terça-feira, junho 30, 2009

Cheerleaders


[3213]

Eduardo Pitta desfia os horrores do PSD como se rezasse o terço. Conta a conta, enumera as malfeitorias do Partido ciosamente guardadas no seu rosário e avisa mesmo os incautos que …o maior partido da oposição devia ter ideias claras e rostos visíveis a defender políticas alternativas às actuais. Estão guardadas para depois das férias? Pelos vistos, os crentes vão votar numa entidade mítica. Eu, se fosse aos eleitores do PSD, começava a exigir, e a insistir, no esclarecimento do básico. Mas o básico não interessa a ninguém, porque o pessoal está apenas interessado na mudança de dinastia, borrifando-se para que o tecto lhes caia na tola”.

Pitta, quanto mais não seja por uma questão de pudor tout court bem poderia ter o cuidado de evitar estas tiradas, sobretudo quando estamos em face de um partido, o PS, cuja notoriedade maior no pós 25 de Abril se pautou por uma inabilidade atroz na gestão dos assuntos correntes da Nação, para não falarmos nos assuntos em que foi objectivamente pernicioso ao bem estar e desenvolvimento, desbaratando um precioso capital (literalmente) que poderia ter feito milagres pelo país e pelos portugueses (e pelas portuguesas, como o PS gosta de dizer). De onde «passou» para um período, o de Sócrates, em que para além da continuidade de políticas desconexas e terceiro-mundistas se acrescentou capítulos que, verdade se diga, no tempo de Guterres e apesar de tudo, não existiam, quais sejam um módico de dignidade e de decência que Sócrates não hesitou em ferir, no seguimento de uma série de idiossincrasias – suas e do próprio Partido.

Perante isto, os socialistas deviam persignar-se e rezar um acto de contrição de cada vez que soltam nacos de prosa como os de Pitta e reflectir, pausadamente, nos tempos em que um Presidente de República socialista despediu um primeiro-ministro social-democrata, tanto quanto me lembro porque se irritou imenso no dia em que um ministro de Santana resolveu demitir-se.
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Ditosa Pátria


[3212]

«É preciso analisar obviamente o problema à luz da lei da relatividade».

Uma magnífica peça de retórica da nossa Ana Jorge, quando quis dizer que relativamente ao atraso nas cirurgias tudo é relativo.

Independentemente do conteúdo imbecil da informação, ignorei a substância mas deslumbrei-me com a forma.
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Chamem a Ana Gomes, já


[3211]

Há uma semana que oito ex-prisioneiros de Guantanamo aguardam, já em Lisboa, por serem recebidos por alguém de direito em Portugal, para ser definido o seu destino. Luís Amado disse que Portugal estava preparado para receber dois, chegaram oito e a Amnistia Internacional diz que Portugal está a voltar atrás com o prometido.

É bem feito para nós. A minha sugestão é que ponham Ana Gomes a tratar do assunto. Ela percebe imenso de prisioneiros de Guantanamo e esta podia ser uma boa oportunidade para, nos paços do Concelho de Sintra ou nos corredores do Parlamento Europeu, salvar a face e reconfortar o ego, depois do jogo dos voos ilegais, em que Ana se queixa de ter sido roubada pelo árbitro.
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Aqueles americanos são doidos


A cela de Madoff, segundo a CNN
[3210]

Uma vez mais se assiste nos EUA ao primado da eficiência e da defesa intransigente da lei. Um caso, que certamente deverá ter contornos complicadíssimos, foi resolvido em menos de um ano e o supermilionário Maddof foi julgado, condenado e acabou-se a história. Por cá, os casos acumulam-se e arrastam-se por entre a retórica, o compadrio e o exercício de excepcionais virtudes académicas dos intervenientes, poder económico dos acusados e, last but not least, a observância estrita do seu clube político e tudo vai ficando na mesma. Na mesma, não é bem assim. Os pilha-galinhas continuam a ser presos e exemplarmente punidos. Acima disso é que é o diabo. O diabo e uma fatalidade que, vergonhosamente, nos vai remetendo para um plano de resignação e indiferença.
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segunda-feira, junho 29, 2009

"Duzentas" gramas de instrução para os JÚ-ni-o-res (e para os SÉ-ni-o-res) da comunicação social

[3209]

O futebol tem uma lógica muito peculiar e muito própria. Nem todos estão preparados para entender cabalmente esta lógica e eu, humildemente, incluo-me nesta classe.

Clubites aparte, decorre um desafio de futebol entre as categorias niores (Ainda há dias Vasco Graça Moura se envergonhava e nos envergonhava com o nível paupérrimo do português falado nas televisões e, sobretudo, com a incapacidade dos respectivos directores em obrigar os apresentadores e repórteres a expressarem-se de forma enxuta, escorreita e correcta. Palavras acentuadas na sílaba antes da antepenúltima sílaba não existem em Português, o que não invalida que não tenha havido um só apresentador que tivesse pronunciado correctamente a palavra ju-ni-o-res, no relato dos acontecimentos) do Sporting e do Benfica em Alcochete. O jogo decorre sem incidentes, até que uma turba de fedelhos, comodamente designados por claque, entra no recibo e desata a atirar pedras para o recinto de jogo. Confusão, pedradas e um grupo de elementos de autoridade com óbvio receio de dar umas bastonadas nos energúmenos, para evitar chatices na imprensa do dia seguinte.

Acalmados os ânimos, as opiniões são quase unânimes. A culpa foi dos dois lados. Rui Costa, ao volante do seu Maserati, discretamente identificado no emblema do volante, diz mesmo que o Sporting tem culpas no cartório porque o recinto estava mal policiado. Aliás, o Benfica já o fez formalmente. Do que eu vi, é mentira. Tudo estava bem até um rancho de canalhada ter vindo dos arbustos e desatado à pedrada. Aparentemente, o Sporting teve culpa, diz o Rui…
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Acordar com a Ana


[3208]

Esta manhã acordei, de novo, em casa. E lá estava ela, hoje por hoje a cara mais laroca do universo televisivo nacional, no televisor ao canto do quarto. Um dos casos em que o produto nacional está bem representado.

Eu acho que a TVI devia ter um dispositivo que nos permitisse «desdobrar» o «Diário da Manhã» por forma a que, ao acordarmos, deparássemos com a carranca de um daqueles dois irritantes apresentadores do «Bom Dia Portugal» na 1. Isto faria com que saltássemos da cama sem mais delongas, que temos que trabalhar. Ao passarmos para a sala, então, e já com o café a acordar-nos convenientemente, dariam passagem a esta Ana Guedes Rodrigues que, consta, tem como única «flaw» ser adepta do FêQuêPê. Mas ninguém é perfeito, como se sabe.

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domingo, junho 28, 2009

Post dedicado


Huambo, jardim da Alta, à noite

[3207]


…àqueles que tiveram o privilégio de conhecer o Huambo, antiga Nova Lisboa e que mais tarde souberam ou viram fotografias da cidade que terá sido porventura a mais flagelada pela destruição da guerra.

O Huambo reganhou o estatuto de segunda melhor e maior cidade de Angola, toda (ou quase toda) reabilitada e estremece de gente nova (muitos portugueses) que se ocupa nas múltiplas oportunidades que a cidade e a região oferecem. Sendo o Planalto Central uma região agrícola, está em curso a instalação de muitas indústrias também. O Jardim Central (o velho picadeiro) está lindíssimo, com fontes e relvados invejáveis e muitos dos locais antigos se mantiveram abertos, como o Café Haiti, a pastelaria Jango, o Hotel Roma (totalmente reabilitado e facilmente um bom ***). O Himalaia deu lugar a um banco, o Colégio das Madres lá está, o liceu em perfeito estado (reabilitado) e o Bairro Académico a manter-se como o bairro posh da cidade. O antigo largo Norton de Matos (sem Norton de Matos, claro) está muito cuidado e mantém os edifícios como serviços públicos e governo da província. O Largo Vicente Ferreira também ficou sem Vicente mas está muito arranjado e com uma estátua nova à mulher angolana. A Granja, a estufa-fria, o antigo Rádio Clube, o Hospital Central, a 5 de Outubro, a catedral, o edifício da Câmara do Comércio e a Lello, tudo lá está devidamente em su sítio e reabilitado. A própria 5 de Outubro está cuidadosamente ajardinada e relvada. Ainda com os sinais de destruição, milhares de buracos de balas e bazookas, vi a casa York, o África Hotel o Ruacaná, aquele prédio que era da Cooperativa do Lar do Namibe e talvez umas três ou quatro dezenas de vivendas. A antiga clínica privada é agora um pomposo hotel residencial.

O trajecto é muito cómodo. As estradas estão todas pavimentadas e faz-se Luanda/Huambo facilmente em cindo horas, percorrendo 600 km de via larga, bem sinalizada e tracejada a branco e amarelo e, imagine-se, cat-eyes. Há empresas chinesas, portuguesas, alemãs e brasileiras a trabalhar dia e noite, a cumprir uma média de três quilómetros por dia para mais uma tranche de 1000 quilómetros. Mas no essencial tudo está feito, ou seja, a ligação de todas as capitais provinciais por asfalto. No trajecto assisti ainda a muita destruição, como na Quibala e na Gabela (fui via Gabela). Mas a antiga Cela, actual Waki-Cungo, Alto Hama e Chipipa cumprem com galhardia o seu papel de vilas que já cheiram a Huambo. Não esquecendo a fantástica Pedra do Alemão. Imponente e misteriosa, continuando, ciosa, a guardar a sua lenda de magia.

Tudo junto e somado, o Huambo é uma excelente surpresa. Ainda não há fotos.

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Home sweet home

[3206]

Regresso ao torrão pátrio e envolvo-me subconscientemente na atmosfera usual das linhas primordiais de pensamento da paróquia. De imediato reparei que mais do que nunca é visível o sistema de sempre que não se pode fugir de verberar Sócrates ou o Governo, se cai no parêntesis inevitável de puxar os governos PSD à liça. Um exemplo, dos inúmeros que observei, vem numa crónica do director do Expresso que cito: «Quase diariamente percebemos que a sobrevivência de gestores e projectos depende das boas graças do Governo, do facto de não denunciarem, de concordarem, de serem subservientes. E não se pense que digo isto em relação a este Governo específico – o mesmo mal que hoje temos com Sócrates já tivemos com Cavaco Silva ou com Durão Barroso e Ferreira Leite…».

Não descartando a verdade que exista subjacente a esta afirmação, o que choca é que em múltiplas referências às trapalhadas socretistas se utiliza o mesmo método – a forma cuidada e cirúrgica de nunca alijar a co-responsabilidade dos outros Governos. Ou seja, nunca deixar o PS ou Sócrates a fazer asneiras sozinhos. Há como que um temor reverencial sempre que não há como fugir às trapalhadas, mentiras, incompetência e inabilidade do Grande Líder, como ainda agora aconteceu com o caso da PT, em que toda a gente diz e acha que Sócrates mentiu, mas…

É uma forma estranha de sermos e mesmo quando se chama a atenção para este facto, o argumento final é que toda a gente mente em política, entenda-se por isso Sócrates mentiu mas não é nada que os outros não façam, como ainda agora aconteceu com a esganiçada ponta de lança do Eixo do Mal que acha que Sócrates mentiu, mas todos mentem. Mal, mal, andou Cavaco Silva (diz ela, Clara FA, naturalmente, com a jugular palpitante) em considerar sequer as eleições autárquicas e legislativas para o mesmo dia. Ou seja, cinco segundos depois de ser instada a comentar a mentira de Sócrates, aí tínhamos Clara a desfiar os seus ódios sobre Cavaco. Um método velho e relho mas que funciona à perfeição.

Estar fora do país por uma semana tem esta virtude. Primeiro liberta-nos desta pressão diária de ouvir todos os dias, as mesmas pessoas a dizer o mesmo. Com a agravante de lhes pagarem por cima. E depois, faz-nos entender melhor esta forma pequenina de sermos, como este manifesto, em reacção ao manifesto anterior (somos manifestamente um povo de manifestos) onde aparece uma impressionante colecção de professores doutores das mais variadas universidades a ensinar-nos como devemos fazer face à crise económica. Vale a pena ler a lista de subscritores, até para percebermos como é que estes professores doutores que nunca criaram emprego que se visse, pelo menos que me conste, mas antes empunham e agitam currículos académicos que lhes garantem o ordenadinho ao fim do mês, têm a distinta lata de se manifestarem como paladinos da verdade e detentores do segredo do sucesso no combate às crises. Se os deixassem, como é... manifesto. Aquela verdade que nos poderia conduzir á criação de múltiplos postos de trabalho, não fosse a maldade de outros subscritores de outros manifestos, natural e manifestamente, anquilosados pelos «interesses instalados» e pela ausência da luz salvífica que nos deveria mostrar a trilha da felicidade do bom povo português.
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sexta-feira, junho 26, 2009

A superioridade lusitana

[3205]

Para os mais distraídos que não tenham reparado nos dois posts anteriores, aqui fica o registo de que consegui um tempo livre hoje. Arredado das notícias dos últimos dias (absoluta falta de tempo e quedas pesadas e desamparadas na cama para dormir, às vezes, pouco mais de quatro horas) tentei fazer um aggiornamento dos acontecimentos. Registei a morte da estranha criatura que foi Michael Jackson e a cena hilariante de ouvir que Sócrates favorecia, em regime de esperteza saloia, a participação da PT na TVI e, pouco depois aqui na Blogo, que Sócrates vetava essa operação.

Chegou de notícias. Eu até ia fazer uma crítica qualquer a um dirigente aqui de Angola, mas ponderei e achei que os angolanos tiveram bons mestres. E que em matéria de chico-espertice e sem-vergonhice nós continuamos a ser incomparavelmente superiores.
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Post dedicado


[3204]

... a um grupo de senhores a quem dou o privilégio de almoçarem comigo quase todos os dias em Lisboa e que se espremem de gozo pela hipotética ideia de eu não fazer a ponta de um c... isso, e de levar uma vida regalada. Para que conste e cale fundo no âmago desses senhores, «know all men» que desde que cheguei a Luanda, seja Domingo passado até hoje, jamais tive um tempinho livre. Foi trabalhar non stop e mal tive tempo para comer umas lagostas e regalar a vista com o cenário (natural e aperaltado) ambiental. Fiz uma milhagem impensável para as vossas curtas imaginações e contribuí decididamente para o salário de cada qual e para o prestígio de todos nós.

Hoje, e agora mais a sério porque não quero que percam a fome, foi a primeira vez que tive umas três horitas livres, que aproveitei para vir «aqui» matar saudades da Blogo, ler as notícias e ver se aí em Portugal a comunicação social continua a incensar o Grande Líder e a falar mal da Manuela. Aproveito depois para fazer o «kilo» das lagostas do almoço que, para que saibam e tenham pena de mim, hoje eram um bocadinho grandes demais, o que lhes altera um niquinho a sapidez e ocupa muito espaço no prato. Paciência. Logo à noite serão melhores.

E assim sendo, deixa-me ir. Já desabafei e vou aproveitar este tempinho para horizontalizar o cansaço dos últimos dias. E, já agora, para «desmoer» as lagostas.

Bom trabalho para aí. Que por aqui o trabalho continua e só vai acabar no Domingo quando ouvir aquela vozinha estereotipada (quase que me saía gay, mas contive-me) a mandar-me pôr o seat na upright position e fasten o meu seat belt.

À tout à l'heure.
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Karma


[3203]

numa outra viagem, num passado não muito longínquo, andei rubbing shoulders com um presidente de república. Há dias, no lançamento do livro do João Gonçalves, foi a vez de um ex-presidente. Hoje calha a vez e o privilégio a Medvedev de rub shoulders comigo, já que aterrou há pouco mais de duas horas em Luanda.

Aqui pelo foyer do «Trópico» reina alguma agitação e as opiniões desencontram-se. Que o presidente vai dormir aqui, que o presidente vai dormir a outro lado e aqui só dorme a segurança. É nesta parte das conjecturas que me recordo daquele rancho de «magníficas» de saia travada e tatuagens pelas portas acima que tinham como especial incumbência divertir o amigo dilecto do nosso Grande Líder, esse mesmo, o Chávez, que se ria imenso com as gracinhas das meninas e ordenava rodadas de bebidas pelas súbditas, esparitilhadas pelas saias e pelo cumprimento do dever. Ainda não havia «magalhães» mas Chávez demonstrava ali o potencial do seu disco rígido e uma invejável abrarngêcia de «soft ware».

Como por aqui ainda não há sinal de Medveded, salvo a especulação sobre se o homem aqui vem dormir ou não, reina uma atmosfera semi-pesada, enquanto que o formalismo nao é semi, é patente no cenho dos seguranças que, entretanto e com uma assinalável discrição, vão assumindo as suas estratégicas posíções, não vá alguém fazer mal ao senhor.

Mais divagação menos divagação, a verdade é que esbarro, uma vez mais, com um presidente. Pelo sim pelo não, e atendendo a que amanhã já me vou embora, tratei de aumentar substancialmente o meu pecúlio de lagosta (rabos de) no piloro, porque logo à noite já não sei se sobra algum rabo para alguém.

Devo-me ter locupletado com (deixa cá ver... jantar de Domingo, almoço de Segunda, jantar de Segunda, almoço de Terça, daqui para a frente não conta que fui para o Huambo e ali é mais carnes, e almoço de hoje) a vigésima metade, i.e. a décima lagosta, desde que cheguei. E deixa-me dizer isto baixinho senão o Paul McCartney acrescenta mais um dia de abstinência na dieta politicamente correcta que anda a propalar, acrescentando um dia sem lagosta, por razões de preservação da espécie, às Segundas-Feiras sem carne que ele inventou para preservarmos o ambiente do ar empestado de CO2 dos "puns" das vacas que, como todos sabemos, sofrem imenso de flatulência, pormenor que vai ser totalmente resolvido não comendo carne de vaca às Segundas-Feiras. Paul McCartney dixit.
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segunda-feira, junho 22, 2009

Rabos de fora


[3202]

Luanda é irresistivelmente única. De cada vez que cá venho há moda nova. Depois do «prédio dos cus», assim chamado porque os inquilinos de um luxuoso prédio de sete ou oito andares no topo da Luis de Camões, ao Quinaxixe, defecavam do topo do prédio pela singela razão de que as casas de banho estavam entupidas, originando o espectáculo único de a qualquer hora do dia um cidadão olhar distraidamente para cima e poder ver uma bateria de rabos cumprindo laboriosamente a sua função, depois do «Kuduro» e respectivos «kuduristas», eis que mais um termo faz jus à incontornável pertinácia dos luandenses em se lembrarem do rabo, por tudo e por nada. É assim que ontem me sugerem, para uma determinada deslocação, que apanhasse um rabo de fora. Por força da minha expressão inquisitorial, disseram-me que era um taxi. Ilegal, mas taxi. E como é que se distingue o tal táxi dos outros carros? Fácil, disseram-me, quando visse um minibus cheio e um rabo de fora da porta, era um deles. A questão tem a ver que toda a gente é livre de entrar mas para sair, só pagando. E pagando tem de ser ao cobrador, mais concretamente à cobradora, que para o efeito se coloca à porta do veículo, de pé, empurrando literalmente os passageiros. Só fica... o rabo de fora, pose que mantém ao longo de todo o percurso.

Não precisei de um rabo de fora. Mas cismo com esta predilecção, pertinente, repito, do luandense pelos rabos. Deve ser coisa dos trópicos. Mas a verdade é que em Moçambique a cena é idêntica e os veículos são, de forma ensossa e sem imaginação, chamados de «chapas». Ilegal por ilegal, venham de lá os rabos de fora. Por muito escondidas que estejam as cobradoras.
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domingo, junho 21, 2009

Volto já


[3201]

Por força de ainda não me ter saído o Euromilhões e de não saber fazer mais nada, vou ali e já venho.

Este blogue (para os mais distraídos, «blogue» já não dá erro no corrector ortográfico. E, já agora, «corrector» também não dá. O que é óptimo. E olha… «óptimo» também não. Eu bem digo que o melhor é deixar tudo como está) ficará assim mais ou menos a tracejado até praticamente ao fim do mês.

Boa ficagem para todos, trabalhem muito e bebam muitos líquidos que o calor está a apertar.

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sábado, junho 20, 2009

Kurikutela

[3200]

Amanhã sigo para mais uma viagem de trabalho. Uma semana em Angola.

Conheço (dei-me ao trabalho de ir ao mapa contar, agora mesmo) 29 países em África, contando com o Reino do Lesotho e isso, de certa forma, permite-me afirmar convictamente que Angola, do meu ponto de vista, como é claro, é aquele onde as pessoas têm a mais perfeita articulação entre a estética e a espiritualidade, donde a música, a dança e a expressão oral são o exemplo vivo da minha convicção. Que me perdoem os moçambicanos (em cujo país vivi alguns anos).

Por isso e porque estou preguiçoso para escrever sobre seja o que for, deixo aqui uma canção, velhinha, lindíssima e com um significado especial para todos aqueles que, como eu, conheceram o «cama-couve». Aquele comboio que ligava a Zâmbia a Benguela, de luxuosas instalações para dormir e comer por entre a estarrecedora beleza do percurso (cama) e de apropriadas instalações para carga (couve) e, desconfio hoje, alguns passageiros sem posses para a cama fofa de lençóis de linho e para os ovos mexidos com bacon, scones, café e sumo de laranja servidos cedo, nas manhãs muito frias e luminosas, ali pela verdura do Cuma, Longonjo e Lépi, antes de chegar ao Huambo.

Já estão chegando na terra
Toda a gente leva pressa
Para chegar na sua terra
Estão os parentes à espera
Kurikutela (comboio)


Bom fim-de-semana

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sexta-feira, junho 19, 2009

Pois...


[3199]

Impressionou-me ter percebido ontem em Carvalho da Silva um ar misto de triunfo e galhofa pelo "não" da comissão dos trabalhadores da Auto Europa.
Eu não conheço bem a natureza do conflito da Auto Europa, a única coisa que conheço são os alemães, razoavelmente, e os portugueses (estes, pelo menos, acho que conheço bem). E este conhecimento não me augura nada de bom para o conflito em apreço. Os alemães têm um grande sentido de dignidade e justiça para com os trabalhadores (para quem não saiba), mas são de um rigor extremo na forma como tratam os seus assuntos. Os portugueses… pois. Se a este "pois" juntarmos este arzinho PREC de Carvalho da Silva (era visível que até os botões da camisa se lhe riam ao ser entrevistado e eu pasmo-me como é que ainda "aqui" vamos…), espero o pior. Que não nos restem dúvidas.
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quinta-feira, junho 18, 2009

Terei percebido mal?


[3198]

Assim de repente, sem prestar grande caso e ouvir muitos pormenores, entre esfregar o cabelo depois do duche e acabar a chávena de café, quer-me parecer que há um grupo de trabalhadores na Auto-Europa a fazer os possíveis e impossíveis para irem mais umas quantas centenas para o desemprego.

Repito que não apanhei bem os pormenores mas que fiquei com essa impressão, ai isso fiquei.
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Ó Rangel, aquilo em Estrasburgo está sempre a chover...


[3197]

Palavra de honra que não sou pessoa de me impressionar assim às primeiras impressões seja com o que for. Mas a verdade é que depois de um tempo em que me habituei a ouvir Rangel no Parlamento ou em campanha, cair-me de chofre Aguiar Branco, como ontem na moção de censura, esgrimindo verbo com o Grande Líder, me fez despertar o desejo secreto que Rangel se dê mal por lá, que aquilo está muito perto da “couve” (*), e volte depressa. De preferência antes de Outubro.

(*) termo sujeito à devida vénia e direitos de autor da minha querida amiga Carlota
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Isto bai acabar mal... ai bai, bai


[3196]

Não sou bairrista, quem me conhece sabe que não sou mesmo e, como exemplo vivo, a afirmação que aqui deixo inequivocamente expressa que me é absolutamente indiferente que a rapaziada da Inbicta fale mal da mouraria e compre apartamentos no Parque das Nações. Mas francamente. Ouvir um senhor (ele é um senhor, carago) dizer que bai ser o próximo presidente do Benfica, que bai destronar o Bieira e que “em antes” de contratar não sei quem tem de despedir o Jorge Jesus faz-me pensar que esta coisa do futebol e de clubes já não é o que era.
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Careless whisper


[3195]

Adormeci dengoso e acordei anda sensibilizado e de alma doce pelo mel que Sócrates derramou ontem na sua entrevista à SIC. Sócrates não falou, murmurou, Sócrates sorriu, em regime permanente, deixou bucolicamente fluir as perguntas e acenava com a cabeça, ainda as perguntas vinham a meio. Verdade que a entrevistadora, pestanuda, sensual e com aquele tom imutável que ela usa e nos transporta irresistivelmente para um romance etéreo, em cenário de nuvens brancas e céu azul, ajudou. Mas, francamente. Ouvir Sócrates plastificado e cirurgicamente convertido a um registo sussurrante, cordato e empático teve em mim o mesmo efeito que me causaria, por exemplo, ver e ouvir o Mário Crespo aos berros, de dedo no ar, invectivando um qualquer entrevistado assustadiço e encurralado.
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quarta-feira, junho 17, 2009

Mosca morta


[3194]



Fiquei extasiado:



1 – Com a destreza de Obama matando moscas
2 – Com a postura veneradora do repórter;
3 – Com o silêncio das organizações de protecção dos animais

Fiquei perplexo:

- Como é que uma mosca entra na Casa Branca. A segurança está a dar de si. Mas também quem é que se atreveria a fazer mal a Obama?

Pagava:

1 - Para ter sido Bush a matar a mosca para ver o que se diria sobre o assunto;
2 - Pagava mais ainda para que em vez de Bush fosse a Palin. Tenho a certeza que nesse dia surgiriam cartoons em que a mosca era transformada em alce ou foca bebé e que, mutatis mutandis, a notícia acabasse na gravidez da filha menor.

Ver a notícia e o vídeo aqui. Não percam o vídeo. Contém cenas eventualmente chocantes, pelo que se aconselha as pessoas mais sensíveis a não olharem para o grande plano da mosca morta.

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Falso, pois claro


[3193]

Mais uma habilidade dos que se entretêm a brincar com o mundo virtual. Desta vez são duas fotos a circularem pela net com os últimos momentos do A330 da Air France entre o Rio e Paris. Está tudo explicado aqui, mas mesmo que não estivesse alguém se lembrou de que a tragédia aconteceu durante a noite escura e esta foto mostra o branco das nuvens e o azul do céu?

Link obtido via Cachimbo de Magritte
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Alívio


[3192]

Estou muito mais descansado. Comigo deverão estar também mais descansadas as indefectíveis franjas socráticas que acharam que deviam repreender o grande líder com um cartão amarelo, mas que não querem que ele perca as legislativas. E assim, está tudo bem, A partir de hoje o Grande Líder vai ser modesto, suave e humilde. Afinal tudo está bem quando acaba em bem.

Temos de ser compreensivos e perceber que o homem andava nervoso. Ele era as campanhas negras, ele era os chatos dos professores, as crianças a nascerem em ambulâncias, aquela colecção de deputados mentecaptos, a licenciatura domingueira, as casas da Guarda, o Fripór, os papéis desaparecidos do cartório, enfim, uma carga de trabalhos que o trazia nervoso. Mas agora, com o cartão amarelo dos eleitores é só saúde, ou melhor, humildade, modéstia e suavidade.

O que vale é que o DN anda atento e nos informa convenientemente sobre este mutante de carácter. Só falta um toque da Câncio. Salvo seja. Uma crónica não fracturante que reduza (este termo aprendi na tropa e “ficou-se-me”, reduzir uma fractura) e redima as fracturas de feitio do Grande Líder.
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Cena erótica, satírica e burlesca, com borbulhas…


[3191]

… para não falar da sua tremenda carga de sensualidade:

- Querido, beija-me
- Sim…
- Beija-me, beija-me, beija-me, beija-me com força…
- Sim, meu amor…
- Mais, mais, beija. Beija, não pares, beija…
- siiiim, beijo, hmmmm…
- Beeeeeeija, arrota, arrota, arrota, arrota, arroooooooooota, ohhhhh, siiiiiiiiiiim


Imagem recolhida aqui. Isto é verdade?

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terça-feira, junho 16, 2009

Indecisões


As grandes questões

[3190]


Memorando: Reflectir durante o dia, mas reflectir bem, para me preparar para o voto no Correio da Manhã sobre se João Pinto fez bem ou mal em não ter ido ao copo de água do filho.

São questões destas que nos fazem entender como tudo é supérfluo quando está em causa saber se o notável futebolista, casado em segundas núpcias com uma notável modelo deveria ir ou não ao copo de água do filho. Se vai, pode ser entendido como um desaforo e uma provocação gratuita à primeira mulher. Para além de também provocar a segunda, porque se a primeira poderá achar que ele se está a impor ao piqueno, a segunda pode muito bem pensar que João dá mais importância á primeira família que à segunda. Se não vai, corre igualmente riscos. Por parte da primeira mulher, que pode muito bem dizer que, pois, agora só tem olhos para a nova família e para a segunda porque, pois, devias ir e mostrar que tens personalidade, o teu filho é o teu filho e não tem nada a ver com o resto.

Enfim, questões magnas que não fora o Correio da Manhã e nos passariam ao lado. Vou, assim, pensar maduramente no caso. Às cinco tenho uma reunião mas espero ter uma opinião formada para poder votar às seis. Votar em consciência e com uma opinião bem alicerçada no período de reflexão a que me vou submeter.

E você? Acha que o João Pinto fez bem ou fez mal? Vistas bem as coisas, o puto não foi ouvido nem achado. Limitou-se a casar que é uma coisa que acontece ao mais pintado…

Ah! Falta afirmar que até agora 79% acham que JP fez mal e os outros 21 acham que ele fez muito bem, homessa.

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Conversa mole


[3189]

Ouvi Sócrates e impressionei-me com o tom de voz seráfico que usou, falando de humildade e de desgaste de governo. Notável, também, a expressão cordata e de aparente e sentida contrição que conseguiu afivelar, ao mesmo tempo que a voz se pautava por algumas oitavas abaixo do seu tom guerreiro, o que fez com que em vez de ralhar parecesse que Sócrates estava simplesmente a falar. Como as pessoas. E uma das coisas em que falou foi numa maioria parlamentar que, como se sabe, não tem nada a ver com a maioria absoluta, embora eu não veja qual é a diferença. Mas isto digo eu, que voto mal e sou mal-agradecido.

Mesmo assim um jornalista ainda perguntou a Sócrates qual a diferença entre maioria absoluta e a maioria parlamentar, uma maioria "último modelo", soletrada num tom melífluo que deve ter custado muito treino ao homem que mais ralhou com os portugueses nos últimos quatro anos. Sócrates respondeu que a diferença não era nenhuma o que, no meu modesto entender significa que entre maioria parlamentar e maioria absoluta não há diferenças. "Cai" é muito melhor falar em maioria parlamentar. E a comunicação social, pressurosa e condoída, não se esqueceu das parangonas a anunciar a nova «postura» de Sócrates.


Ver o vídeo aqui. Aconselha-se ter lenços de papel á mão.

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segunda-feira, junho 15, 2009

A coisa, segundo Saramago


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E não é que os italianos, broncos, estúpidos, burróides, iletrados e fassistas escolheram o homem outra vez?

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Grrrrrrrrrrr!


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Há um programa mais ou menos insuportável na SICN que dá pelo nome de Eixo do Mal e que eu considero uma espécie de “downgrade” do antigo Noites da Má-língua. Independentemente da qualidade dos intervenientes, na Noite da Má-língua falava-se um bocadinho mal de toda a gente e como as nossas gentes são pródigas em motivos para que delas se fale mal, a coisa resultava bem conseguida e bem-humorada. Já no Eixo do Mal não é bem assim. Tudo começa num registo mais ou menos equilibrado, mas apenas porque o moderador do programa se esforça por isso, para que poucos segundos depois os participantes se entreguem a sovar o PSD, que parece ser o móbil único do programa. Assim mesmo, sem tirar nem pôr. O Bloco é superstar, mas mesmo o PS, alvo de várias críticas, sobretudo após o desastre eleitoral recente, acaba por ser acomodado no cantinho da bonomia e simpatia em que este partido, por artes que me passam ao lado, é anichado. Clara Ferreira Alves, então, é intragável. Ressuma verdadeiro ódio por tudo o que cheire a PSD, é uma coisa assim a resvalar para a patologia, e chega a perder-se no que diz, como se vagueasse numa floresta cheia de trilhos de maledicência, onde todos vão dar ao mesmo destino.

Clara Ferreira Alves merece referência especial porque até Daniel Oliveira consegue ser simpático nas suas críticas, quando comparado com a escritora/cronista/crítica literária e co-star dos programas do Dr. Mário Soares no Canal 1. Porque a sua verrina resulta de um estado quase apoplético (é verem o programa e repararem nas veias do pescoço) caldeado numa dose muito forte de ódio pelo PSD e por Santana Lopes. Curiosamente, no programa de ontem Clara desviou-se um bocadinho do azimute habitual quando, a propósito da brincadeira em que se tornaram as empresas de sondagens no nosso país, o seu comentário sobre o assunto foi que para Portas só contavam as agências que forneciam Jaguares. Por aqui se vê da superficialidade e falta de estofo com que Clara se mete a fazer crítica política na televisão. Em vez de, como lhe foi pedido, emitir a sua opinião sobre o falhanço das previsões, conhecido de toda a gente, lembrou-se de ir buscar a história do Jaguar. História que, tanto quanto me lembro, teve a ver com o facto de Portas ter tido um acidente com um carro da empresa (uma coisa mais ou menos corrente com pessoas que dispõem de carros de empresa) sem que isso tivesse a ver propriamente com manipulação de resultados.

Clara é muito pequenina. Um dia destes ganha lugar, por direito próprio, no Portugal dos Pequeninos do João Gonçalves.

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sábado, junho 13, 2009

Aleluia


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E eis que após um aturado esforço no seu programa de pesquisa e desenvolvimento (ia a dizer R&D mas achei muito snob), fez-se luz nos axónios do João Condeixa e os comentários voltaram a ser legíveis no blogue deste vosso criado.

Confesso que andava já um pouco embaraçado. Cientistas de vários credos, cores e filiação partidária ofereciam-se, amiúde, (e mesmo sem ser amiúde, coisa mais espaçada, mas ofereciam…) para me resolver o problema dos “não-comentários”. Mas eu nestas coisas sou mulher de um homem só, quer-se dizer… homem de uma mulher de cada vez, hummmm, não é bem isto que queria dizer… hummm, quer-se dizer, como é que diz mesmo? Repare-se, dito isto, desde logo e é assim: - Se há um blogger que a troco da troca de um voto indeciso num voto trocado pelo voto indeciso e, trocado por miúdos, se oferece desinteressadamente para me acabar o template, incluindo a leitura possível dos comentários, que é o mínimo que se pode exigir quando se escreve um, não era agora que iria traí-lo, apesar de igualmente me ter mantido fiel ao meu voto de sempre, por muito que se esgadanhem numa rua que eu cá sei ali para a Lapa (cá está o que eu queria dizer com aquela de "mulher de um homem só" e não sei quê).

Fica aqui o registo e o agradecimento ao João Condeixa que apesar das inúmeras solicitações que eu sei que ele tem aos fins-de-semana (é um mouro de trabalho este homem) conseguiu arranjar tempo para acabar o serviço. Ou então, nunca se sabe, levou uma tampa de algum círculo eleitoral (isto há círculos para tudo e os desaforos às vezes vêm de onde menos se espera) e conseguiu tempo para fazer obra asseada.

Merci (este agradecimento vai em francês porque, de repente, sem eu saber bem porquê, me lembrei da Carla Bruni).

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"Contrafeitos" não há argumentos


[3185]

Inexplicavelmente, o JoãoG mudou-se para aqui. Contrafeito, mas mudou. Por mim, resta-me referir que achava um desperdício a ausência do JoãoG (como aliás, dos seus antigos companheiros do Guarda factos e Fio Passageiro).

Pois aqui fica um abraço ao JoãoG, um abraço nada contrafeito e com o desejo sincero de sucesso e continuidade.
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sexta-feira, junho 12, 2009

Juke box 72 (one of those days)

[3184]

Purple light in the canyon

That's where I long to be

With my three good companions

Just my rifle, pony, and me

Gonna hang my sombrero

On the limb of a tree

Comin' home sweetheart darlin'

Just my rifle, pony and me

(Whippoorwill in the willow

Sings a sweet melody)

Ridin' to (Ridin' to) Amarillo (Amarillo)

Just my rifle, pony, and me

No more cows (no more cows) to be ropin' (to be ropin')

No more (strain)STRAYS will I see

Round the bend (round the bend) she'll be waitin' (she'll be waitin')

For my rifle, pony, and me

For my rifle, my pony, and me

Bom fim-de-semana para todos.

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€ 94 M - E depois?


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Cristiano Ronaldo passou a noite com Paris Hilton em LA e, segundo as más-línguas, acabou em casa da irmã (dela). É o que dá ter graça e saber contar anedotas.

Já quanto aos 94 milhões, não percebo qual é o problema. O dinheiro é deles, ninguém me veio ao bolso por causa da transferência, ninguém me congelou contas de banco por causa disso. Por outro lado, num país como o nosso em que o Governo é tu cá tu lá com milhões e milhares de milhões, onde meia dúzia de pareceres jurídicos com meia dúzia de fotocópias facilmente atingem importâncias mais ou menos obscenas, deveríamos ser os últimos a estar preocupados ou escandalizados.

Por último. Há uma coisa que eu gostaria de enfatizar. CR, um rapaz modesto, madeirense, espoletou uma transferência milionária e vai ganhar qualquer coisa como €25.000 por dia (and change, por via de uns contratos de publicidade). Vem de uma família modesta, tem uma irmã gorda e Kátia e que aparentemente canta pimba, vivia numa casa em que um galo de plástico daqueles que mudam de cor com o tempo tem honras de bibelô. Vai daí, veio para Lisboa e sem padrinhos, amigos, lóbis, “jotas” nem “lambebotismos”, licenciaturas domingueiras, projectos de gosto duvidoso, sem mentiras nem demagogias, sem esbirros nas bancadas a dizer “muito bem” de cada vez que metia um golo ou fazia uma jogada mais vistosa, sem beijinhos nos mercados (pelo contrário, teve a ousadia de levantar o dedo médio a uma assistência completa do estádio da Luz), sem qualquer destes acessórios, dizia eu, atingiu o cume do sucesso. Por si próprio, pelo engenho que mostrou em fazer qualquer coisa. No caso, pontapés na bola, mas engenho. O que é isto senão mérito? Espere-se que o cume que atingiu não seja o de Dante e não se dê uma erupção que arrase tudo á volta. Mas até nisso parece que o jovem é bom. Em gerir a sua própria fortuna, sem precisar que lho façam por ele.

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Portugal dos Pequeninos


[3182]

O Portugal dos Pequeninos completou seis anos de existência. Parabéns ao João e venham mais seis.

Tchin Tchin

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quinta-feira, junho 11, 2009

Para amenizar o post anterior


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Está mais gorda e com ar de house maid. Mas parece que é porque a produção da nova temporada das Donas de Casa Desesperadas assim o exige. Sendo assim, está desculpada.

Bom feriado para todos.

Nota:
Needless to say que a foto é da temporada anterior. Ainda sem ar de house maid.
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Bora todos para o Caramulo - mandou o Sr Ferreira


[3180]

Será possível passar a mensagem àquele senhor da Quercus (acho que se chama Ferreira) que é saudável e necessário uma pessoa ir de férias com a cabeça livre de peias ecológicas e politicamente correctas? Não basta uma pessoa ter o seu dia a dia mais ou menos dominado pelos conselhos diários do Sr. Ferreira de que deve apagar a luz da cozinha, usar lâmpadas económicas, condicionar a água do duche a quantidades ecologicamente aceitáveis, não lavar muitas vezes o carro, usar transportes públicos, visitar os ecopontos e comer produtos isentos de fito-fármacos e desenvolvidos em terrenos pobrezinhos porque isentos de adubos químicos ou, alternativamente, fertilizados com estrumes e outros produtos orgânicos, mesmo que isso traga uma carrada de ovos de parasitas e bactérias às culturas que, naturalmente, não podem depois ser tratadas?

É assim tão esquisito para a Quercus uma pessoa ir de férias sem pensar que deve ir ao Caramulo ao Hotel Rural (ele o disse…) porque tem aquecimento natural e dietas ecológicas? Seria possível passar a mensagem a esta gente que é saudável e necessário uma pessoa ir de férias e comer o que lhe apetece, de preferência uns pratos daqueles que fazem mal à saúde e tudo e tudo e tudo, aumentam o colesterol e apertam as coronárias e promovem a formação de ácido clorídrico no estômago e estar horas seguidas no banho? Porque é assim que eu acho que as férias devem ser. O resto, Quercus e senhores Ferreiras temos nós todos os dias e, mesmo distraídos, estamos a tomar o café da manhã e a ouvir os seus conselhos. Por isso a ideia de que quem vai de férias ou de fim-de-semana comprido se deva absolutamente alhear dos conselhos doentios do Sr. Ferreira. Senão um dia destes o Sr. Ferreira está a dizer como nos devemos vestir, a fazer um calendário de sexo (frequência e timing), horário e tempo máximo de banho e cardápio a preceito. Por isso o meu apelo é que mandemos o Sr. Ferreira dar uma volta ao bilhar grande (com uma máscara na boca e um frasquinho de colírio por causa do pó de giz) e passemos o fim-de-semana comprido a fazer o que nos der na real gana. De preferência, uma série de asneiras. Incluindo banhos longos e a degustação de pratos assassinos, cheios de colesterol, sal, açucares, lípidos e muitos, mas muitos hidratos de carbono. Coisas que, aparentemente, o tal Hotel Rural do Caramulo não pode oferecer. Provavelmente porque parece mal.
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Não marcámos mas temos de marcar (Carlos Queirós)


[3179]

Eu já nem digo nada…nem percebo suficientemente de futebol para me manifestar a preceito. Mas cada vez me convenço mais de que Carlos Queirós é um treinador sofrível e um mau condutor de homens. Este homem conseguiu num brevíssimo espaço de tempo desmantelar a mais brilhante selecção de futebol de sempre (mesmo os magriços de 66, com Eusébio, foram um fogacho, é um opinião mais ou menos consensual) coordenada por um sargentão, avesso a computadores e de mau feitio mas que conseguiu gerar respeito e admiração e uma equipa de elite.

No presente arrastamo-nos pelos campos e não conseguimos marcar um golo, escapando, miraculosamente, de humilhações tão grandes como podermos muito bem ter perdido com a Estónia ontem. Alguém me explica, por exemplo, a estratégia de começar um jogo de futebol com uma equipa de quase desconhecidos, andar um jogo inteiro a mastigar um resultado de 0-0 e escapar mesmo à humilhação de perder com a 130ª equipa mundial e acabar o jogo já com os titulares, numa altura em que se afigurava impossível dar a volta ao jogo? Não devia ser ao contrário?

No final do jogo, Queirós reiterou a vacuidade do seu pensamento com afirmações tão capciosas como não marcámos golos mas temos de marcar ou os jogadores deram o máximo e os objectivos foram cumpridos.

Repito que não vejo como poderemos estar na África do Sul com esta equipa e com este seleccionador. E é pena. Há portugueses por lá que chegavam para encher dez ou doze estádios. Sem falar nos países vizinhos.

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quarta-feira, junho 10, 2009

Post dedicado


Clicar na imagem para ver melhor
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Depois de meses sob autênticos martelos pneumáticos a calcetarem a opinião pública com fins de ciclo, fim da economia de casino, a extrema unção do capitalismo, o renascimento das manhãs canoras, a mudança do paradigma, as novas esperanças, o enterro do capitalismo, e outras "boaventuranças" (esta é de propósito) eis que a Europa se mantém saudavelmente de azul. Uma grande vitória da liberdade e do primado do indivíduo sobre os pensamentos únicos e estatismos politicamente correctos.

Este post tem uma dedicatória especial, sobretudo porque ainda recentemente o seu destinatário me acusou de indignidade e de colocar preconceitos acima dos factos. Pois, os factos estão aí. Indignos? Não.
Genuinamente livres. E agora digam que o povo é estúpido e não sabe votar.

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terça-feira, junho 09, 2009

Porque é que ninguém lhes explica?


milho democrático em Silves - 2008

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A RTP resolveu substituir ontem o Prós e Prós por uma amena reunião social com a anfitriã do costume e que não vi na totalidade. De resto, Fátima manteve o formato “de debate”, de um lado Santana Lopes e Bagão Félix e do outro, Santos Silva, Rui Tavares (uma estrela bloquista em ascensão – independente, eu sei, mas do Bloco) e Sérgio Azevedo, um senhor que eu não conhecia mas que rapidamente se denunciava como um comunista. De gema. Daqueles de comité central, emulações, braço no ar, muitas medalhas ao peito e palmas organizadas.

Basicamente, pareceu-me que o tema era questionado pela Fátima Campos Ferreira, que deve ter usado a palavra governabilidade uma centena de vezes e que soava mais como a "tragédia" decorrente da recente vitória do PSD do que propriamente por uma questão aritmética, em face do actual espectro eleitoral do país. Mas o que verdadeiramente retive foi a indignação de Rui Tavares (uma estrela em ascensão etc., etc.) quando Santos Silva ousou distinguir a esquerda democrática da outra. Rui Tavares encolerizou-se e debitou verbo condizente com a democracia da coisa, dizendo que não poderia deixar passar em claro tal aleivosia. Santos Silva ainda lhe explicou algumas diferenças mas pareceu-me que o essencial ficou por dizer. Ou seja que tanto o Bloco como o Partido Comunista são realmente democráticos na justa medida, e apenas, porque se submetem ao voto, ao escrutínio popular. Mas é importante que não nos esqueçamos que o fazem porque não têm escolha. Submetem-se ao voto porque é a única forma de se poderem sentar na Assembleia da República e ir aos programas da Fátima Campos Ferreira. Porque me parece que não restam dúvidas a ninguém que se conquistassem o poder (à cacetada, como o Partido Comunista já tentou, porque é nisso que são especialistas), essa minudência do voto secreto se tornaria num forma arcaica de fazer política.

São estas coisas que me fazem muita confusão. Até aceito que a importância e deferência concedidas à estrema esquerda, logo não democrática e concretamente o Partido Comunista e Bloco de Esquerda, decorram de um formato próprio de regimes democráticos. Mas o que não deveria ser esquecido é que a inversa nunca seria possível. E era isso que lhes deveria ser dito, sem rodriguinhos, de cada vez que a esquerda se indigna, ofendida, porque não a consideram democrática. E já agora. Para além de tanto o Partido Comunista e Bloco não serem, notoriamente, democratas, alguém se lembra de alguma vez perguntar ao Bloco (digo ao Bloco porque do PC, honra lhes seja feita, já sabemos tudo) que sistema político e económico preconizam eles para o nosso país, para além aquele modelo de virtudes éticas e justiceiras, não esquecendo o incitamento e treino intensivo de desobediência civil, que os seus próceres usam para passar a impoluta mensagem daquilo que querem parecer ser?

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segunda-feira, junho 08, 2009

Nós, Pimba!


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Sondagens???




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Já no rescaldo dos resultados das europeias, o que é para mim claro (estou aberto a desmentidos) é que as sondagens funcionam mais como um instrumento eleitoral do que como uma ferramenta de análise de opinião pública, cientificamente sustentada. O que se passou nestas últimas eleições é um indício claro de que não só as sondagens (as que temos) são um instrumento político, como um instrumento objectivamente ao serviço do Partido Socialista. Fica a dúvida se o tratamento dado ao Bloco de Esquerda releva também de uma estratégia política ou se é apenas porque lhe acham graça e é modernaço.

Os factos mais evidentes destas últimas eleições são, sem dúvida, o badalado empate técnico entre o PS e o PSD, mas onde nunca o PSD apareceu como possível vencedor (salvo erro, isso aconteceu uma única vez, vantagem desconstruída no imediato) e onde o CDS-PP é enxovalhado (é o termo) e enviado para uma espécie de logradouro, onde deixou de entrar nas contas.

Finalmente, a decisão da SIC em dar a conhecer a já célebre sondagem feita há cinco dias antes das eleições, anunciando uma vitória estrondosa do PS e de Sócrates SE as eleições para as legislativas fossem hoje. Pode ser mau feitio meu mas “isto” cheira a António José Teixeira. Mas pode ser mau feito, mesmo. António Barreto e Pacheco Pereira ainda esboçaram um protesto, mas nada de grande monta. Por mim, achei a atitude da SIC de uma total falta de vergonha. E de nível.
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E evolução na continuidade, a governabilidade e o habitual mau perder


[3174]

Ainda estremunhado, começo a ouvir os jornais da manhã e fico muito mais descansado. Bastaram as declarações de três figuras para me assegurar a “evolução na continuidade”, que é uma coisa que eu não ouvia desde o tempo do Estado Novo. Almeida Santos foi muito claro dizendo (ralhando) com o rebanho de que para brincadeira chega, por palavras escolhidas do seu acervo cultural. Que as próximas eleições já têm a ver com a governabilidade (este termo vai ser usado centenas de vezes pelos socialistas daqui para a frente) e por isso os portugueses têm de ter muito cuidado com as suas escolhas. Já o ministro da cultura (o improvável, como diria o João Gonçalves) afirmou, preto no branco, que já esperava esta derrota do PS. Porquê, perguntaram-lhe? Pela actual conjuntura, pela crise, pelo momento e por qualquer coisa mais que já não fixei. Finalmente, o ministro Pinho, em resposta a uma pergunta de um jornalista, foi lapidar. Diz ele que amanhã estou a trabalhar.

Nota: Não posso negar um indisfarçável gozo que a derrota da tralha socialista me está a causar. Quanto mais não fosse para ver sublimadas a deselegância, a falta de chá e habitual pesporrência desta gente quando perde. Ocorre-me, assim ao acaso, o cenho da ministra da educação a entrar no Altis e a correr com os jornalistas e o facto de Vital ter sido incapaz de felicitar o seu adversário. Como deveria fazer.

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domingo, junho 07, 2009

A rosa murchou


[3173]

O PSD ganhou as eleições. E ganhou muito bem, no que pode ser o primeiro passo para afastar a tralha socialista daqui a três meses. Desta vitória retive os seguintes pontos principais:

- A vitória de Manuela Ferreira Leite. Sob ataque permanente de fora e de dentro do próprio Partido soube delinear e conduzir uma estratégia vitoriosa;

- O facto, que ninguém pareceu questionar, ou anda tudo distraído, de que as sondagens a que temos direito ou são incompetentes ou são parciais. Uma vez mais se viu que só quando não havia como fugir à realidade o PSD apareceu como vencedor e, mesmo assim, com vantagem de décimas, quando afinal acabou por ganhar por quase seis pontos percentuais. O pormenor do CDS, então, é escandaloso. E habitual. E ninguém questiona isto? Acham tudo natural?

-A estranhíssima parcialidade da RTP e da SIC no tratamento das reportagens. A forma como o Bloco de Esquerda, por exemplo, recebeu tratamento preferencial nas reportagens foi absolutamente chocante;

- A SIC inventou uma sondagem estranhíssima. No dia em que se apura os resultados de umas eleições mandam uma outra sondagem para o ar, feita há cinco dias atrás, onde se apura que o PS ganharia as eleições se estas fossem para as legislativas. Não sei bem de quem será a paternidade da peregrina ideia mas toda ele releva de uma grande confusão que vai por algumas cabeças da SIC e de um evidente mau perder;

- Ainda não percebi bem a ideia de levar Ricardo Araújo Pereira como paineleiro dos resultados da SIC. Se a ideia era meter humor no assunto até nisso a SIC falhou. Piadas como a da crise hoteleira estar instalada a avaliar pela sala do PS no Altis eram previsíveis e completamente desajustadas à ocasião. Imagino o que seria “meter” Marcelo Rebelo de Sousa ou Pacheco Pereira a fazer comentário político sério num programa dos Gatos. Era exactamente a mesma coisa. Alguém anda a perder o tino lá por Carnaxide.

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sábado, junho 06, 2009

Um dia destes bate-nos


[3172]

Não me parece que os quatro ou cinco jogos que faltam à selecção nacional na fase de qualificação para o South Africa 2010 sejam suficientes para a remissão de uma série de erros acumulados pelo nosso seleccionador nacional. A mim parece-me mais o início do estertor, a confirmação de que os cerca de 700.000 portugueses que vivem na África do Sul, em Moçambique e, até, em Angola, Namíbia e Botswana não terão a oportunidade de ver ao vivo as cores da nossa selecção.

Dito isto (ando a ver demais o professor Marcelo… dito isto, dizia eu) assistimos agora à última estratégia de Queirós. Chamar-lhe-ia a "estratégia Pedroto", tão bem continuada por Pinto da Costa, criando um inimigo comum à volta da equipa, uma espécie de papão que acorda todos os dias a pensar no que é que há-de fazer para o liquidar a ele e aos jogadores, vítimas da maldade dos outros, de todos. Só assim entendo a crispação do professor quando chama burros àqueles que não percebem que, embora ele convoque quatro guarda-redes, o titular é o Eduardo (!!!!). Ou burros ou a quererem fazer dele burro. Ontem, mais melífluo mas não menos ameaçador, acabou por dizer que aqueles que prejudicarem a selecção (!!!) terão de se haver com ele.

E entre zurros e ameaças (físicas???) prossegue a estratégia superiormente elaborada pelo nosso professor, para tentar salvar a desastrosa e quiçá irrecuperável campanha da selecção. Ou estaremos, sem o perceber, a assistir ao esperado período “quintessencial” de um homem a quem tudo tem corrido mal, mas que nem por isso tem sido acossado pelos media. Nem por sombras, como foi Scolari. E os burros somos nós?

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Dia de Reflexão


[3171]

Reflictamos, pois.

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sexta-feira, junho 05, 2009

Mas quem é que este homem julga que é?


[3170]

Sócrates tem uma ideia distorcida da democracia e da liberdade. O problema deste homem não é o que ele não sabe, mas mais o que ele julga que sabe. E ele julga saber que a oposição se fez para não se opor à consecução dos seus próprios ditames de alma e que provêm basicamente do poder que lhe caiu nas mãos nem ele sabe bem como nem porquê. E como conseguiu (mérito lhe seja) arregimentar um grupo de gente para quem o exercício do poder não pode ser um episódio fugaz mas antes um modo de vida, já que sem ele, poder, nada mais saberão fazer, ele domina e conduz os destinos de um pobre país acolitado a uma clique feroz de gente incapaz e ciosa das prerrogativas que obteve. Frequentemente, sem qualquer noção do que seja o exercício digno da condução dos assuntos de estado, a começar por ele próprio, representante acabado da política rasteira e medíocre, sustentada, de resto, por uma carreira académica e política equívoca e nunca devidamente esclarecida mas, outrossim, reveladora, de uma trajectória de compadrios e amiguismos à boa maneira portuguesa. Por isso Sócrates sente arremedos de estadista. “Pressente” que adquiriu uma dimensão que está a anos-luz de alguma vez conseguir, apesar do circunstancialismo favorável que lhe vai dando a vitória nas eleições.

Este é um pequeno desabafo. Um desabafo de um cidadão cansado deste nível zero de política do Partido Socialista que (uma vez mais) provou estar formatado para a oposição e nunca para o poder (lembro-me bem da triste figura de um ministro comedor de mioleiras a integrar-se numa manifestação contra ele próprio e de um improvável ministro da administração interna, hoje ministro da justiça, dizendo que aquela não era a polícia dele) e cujo líder, ironicamente, acha que a oposição não nasceu para se opor mas sim para colaborar na gloriosa missão do próprio governo.

É a tal falta de densidade. Que isto de ser primeiro-ministro não é para qualquer um. Requer competência, dignidade e muita, mas muita, decência. Coisas que não abundam no actual inquilino de S. Bento. Ainda agora, a propósito da campanha para as europeias, se pôde ver até que ponto pode ir a insídia e ausência de escrúpulos desta gente que nos governa e que não hesita em deitar mão a quaisquer métodos para derrubar os adversários. Com os deuses de feição, ainda contam com uma considerável falange de "idiotas úteis" que lhes pontilham as estratégias, independentemente da triste figura que fazem, como agora aconteceu com Vital Moreira.

Pode ser que se esteja a encerrar um ciclo. E que esta gente, socialistas, seja arredada do palco. Senão para sempre, pelo menos por uns tempos. Uns tempos que permitam voltar a pôr este país minimamente arrumado até que eles venham de lá, de novo e ao som de Vangelis ou a cantar o "Only you", borrar a escrita toda outra vez. O costume, afinal.

É a vida, como dizia o outro. Mas, por agora, CHEGA.

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