer assuntos são, mas que, num passe de mágica, a comunicação social transforma em assunto, isso sim, revira as tripas e promove uma irreprimível flatulência de desprezo e repulsa. Percebe-se melhor o que acabei de dizer se nos lembrarmos que as duas grandes acusações feitas a Cavaco Silva são a de ter comprado acções num banco e posteriormente as ter vendido e ter tido um ministro há vinte e cinco anos que parece ter feito umas tropelias mais tarde. Também há a questão das escutas que não eram escutas mas que, de repente, passaram a ser escutas por força de se ter martelado um episódio claramente de paternidade do PS e do Governo. Entenda-se: «Não assuntos» tornados em assuntos pela prestimosa comunicação social.

Ana Gomes segue a trilha. De um Defensor de Moura meio provinciano e zangado por ter gasto dinheiro numa tenda para uma fadista afecta a Cavaco Silva (por acaso este assunto não está bem claro, conto com a habitual e preclara acção dos nossos jornalistas para me esclarecerem devidamente esta inquietante história da tenda da fadista) passámos a uma diplomata, de supetão enroscada de gozo por lhe terem chamado Rottweiler. Precisou apenas de pôr a funcionar o jeito especial da «esquerda que rosna» para se lembrar de «achar» que era preciso ver bem o que se passava com a compra das acções de Cavaco Silva. Como se ela tivesse alguma coisa a ver com isso ou se sentisse outorgada, não se sabe bem por quem ou porquê, para «achar» que os portugueses têm alguma coisa a ver com isso.

Há que fazer justiça e dizer que este tipo de atitudes já não é uma questão da esquerda, ainda que lhe esteja nas vísceras. No caso vertente estamos tão-somente perante uma mulher que não resiste a olhar todos os dias para o espelho e perguntar: - Espelho meu, há alguém mais Rottweiler do que eu? O espelho, se for prudente e conciso, bem que poderia dizer: - Olha, só te respondo se prometeres ficar quieta e calada.

.

Etiquetas: ,

domingo, dezembro 26, 2010

Regresso ao presente


[4001]

Ao fim de quase três dias de beijinhos da família em atmosfera natalícia e ainda com o palato lambuzado de nozes, avelãs, pinhões, sonhos de abóbora, coscorões, cuscolhinhos (ou é ao contrário?), rabanadas, bolo-rei (e rainha, que agora saber que também há bolo-rainha faz parte do nosso acervo de cultura e, se mostramos desconhecimento, dá direito àquela pergunta crítica: - Então, mas não sabe que também há bolo-rainha? «Homessa!!!), pão de ló de Lamego, bolos de amêndoa algarvia, «fruit-cake» (genuíno, inglês, que um toque cosmopolita nestas coisa cai muito bem), filhós e outros artefactos da crise em curso, reparei que não ouvia ou via notícias há bastante tempo. Displicentemente e num momento de remanso do lar, liguei para a RTP1… estava um senhor bem parecido chamado Luís qualquer coisa e que deve ser comentador desportivo… fiquei-me por ali… e o senhor ia dizendo que o Real Madrid é bipolar, e como equipa bipolada tinha as qualidades e as virtudes de ser bipolar, mas que Mourinho é um treinador psiquiatra o que na subcultura da análise desportiva em Portugal deve ser levado em conta (assim mesmo, de seguida, quase sem respirar...). Depois que não sei quê e Villas-Boas reinventou uma equipa mantendo-a personalizada dando «prolongação» aos êxitoso Benfica «terá-se» deslumbrado e tem um problema bipolar estranho (cá para mim o homem andou a ler psiquiatria…) e, por isso, era uma equipa camaleónica com bipolaridade (outra vez…juro) e terá que rever não sei quê não sei que mais. Ainda ouvi qualquer coisa sobre a selecção de Espanha e, de novo, havia uma «prolongação» qualquer que tinha a ver com a equipa…

Obviamente demitia-o, ao comentador…quero eu dizer… obviamente fechei o televisor, não procurei sequer mais notícias.

Citei estas pérolas de cor. Mas posso garantir que o itálico é uma reprodução fiel (bipolada e com a necessária prolongação camaleónica) do que ouvi do senhor Luís, comentador de futebol na RTP1.

Perante os factos, decidi fazer uma «prolongação» deste meu retiro e, camaleonicamente, mimetizei-me com as rabanadas e outros equipamentos pecaminosos atrás descritos para, na paz do Senhor, descansar desta gente e aumentar conscientemente a contagem dos triglicerídeos. Agrava o risco do colesterol mas ganha-se em ausência de stress. Por uma boa causa, está bem de ver…

Nota: Tenho de confessar que antes desta maravilha de comentário desportivo eu já tinha feito um esforço genuíno de, gradualmente, regressar à intriga política através do Eixo do Mal. Devo ter tido azar porque o Daniel de Oliveira agora deu em defender Sócrates de dentes cerrados e a «pluma caprichosa» estava mais azeda que um limão com três meses de frigorífico. Irra, será que o Daniel sabe o que quer e aquela mulher nunca come uma coisa doce qualquer?

ADENDA: Este post foi alterado às 18:40. Onde se lê agora RTP1 lia-se SIC-Notícias o que, manifestamente, era incorrecto.

.

Etiquetas: ,

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Natal Feliz. Boas Festas




[4000]

O Espumadamente vai fazer uma pausa natalícia para comer uma posta de bacalhau (e uma rabanada, já agora) e sublimar um sentimento que, em algumas circunstâncias, é difícil de digerir mas, não obstante, continua e continuará a ser um dos mais gratificantes sentimentos concedidos ao ser humano, na sua singela expressão de pertença e amor – a família.


Aqui deixo uma saudação amiga e solidária para todos os que me privilegiam com a sua visita, muitos deles tornaram-se mesmo meus amigos, com o desejo que passem um Natal muito feliz no seio da família, numa pausa de paz, conforto e elevação espiritual. Aquilo, afinal, que nos alimenta o corpo e enobrece a alma.


E para um dos melhores sentimentos do mundo, deixo a mais bela canção do mundo. De sempre. Tem uma parte inicial cantada em gaélico que eu dedico particularmente a uma boa amiga, que conhece a língua, e que está passar um momento difícil.


Também aqui deixo um beijo. Ele sabe o caminho!

.


Etiquetas:

Empata-fórmulas


[3999]

Tem de haver uma ponderosa razão para que os debates entre candidatos à presidência da república acabem a falar de Cavaco Silva, em vez de falarem deles próprios. É um espectáculo degradante e que reflecte a actual indigência do nível de debates que nos dão à sobremesa. Um comunista a passar a cassete, um socialista que ainda não percebi bem o que quer, um médico a usar as suas acções cívicas como argumentário para que votem nele, e um poeta (diz ele) que alterou as suas rimas de «...há sempre alguém que diz não...» para dizer «...que é preciso fazer cambão...» Contra o outro, o Cavaco. Não tenho memória de coisa assim. Surpreendentemente, ainda consigo depois ler comentadores a dizer que ganhou este, ganhou aquele… não sei bem o que é que ganharam, sei que todos eles pautam a sua acção no ataque a Cavaco. Não gostam mesmo do homem. Mas até para não se gostar de alguém é preciso ter um mínimo de qualidade. Que não têm.

E a propósito de raivinhas a Cavaco, diverti-me imenso com as perguntas de Fernanda Câncio, a antiga jornalista como diz o Pedro Lomba e com as respostas do João Miranda e de alguns comentários no post dela e em outros. Houve uma altura em que pensei que a Fernanda era de esquerda. Pronto, tudo bem e ninguém morria por isso. Mas hoje percebo que esta mulher é o estereótipo da empata fórmulas (há um outro termo qualquer, de significado semelhante, mas que não me ocorre agora) e que consiste basicamente em atrapalhar a obra de quem tem obra feita e por fazer. Esta mulher tem raivas mal contidas e cai no ridículo. Basta ler o que ela escreve e o contraditório do João Miranda, por exemplo, ou o Pedro Lomba e perceber que o que eles dizem não é ideológico – é rigorosamente factual. Mas, pensando melhor, por isso e para isso é que vivemos num país livre e podemos dizer o que nos apetece. Mas bem que podíamos contar até dez, antes de abrir a boca. Porque às vezes, entra mosca.

.

Etiquetas: , ,

quarta-feira, dezembro 22, 2010

O luxuoso jornal de um escriba indigente

[3998]

Quem é este artista? Quem me explica este… artigo ???? Quem é que paga a este tal André Macedo? Mas… ninguém diz nada?
.

Etiquetas: , ,

terça-feira, dezembro 21, 2010

Do not disturb. Ou, em bom português, vão chatear o Camões


A1 - Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu (clicar na foto)

[3997]

«Prontes». Começou o Natal a sério. À medida que as circulares internas das empresas e repartições vão circulando avisando os trabalhadores (!!!) das tolerâncias de ponto de 24 e de 30, os corredores dos escritórios vão ficando mais movimentados e as secretárias mais vazias. As saídas de Lisboa estão cada vez mais cheias de «lisboetas» que odeiam Lisboa e que, por isso e por ser Natal, vão à terra fazer as festas. Nunca se prive um «lisboeta» de ir à terra nas festas.

Nas empresas, assuntos que se pretende fiquem arrumados antes das festas vão ficando arrolados para depois das festas. Porque as pessoas já não estão nos locais de trabalho. Os telefones tocam indefinidamente, sem resposta, ou são atendidos por gente apressada que diz que a colega já não está e não sabe quando volta. À medida que a correspondência electrónica oriunda de outros países se avoluma no computador, mais difícil se torna dar-lhe vazão. Porque o seguimento local não é mais possível. As pessoas já não estão, as que estão não sabem do que se trata e as que estão e sabem do que se trata não podem porque o senhor Filipe não veio, o senhor Ventura já foi de férias ou a chefe hoje não veio e não se sabe se vem amanhã.

Ninguém faz nada já em Lisboa. As pessoas pensam nas compras, na viagem à terra, no vestido para o fim do ano ou que bem que podia ir menos gente lá a casa comer o bacalhau da consoada que a vida está que não se pode e já não há paciência para aquela tia que está meia xexé. Trabalhar é que já não. O trabalho é, já a partir de ontem, um factor extrínseco ao dia a dia do lisboeta que retruca mesmo, com má catadura, a quem ousa levantar questões que tenham a ver com tarefas relativas ao trabalho. Há exemplos absolutamente difíceis de entender não fosse o conhecimento que hoje tenho dos trabalhadores, esta espécie estranha que trabalha por definição, balda-se por índole e organiza-se a preceito sempre que é preciso vir para a rua berrar que a luta continua. Não lhe quebrem é o ritmo. Que isto de querer resolver assuntos dois ou três dias antes do Natal já não dá com nada. No fundo, toda a gente se encontra já a comer rabanadas. É isso. Uma rabanada. Bora lá!


.

Etiquetas: , ,

Papos de Anjo. Porque me apetece.


Os genuinos. Com a inveitável calda de açúcar

[3996]

Fatias do Céu, Orelhas de Abade, Toucinho do Céu, Abade de Priscos, Jesuítas, Cardeais, Bolo dos Santos, Papos de Anjo… alguns nomes, entre muitos outros, que constituem a chamada doçaria conventual portuguesa que continua a salivar muitos portugueses e estrangeiros e que terá surgido pelo elevado número de conventos que existiam em Portugal (segundo li algures, só em Lisboa, na primeira metade do século passado, existiam mais de trinta). Com tanto convento e tantas freiras é natural que entre as orações, meditação e tarefas domésticas, sobrasse algum tempo para as religiosas se deitarem a alguns ingredientes, sobretudo ovos, e produzissem extraordinárias combinações de sabores. A denominação dessas iguarias haveria de vergar-se, naturalmente, a uma espécie de liturgia intrínseca que transbordava das orações para as malgas onde amassavam os ovos, o açúcar e as farinhas e o resultado deu no que se sabe. Chamar Orelhas de Abade a um doce é um opróbrio do bom gosto, se não fosse o gosto bom de uma orelha do dito. Mas entende-se o fenómeno como um exemplo da submissa entrega das servas do Senhor.

Mas eu queria mesmo era falar de Papos de Anjo. Tropecei aí numa foto da Ana Vidal e lembrei-me de no Verão passado eu ter percorrido meia cidade do Porto, a pé, procurando Papos de Anjo. O Porto era tido como a alma mater dos papos de anjo, daí eu ter pensado que bastaria entrar numa vulgar pastelaria e encomendar um par deles. Debalde. Não tinham, não sabiam quem tinha e corri mesmo sérios riscos de ser expulso de um café por ter perguntado se ali era o «piolho» e afinal não era piolho e o dono do café dizia que não era piolho mas eu pensava que era piolho não gostou que eu pensasse que o café dele se chamava piolho e aquilo ia dando uma piolheira desgraçada.

Acabei na conhecida Confeitaria Cunha, na Sá da Bandeira (que tal um alfacinha como eu, conhecer a Cunha na Sá da Bandeira?), onde me disseram: - Papos de Anjo? Sim, claro que temos. E trouxeram-nos um doce «talequalzinho» os ovos-moles de Aveiro. Como eu desde que uma vez discuti com um automobilista na rotunda da Boavista aprendi a que no Porto a gente não contraria ninguém, deglutimos o doce e disse que os Papos de Anjo estavam uma delícia. Mas que ainda hoje continuo de boca aguada para os verdadeiros, com calda de açúcar, continuo. A culpa é da Ana Vidal que mantém esta deliciosa mostra de razões para gostar de Portugal.

.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Este blogue não é de engate


Estive quase para não pôr foto neste post. Mas não resisti

Sendo um indefectível admirador da Sofia, seu leitor incorrigível desde há cerca de seis anos e concordando com muito do que ela escreve, sinto-me, porém e desta vez, na estrita obrigação moral, diria mesmo… acometido de um dever cívico de proclamar que o meu blogue não é um blogue de engate.

Achei graça a esta crónica da Sofia mas há, no mínimo, duas ponderosas razões para eu proclamar bem alto que não assino um blogue de engate, quais sejam a de não ter vísceras moídas e de, sim, colocar quase em todos os posts uma fotografiazinha, mas por questões meramente de estética e porque sim. Até aceito que a cena da foto possa representar uma recôndita idiossincrasia que mais ou menos camufle (não acredito que disse camufle, mas existe…) alguns laivos de «engatatorismo» que, espera-se, subjaza em qualquer macho que se preze. Mas vísceras moídas? Não, Sofia. Jamé! Tudo em su sítio, tudo funcionando, não há víscera nenhuma (ainda) feita picado. Daí o meu arreganho na minha posição de blogue não engatatão. Por uma questão de rigor.

.

Etiquetas: ,

Proposta indecente

[3994]

Há evidências perturbadoras. Se um dentista não sobreviveria num país de galinhas, um vendedor de aparelhos condicionados declararia insolvência no Pólo Norte, gostaria de saber como é que os patetas, vaidosos e que nascem com a mania que fazem uma falta desgraçada poderiam sobreviver se não houvesse capitalismo, iniciativa privada?

Não fosse o capitalismo mai-las sua malfeitorias, quem é que falaria do Zé que faz falta? Ou mesmo, quem é que saberia que ele existe?

Via Insurgente
.

Etiquetas: ,

Castro feliz


[3993]

A rádio e a televisão vão dando conta paulatina da série de modificações que se estão a operar em Cuba. A possibilidade de um cidadão cubano se estabelecer por conta própria tem aberto caminho no sector terciário a barbearias, esteticistas, táxis e outras pequenas empresas de transporte, comércio geral e até agricultura. Estas medidas possibilitarão não só o «abate» de um importante contingente de funcionários públicos como, sabe-se bem, provocará um «boost» na economia cubana.

Nenhuma destas boas notícias mereceria mais que isso mesmo, Serem noticiadas como boas para o mundo em geral e para os cubanos em particular. Mas em Portugal as coisas não são bem assim, esta mania que temos de que somos de esquerda não nos permite noticiar estas medidas sem uma auréola de júbilo, não pelas medidas em si mas enaltecendo as vigorosas declarações dos líderes sobre a matéria, durante as quais e com o paternalismo habitual da esquerda, se vai explicando (diligentemente) ao rebanho a necessidade de se proceder a tais medidas em nome do povo cubano, da revolução e como mais uma vitória do povo sobre a hegemonia imperialista.

Esta gente, leia-se líderes da esquerda pré-muro de Berlim, devia ser sumariamente condenada pela opinião pública pela tragédia em que manteve gerações de cidadãos no mais completo obscurantismo ideológico, fazendo deles marionetes e vítimas de regimes que inevitavelmente haveriam de sucumbir ao apodrecimento natural, como aconteceu. Ao invés, pressente-se um certo júbilo na comunicação social autóctone (e não só), uma paciente compreensão e, até, admiração, pela forma quiçá sábia e contemporizadora com que os Castros e comandita se têm entretido a formar engraxates, barbeiros, caixas de pequenos mercados, motoristas de táxis e outros a quem, com grande alívio, têm de deixar de pagar salário. Acresce que, pelo contrário, serão eles agora a pagar impostos ao Estado.

Resta a consolação que Cuba passará a comer melhor, a ter os cabelos mais bem cortados e os sapatos mais bem engraxados. A produção agrícola irá também aumentar mas, sobretudo, o cubano poderá dispor da sua vontade e contribuir para uma economia que mais cedo do que tarde, tirará aquele povo da miséria a que durante décadas foi submetido.

.

Etiquetas: , ,

A Crise


[3992]


2010 foi um ano bem difícil mas, enfim, lá sobrevivi!!! Todavia, nem toda a gente teve a sorte que eu tive. A situação é, realmente, caótica e os sinais do abismo avolumam-se. Senão, vejamos:

- A economia está tão má que recebi pelo correio um cartão de crédito pré-recusado;

- Fui aos Estados Unidos e pedi um “burger” no McDonalds e a menina pergunta-me:- Can you afford fries with that?

- Os CEO’s agora já só jogam minigolfe;

- Se os bancos nos devolvem um cheque por insuficiência de fundos, agora temos de perguntar: - Fundos de quem? Nossos ou vossos?

- Numa outra ida aos Estados Unidos e nova visita ao McDonalds verifiquei que agora estão a vender o "¼ do ouncer”;

- Os pais da Quinta da Marinha estão as despedir as babás e a aprender os nomes das suas próprias criancinhas;

- Li algures num jornal que a polícia apanhou um camião carregado de americanos tentando emigrar clandestinamente para o México;

- A Mafia tem vindo a despedir juízes;

- A BP Oil já despediu 25 congressistas americanos;

- Com tudo isto, por estas e por outras, tenho andado tão deprimido pensando na economia global, guerras, desemprego, as minhas poupanças, segurança social, pensões de reforma, corrupção, a possibilidade do Sócrates ser reeleito e o FêQuêPê ganhar o campeonato que liguei para a Linha de Apoio ao Suicida. Não é que a minha chamada é reencaminhada para o Paquistão e de lá me perguntam se eu sabia guiar camiões?

Adaptado de mail recebido de amigo dos EUA
.

Etiquetas: ,

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Vou ali e já venho



[3991]


Volto já.

.

Etiquetas:

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Surprise, surprise


[3990]

A história do Tomás é curiosa e mostra bem a superficialidade como estes assuntos de intelligence são tratados. Confundir cuecas pretas com ausência das mesmas não lembra ao careca e nem Flemming ousaria colocar Bond dabalouseven a desvendar o mistério. Mas esta história que não fique solteira, porque também eu tenho uma prima que não se chama Hermenegilda mas não vou dizer o nome porque ainda está viva, que esteve num jantar semelhante mas a Mata-Hari de serviço escreveu no relatório nem pretas nem sem. Escreveu, preto no branco: Moscas. Foi um escândalo e a casa do embaixador foi tratada a insecticida e a minha prima andou seis meses a ser seguida. Numa viagem que fez a Nova Iorque, foi mesmo mandada apartar e valeu-lhe uma SEF lá do JFK que, in loco, percebeu que nem moscas, nem pretas, nem sem. Era, afinal e apenas, uma inocente tatuagem.

Estas coisas de espionagem têm, por vezes, aspectos bem estranhos. E não há WikyLeaks que lhes valha.

.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Não admira... Merkel veio da RDA


[3989]

O «aggiornamento» da esquerda à realidade actual é um fenómeno incontornável e permanente, sobretudo pela implacável globalização que ela odeia e, ao mesmo tempo, venera. Odeia porque, intrinsecamente, essa globalização representa a vitória da liberdade que a esquerda aproveita para, livremente, lá está, a ela se opor porque ela representa a disseminação sistémica de sistemas tendencialmente livres que promovem a identidade individual mas que escrupulosamente respeita e acata as regras básicas de uma sociedade justa e moderna.

A esquerda sempre se deu mal com a liberdade e a prova é forma como ela sempre no-la quis impor. À força. Coercivamente e assente na utopia de uns quantos iluminados que acham que vieram ao mundo para nos ensinar a fazer as coisas como deve ser.

Eu tenho que confessar que a permanente adaptação da esquerda às regras do jogo da liberdade espoleta situações e quadros políticos hilariantes, de tão ridículos, alguns dos quais bem recentes na nossa memória, quais sejam, por exemplo, Mário Soares a arrumar o socialismo na gaveta, entre outros. Mas ultimamente repete-se um episódio que de hilariante passou a ridículo. E que é a facilidade e frequência com que oiço socialistas encartados, daqueles muito vigilantes, solidários, internacionalistas, progressistas e indefectíveis do Estado Social, que no decorrer das suas permanentes críticas a Angela Merkel a desculpam. E porquê? Porquê esta desculpa? Então não é que a senhora é uma rematada incompetente, para mais anquilosada pelos sistemas, métodos e ideais ainda nela bem frescos por ter sido educada na República Democrática Alemã? E de tanto ouvir isto, eu acho que há socialistas que já o dizem acreditando mesmo piamente no que dizem. Socialistas que há bem pouco tempo emulavam o República Democrática Alemã e que hoje acham que temos de desculpar Merkel pelo facto de ela ser de lá… provavelmente os mesmos que acharam imensa graça àquele espantoso filme alemão Good Bye Lenine que tanto sorriso amarelo deveria ter provocado.

.

Etiquetas: , ,

Os restos



Foto daqui

[3988]

Confesso que as esparsas intervenções do candidato Alegre me vão passando ao lado. Porque não é possível ouvir tudo o que as televisões produzem, porque o discurso do poeta (!!!) se assemelha já a uma forma relha de estar na política, que pode funcionar entre um robalo e uma faneca pescados na Foz do Arelho e uma tertúlia romântica da velha Coimbra mas que nada tem a ver com a realidade presente dum país afogado em problemas agudos. Mesmo admitindo que os robalos assumiram recentemente um papel preponderante na actualidade nacional por força da acção prestável e patriótica do inefável Vara.

Mas nestes últimos dias há uma expressão que me tem ferido a sensibilidade. Desde que se fala no racional aproveitamento das sobras dos restaurantes, que a Asae obriga a destruir em quantidades consideráveis de comida em bom estado, Alegre fala dos restos de comida num tom de demagogo barato, de intelectual de pacotilha de passa-piolho coimbrão, convencido que este tipo de demagogia poderá prejudicar o seu adversário (!!!) Cavaco Silva.


Já passo por cima pelo longo período em que Alegre teve oportunidade de contribuir activamente para que as coisas hoje fossem diferentes em Portugal, já que não me consta que a sua contribuição tenha sido de nota, para além das tiradas habituais de uma esquerda que tão depressa é trauliteira como se obriga a ser de esferovite, da história do cantado milhão de votos e de um livro de valor duvidoso em que um rapaz pregava pregos numa tábua. Isto não devia ser suficiente salvo-conduto para o uso da demagogia que Alegre tem vindo a usar, nomeadamente neste caso dos restos de comida para os pobres. De resto, este homem de cada vez que abre a boca, angaria mais um punhado de votos para Cavaco. Só que Cavaco era bem capaz de dispensar estes votos por troca de uma certa reserva e dignidade no indigente discurso de Alegre.


.

Etiquetas: ,

Oficial ou oficioso?

[3987]

Sócrates afivelou a sua expressão de candura e determinação para nos afirmar que nada sabia dos negócios do BCP com Teerão, prestando-se a fornecer informação aos Estados Unidos em troca do seu silêncio ou benevolência. Isto segundo notícias vindas a lume através da WikkiLeaks.

Por mim, a coisa em si não me repugna. Nada que não se faça todos os dias e nada que não seja necessário, se quisermos conseguir viver no mundo extremado em que vivemos. O que verdadeiramente me diverte é o ar sério com que as nossas televisões anunciaram a ignorância de Sócrates. Só se esqueceram de nos dizer se Sócrates desconhecia o caso oficialmente, ou se apenas tinha ouvido uns zunzuns. Não que isso também adiante muito ao caso mas é sempre divertido ouvir o nosso primeiro dizer se as coisas que sabe é a nível oficial ou oficioso.

Como é curta a nossa memória!
.

Etiquetas:

sexta-feira, dezembro 10, 2010

A alquimia dos idiotas


[3986]

Estava Jardim posto em sossego bebendo a sua poncha e trauteando mentalmente o seu próximo discurso eleitoral, estava Cavaco Silva olhando embevecido para as travessuras dos netos e eis que a blogosfera (alguma) ataca de novo.

Eis senão quando, a trafulhice caciqueira de Carlos César é transformada na listagem de uma série de «malfeitorias» do líder madeirense e do Presidente da República. À boa maneira do futebol, quando o defesa da nossa equipa manda uma tremenda pantufada no avançado que ia marcar golo na nossa baliza, mas desatamos a gritar que o árbitro é uma besta, cheira mal dos pés e aquele avançado (o da quase perna partida…) também já uma vez tinha dado um cotovelada a um dos nosso e nem um sumaríssimo levou.

Eu leio e pasmo. Ainda estive para lincar alguns dos exemplos. Mas acho, verdadeiramente, uma desnecessidade. Tenho a certeza que a maior parte dos bloggers se apercebeu desta pantomina. A de transformar a soltura mental do cacique César na listagem das malfeitorias de Cavaco e Jardim. Estão aqui estão a falar no bolo-rei e na foto de Jardim em cuecas.

.

Etiquetas: , , , , ,

Confirmado


[3985]

Confirma-se a suspeita. O candidato Alegre sabe contar até 10.
.

Etiquetas: ,

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Ao menos cortassemle o rabo no mar


[3984]

O animal, um magnífico golfinho, jazia morto e de rabo cortado na praia de Setúbal. À sua volta acumulava-se a habitual roda de mirones emitindo opiniões. Havia também uma bióloga, bombeiros e nem sei mesmo se psicólogos para cuidarem dos humores e estabilidade emocional daqueles que inevitavelmente se postam a ver estas coisas. Das várias opiniões emitidas, uma delas ressaltou pela sua crueza e pela forma linear e assertiva como define bem algumas das nossas mentalidades:

- Isto é uma vergonha. O animal deve ter ficado preso nas redes e os pescadores devem ter-le cortado o rabo para soltarem as redes. Mas aqui na praia é uma vergonha, ao menos que le cortassem o rabo lá no mar alto.

Nós temos dois tipos de opinantes principais para as reportagens de televisão. Os «achadores», ou seja os que «acham» isto ou «acham» aquilo e os que «sabem que». Os que não têm dúvidas e que não acham coisa nenhuma. São definitivos e terminantes e as suas afirmações não são achamentos. São postulados. Tivesse alguns dos pescadores ouvido este determinado e terminante espectador de factos televisionáveis e certamente teria cortado o rabo ao bicho no alto mar, em vez de, vergonhosamente, o cortar na praia, assim, ali, c'o bicho à vista de toda a gente.
.

Etiquetas: ,

domingo, dezembro 05, 2010

Mexer na pilinha


[3983]

Há uma atracção incontornável pela coisa sexual. Qualquer dissertação filosófica, científica, política, cultural e, até, económica, resvala sem remissão para o conforto freudiano do recurso à sexualidade. Por um lado, porque é necessário passar um certificado de modernidade a qualquer medida de alcance social e nada melhor para o fazer que não seja a demonstração de quão naturais e modernos nós somos a tratar destes assuntos. Por outro porque, mas isto digo eu, que de pilinhas só percebo da minha e nem sempre lhe entendo as manias, talvez porque em miúdos todos passámos pela fase «do mexer na pilinha», em que nos púnhamos em roda mexendo no membro («zinho», porque isto se passa nos dois, três aninhos) e, mais tarde, por brincar aos médicos, quando a pilinha se começa já a eriçar com uns impulsos que não entendemos bem mas que nos proporcionam um prazer estranho, sobretudo quando fazíamos de médicos e as nossas amigas, tudo miudagem de oito a dez anos, faziam de doente.

O tempo passa e quando julgamos que estas manifestações mais ou menos pueris de sexualidade se vão amalgamando num conceito mais ou menos filosófico e razoavelmente contido pelas exigências da sociedade, surgem exemplos destes que, aliados a muitos outros em que a sexualidade está invariavelmente presente, me faz pensar que o «mexer na pilinha», no fundo, não nos abandona nunca e qualquer situação a isso nos conduz. Só assim entendo que um «snif kit», um estojo destinado aos snifadores de cocaína idealizado pela Coordenação Nacional para a Infecção VIH/sida contenha um gel e um preservativo. Não snifo cocaína, mas não estou bem a ver a utilidade de gel e preservativo para uma cena de coca, a menos que snifar coca hoje em dia contenha nuances desconhecidas para mim, pode ser até que o snifar tenha hoje um conceito mais lato e exija assim o uso de um preservativo no nariz. Sabe-se lá o que as fumarolas de coca nos induzem a cheirar… já o gel, desisto. Não entendo mesmo, pelo que o mais lógico me parece ser mesmo a eventualidade de uma «snifadela» nos conduzir a episódios mais lascivos e que recomendem o uso do gel e do preservativo.

Custa-me a entender que numa fase crítica da vida nacional em que milhares de hipertensos não tenha dinheiro para pagar a parafernália de hipotensores, inibidores de coagulação de plaquetas sanguíneas, reguladores de colesterol, tenha de fazer uma ginástica tremenda para dispor dos seus medicamentos diários para não morrer de enfarte, enquanto se pode tranquila e gratuitamente obter um modernaço «snif kit» nos lavabos de um clube nocturno. E com direito a coito asseado e seguro em fim de festa, a menos que o tal preservativo e gel tenham, como disse atrás, outros desígnios que me passem ao lado.

É absolutamente intolerável este tipo de práticas e é cada vez mais insuportável esta forma de alguma gente que não sabe bem com que se entreter não resista e invista nestas andanças politicamente correctas. Foi o fiasco das seringas, agora o snif kit. Com preservativo e gel, não esqueçamos! Para que depois de uma correcta e moderna snifadela nos entretenhamos paulatinamente a mexer na pilinha. De forma segura e indolor, está bem de ver.

.

Etiquetas: ,

sábado, dezembro 04, 2010

Já agora, fica a última, também


Clicar para ver maior, incluindo a palmeira de leque plantada por «moi-même»


[3982]

Já que falei na primeira casa, fica aqui o registo da última, antes de regressar a Portugal. De resto a Ana David, uma boa amiga moçambicana e que eu visito pendularmente para me manter a par do desenvolvimento da bela cidade do Maputo, teve uma vez a amabilidade de fazer um pequeno post em 2008, dedicando-me a foto.

Entre as duas casas (a deste post e a do post anterior) caberiam inúmeros posts. Porque corresponde a um período de mais ou menos trinta anos. E trinta anos são um espaço gordo para acontecimentos, muitos deles certamente justificando um post.

Fica apenas o registo da última casa. Na Kim Il Sung, 1180 em Maputo. Graças à Ana e ao seu Digital no Índico.

.

Etiquetas: ,

E o prédio ainda é azul...


Clicar na foto para ver maior


[3981]

Uma vez, mal tinha passado a barreira dos vinte anos, conheci uma rapariga bonita e casei. Estava ainda na tropa mas já tinha acabado a zona de intervenção e achei que podia muito bem casar sem grandes atribulações. Ou melhor… não achei coisa nenhuma. Casei, «prontos». Poucos dias antes da cerimónia, uma coisa bonita com avionete a lançar papelinhos e tudo, lembrei-me que «quem casa quer casa». Vai daí arranjei um apartamento ao cimo de uma avenida da antiga Nova Lisboa, hoje Huambo, a avenida 5 de Outubro.

Era um T3 muito bonito, arejado e com uma vista arejada para as traseiras e num local privilegiado da cidade. E assim foi, ali me mantive até me nascer um filho e só mudei quando saí da tropa e o Estado português achou que eu fazia uma falta imensa no Uíje, para onde me mandaram instalar colonos vindos de Portugal.

Hoje casualmente, abri o Angolabela … e deparei com esta foto. É uma foto de 2010, mas está tudo como era dantes. Lá está o apartamento, o 1º andar do prédio da esquina, ainda azul, como já no meu tempo era e até a estação de serviço ao lado lá está e em funcionamento. Só não deverá ser já do senhor Esperança que tinha uma «chitaca» perto do Sacaála, a caminho do Sambo e era lá que eu mandava lavar e mudar o óleo de um reluzente Autobianchi que eu tinha na altura.

A Blogosfera tem destas coisas. Uma pessoa levanta-se, faz um café, abre um blogue e tropeça na sua primeira casa de família constituída.

Depois desta tive muitas outras casas. E noutros países também, Mas isso não cabe aqui neste post.

Adenda: Há poucos meses estive em Angola e pela primeira vez de várias vezes que fui a Angola depois da independência, fui ao Huambo por estrada. Passei aqui e vi o apartamento tal como aparece na foto acima que aliás é de 2010. E tenho de referir o facto de a cidade estar lindíssima e surpreendentemente reabilitada da destruição da guerra.

.

Etiquetas: ,

Cheira pior. Bem pior.


[3980]

A primeira vez que reparei em Alberto João Jardim foi através de um jornal português em Joanesburgo. Chamava-se «Século de Joanesburgo» e era objectivamente dirigido aos emigrantes da cintura do Rand. Como meio milhão deles eram madeirenses, havia profusa informação sobre a Madeira. Nele, no jornal, Jardim escrevia crónicas ao jeito do mestre-escola, pedagógico, autoritário e populista e era o exemplo acabado do «stick and carrot» que, como se sabe, é uma fórmula que sempre funcionou bem junto da subserviência e da expectativa do favorzinho. Mais tarde fui-me familiarizando com o estilo da criatura, a sua truculência eficaz, o seu jeito desabrido, vi-o de cuecas em fotos abundantemente reproduzidas pelos jornalistas que o odeiam, vi-o aparentemente com os copos, mascarado de carnaval e a chamar nomes aos políticos do «contnente», da sua cor ou «sucialistas», tanto fazia, desde que lhes chamasse ladrões. No entanto, percebi que o homem dizia muitas verdades e, aparentemente, é sério. Não tem fortuna pessoal, faz empréstimos para pagar casa, tem uma existência frugal e nunca o vi ou soube envolvido em manobras escuras ou dúbias.

Agora leio isto e revoltam-se-me as tripas. Isto é uma forma de, no fundo, se captar votos e simpatias também, mas puxando de uma dose arrepiante de provincianismo parolo que, naturalmente, afaga e engorda o parolismo das gentes que lhe garantirão o voto em troca de uma manobra venal e, mais grave, à custa do contribuinte. É absolutamente uma pouca-vergonha, palavras de Marques Mendes. E na pouca-vergonha reside talvez a grande diferença entre a truculência frontal de Jardim e o cinismo, amiguista, conivente, caciqueiro, quiçá ilegal deste socialista tão apegado ao poder como Jardim mas, definitivamente, cheirando muito pior.

.

Etiquetas: , ,