quinta-feira, setembro 30, 2010

Só mesmo à lambada


[3916]

“O povo tem que sofrer as crises como o governo as sofre”.

Almeida Santos é um déspota arrogante, um velho pateta (sem ofensa para os patetas que já são velhinhos nem para os velhos que se apatetaram por razões… atendíveis), um mentiroso, oportunista, com uma vaidade ilimitada e um malcriado. Imagino o estrondo que esta afirmação provocaria se proferida por alguém da perigosa direita. Mas é a velha esquerda. Socialista, democrática, coesa, culta, iluminada, moralmente superior, justa, solidária e o raio que os parta.

Não se bate em velhos, nem ninguém tem culpa de ser velho. Mas uma afirmação destas faz perder a têmpera a qualquer um, mesmo se proferida por uma massa lêveda como Almeida Santos. Porque é de uma sufocante falta de respeito pela dignidade das pessoas e, afinal, por ele próprio.

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A luta continua...


[3915]

O manifestante/protestante cumpriu a sua obrigação. Marchou, berrou, chamou mentiroso a Sócrates e regressou ao autocarro de luxo que esperava por ele na 24 de Julho, estacionado em filas de mais de duas centenas de autocarros que reduziam a circulação a uma faixa para os pobres automobilistas que não se manifestaram nem protestaram e queriam apenas seguir o seu caminho.

O manifestante/protestante, em magotes de várias dezenas, presume-se que cada magote correspondia a um autocarro, ria desabridamente enquanto numa mão segurava um estandarte e na outra fazia prodígios de equilíbrio com uma «sandxe e uma mine». As mulheres, essas, ostentavam gelados de pauzinho. Caído sem querer no caos, observei a cena e gerei sérias dúvidas que o manifestante/protestante tivesse uma páilida ideia do que estava ali a fazer. Disciplinadamente, o manifestante/protestante berrou, cantou e chamou mentiroso a Sócrates. Por entre «abaixos» ao capital e aos poderosos. Agora regressava a casa e tenho a certeza que logo que os autocarros iniciassem a marcha de regresso, puxaria do telemóvel e avisaria a família e os amigos para os verem logo na «telvisão».

De um ponto de vista meramente filosófico e correndo o risco de presunção, achei aquele cenário estranho e inquietante. Estranho porque estas manifestações fazem cada vez menos sentido, e inquietante porque os mentores destes estados de alma, (sucessivos governos venais, populistas e reconhecidamente incompetentes e sindicalistas vitalícios da paróquia) colaboraram decidida e objectivamente para o caos e para os desmandos do rebanho, inculcando-lhe também uma visão distorcida dos direitos e dos deveres de cada qual no mundo do trabalho enquanto o país atravessa uma das suas maiores crises de sempre, com mais de 600.000 desempregados.

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quarta-feira, setembro 29, 2010

Mas as crianças, Senhor?



[3914]

Eu sabia desta cena (pornográfica, como lhe chama o JMF), mas não tinha visto. Vendo, acho-a realmente obscena, indecente e reveladora dos fluidos que circulam e vitalizam esta «tralha socialista». Não é admissível que se faça «isto» a crianças. Isto é leninismo em estado puro e os socialistas têm de se convencer que muitos pais desejam que os seus filhos cresçam e desenvolvam uma mente limpa, livre e suficientemente arejada para eventualmente fazerem as suas opções políticas e de modelos sociais à medida das suas convicções. Isto é indecoroso, alguém devia explicar a esta gente que isto não se faz às crianças…

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terça-feira, setembro 28, 2010

Bad english


[3913]

Há duas condições fundamentais para um português falar bem inglês:

- Que se expresse bem em português

- Que saiba pensar, apropriadamente, em inglês

Só reunidas estas duas condições se obtém aquilo que os próprios ingleses designam por «educated english». Há ainda a questão do sotaque. Esse dependerá, como é óbvio, das condições ambientais e, admitamo-lo, do engenho de cada qual.

Quando à ausência de uma destas condições fundamentais se alia um deplorável sentido de humor, o que normalmente acontece quando se pretende ter humor à força ou se está habituado ao aplauso parolo de séquitos atentos e veneradores de jornalistas e habituais acompanhantes, o resultado é o que se observa neste vídeo.

O vídeo foi tratado, como facilmente se observa, mas reflecte com fidelidade a triste figura que Sócrates fez na Universidade de Colúmbia. O vídeo não mostra, mas a reportagem, à altura, mostrava uma plateia de jovens universitários de semblante mais ou menos aparvalhado, sem saber se deveriam rir ou não. Optaram por não rir. Tenho a certeza que não foi por mal, mas sim porque este tipo de humor, na substância e no estilo, não se coaduna com este tipo de juventude. Uma juventude isenta de «nobas upurtunidades» e que sabe que tem de se afirmar e “succeed” por mérito, esforço e perseverança. Já agora, de diploma passado em dias úteis.

Nota: Não é desonra nenhuma falar mal uma língua estrangeira. Há vários casos conhecidos, sem que isso diminua o mérito de quem fala. Mário Soares era um bom exemplo, com o seu «franciú» e o seu «portinhol». Mas a dimensão, o à vontade e naturalidade com que o fazia colocavam-no a anos-luz da triste figura de Sócrates. Talvez porque de Soares se sabia não ter tirado um curso de inglês técnico à pressão.

ADENDA EM 29/09/10

Fernando Fonseca, do 31 da Sarrafada e autor do vídeo, comentou o post e chamou-me a atenção para o facto dos estudantes terem rido, à altura da graçola de Sócrates e que na peça apresentada pela SIC isso não era visível porque o plano de corte terá sido efectuado antes da intervenção do primeiro-ministro. Fica feita a correcção.

Via 31 da Sarrafada

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segunda-feira, setembro 27, 2010

Mutante?


[3912]

Os dias estão mais pequenos e começamos mesmo a acordar ainda de noite. Os dias continuam a ter vinte e quatro horas (lá diz Isabel Alçada) mas todas as manhãs se nota que as horas escuras vão aumentando, empurrando o brilho do sol para a horas que restam dos dias.

Sempre gostei do frio, neblinas e crepúsculo temporão. Este ano, curiosamente, sinto alguma nostalgia por reparar que os dias, também eles, são apequenados pelos ciclos da vida e se rendem, sem opção, à noite escura. Não que noutros anos eu não desse por isso. Mas este Verão foi particularmente cálido, brilhante, nítido e gostoso de se fruir. E é uma pena vê-lo partir, apesar de, como disse, eu gostar dos frios, das neblinas, do crepúsculo temporão…

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O atum, as crianças e a consciencialização precoce sobre o Ómega 3


[3911]


- E qual é o peixe que gostas mais?

- Atum. Diz o petiz

- E tu, qual é o peixe que gostas mais?

- Atum, diz a menina, meio envergonhada e com cara de quem não percebe bem o que se está a passar.

- E tu? Lá em casa gostam de atum?

- Siiiiiim, diz a criança, mais ao estilo da habitual retórica lusa.


Cinco ou seis perguntas depois, ficamos com a impressão de duas coisas:


- Que todos os portugueses, já desde pequeninos têm uma sólida noção das benfeitorias do ómega 3 e outros ácidos gordos disponibilizados por peixes gordos, como o atum, a sardinha, a cavala e correlativos

- Que não há lar português onde o atum não esteja presente na despensa.


Tudo isto diz bem do ridículo de se querer fazer acreditar na consciencialização lusitana sobre os cuidados a ter com a saúde através de uma dieta equilibrada e da insuportável manipulação a que grande parte da comunicação social não resiste quando pretende passar uma passagem correcta e pedagógica, como se impõe No caso vertente, nem que fosse necessário seleccionar duas dúzias de crianças a quem se pede que digam para a televisão que gostam de atum.

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domingo, setembro 26, 2010

A palhaçada



[3910]

Valha a nossa reconhecida capacidade de ainda conseguirmos rir. E de haver um ministro das finanças suíço que sabe rir-se com gosto também, sabendo-se que o riso helvético nem por isso é uma imagem de marca.

Via 31 da Sarrafada

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sexta-feira, setembro 24, 2010

O pessoal anda distraído...

[3909]

... ou ocupado a reportar a viagem de metro do nosso primeiro. Dá-me ideia que os nossos jornalistas não andam a fazer os TPC. Ou saiu por aí alguma notícia e o distraído sou eu?
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quinta-feira, setembro 23, 2010

A presidente da Quercus está de consciência tranquila (não é assim que se diz?)


[3908]





Desde a última vez que ouvi Sócrates a falar espanhol que não me ria tanto!

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quarta-feira, setembro 22, 2010

Isto está a tornar-se patético


[3907]

Passa hoje mais um dia europeu sem carros. Mas isto de não usar o carro é uma maçada. Assim sendo, este ano as Câmaras decidiram não fechar as ruas, ou seja, toda a gente pode levar o carro. «Quer-se dizer», é dia europeu sem carros mas com carros, o que marca uma nova era no substrato ecológico de todo o europeu que se preze. Celebra-se qualquer coisa que soe bem, mas não se pratica porque não dá muito jeito. Mal comparado, é assim uma espécie de estarmos de dieta mas mandarmos vir um cozido porque estamos cheios de fome.

Francisco Ferreira, da Quercus, com aquele ar ecológico, verde e saudável e de correcção a régua e esquadro, Deus lhe perdoe, não se eximiu também de comunicar aos cidadãos que isto dos carros é uma chatice. É o CO2, é o stress é aquela lista enorme de malfeitorias dos carros. Portanto, vou-me meter no carro e vou para Lisboa celebrar o «dia europeu sem carros» e pensar que é por estas e por outras que pouca gente liga já às patetices em uso corrente.

E.T. Podemos levar os carros mas não escapamos a uma série de pérolas. Ainda agora ali está no «Bom dia Portugal» um senhor bem «apessoado» com uma daquelas gravatas instituídas e aprovadas como adorno nacional, entenda-se lisas e de cor única, do Montijo, a anunciar actividades durante o dia, como demonstração de carros a pedais (eu seja ceguinho), insufláveis (não consegui perceber bem o que era aquilo ou para que serviam) e apelos ao uso das ciclovias, das bicicletas e anunciando que estes dias sem carros têm um grande impacto no ambiente e na mobilidade inteligente, seja o que for que a «mobilidade inteligente» signifique. O que esta gente arranja é que vou sentar-me no carro, meto a primeira e vou sentir-me móvel… mas profundamente estúpido. Ah! Esperem…estão para ali a dizer que esta madrugada houve «skates» no túnel do Marquês, também. E está ali uma senhora com um «skate» na mão dizendo, em directo, que passou uma noite muito engraçada e muito dinâmica (SIC). Mudam-se os tempos, mudam-se os conceitos de uma noite engraçada e dinâmica.

Que Deus nos cubra de bençãos.

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terça-feira, setembro 21, 2010

Cuidado com a Suécia


Cuidado com este homem... chama-se Akesson, tem cara de bom rapaz, mas é de extrema direita. A Suécia tem de rever a sua imagem...


[3906]

A Suécia pegou na bússola e corrigiu o rumo. Não que eu saiba o que verdadeiramente haveria para corrigir mas devia haver qualquer coisa para que assim procedessem. Como tenho os suecos na conta de um povo inteligente, esclarecido e imbuído de um forte sentido cívico, a correcção deve ter sido bem feita. Como eventualmente as escolhas anteriores o seriam também.

Agora… a histeria que corre por aí e a forma enviesada com que alguns jornalistas da nossa praça nos vão pondo a par da situação é que não espanta, mas contribui para aquele sentimento de embaraço de que frequentemente me queixo sempre que nos armamos em guias espirituais dos que têm a desdita de viver ainda nas trevas europeias. Este exemplo do Público é absolutamente esclarecedor. Um exemplo de entre muitos. Uma jornalista, Dulce Furtado de seu nome, acha que a conquista de 20 assentos parlamentares pelo partido de extrema-direita Democratas da Suécia, nas eleições legislativas, deixou muitos sectores da sociedade sueca em estado de choque e pôs o país a precisar de rever a imagem que tem de si próprio. Mas vale a pena ler a notícia toda para entendermos bem as preocupações da Dulce.

Não conheço a Suécia, nunca tinha ouvido falar dos democratas da Suécia mas devem ser muito perigosos. Porque são de extrema-direita. Acho absolutamente espantoso este frenesi, este transe sacolejado dos guardiães dos bons costumes europeus, que mais não é que a prova evidente da intolerância da esquerda de cada vez que “corpos estranhos” entram na engrenagem dos bons costumes da Europa. É que "a esquerda, ao contrário da direita, não é xenófoba nem racista”, diz um dos comentadores da notícia. É evidente que meia dúzia de linhas chegariam para desbaratar estas atoardas patetas atiradas assim para o ar. Quem comenta assim não faz a mínima ideia dos gravíssimos problemas sociais e das verdadeiras indignidades a que muitos cidadãos africanos, por exemplo, foram sujeitos na ex União Soviética e na República Democrática Alemã. Só para citar dois exemplos. Por um lado, os governos que queriam treinar e “educar” estes jovens para serem reenviados para os países de origem para continuarem a revolução. Mesmo ficando-lhes a dever dinheiro ou sujeitando-os a humilhações degradantes. Por outro, os cidadãos anónimos, muitos deles aparentemente desconhecendo que havia negros no planeta, que ostensivamente os mandavam para a terra deles ou mesmo os agredia. Mas explicar isto à esquerda moderna seria complicado… a esquerda não percebe. A mais jovem é capaz de não perceber mesmo. A menos jovem porque não quer perceber. Não lhe dá jeito…

P.S. Ocorre-me alguns países problemáticos onde tive de me deslocar em trabalho e para os quais a minha empresa me colocava em contacto com a embaixada do seu país, a fim de que eu fosse devidamente elucidado sobre cuidados a observar nesses países. Espero que a partir de agora não haja necessidade de consultar a embaixada se eu resolver visitar a Suécia. Agora, que a extrema-direita tem 20 lugares no Parlamento.

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Fall


[3905]

Na linguagem botânica são chamadas de folhas caducas. Na linguagem da vida são chamadas de velhas, em final de ciclo e, por isso, engelham, definham e caem. São o anúncio do Outono, a estação que começa hoje, o tempo de muitos poetas que lhe conseguem erigir verdadeiros hinos de beleza e significado. Em música, em literatura, no cinema e outras formas de cultura, o Outono ocupa um lugar especial na sensibilidade dos seus autores.

Por mim, que não sou poeta, limito-me a assinalar o início da mais bela de todas as estações do ano. Como aliás o faço todos os anos. É uma época de nostalgias, de alguma forma de recolhimento, de contemplação da indizível beleza gerada pelas cores na terra e no céus, de retiro espiritual, de reconhecimento de um final de ciclo consubstanciado no simbolismo das folhas que caem das árvores para, depois do extraordinário espectáculo de cor que nos proporcionam como último legado em vida, se submeterem ao destino inexorável da sua morte. Mesmo assim, prestando-se à inestimável dádiva de contribuir para a fertilização orgânica do seu leito de morte, ajudando à formação de outras folhas como elas. Porque a vida continua, os ciclos são isso mesmo, são períodos de uma vida que não pára e que é feita de muitas folhas que todos os anos caem para dar lugar a outras que irão nascer, iniciando um novo ciclo.

Há quem não repare, mas também há quem se sensibilize especialmente pela demarcação bem clara das quatros estações do ano. Neste último caso, hoje será um dia especial. Mesmo que a geografia possa contribuir para que o dia se arme em travesso e tente passar despercebido. Mas não passa…

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domingo, setembro 19, 2010

Derivas e suponhamizações

[3904]

Eu «suponhei» e «derivei», lendo este post da Helena, apesar de já ter «suponhado» inúmeras vezes sobre este assunto. «Derivado», nem por isso, porque a deriva conduz irremediavelmente ao reconhecimento de que poucas vezes eu tenha experimentado um sentimento de tamanho repúdio e claro embaraço desde que me conheço. Mesmo da parte que me conheço ainda sob o regime do Estado Novo. Nada, mas nada, é comparável aos desmandos deste grupelho de gente inculta, de má-fé, oportunista, provinciana e venal que aterrou no Poder. E, gerada uma das emaranhadas redes de interesses, reciprocidades, pressões, chantagens e medos, acabem, todos por se proteger uns aos outros com medo dos ventiladores.

Acresce que a orquestra é regida por um homem sobre o qual tenho hoje sérias dúvidas se ele continua na pantomina em curso por necessidade e porque não tem como sair dela ou se, por tragédia, ele é mesmo assim e pensa que está fazendo um excelente figura. Cada vez bate mais na rocha e cada vez todos nós somos mais mexilhão.

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Mas está tudo doido?

[3903]

A vida faz calos, é bem verdade, mas há calos mais calos do que outros. Vejamos. Alguém em boa verdade e de boa fé acredita nesta via tortuosa de Madaíl entre Lisboa e Madrid a fingir que queria contratar Mourinho?

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sexta-feira, setembro 17, 2010

Eles não diziam?




[3902]

O governo (???) anulou o concurso relativo ao troço de alta velocidade entre Lisboa e Poceirão, bem assim como o da terceira travessia sobre o Tejo. Nada que espante muito, afinal, como não espanta a reacção do CDS e do PSD, cujos porta-vozes, instados pela TSF a pronunciar-se sobre esta matéria, a primeira coisa que lhes veio à cabeça foi soltar, ufanos, um nós não dizíamos? Nós sempre dissemos que não havia escolha, o governo, com esta anulação, veio dar razão ao CDS/PSD…”.

É perfeitamente lamentável, e estas declarações espelham bem a qualidade da nossa Oposição, que a única coisa que “lhes” tenha saltado à cabeça foi que os seus respectivos Partidos tinham razão. Ninguém se lembrou, por exemplo, de como Sócrates há bem pouco tampo ralhava com as pessoas dizendo que o projecto ia para a frente, que o concurso já tinha sido aberto e que era a resposta do governo àqueles que se empenhavam em denegrir a imagem do governo e patatipatatá. Ninguém se lembrou de frisar a forma patética como este primeiro-ministro tem conduzido os elevados interesses da nação, para mais usando aquele ar… barroco/manuelino com que nos mimoseia sempre que ralha connosco. E que foi o que fez há bem pouco tempo quando o questionavam sobre a viabilização do TGV. Isto antes de ter ido ontem a Bruxelas, de onde veio com o rabinho entre as pernas. Tal como ninguém se lembrou de questionar quanto é que custou até agora a via processual dos concursos que acabaram por ser anulados, desde uma altura em que se sabia já que não havia dinheiro para a coisa. E quando à qualidade da reacção do CDS e do PSD sobre o assunto… estamos conversados.

Curiosamente, a TSF poupou-nos a um pedido de reacção do PCP e do Bloco. Tão lestos que são em procurar Louçã e Jerónimo, desta vez ficaram-se nas covas e eu… estranhei.


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quinta-feira, setembro 16, 2010

Respeitinho e auto-estima


[3901]

São coisas como esta que já nem me fazem sorrir… pena, porque dizem que tenho um sorriso simpático. Um dia destes ponho uma tabuleta destas à porta de minha casa. Fulano de tal, ex-passageiro do Príncipe Perfeito

Via República do Cáustico
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Pobretes mas já nem por isso alegretes...


[3900]


Mais uma aterradora notícia sobre a nossa economia (!!). Agora parece que nos endividamos €2,5 milhões/hora. Cá pela minhas contas isto significa que cada português se deita todos os dias €6 mais pobrezinho.

Isto não seria muito grave se alguém soubesse e conseguisse explicar-nos que assim a jangada é mesmo de pedra, não havendo, portanto, outra alternativa senão entregarmos o assunto a gente competente, séria e corajosa ao ponto de criar e estabelecer políticas harmoniosas com as exigências dos mercados, flexibilizando a lei laboral (despedimentos, sim) e criando incentivos apelativos por forma a cativar investimento privado e gerar postos de trabalho. Isto implicaria igualmente uma varridela na tralha socialista, objectivamente responsável por uma criminosa política de embuste, compadrio, corrupção e falência sob a capa dos propósitos virtuosos de um Estado social que, de social só o tem sido para o Partido da rosa que, entre pequenos almoços a futebolistas, caixas de robalos, combinações de pensões milionárias, envolvimento obscuro em manobras obscuras de investimento público e privado e pagamento de luvas a boys idiotas e convencidos que vivem numa coutada de labregos e de uma permanente situação de drible da justiça, vão perpetuando esta desgraça. Em proveito próprio e em prejuízo do resto dos portugueses, está bem de ver.

Nota:
Arrepiante como a notícia dos €2,5 milhões/hora de endividamento desta manhã suscitou de imediato um adequado comentário de Francisco J. Metello na TSF, cuja substância nos remetia subjectivamente para a culpabilização de outrem para o regabofe em que temos vivido. Esta nem ao Carlos Queiroz lembraria…
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Blaaarrghhhhhh!


[3899]

O que se passou na escola 2,3 de Taveiro não é só uma vergonha. É o exemplo claro de como o Partido Socialista deixou, de vez, cair a vergonha e assumiu às escâncaras o papel de verdugo dos resquícios de dignidade que porventura nos restem como povo, como nação. O Partido Socialista não tem pudor e não enjeita o exercício do mais desprezível proselitismo em que os seus mentores se rebolam e besuntam, de cada vez que isso se torne necessário. Causa a maior repugnância observar a forma como o Partido e o Governo usam a escola pública como palco da sua propaganda, mesmo que essa propaganda se estenda a outros campos que nada têm a ver com a educação, como foi o caso flagrante da presença de Ana Jorge e António Arnaut. A singeleza quase pueril de Isabel Alçada compôs o ramalhete final para esta pantomina que deveria envergonhar os socialistas que defendem ainda o primado da decência e deveria causar-nos indiferenciadamente a maior repugnância, no caso da sessão da Escola de Taveiro ser uma acção concertada e estrategicamente montada. Ou um sentimento de lástima se acaso nem Arnaut, nem Ana Jorge nem Isabel Alçada se aperceberam do logro em que caíram (no caso de o ter sido). Porque isso seria um sinal inequívoco de que semelhantes criaturas não têm a mais pálida ideia do que andam a fazer ou da responsabilidade que lhes cabe como políticos, como governantes e como cidadãos.

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terça-feira, setembro 14, 2010

Tempos modernos. Ou, quanto eu não dava por ter tido uma ministra assim…



[3898]

… e não tragam facas nem pistolas. Preservativos, temos cá. Peçam aos paizinhos para não virem cá bater nos professores nem pôr cadeados nos portões que é um mau aspecto. Podem fumar de vez em quando, mas cigarros não. Quando cá vierem os senhores do Bloco, vejam se não faltam. Há uma coisa que se chama estatuto do aluno que podem ir ler, se não entenderem não há problema que o Sr. Mário Nogueira depois explica. Se a professora vos quiser tirar o telemóvel não lhes batam porque depois vem no U Tube e assim e há sempre um de vocês que se ri e diz “olha a velha”. Não se diz preto nem cigano. Monhé e paneleiro também é chato, se não souberem como dizer perguntem aos senhores do Bloco. Finalmente não se peguem ao estalo e se se lembrarem vão ao Google ver quem é o Saramago, porque têm de ler o Memorial do Convento. E agora ide e se tiverem tempo estudai um bocadinho que há para aí uma gente que se anda a lembrar de vos chumbar se vocês não souberem nada, ou lá como é que é.

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domingo, setembro 12, 2010

Deixaram queimar o arroz-doce em Arganil...


[3897]

Tenho de confessar que ando sem paciência para alarvidades, imbecilidades e, sobretudo, para as inflamadas e “chavistas” declarações comicieiras de Sócrates de cada vez que vai inaugurar não sei quê (acabei de expressar uma redundância, eu sei), mas enfim. Mas lá vou tentando ouvir as últimas e sai-me disto:

- Então concorda com a venda de gasolina mais barata pela Galp?

- Só peca por tardia, somos todos pobres e como eles tinham o monopólio e estavam a perder a quota do mercado…

Também ouvi o candidato do PC à presidência da República dizer (mais palavra, menos palavra porque estou a citar de cor):

- Porque sou o único candidato que não estou comprometido e o meu compromisso é…

É qualquer coisa, já não ouvi o resto. Começo a ter dificuldades reais em ouvir esta gente até ao fim. Aliás, isso aplica-se a Edite Estrela… começou a explicar aos portugueses a carta dela aos socialistas e… pois, já não há mesmo pachorra. Esta gente tem o disco riscado e contraiu, em definitivo uma escoliose mental que lhes provoca um permanente e desprezível contorcionismo em favor da voz do dono.

Hummmm… vou ver outro filme, não sem antes escapar de ouvir um importante acontecimento em Arganil onde se acabou de bater o recorde de arroz doce. Bateram, fizeram 449 quilos de arroz doce que nós nestas coisas não somos de deixar os créditos por mãos alheias, e os arganilenses vão para o Guinness mas… imagine-se… o arroz queimou, agarrou um bocadinho ao tacho. Mas estava muito saboroso, muito gostoso, ouvi ainda em “directos” de vários comedores de arroz, entendidos na matéria já se vê, mas aqui já eu estava em mode fading… a procurar outro filme!

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Ai que saudades, ai, ai...

[3896]

Uma cena deliciosa do filme 27 dresses, uma comediazinha de fim-de-semana, em que Jane e Kevin (Katherine Heigl e James Marsden) "partem a cantareira" e cantam o "Bennie and the Jets".

A qualidade do som não é boa mas a cena é deliciosa e fez-me logo ocorrer um pensamento com que tropecei algures na net, segundo o qual "Inside every old person is a younger person wondering what the fuck hapenned". Sobretudo quando nos lembramos de ter tido uma cena idêntica no saudoso "Moose Head" em Rosebank, Johannesburg, após um inesperado caudal de cerveja que saltou o leito de cheia. Menos o beijo, que éramos vários e mal nos conhecíamos entre nós. Ai que saudades, ai, ai…

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quinta-feira, setembro 09, 2010

Another day is dawning...


Baía de Maputo - Nascer do sol, 6 de Setembro de 2010. Foto de José Pepe
clicar na foto para ver melhor

[3895]


Que o hemisfério sul nos oferece o espectáculo grandioso e inesquecível dos seus céus, através da magia nas cores e contrastes do azul com o branco das nuvens em castelos de arquitectura improvável e do vermelho fogo dos ocasos e auroras já muitos de nós sabíamos. Apesar de tudo eu, que vivi o céu austral durante alguns anos e me familiarizei com a fantástica harmonia e beleza das cores e das formas sempre descobri qualquer coisa de novo. O céu é um pouco como o mar. Nós podemos sair para o mar ou contemplar o céu milhares de vezes, mas em cada uma delas há sempre um motivo diferente, um efeito que desconhecíamos, um pormenor que nos passou, como se o encenador se deleitasse em nos oferecer todos os dias um espectáculo diferente.

Vi vários céus africanos no hemisfério sul. Mas lembro-me bem do céu moçambicano. E recordo que Moçambique tinha o segredo do imprevisto e do desconhecido que nos era enviado das alturas por uma energia especial, que nos fazia arrumar na gaveta ímpia das nossas convicções existenciais as mais lógicas e profanas teorias de evolucionismo e acreditar, por um momento que fosse, num deus como entidade única capaz de nos proporcionar espectáculos da maravilhosa grandeza que o céu moçambicano nos oferece. Porque vi e recordo a calmaria azul e bonançosa de um céu imaculado, tanto quanto me lembro das borrascas impiedosas capazes de destruir coisas e de matar gentes e que pareciam anunciar o fim do mundo. Vi trovoadas medonhas, quer pelos ribombar de descargas ensurdecedoras, quer pela sucessão contínua de relâmpagos que faziam da noite dia, por vários minutos seguidos. Vi ocasos e auroras. Solenes, majestosos, de magia improvável de ser cabalmente descrita, sempre pintados de vermelho de fogo e que nos faziam sentir pequeninos na nossa insignificância, perante tão magnificentes espectáculos. Por isso reparei nesta foto. Esta foto é de um nascer do sol em Maputo… onde mais poderia ser? Uma foto tirada por alguém que não conheço e a quem peço antecipadamente desculpa por abusivamente a ter publicado neste blogue. Mas «tropecei» com ela e não resisti. Uma foto lindíssima, ao que parece obtida com uma vulgar câmara e, de certeza, tirada de um ponto elevado. Basta reparar na altura do nível das águas da baía de Maputo. Por isso atrevo-me a dizer que a foto só pode ter sido tirada de um dos quartos do Polana-Mar, das traseiras de um dos prédios da Julyus Nyerere ou de varanda de uma das casas da Friedrich Engels. E reparei na foto porque, para além da sua extraordinária beleza, me recordo, com saudade, das vezes em que saía do clube naval ainda sem sol, apenas com a claridade a anunciá-lo, até obter o efeito e o cenário desta foto, já por alturas de meio caminho entre o clube e o Baixo Danae, normalmente o meu destino para pesca desportiva.

Este post reserva ainda um sentimento cúmplice pela sensibilidade daqueles que sabem ser felizes. De felicidades antigas ou recentes. Mas felizes.

Nota: Acabei de descobrir que a foto foi tirada há dias, no dia 6 de Setembro de 2010 e é de José Pepe, que eu não conheço e a quem peço desculpa pelo abuso. Se por acaso não concordar com a inserção da foto é só dizer e retiro-a de imediato.

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Olá Pedro, estás bom? Dá-me daí um beijo...


Alt + Ctrl + Esc. Um dia calhará...

[3894]

E o Pedro, meio embaraçado, com cara de quem não estava a perceber bem o que se estava a passar na sua escola, lá recebeu um exemplar da edição revista e melhorada dos Magalhães. São mais 250.000. E foi ministerialmente osculado também, na bochecha. Que haja alguém que um dia explique a este petiz estes comportamentos absurdos e hipócritas dos adultos. Sobretudo se primeiros-ministros.

Enquanto isso Sócrates vai distribuindo beijos, Magalhães melhorados, e berrando (literalmente) contra os municípios que não querem fechar as escolas e fazendo comícios de cada vez que os diligentes jornalistas lhe colocam um microfone à frente. São as magnas questões deste país que o governo tem de enfrentar.

Na retaguarda, Basílio Horta (quem diria...) vai continuando a sua inacreditável campanha de propaganda pura ao governo de Sócrates. Era vê-lo, pedagógico, cordato e prazenteiro ontem na SIC-N «batendo papo» com o simpático Gomes Ferreira. Só visto.

Alguém me acorde deste pesadelo!
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quarta-feira, setembro 08, 2010

Enquanto nos assoamos à gravata...


[3893]

Tem de haver uma razão plausível para esta autêntica esquizofrenia nacional, qual seja a de transformar notícias perfeitamente razoáveis numa mostragem de estética duvidosa mas de indesmentível eficácia na formação de opinião pública, sobretudo quando essas notícias permitem evocar uma ética e um pensamento políticos que não deixem dúvidas sobre a superioridade moral de um colectivo asséptico e imune às aleivosias retrógradas e fascizantes de alguns dos nossos líderes europeus – o nosso.

É assim que eu começo a ouvir uma arenga interminável sobre uma acção policial… em Itália, arredores de Milão, a alusão amiúde aos nomes de Sarkozy, Berlusconi, fascismo, ciganos, xenofobia, recentes medidas contra ciganos, expulsão, até à passagem para o concreto de uma operação que envolveu uma força policial de duzentos elementos fardados e armados para a expulsão de duzentas famílias ciganas que tinham estabelecido o seu acampamento e que eram forçadas a retirar.

À medida que a notícia se desenvolve, o tom e o conteúdo vão (não havia escolha) carrilando a história para o que, afinal, parece ter sido uma meritória acção da polícia milanesa que ordeira e civicamente conduziu a retirada das famílias ilegalmente acampadas numa área industrial reservada e inapropriada à ocupação humana, transferindo-as para uma área onde previamente tinham organizado um complexo residencial que lhes proporcionasse condições dignas de vida, ao mesmo tempo que se libertava a tal zona industrial que não comportava a presença humana.

Esta notícia, embrulhada no pré-suspense referido, dita por um jornalista anónimo num tom semelhante ao das vozes-off dos documentários sobre o holocausto, sobretudo nos episódios em que se vê filas de vítimas a serem conduzidos de pijamas às riscas para os fornos crematórios, saiu na SIC e é um bom exemplo de como se manipula a opinião pública, trabalhando-a a um ponto em que, às tantas, o fim da notícia já não interessa e se retém apenas o essencial. O que interessa.

Continuo a dizer que tem de haver uma razão para esta… patologia enervante, de arraiais mais ou menos assentes nas televisões. Saliento, particularmente, as vozes-off destas pérolas noticiosas. O tom acusatório, trágico, irremediavelmente cometido à permanente injustiça em que estamos mergulhados por causa dos ricos, poderosos e governos de direita (basicamente Sarkozi, Berlusconi e Merckel) revela a existência de um fenómeno de difícil compreensão, mas que claramente denuncia esta mania nacional que somos de esquerda, progressistas, moralmente superiores, politicamente correctos e atentos à solidariedade internacionalista. Só me espanta que sendo nós assim tão escorreitos de ideias e princípios não consigamos bater a besta e arrastar a carroça para os níveis médios europeus de uma desejável sociedade mais justa e qualitativa. Pelo contrário, continuamos a registar uma trágica linha de divergência nos indicadores económicos e sociais. Mas isso deve ser, necessariamente, culpa de Sarkozi, Merckel e Berlusconi, uns pulhas incultos, xenófobos, racistas e insensíveis que se entretêm a transferir ciganos de zonas de fixação humana proibida para outras com aceitáveis condições de vida dignas e enquadradas na legalidade. Não fossem eles e outro galo cantaria. Olarila.


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terça-feira, setembro 07, 2010

Pesadelo em Tuga Street


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A selecção (??) nacional continua na senda de quebra de recordes. O Chipre marca quatro golos e a Noruega ganha a Portugal.

Verdadeiro «nightmare»!
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O chiqueiro


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Tenho uma especial repugnância pelo abuso de crianças. Daí que nem sequer tenha estado a ligar muita importância ao corrente escândalo da Casa Pia. Porque, repito, me repugna e porque não tenho dados que me permitam emitir opiniões e porque tenho a sensação muito viva que uma boa colecção de criminosos está a passar ao lado da justiça por força da nossa tradicional venalidade, compadrio e consabida promiscuidade entre o poder e diversas corporações e instituições. Repugna-me ainda uma sociedade como a nossa, em que sobressai a evidência de uma impunidade que releva do nosso auto-convencimento de que o poder ou a sua proximidade tudo permite. Talvez porque desgraçadamente evidenciemos esta nossa faceta de «xico-esperto», transformada em soberba e impunidade a partir do momento em que dispomos dos chamados pequenos poderes, tão ou mais perniciosos que o poder absoluto.

Esta arenga vem a propósito da intenção de Carlos Cruz em desenrolar uma extensa lista de individualidades supostamente envolvidas no caso Casa Pia mas que, por esta ou aquela razão, não foram pronunciadas. Por um lado, uma coisa é eu achar que há mais gente implicada e não pronunciada, coisa de que estou genuinamente convicto, outra é o reconhecimento de que atingimos o grau zero na nossa sociedade, transformada em chiqueiro, onde nos sentimos sufocar na nossa própria natureza, no caso vertente consubstanciada numa verdadeira manta da nossa própria trampa. Que nos faça bom proveito. E que venha de lá a tal lista, que o i vai vender imenso…

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segunda-feira, setembro 06, 2010

2000 anos depois, a actualidade das “Catilinárias”




Foto de cima: Cícero acusando Catilina no Senado. (Fresco de Cesare Maccari, Séc XIX;
Foto de Baixo: Sócrates antes de emigrar para a capital
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Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quamdiu etiam furor iste tuus nos eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?

Até quando, enfim, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda esse teu rancor nos enganará? Até que ponto a (tua) audácia desenfreada se gabará (de nós)?

(um dos quatro discursos de Cícero ao Senado Romano com as sentenças acusatórias a Catilina)

Mesmo passados dois mil anos, ainda hoje mantêm a actualidade as sentenças acusatórias de Cícero contra Catilina, em pleno Senado Romano.

A diferença é que Catilina apesar de pretender derrubar o governo para se apoderar das suas riquezas era de famílias nobres e estava falido financeiramente. O nosso caso é diferente. O nosso Catilina vem duma família frugal de Trás-os-Montes, notabilizou-se apenas por uns alçados de casas beirãs, emigra então para a capital e já acumulou fazenda considerável. Acresce que há dois mil anos, Catilina, após o confronto aberto por Cícero, acabou por se afastar do Senado. Em 2010, o apego ao poder é maior e bem melhor alicerçado por um grupelho de boys pagos a dois milhões de Euros/ano. No mais, as coisas regulam!...

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domingo, setembro 05, 2010

E os pilotos (de aeronaves)


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Ainda a propósito de "workóchatos", não posso deixar de recordar uma casta… bem chata. O piloto de aeronaves. Tenho mil histórias de pilotos, até porque tenho dois na família, tenho, pois, matéria, para fazer mil posts. Mas isso seria por si, tão chato como o workóchato. Mas como vem a propósito do post anterior, não posso deixar de referir o bom posicionamento do piloto de aeronaves (piloto de aeronaves, este "aeronaves" é importante, não vá dar-se o caso de os confundirmos com pilotos da barra, pilotos de automóveis, episódios piloto e outros pilotagens que há por aí desde que o termo se trivializou). Refiro, por exemplo, o que é almoçar com um piloto, acabamos por entra num diálogo deste género:

- Então a sopa está boa?

- Sim… e é nessa altura que me surge uma formação de cúmulo nimbos pela frente, uma formação bem maciça que me fez pensar naquela vez que…

- Sim, mas a sopa está óptima. O que é que pediste? O bife ou o arroz de pato?

- Patos? Não… eram cabritos, era uma pista no mato, uma pista que servia uns campos de algodão e quando aponto o nariz à pista vejo as vacas a pastar e tive de fazer um “rase mote” para elas se afastarem…

- Ok pá, olha eu vou antes no bife, não aprecio muito pato…

- Claro que usei os “flaps” no máximo, sou piloto de linha, sabes, tinha ali ido só para fazer um favor a um amigo e estava já destreinado de avionetes… mas com os “flaps” a fundo fiz o “rase mote” mas, a meio, achei que ainda dava para aterrar, fiz-me então à pista…

- Olha chegou o pato. Por caso está com bom aspecto.

- E não é que de repente vejo que já não tenho metros? Solução? “Borregar”. “Borregar”, claro, porque no fim da pista aquilo estava já cheio de “bissapas” e além de que o avião era um Cessna e os Cessnas precisam de mais pista, sobretudo se a temperatura do motor…

- Mas olha que o meu bife está apetitoso também, espero que esteja tenro…

- Já uma vez, mas isso em avião comercial da TAP, faço-me à pista no Rio de Janeiro e a pista ao fundo tens uns cabos eléctricos que…

- E sobremesa, apetece?

- O que vale é que já fiz muitos voos para o Rio e…

Aí uma pessoa entra em “veril” (não sei bem o que é “veril” nem se a grafia está correcta, mas parece que tem alguma coisa com um avião “entrar em parafuso”) e entra, claramente “em perda”. Só há que me “ejectar” da conversa ou deixar-me arrastar pelas intermináveis histórias de um piloto de aeronaves. Para não fazer o post longo e me tornar eu próprio um “blogochato”, omiti as vezes em que o “comandante” , com um ar misto de mecenas e de quem acabou de ganhar um concurso de beleza, fala na vezes em que oferece um "upgrade" a um amigo, familiar, protoadmiradore(a)s e veneradores fãs do transporte aéreo. E ainda falam das histórias dos pescadores…

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O mundo estranho da informática


[3888]

E esta Sexta-Feira passada, quando cheguei ao escritório e soltei duas imprecações por julgar estar sem internet, acabei por concluir que não era avaria nenhuma. Aparentemente, a mulher das limpezas ao aspirar a alcatifa por debaixo da minha secretária desligou um fio de telefone... eu, com o jeito peculiar que Deus me deu para estas coisas pensei em tudo menos nisso, de maneira que chateei meio mundo, sumidades de informática, doutorados e doutorandos na elevadíssima ciência virtual... e eu não sei se sabem o que significa ter informáticos agarrados a um computador tentando decifrar uma avaria, sobretudo quando eles põem aquela cara de expressão condescendente para com os pobres mortais que não percebem nada de computadores. Sentam-se, pegam no rato, calam-se (esta do "calam-se" é importante... não dizem nada, apenas balbuciam respostas breves e quase ininteligíveis quando a gente já está sem paciência e pergunta que raio é que estão a fazer e eles dizem para termos calma porque "ele", este "ele" é o computador, bem entendido, está a "pensar"...), andam com o rato para cima, com o rato para baixo, franzem o cenho, os olhos, a testa, cofiam a barba (um bom informático não faz a barba todos os dias) tudo isto numa atmosfera solene e de profunda intelectualidade... depois abrem uma janela... e outra, e outra ainda, clicam ali, depois clicam aqui... o tempo passa e nós “perdemo-nos”, ficamos sem fazer a mínima do que estão para ali a fazer... eu nestas coisas às tantas reconheço que não faço a mais pálida ideia do que se está a passar, mas o grave é que começo a achar que eles também não – entraram na estratosfera virtual, um cosmos muito peculiar a que nem todos temos o privilégio de ver a porta aberta e ficam eles também, sem a mais remota ideia do que estão a fazer... olham... clicam... deixam o "coiso" pensar... abrem mais janelas, olham vaga e profundamente para o monitor... e, de vez em quando, olham para nós e deixam escapar um expressão qualquer que nós não percebemos, mas a ideia é mesmo essa, é não percebermos, eles gostam que a gente não perceba - aumenta o suspense e claramente valoriza a missão de que foram incumbidos e para a qual Deus Nosso Senhor os habilitou e Ele lá teria as Suas razões para a Sua selectiva escolha. Normalmente isto acontece, portanto, já na tal fase em que o técnico também já não sabe bem (nem mal) o que está a fazer. Ah!!!! Importante. Aproveitam e tiram lixo, "coisas", “tralha”, que a gente não precisa.... "coisas" que estão ali a mais, não são vírus, atenção, que vírus é “outro departamento”, são... lixo, assim uma espécie de "excremento" mais ou menos tolerável, mas que não deixa de ser excremento e, como tal, deve ser eliminado. É nesta altura que nós nos achamos uns profundos ignorantes, afinal não sabíamos que os computadores tinham excrementos, afinal defecavam como um comum mortal… mesmo assim atrevemo-nos a dizer que o excremento encontrado não fazia diferença nenhuma... nós apenas pedimos auxílio porque não conseguíamos ligação á Internet. Mas isso provoca um olhar de desprezo, claramente uma mirada “por cima da burra”, talvez mesmo comiseração pelos pobres de espírito que não sabem distinguir a informação boa da má e, sobretudo, que os computadores produziam excrementos.

Pois, foi isso o que me aconteceu. E depois de um looooooooooooongo período nestes termos, há alguém que, com a graça de Deus, repara numa pontinha do fio telefónico, uma coisa minúscula, fininha e que está numa zona mais ou menos emaranhada de pequenos fios e pergunta inocentemente: este fio não estará desligado? Aí esse alguém, um ex-segurança de dois metros de altura e com os antebraços da grossura de uma perna e que agora é apenas estafeta da empresa, desde que partiu uma clavícula e começou a ter dificuldades em andar ao estalo e praticar o Kung - Fu, esse alguém, dizia eu, pegou no pontinha de fio metálico e perguntou: - Alguém tem um canivete?

Ninguém tinha um canivete. Esse alguém mete diligentemente o fio nos dentes, descarna o plástico, pega numa lima de unhas metálica que por magia apareceu, desenroscou um pequeno parafuso, colocou o fio, apertou o parafuso e... tchan, tchan, tchan, tchan ... eis ali a net ligada, a linha telefónica operacional e tudo nos conformes. O cientista, o informático encartado olhou para o "alguém salvador" e acho que o poderia fuzilar com os olhos... disse-me que já agora ia fazer não sei quê, não sei quê. Aí eu disse PEREMPTORIAMENTE. Olhe, você não vai fazer NADA, porque EU NÃO DEIXO. Muito grato pela sua atenção, foi uma ajuda excelente agora deixe-me ver o correio e trabalhar.

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sábado, setembro 04, 2010

Portugal 4 Chipre... 4 (Não, não é engano não)


Tudo bons rapazes


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Eu já sentia isto mas depois de ver o jogo de ontem entre as selecções de futebol de Portugal e de Chipre, em definitivo lavrei uma acta no meu registo mental segundo a qual Sócrates e Carlos Queirós devem ser, neste momento, os dois portugueses mais perniciosos ao bom andamento da nossa vida e do nosso contentamento.

São duas criaturas que alternam períodos em que personificam bem aquele dito popular de que nem nham nham nham nem saem de cima, com outros, como o momento presente, em que nem saem de cima mas nham nham nham nham mesmo. À má fila. Sem pedir licença. E, agarrados à rocha como as lapas, prometem muito mais. Não os varram não...

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O Partido Socialista tem um excelente balneário?


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Depois de ouvir ontem Felícia Cabrita e Pedro Namora na SIC – o mínimo que espero venha a acontecer é que Mário Soares, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, Paulo Pedroso (sobretudo este), Marinho Pinto, Proença de Carvalho e José Miguel Júdice processem a jornalista e o advogado. Depois do que foi dito com todos os «efes e erres» no programa de Mário Crespo após o julgamento, ou esse processo por difamação aparece ou temos de concordar que este grupo de personagens são uma amostra sinistra de um grupo (infelizmente bem extenso) influente do Partido Socialista e da Maçonaria que faz gato sapato das regras básicas de uma sociedade asseada e se presta, cultiva e alimenta uma deplorável promiscuidade na cerrada defesa dos seus próceres. Fico a aguardar… mas, pelo sim pelo não, vou ali buscar uma cadeira.

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"...Espero que não se voltem a repetir, outra vez, de forma reiterada..."


[3885]

Cristina Fangueiro, actual directora da Casa Pia, pode ser tudo menos enfática. É reparar na frase do título acima e perceber como há gente asmática, uma doença respeitável e que apenas cede a paliativos e outra … «pleonasmática», que não cede a coisa nenhuma, quando muito cederia a um desejável provedor da língua portuguesa que se entretivesse a corrigir as figuras públicas, com responsabilidades mediáticas e que fazem da língua um relvado e da gramática uma bola.

Reiteradamente me afirmo, outra vez e reiteradamente volto a repetir, que me choca esta gente que fala e que reiteradamente não faz a mínima ideia do que está a dizer…

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quinta-feira, setembro 02, 2010

Mais um anjo da guarda


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Está ali no “Bom Dia Portugal” uma senhora loura, vestida de preto e com evidentes dificuldades oratórias a “ensinar-nos” que o sal faz muito mal, que o pão espanhol tem muito menos sal que o nosso, que pomos muito sal na sopa portuguesa e que o devíamos substituir por ervas, que temos de ensinar o povo (SIC -lá está o post anterior…) e que, e aqui a porca torce mesmo o rabo, cada duas fatias de pão português tinha cinco gramas de sal (cá pelas minhas contas o peso de cinco cigarros). Eu não tenho elementos para aferir a veracidade desta afirmação… mas, tal como a morte de Mark Twain, parece-me manifestamente exagerada. Não consigo imaginar duas fatias de pão contendo cinco gramas de sal. Alguém me ajude e diga mesmo quantos gramas de sal entram num quilo de pão para depois dizermos à tal senhora loura vestida de preto…

Não devia ser permitido entrevistar ninguém na televisão sem garantir que os entrevistados saibam quantos gramas de sal existem em duas fatias de pão.

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Uma curta reflexão sobre os acontecimentos de Maputo





Fotos i

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Dez mortos e noventa feridos mais cento e cinquenta detidos são o resultado infeliz da violência que estalou em Maputo. Se a violência e o saque indiscriminado são inaceitáveis e, a menos que as pessoas tenham a memória fraca, Maputo já anteriormente foi palco de violência urbana apesar de resultarem de protestos sectorizados, como foi o caso dos "chapas", desta vez há que reflectir que tudo parece indicar para uma manifestação espontânea do povo cansado da dificuldade/impossibilidade de acederem a produtos de primeira necessidade. Pelo menos não há indícios seguros de que exista um rosto responsável pela organização das manifestações. Aparentemente as pessoas foram mesmo mobilizadas pelo seu profundo descontentamento através do recurso a simples "sms" que se espalharam pela cidade, não houve organizações sindicais e muito menos a pífia e amestrada Oposição a patrocinarem os acontecimentos. E isso, queiramos ou não, é saudável, com o devido respeito por quem morreu. Uma sociedade civil que consegue paralisar uma cidade, desde o aeroporto às instituições estatais, passando pelo comércio, restaurantes e tornar a bela capital do Índico numa cidade fantasma (as imagens da televisão bem o mostraram) deveria recolher o mérito da aparente genuinidade dos seus protestos.

Sorrio ao registar as reacções orgásticas dos arrivistas do costume (não lá, mas aqui pela Lusitânia…) já a falarem furiosamente no fosso crescente entre ricos e pobres, em neo-liberalismo e em sistemas políticos (não perdem uma…), como afinadores de órgãos de igreja nas catedrais do reino. Estes “especialistas” não percebem nada de África nem de africanos, limitam-se a fazer o chinfrim do costume. Não referem, porque não podem referir, não sabem, não viram, não têm a noção de que um levantamento deste tipo há uns tempos atrás na cidade de Maputo era simplesmente impossível. No tempo em que os moçambicanos “bichavam” horas seguidas para levantar um quilo de carapaus, que eram um dos escassos bens que podiam levantar. Já a “grimpa” não podiam "levantar" sob pena de serem agarrados, presos e enviados para serem reeducados. Uns malcriados, os moçambicanos naquela altura. Agora, pelo menos, a conjuntura permite que se revoltem e digam livremente para os directos das televisões o que lhes vai na alma.

Descontados os saques, os mortos e os feridos, talvez os portugueses tenham alguma coisa a aprender com os moçambicanos. Aprender a correr com esta rapaziada malsã que nos governa e se governa, mas em acções desenquadradas dos chefes de orquestra que há décadas se governam (eles também) a “enquadrarem” e a parametrizarem a manada lusa. Mesmo com um diligente Bloco a ensinar a grei lusitana à desobediência civil ou a patrocinar a heróica “conquista” dum pífio campo semeado daquele horrível milho inventado pelos capitalistas e que dá pelo nome de transgénico.

A revolta moçambicana teve, assim e pelo menos, o mérito de parecer ter sido genuína.

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