segunda-feira, novembro 30, 2009

Ofício Diário - 5 anos


[3508]

Quando o Torquato escreve
Até os acentos, as vírgulas e os tis
Têm a alma e a beleza da poesia...


… lá está, meto-me a fazer versos e depois como é que eu vou arranjar uma coisa que rime com escreve? E com tis? Só se for ris, rios Lis e tias mimis, nada que tenha a ver com a excelência do que lemos vai já para cinco anos no Ofício Diário. Já com a poesia, eu podia arranjar melancolia, fria… mas antes que provoque azia (ena!) ao Torquato vou-me deixar de brincadeira, pegar numa taça de espumante (é o que se arranja com a crise, meu caro, o champagne está por um preço que não se pode) e brindar aos cinco anos do Ofício Diário. E fazer votos para que possamos ter o gosto e o privilégio de o ler por mais anos por vir.

Tchin Tchin
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É por estas e por outras…


[3507]

...que pessoas com responsabilidades públicas ou mediáticas como este senhor que escreve no
i prestam um mau serviço à desejável normalidade social. Miguel Pacheco faz uma salada tremenda. Mistura homossexualidade com homofobia, resultados desportivos à conta de treinadores homofóbicos com atribuições de entidades de utilidade pública, lucro, imaginação comercial, marketing, estreiteza de ideias, clubite e só não mete a táctica do 4-3-3 ou do 4-4-2 desdobrável em losango (as coisas que eu vou aprendendo com os comentadores de futebol…) em jogo porque, provavelmente, não lhe ocorreu.

Se não houvesse outras estimáveis razões para entender a
medida do Sporting Clube de Portugal (e há pelo menos um milhão), ocorre-me pensar como é que dois homens provam à entrada do recinto que são um casal. Por mera declaração? Juram com a mão direita sobre a bíblia? Apresentam um atestado da junta de freguesia? Arrolam testemunhas que juram a pés juntos que vivem em comunhão? Isto para evitar que o clube passasse a reduzir as receitas de bilheteira a metade, pois é fácil imaginar que um grupo de 20 amigos passe a 10 casais para pagarem apenas 10 bilhetes.

Até onde conduzirá esta patetice de misturar tudo e tudo valer para falar de homossexualidade e homofobia? Actuar com genuína normalidade em vez de andar à caça de bruxas homofóbicas não seria uma medida muito mais inteligente?
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Berrebéubéu



Tendo em conta que o actual regime tem génese num golpe – o anterior também (1926) e o anterior (1910) idem e assim sucessivamente – ou mandamos o professor Hermano Saraiva de novo para Brasília para defender que o governo brasileiro deve reconhecer o governo saído do golpe ou arriscamo-nos a ter de restabelecer D. Afonso VI no poder ou quem sabe mesmo a voltarmos aos tempos prévios ao condado portucalense pois assim que me recorde damos sempre de caras com um golpe.

Este é um dos posts de hoje da Helena Matos. Falta apenas, na minha opinião, relevar o facto de Lula ser um estereótipo de muitos políticos de hoje, modernaços e obcecados em dizer aquilo que acham que o mundo do homem moderno e dos progressistas gosta de ouvir, usando uma dialéctica que em muito pouco, ou nada, difere da do nosso caseiro Sócrates. É a converseta redonda, enformando um estilo pretensamente didáctico por parte de quem frequentemente, não faz a mínima ideia do que está dizendo.
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domingo, novembro 29, 2009

Barulho em Cascais


[3505]

Ontem um pescador de Cascais dizia, desapontado, que a cimeira ibero-americana não ia valer nada, porque Chávez e Raul Castro não estavam presentes. Que não se diga que os últimos trinta anos não tiveram a suprema virtude de fazer um sábio escalonamento de valores do bom povo português.

Com Chávez ou sem Chávez, a pacatez de uma tarde chuvosa por estes lados foi inquinada pelo sobrevoo constante de helicópteros e outras gloriosas máquinas voadoras que se encarregaram da segurança dos líderes. Também houve muitas sirenes e, do que me dizem pessoas desprevenidas, monumentais atravancamentos de trânsito ali para os lados do Cascais-Miragem. Pela minha parte, como me quedei por casa, fiquei-me pelo registo sonoro. Helicópteros e sirenes. O suficiente para me interrogar se esta rapaziada não poderia ter ido "ibero-americanar" para outro sítio mais recatado. Penha Longa, por exemplo. Bem mais isolada, sem trânsito e pouca gente para ouvir os helicópteros.
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Um dia será


[3504]

A propósito destas jogadas do costume, ainda tenho esperança de que um dia o meu país se torne num lugar de pensamento saudável e descomprometido, onde cada "pum" do Manuel Alegre ou espirro de uma qualquer outra eminente personalidade da esquerda não se transformem em ladainha doutrinária, em canga a impor à pachorrência nacional. Um dia será. Acho.
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Sporting 0 Benfica 0


[3503]

Ao contrário do que li e ouvi por aí, acho que foi um jogo agradável. E também acho que dois ou três remates do Sporting mereciam melhor sorte. Já no departamento do «desagradável», registo a insistência de Jorge Jesus no facto de o Sporting estar definitivamente afastado do título. O homem estava obcecado com o afastamento do Sporting. É a forma habitual de sermos mesquinhos e pequeninos. Este Jesus poderia muito bem ter seguido uma carreira política, que lhe ficava muito bem. Por seu lado, Carvalhal, patinou na atitude e usou o vocábulo um milhão de vezes. Foi uma atitude pífia e reveladora dos vícios de linguagem que adoramos.

Para finalizar, aquela patologia estranha que já não estranho mas que recuso se entranhe, da rapaziada portista que não resiste ao chiste sem graça nem ao acinte despeitado, sempre que da moirama se trata. Desde os que nem se lembravam de que havia derby (Pinto da Costa, algures, perdi o link) até aos que acham que as frequentes sessões de vandalismo ao longo da A1 (e não só…) se resumem ao roubo de um chocolate, enquanto que um vidro partido no autocarro do Benfica é tratado com a necessária discrição e consequente benevolência por parte da imprensa afecta à segunda circular. Não há nada a fazer. Está-lhes nas tripas…

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Tempos modernos


[3502]

O progresso vai gradual e firmemente atingindo as regiões mais remotas do planeta.

E é assim que da planície longínqua se desloca o índio ao lugarejo mais próximo, dirige-se ao cartório e diz ao funcionário:

- Ugh! ugh! Índio querer mudar de nome.
- Mas porquê, pergunta-lhe o funcionário, solícito, tem mesmo a certeza que pretende mudar de nome? Então e as raízes culturais que deveriam ser preservadas?
- Ugh! Ugh! Índio querer mesmo mudar de nome e não se fala mais nisso. Índio ter nome muito comprido.
- Bom, sendo assim, diz o funcionário, e qual é o seu nome actual?
- Grande-Nuvem-Azul-Que-Leva-Mensagem-Para-Outro-Lado-da-Montanha-e-do-Mundo
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- Então e quer mudar para qual?
- Bluecloudotcom.

Recebida por e-mail
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sábado, novembro 28, 2009

Por supuesto, caraças, notwithstanding the fact

[3501]

Simonetta Luz Afonso, entrevistada pela TVI24, no contexto da importância das línguas portuguesa e castelhana e a propósito da Cimeiro Ibero-Americana, que começa hoje em Cascais (cito de cor):

“… E temos os escritores, os artistas, pintores, whatever…”
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sexta-feira, novembro 27, 2009

E ela que faz anos outra vez?


[3500]

A tradição já vai tendo algum peso. Por isso, aqui fica mais uma flor da tua terra, como costumo fazer aqui no Blog.

E agora vê se começas a fazer anos mais devagar, senão qualquer dia torno-me um daqueles velhos jarretas a perguntar: - E tu lembras-te minha filha, de quando eu te embalava só com um braço para adormeceres? E quando te punha, pequenina, na proa do barco e te gritava para te segurares bem ao varão? E quando fazias anos e tinhas a casa cheia de amigas e palhaços? E quando tiveste aquela malária em Nelspruit? E quando eu achei que devias conhecer o Portugal profundo e te ferrei uma seca imensa a percorrer o rectângulo? E quando parti o dente na Disneyland? E quando? E quando? E quando?

Já vão sendo tantos «quandos» que um dia destes acabo mesmo num canto da sala a fazer estas perguntinhas de pai babado e a caminho das relíquias sem préstimo. Mas enquanto isso não acontece, fica aqui a protea, tão bonita como o país onde nasceste, quase tão bonita como tu.

Parabéns minha filha. Conta muitos. Enquanto eu vou tentando retardar a cena do velhinho sem préstimo, ao canto da sala, perguntando se te lembras de uma data de coisas a que tu, com aquele ar condescendente que aprendeste não sei bem onde, haverás de responder: Leeeeeeeeembro!

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Um hino

[3499]

Bohemian Rhapsody pelos Muppets. Um hino ao humor, à cultura, à inteligência e o tributo a uma das maiores bandas de sempre com uma das mais belas canções de todos os tempos, a propósito de mais um aniversário da morte de
Freddie Mercury.

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quinta-feira, novembro 26, 2009

Torquato da Luz - Ofício Diário


[3498]

Um grande abraço ao Torquato da Luz. Que conte muitos, cheio de saúde e a deliciar-nos com a sua poesia quase diária.

Parabéns e Tchin Tchin
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quarta-feira, novembro 25, 2009

Limpinho

[3497]

Todos os dias oiço uma pequena notícia, quase de raspão, de que o inquérito feito à empresa tal e tal não demonstrou indícios de fraude na Operação Face Oculta.

Tanto barulho para nada. Afinal está tudo limpinho que nem uma dodot antes de servir e sãozinho como um pêro acabado de colher no Bombarral. E na paz do Senhor…
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Olha se Constâncio não nos lembrava?


[3496]

Tem de ser. Tem de haver uma razão muito forte para que eu oiça UMA vez Vítor Constâncio afirmar que era necessário aumentar os impostos e ouvir Sócrates bradar UM MILHÃO de vezes que o programa do seu governo não foi feito para aumentar impostos. Que é lá isso?

Olha se Constâncio não tem levantado a lebre…ficávamos todos sem saber que Sócrates não deixa aumentar os impostos. Era o que mais faltava.
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31 da Armada


[3495]

O 31 da Armada fez três anos e resolveu celebrá-los a preceito. Com direito a estátua no Campo Pequeno e tudo, apesar de eu pensar que o«Zé-faz-falta» não vai gostar e vai levantar um problema qualquer. Possivelmente porque precisará do espaço para plantar crisântemos ou cereais de pragana.

Vale a pena fazer uma pequena viagem pela cerca de dezena de vídeos que o 31 disponibilizou, para que recordemos o saco da farinha que somos. Farinha que hoje veste Armani, mesmo sem gravata, ou usa gravata com fatos de corte, mas que mantém intactas as características físicas, químicas e, frequentemente, organolépticas que fazem de nós um verdadeiro case study. Ou, sem outras razões que não sejam as de pura diversão, ver os vídeos para vermos a inominável tropa fandanga que éramos.

Esta celebração do 31, se não houvesse outras razões, tem o mérito de nos explicar porque é que ainda hoje sobram bastos motivos para nos mantermos «embaraçados». Apesar do aggiornamento da pose e dos métodos.
Parabéns ao 31.

Tchin Tchin

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terça-feira, novembro 24, 2009

Pró americanismo primário


[3494]

Tenho um profundo respeito pela Natureza e acho até que lhe é legítimo um módico de caprichos e devaneios com os quais temos de conviver. Mas isso não invalida que eu não me resguarde e conforte em razões óbvias para que me esteja a marimbar para aqueles que acham que sofro de pró-americanismo primário. Pois...

Foto pifada daqui
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Aquele abraço

[3493]

O momento nacional é o abraço trocado entre Pinto da Costa e Jorge Jesus. Por absurdo que pareça, o abraço apareceu em várias televisões e tem sido glosado por inúmeros comentadores e jornalistas, ao longo dos noticiários matinais.

O abraço entre Pinto da Costa e Jorge Jesus é o retrato vivo de um país anquilosado pelo provincianismo e a meio caminho entre a idiotia e a falta de ocupação. É difícil adjectivar com mais propriedade este acontecimento à escala nacional, numa altura em que neste momento preciso um ilustre comentador explica aos portugueses que o abraço entre eles é um caso banal entre duas pessoas que se respeitam e que o futebol tem que se alhear das tricas clubísticas e viver em fair play.

Um dia destes a Fatinha ainda leva o abraço ao Prós e Prós. Vão por mim.
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Ó da guarda


[3492]

A minha filha foi ontem assaltada outra vez. Da última vez levou um soco, perdeu duas horas na polícia e, dois anos depois, apanhou uma multa de, se bem me lembro, duas unidades de conta, por ter faltado ao tribunal, onde deveria ser convenientemente informada de que não tinham conseguido apanhar o agressor.

Desta vez partiram o vidro do carro e levaram-lhe CD’s, camisolas e revistas. Já lhe disse que um carro não é um armazém e que, infelizmente, devemos actuar com se tivéssemos um descapotável – entenda-se não deixar nada à vista. É que hoje parte-se um vidro por causa de um maço de cigarros à mostra.

Baseada na experiência anterior, desta vez ela não foi à polícia. Evita perder duas horas a assinar papeis e eventualmente poupa trezentos e tal euros, para o caso de faltar ao tribunal outra vez, quando fosse notificada para lá ir ser informada de que não apanharam o ladrão.
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A berraria a fazer jurisprudência


[3491]

Marinho e Pinto continuou ontem, no Prós e Contras, a sua cruzada em defesa de José Sócrates. Baseou a sua defesa na estridência, na intimidação e na manipulação hábil da palavra. A este propósito ocorre-me como «atentado ao Estado de direito» passou a «destruição do Estado de direito», expressão repetida á exaustão pelo patrono oficioso do primeiro-ministro no programa de ontem.

Marinho e Pinto segue o caminho ínvio das técnicas exauridas da esquerda, quais sejam de entre elas, por exemplo, a de não deixar falar ninguém, interrompendo a todo o momento toda a gente e, especialmente, sobrepondo a sua voz, engordada por muitos decibéis, de cada vez que pressente uma afirmação mais agressiva e menos conveniente por parte do seu interlocutor. Marinho e Pinto é agressivo, obcecado e obsessivo. Desconheço as razões e já me cansa escrutinar comportamentos para perceber o que vai na alma das pessoas.

À primeira vista, Marinho e Pinto poderia ser confundido e esbatido na vaga de esquerda que os portugueses insistem em cavalgar, mas eu creio que Marinho e Pinto é tão de esquerda como eu. Ele é assim porque de duas uma; ou é de uma ingenuidade atroz, o que custa a acreditar, ou está deliberadamente a assumir a defesa de um homem, José Sócrates, por força de uma zanga com a vida e com os homens que lhe rói as entranhas e de ódios que estima e cuida como se de um gato doméstico se tratasse. Como não sou psicanalista tenho de me render às insuficiências da minha ignorância e limitar-me à posição mais cómoda de que a defesa que Marinho e Pinto faz de Sócrates é, no essencial, pouco séria e lhe serve de afago para o seu imenso ego. O resto é fogo de vista.

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segunda-feira, novembro 23, 2009

Estava combinado e «era do conhecimento»

[3490]

Há coisas que de vez em quando nos passam debaixo do nariz e que nem as cheiramos. Este post da Helena Matos, por exemplo, recorda-nos as escutas que o advogado Sá Fernandes (irmão do «Zé faz falta dos girassóis») fez intencionalmente na alegada tentativa de suborno ao Zé faz falta, seu irmão.

Ricardo Sá Fernandes, chegou a afirmar que «Há três gravações no processo. São todas lícitas, não têm nada de ilícito e são do conhecimento do Ministério Público e da Polícia Judiciária. Ninguém as considerou ilegais». Esta afirmação, duma tibieza notável, não chega a dizer que as escutas são legais. Refere serem lícitas e do conhecimento do Ministério Público e da Polícia Judiciária o que pressupõe uma combinação qualquer entre o justiceiro e as entidades referidas, assim do tipo, «logo vamos à bola?».

Sem embargo do acto de corrupção que parece ter existido por parte da Bragaparques, temos agora o advogado Sá Fernandes no outro lado da barricada e espanta, ou nem tanto, esta algaraviada que relevou das escutas da Face Oculta vis a vis a combinação entre a polícia e o nosso Philip Marlowe.

No meio desta trapalhada fica-nos a consolação que Armando Vara promete esclarecer tudo. Fiquei muto mais descansado.

Links seguidos via Blasfémias.
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domingo, novembro 22, 2009

Goodfellas


[3489]

O Presidente do STJ mandou rasgar. O Procurador mandou arquivar. Já era tempo de deixarem Sócrates em paz. Agora só falta mesmo indiciar os «vilões» do tribunal de Aveiro e pô-los na ordem, para que se deixem de campanhas negras, apimentadas pelo José Manuel Fernandes, pelo António Saraiva e pela Manuela M. Guedes. E mais uns quantos blogues reaccionários, saudosistas e «fassistas». Cá para mim, a limpeza devia mesmo alargar-se ao Eixo do Mal e enviar o Luís Pedro Nunes para o degredo, por ter tido a ousadia de afirmar que nunca a pressão sobre a comunicação social foi tanta, apesar de ter tido que enfrentar as reacções idiotas de Daniel de Oliveira e Pedro Marques Lopes e a sanha hormonal da pluma caprichosa.

Assunto arrumado, portanto. No que me diz respeito, limito-me a sentir um profundo embaraço com «isto» tudo. E atrevo-me mesmo a gerar alguma simpatia por Guterres. É que este promoveu o pântano mas teve uma assomo de decoro e pôs-se a andar. Sócrates, pelo contrário, chafurda no pântano e é insuportavelmente arrogante e truculento e alimenta uma dinâmica política que nos está a levar para uma situação de indigência, material e ética, que os europeus, como bem dizia João Duque ontem no «Plano Inclinado», acabarão por minorar, fazendo dos portugueses um bando de putos rafeiros e malcriados que nem se governam nem se deixam governar. Mas a quem é preciso dar de comer.
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sábado, novembro 21, 2009

Tomar Partido. Jorge Ferreira


[3488]

Acabei agora mesmo de saber do passamento de Jorge Ferreira. Se fosse ele a noticiar a sua morte, diria que "...ao 325º dia do ano…"

Não o conheci pessoalmente, mas habituei-me a lê-lo todos os dias e os meus registos indicavam-no também como meu leitor regular, o que sempre considerei um privilégio.

Do seu percurso de vida e político outros falarão, certamente com mais propriedade do que eu. Eu limito-me a registar o infausto acontecimento, com a solenidade devida ao momento e o respeito que a sua figura de homem e político me mereciam. E vou estranhar muito o vazio que o Tomar Partido deixou. Tal como, certamente, muitos como eu.

Que descanse em paz.
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quinta-feira, novembro 19, 2009

Laat ons gaan na die bafana-bafana grond


Ellis Park - Johannesburg East

(clicar)

[3487]


Portugal está a caminho da terra do boerwors e da mealie pap. Como não percebo muito nem pouco de futebol, limito-me a regozijar-me com a alegria que a selecção vai dar a muitos milhares de portugueses (e portuguesas, se votarem socialista) que labutam por aquele país, por Moçambique, Angola, Namíbia, Botswana, Suazilândia e Zâmbia. E já não labutam pelo Zimbabué porque lhes caiu em cima um maluquinho racista a tomar conta daquilo. E tenho a certeza que mesmo muitos cidadãos daqueles países (e cidadãs, se virem a RTP Internacional) torcerão por nós.

Quanto ao que vi ontem e, de resto, ao longo da qualificação, tenho de admitir que a selecção vai à África do Sul, apesar de Queirós se ter esforçado bastante pelo contrário, mesmo convencido que estava a fazer obra asseada. E ontem foi deprimente ouvir aquele homem sem sentir saudades do brilhozinho dos olhos matreiros, mas sinceros, do sargentão brasileiro que conseguiu pôr a selecção a funcionar de forma oleada, eficiente e alegre e bem disposta. Ao contrário, vi um Queirós amargo, palavroso, de discurso redondo, inconsequente e ressabiado (antes um Scolari ao murro, franco e hormonal como o vi uma vez…) a deixar «recadinhos» aqui e ali e a fazer lembrar os tempos em que deixou a selecção por causa da porcaria (ipsis verbis) da Selecção. Em vez de, naturalmente e como seria expectável, deixar transbordar a alegria por ir à África do Sul. Mas o professor é assim. Habituemo-nos.

Notas: Chapéu para o papel decisivo de Bruno Alves, sem precisar de ser o carniceiro habitual e de Raul Meireles no desfecho da qualificação. E a repulsa por afirmações esperadas de alguns comentadores da nossa praça, como a que ouvi ontem, segundo a qual o que Scolari fez ao F. C. Porto foi criminoso, pelo desprezo que lhe reservou, quando, afinal, quem marcou os dois últimos golos da selecção foram Bruno Alves e Raul Meireles. Isto é que é clareza de ideias, carago!
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Registo

[3486]

As mudanças de visual de.

Direito de Opinião. Mantém a sobriedade, mas aumentou a elegância de um estilo muito compatível com os próprios conteúdos e o estilo do António de Almeida. Melhorou.

Jumento. Tenho de confessar que gostava mais do anterior, embora o actual me pareça mais funcional. O Jumento é o tal blogue que eu leio todos os dias, atraído pelas fotos extraordinárias e conteúdos tratados com uma notável elegância de estilo, mas com a particularidade de, do meu ponto de vista, tentar defender o indefensável. E o indefensável, por definição, não é susceptível de ser defendido. Por muito que os assuntos sejam tratados com muito brilho, inquestionável engenho e assinalável afinco.

Parabéns aos dois.
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quarta-feira, novembro 18, 2009

Heranças


Sugestão para Madaíl. Costumava funcionar...

[3485]

Entre os vários episódios da recepção aos jogadores da selecção portuguesa à chegada a Sarajevo, entre cuspidelas e impropérios, reparei na revista minuciosa das bagagens. E permito-me pensar que esta revista nada tem com a manifestação nacionalista dos Bósnios, consubstanciada no tiro ao alvo com «escarretas», dedos espetados e insultos (em inglês e português, disseram-me).

A revista minuciosa das bagagens foi sempre um instrumento muito usado nos países da esfera da ex-União Soviética. Mais do que procurar fosse o que fosse, a revista consistia num acto de humilhação, coisa que, como se sabe, era uma imagem de marca de regime. Em África, então, por alguns países em que passei e me submeti à revista e tinha de responder a verdadeiros inquéritos, com perguntas, por exemplo, do género, para que é isto?, enquanto miravam uma embalagem de aspirinas, havia situações verdadeiramente caricatas que me dispenso de citar mas que muitos, como eu, se lembrarão. A Bósnia, lembremo-nos, saiu de um regime desses. E há tiques que ficam e levam algum tempo a passar. Agora, é preciso é avisar estas criaturas (e não só Bósnios) que de duas uma: ou fazem, como parecem querer fazer, parte de um concerto de nações civilizadas e adoptam procedimentos consentâneos com esta condição, ou deixam-se estar na deles. E isto não tem nada a ver com situações de uma nação dilacerada por guerras, massacres e diferenças étnicas. Tem a ver, vão por mim, com heranças que perduram dos regimes dos amanhãs que cantavam imenso e do amigo a cada esquina.
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Podiam ter-me avisado


[3484]

Numa desta entrevistas matinais com que a RTP nos brinda todas as manhãs, ao acordar, apareceu hoje um médico especialista em DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) e que afirmou que qualquer indivíduo que tenha fumado durante vinte ou mais anos, tem uma enorme possibilidade de vir a sofrer de DPOC, mesmo tendo deixado de fumar.

Estamos perante uma notícia que eu devia ter ouvido há cinco anos, quando deixei de fumar. Tendo sido fumador por mais dos tais 20 anos e, assim como assim, se vou ter DPOC, tinha-me poupado à perda de uma considerável fatia de prazer de vida, qual seja a de um cigarro (daqueles de tabaco torrado com 1 g de nicotina e 0,8 de alcatrão) depois de uma «italiana». De café (ou de Roma ou Milão, Veneza ou Florença), é sempre uma situação em que um «cigarro após» é umas das três melhores coisas da vida.
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A lógica de Noronha do Nascimento e o ânimo de Cavaco


[3483]

Após a audiência entre o Presidente da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, os repórteres investiram, compreensivelmente, sobre as duas personagens, procurando saber os conteúdos da audiência:

- O senhor Presidente da República quis falar comigo sobre justiça, disse Noronha do Nascimento
- Ânimo, os portugueses têm de ter ânimo, disse Cavaco Silva.

Para além de termos todos ficado esclarecidos sobre a audiência, regista-se a capacidade de síntese do PSTJ, bem assim como a sua inelutável lógica. Já quanto a Cavaco fiquei assim, como dizer, com a sensação de quando nos morre alguém ou perdemos o emprego e nos põem carinhosamente a mão no ombro e nos dizem: - Ânimo!

Animemo-nos, pois. Se formos capazes. E se for caso disso.

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terça-feira, novembro 17, 2009

O eixo da insónia


[3482]

Uma insónia pode ter efeitos secundários. A mim calhou-me ficar a saber que o Eixo do Mal é retransmitido aí por volta das cinco da manhã, pelo menos nas madrugadas de Terça, que é o caso de hoje.

Deliberadamente eu já havia deixado de ouvir aquela rapaziada pretensamente intelectual, mas já não pude fugir à circunstância estranha de acordar com o ruído da televisão que ficou ligada durante a noite e me proporcionou, de novo, a «clareza ambígua» do Daniel de Oliveira, o capricho da «pluma clara» e a estridência da estrela mediática do momento, um tal Pedro Marques Lopes, que passou a estar na moda sem que eu consiga perceber bem porquê. Mas isto sou eu que não percebo muito destas coisas de comunicação social nem de psicologia de massas.

E foi assim que, num espaço tão íntimo como o recato de alcova, me deixei envolver pela galhofa pueril de três patuscos que, comecem eles a falar da «face oculta» ou do preço da margarina nos supermercados, acabam sempre a «malhar» em Manuela Ferreira Leite. Eu seja ceguinho. Aliás esta foi uma faceta determinante na minha decisão em não castigar mais a inteligência deixando de ver e ouvir este grupo, que eu ainda não sei bem se é de comentadores políticos se de humoristas. Se são comentadores, comentam mal, totalmente desfasados de um módico mínimo de seriedade que é o que se pode exigir nestas coisas. Se são humoristas, confesso que não lhes acho graça nenhuma.

No meio disto tudo e após mais uma sessão de demonstração pública pelo escândalo da violação do segredo de justiça e em clara defesa de Sócrates e daquele «patatipatatá» repetitivo e típico de quem pouco mais sabe dizer ou fazer do que «malhar no PSD», mesmo dando de barato que Clara Ferreira Alves já cedeu frequentemente aos caprichos da pluma e tomou café em locais daqueles que dão imensa cultura geral, o que fica é a gargalhada idiota em geral e a indignação da integridade moral de Pedro Marques Lopes, a tal figura ascendente cuja ascensão, repito, ainda não entendi muito bem.

Uma referência ao Luís Pedro Nunes, com uma presença simpática e um genuíno sentido de humor que destoam no meio daquela chacota militante anti PSD. E a minha eterna questão: ainda lhes pagam por cima…
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segunda-feira, novembro 16, 2009

Uma questão de higiene


[3481]

Às vezes colho a impressão que alguns (muitos) dos políticos a quem estão entregues as rédeas de sectores fundamentais da vida do meu país, mais do que acatarem caninamente tudo o que emana do partido a que pertencem, são genuinamente abstrusos e sem a noção do mínimo de decência exigível para o desempenho de funções públicas. Assim é, por exemplo, quando um ministro da economia, um responsável por uma pasta delicada e vital para o país, acha que a utilização de escutas na investigação de corrupção envolvendo dinheiros públicos (de todos nós) e manipulação de sectores vitais como a comunicação social se inserem num plano de espionagem política. Mesmo quando os próprios órgãos de comunicação social noticiam coisas tão graves como recebimento de dinheiros a troco de influências ou revelam que um primeiro-ministro mente, sem pudor, aos portugueses. Ou sobretudo por isso.

Também vai sendo tempo de acabar com a ideia que Sócrates andou a ser escutado. O primeiro-ministro bem se esforça por passar essa mensagem, mas é falso. Ou uma inverdade, para usar a sua própria terminologia. Quem andou a ser escutado foi Armando vara. Que Vara se entretenha depois a falar com Sócrates em assuntos pouco aconselháveis pela decência exigível aos nossos governantes é que é já outra história.

Tudo isto começa, já, a ser uma questão de higiene pública. Diria mesmo que a passar das marcas…
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A face pouco oculta dos portugueses ( 2 )


[3480]

Nem de propósito, a TVI no seu programa noticioso da manhã, já me deu dose dupla de Mário Soares muito enfadado, classificando o processo «Face Oculta» como um «problema comezinho que a comunicação social gosta de extrapolar». O ar seráfico e de mestre-escola com que Mário Soares se vai maçando com estas coisas e pacientemente as vai explicando ao rebanho é um exemplo bem vivo do post anterior. Agora vou ali dizer um palavrão, daqueles bem ajavardados, e depois vou trabalhar.

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A face pouco oculta dos portugueses


[3479]

À míngua de um aparente farto currículo do novo treinador do Sporting, parece que a sua principal carta de recomendação é ter sido alguém que Mourinho já uma vez recomendou. E isto já nos chega. Se Mourinho disse, está bem dito e o homem só pode ser bom. Utilizando léxico adequado, esta «postura» e «atitude» são muito portuguesas e sempre fizeram escola. De resto isso passa-se muito noutros «relvados», como a política. Só isso poderá explicar, por exemplo, a frequência das crónicas em jornais e programas em televisão de Mário Soares e de outras individualidades, cotejadas pela comunicação social como postulados que nos são tão necessários como a saga dos descobrimentos. Para sobrevivermos no fado que Deus nos deu de fado. E a menos que mudemos de «sistema» rapidamente, seremos assim, porque é assim que sabemos ser, porque assim gostamos que seja. De vez em quando mete-se um libero ao barulho, um lateral que sobe mais pelos flancos ou um ponta de lança com jogo aéreo. Daí a incensarmos o obreiro da mudança vai um passinho. Mas pouco depois, passa o passinho e tudo volta à mesma.
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domingo, novembro 15, 2009

Limites de beleza


[3478]

Juliette Binoche é uma daquelas mulheres que deviam ter limites de beleza. Um dispositivo que não permitisse que elas fossem mais bonitas do que deve ser, à semelhança daqueles carros alemães com limitadores de velocidade. O carro vai saltar para os 300 km/h? Corta! Ai a Binoche não lhe chegavam os olhos cor de avelã, ainda tinha que ter uma boca cinzelada em modelo de cereja? Pára o barco e bota-lhe uma verruga no nariz, um pescoço com gelhas precoces ou pestanas curtas. Porque não é justo. Falar com esta mulher, assim, a sangue-frio, deve provocar tropeção no tapete, frases tartamudeadas ou dislexia pura, tipo mexer o café com a colher fora da chávena.

Deus devia usar a lei das compensações com mais parcimónia nas belas e magnanimidade nas não tão belas assim. Ficava toda a gente satisfeita e nunca haveria o risco de entrar no quarto atirar com o cigarro para cima da cama e lançarmo-nos pela janela fora. Distracções a que todos estamos sujeitos.

De qualquer maneira aqui fica um hino à beleza da mulher para se começar mais uma semana de trabalho. Mesmo que arriscando alguma quebra de produtividade.

Foto picada à papoila

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Direito à indignação

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Usam e abusam do poder como se fosse
direito próprio que algum deus lhes trouxe,
num jogo absurdo que se joga à margem
de regras, normas, ordens e preceitos.
E, porque tudo é seu, eis que a paisagem
se amolda aos seus caprichos e defeitos
e as leis ganham contornos e alçapões
que os poupam a quaisquer complicações.

O direito à indignação do Torquato da Luz
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Angola aos pedaços ( 2 )


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Este foi o meu segundo carro. O primeiro, como mandava a cartilha da época, tinha sido um feroz Mini, com 848 c.c. que o impulsionavam para uns fantásticos 140 km/h, se não fosse muito a subir, apesar de isso ser infinitamente «cagajessimal» perante o prazer de conduzir uma máquina daquelas.

Mas voltando ao meu segundo carro, um Autobianchi Primula 1200, uma variante pretensiosa da Fiat que resolveu aumentar as vendas com um produto razoavelmente dissemelhante. Este carro tinha 65 cavalos, era ruidoso e desconfortável mas suficientemente nervoso para bombear o sangue necessário às guelras de um condutor recém saído da adolescência. E tinha a característica de ser novo. Era o meu segundo carro, mas foi o meu primeiro novo. Daí que os primeiros quinze dias de vida do Prímula foram um regalo de fiabilidade. Só possível num carro novo e que se tornava ainda mais apreciada porque eu vinha de um carro que dia sim, dia não me obrigava a dar umas pancadinhas na bomba de combustível, para continuar a andar. Só que esses quinze dias foram só quinze porque fui uma vez fui interrompido à hora do almoço pelo dono de uma estação de serviço vizinha para me avisar que o senhor Freire (os portugueses, mesmo em África, sempre acharam que nos conhecemos todos uns aos outros pelo que eu deveria, supostamente, conhecer o Sr. Freire!!!) «tinha-le faltado os trabões e tinha esbarrado» contra o meu, que estava a ser paulatinamente sujeito a uma lavagem.

Um mês mais tarde, carro arranjado e pintado às custas do senhor Freire (um fotógrafo), meto-me à estrada em caravana com o meu pai para uma viagem de cerca de 200 km. Para quem conheça, quando se saia do asfalto ali pela Caconda e se tomava a estrada para a Chicuma, não asfaltada, até à Ganda, entrava-se numa estrada boa, mas perigosa. Trocado por miúdos, bom piso, mas escorregadio, uma espécie de saibro moído. Vale isto para dizer que sem saber bem como nem porquê, dei por mim fora da estrada com o Prímula com as quatro rodas no ar, após uma série de «reviangas» na tentativa de não sair da estrada.

Dentro do carro e sentado no tejadilho, virtualmente de pernas para o ar, via a gasolina a escorrer para o habitáculo, ao mesmo tempo que me lembrava dos filmes americanos, em que os carros explodiam por dá cá aquela palha. Estranhamente senti-me calmo, talvez pensando que os americanos eram uns exagerados, embora fosse aconselhável eu tentar sair daquela situação. Foi o que fiz. Movimentando-me com custo, consegui abrir uma das janelas traseiras (as da frente estavam bloqueadas) e saltar cá para fora. Meia hora mais tarde, o meu pai, que naturalmente dera pela minha falta, voltou para trás e apanhou-me. Olhámos para o carro e o carro ali ficou. Sem explodir, o que mais cimentou a ideia de que os americanos eram uns exagerados. Uma semana mais tarde, duas professoras de Sá da Bandeira, na mesma estrada, tiveram um acidente semelhante ao meu. Capotaram, o carro incendiou-se e as duas morreram. A partir daí comecei a acreditar um pouco mais nos filmes americanos.

A que propósito vem esta história? Porque se regista hoje um dia qualquer de sinistralidade rodoviária. E eu tive uma série de acidentes. Em todos tive, basicamente, muita sorte. Como neste que acabei de referir, quando estive mais de dez minutos dentro do habitáculo de um carro com um depósito de gasolina a verter gasolina em bica lá para dentro. Ah! E também porque está a chover, estou em casa e a recordação de um acidente de carro é um bom pretexto para «não falar daquele que, à boa maneira de Night Shyamalan, não podemos falar» porque ele zanga-se muito quando passamos as marcas.

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sábado, novembro 14, 2009

DN - Uma ternura de jornal


clicar para aumentar
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Eu lembro-me do respeito e até veneração que o Diário de Notícias me infundia em miúdo. Eu ainda mal lia jornais, mas só o cabeçalho bastava para me indicar que estava em face de uma coisa séria, uma coisa de gente graúda, respeitável, e que ainda por cima o meu pai lia com atenção. Das vezes em que me aventurava pelo interior das suas páginas, mais arreigada era a convicção de que aquilo era coisa mesmo à séria e que quando eu fosse grande também queria ler o Diário de Notícias, como o meu pai e outros senhores de fato e gravata que eu costumava ver no autocarro (nesse tempo, as pessoas andavam de fato e gravata nos autocarros).

Hoje, o Diário de Notícias, circunstancialmente, é um jornal que deixei de ler há cerca de dois anos, sob pena de não ganhar para kompensan. E esta capa explica-me bem porquê. Num verdadeiro hino àqueles que se preocupam com o amigo Joaquim e por ele zelam, a capa dedica um generoso espaço ao 64º homem mais poderoso do mundo (na verdade um dos fundadores do pântano em que vivemos e que abandonou o navio como os ratos inteligentes). Depois, a notícia de que os ingleses arquivaram Freeport. Qualquer coisa ao estilo, «nós não vos dizíamos?» Finalmente o toque de ternura, o cafuné delicado, a noticia que faltava aos portugueses: Sócrates brincava com Dinky Toys, quando era pequenino. Imagine-se. Eu era mais Corgi Toys, o que me faz pensar que passei ao lado de uma grande carreira. Tivesse eu brincado com a Dinky em vez da Corgi e, provavelmente, outro galo cantaria. Ainda por cima abastardei a coisa porque cheguei a uma altura que até com os Matchbox brincava, o que mostrava bem como eu era uma criança volúvel e sem potencial sentido de Estado. Não me apercebi que a Dinky era para os predestinados.
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Sporting: um clube de elites?


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As coisas andam mal. 8º lugar no campeonato, uma equipa a arrastar-se pelos relvados, um presidente que já não sabe bem o que diz, mistura caucasianos com visigodos (alguém que pergunte ao presidente se ele não queria dizer suevos) mouros e terrorismo a soldo de alguém que ele sabe, o fracasso na primeira abordagem feita a um treinador e a contratação de um director de futebol que resolve as coisas a murro parecem-me um cartão de vista pouco recomendável para que o Sporting retome o lugar que lhe pertence. Se não nos resultados desportivos, pelo menos no domínio da ética e da elegância.
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Aviso à navegação


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Villas boas que se cuide. Que Sá Pinto, quando se irrita, desata ao estalo. Artur Jorge deve lembrar-se.

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sexta-feira, novembro 13, 2009

E a marquise de Cavaco? Lembram-se?


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Aí temos Sócrates novamente a espernear e a achar que tem o mundo mancomunado para o insultar e denegrir. Há longo tempo que este homem não faz outra coisa que não seja isso mesmo. Desmentir, vitimizar-se e acusar este mundo e o outro da série infindável de tropelias que lhe atribuem.

O que Sócrates ainda não percebeu é que mais que saber se ele é culpado ou inocente o que realmente se está a tomar impossível de suportar é esta omnipresença da criatura em tudo o que cheire mal. São já coisas a mais para que este homem não se esteja a tornar num verdadeiro pesadelo para uns (muitos) e num tremendo incómodo para outros (desconfio que muitos, também). Sócrates também ainda não percebeu que poderia acabar com toda esta bandalheira com uma breve comunicação. Dois minutos chegariam para ele clarificar tudo. A menos que «tudo» não seja clarificável e ele não o possa fazer. Vá-se lá saber.

Paralelamente, as vozes e os argumentos dos defensores de Sócrates começam também a tornar-se patéticos e a contribuir, quiçá deliberadamente, para ensarilhar mais as linhas. De tal maneira que dificilmente se pescará algum peixe.

Nota: Hoje lembrei-me do escândalo que foi quando Cavaco Silva mandou pôr uns azulejos na sua casa do Possolo. Ou fechar uma marquise. Já nem me lembro bem. Mas faltava uma licença camarária, um papel, faltava qualquer coisa. E toda a gente se irou imenso com a tremenda contravenção cavaquista. Ou, ainda, quando Carrilho gastou umas massas a arranjar a casa de banho do seu ministério. Caiu o Carmo. Eram tempos felizes…

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quarta-feira, novembro 11, 2009

Ralé política

[3472]

Entre o atabalhoamento de Noronha Nascimento e a truculência insuportável de Marinho e Pinto, passando pela pose comovente de Pinto Monteiro, na qual ele parece que não sabe onde há-de pôr as mãos, há um pormenor que me parece óbvio. Pode haver uma montanha de legislação sobre o facto de as principais figuras do Estado só poderem ser escutadas mediante autorização do Supremo Tribunal de Justiça. O que acontece é que no caso de Sócrates não podia haver essa autorização, pela simples razão de que não era ele o escutado. O facto de um dos escutados (Vara) ter falado com Sócrates está para além dos pruridos da lei. E isso altera tudo. Mesmo que subsistam os condicionamentos legais (e acredito que existam) sobre um assunto tão delicado como este, o que fica são os factos noticiados segundo os quais o primeiro-ministro discutiu assuntos tão críticos como o afastamento de jornalistas incómodos ou de como se poderia ajudar o «amigo Joaquim». Há, assim e claramente, uma responsabilidade política de Sócrates que, se não estivesse convencido de que não podemos passar sem ele, teria, pelo menos, apresentado a sua demissão. Porque é assim que se faz, quando se anda a brincar aos primeiros-ministros e a coisa corre mal, num país que se queria liberto de vez das raízes atávicas em que foi mergulhado pelos sucessivos salvadores da pátria que lhe foram saindo ao caminho.

Uma nota final para a triste figura do bastonário Marinho e Pinto. O homem está possesso, ainda lhe dá três coisas. Armado com a legislação, constituição e outras circunstâncias avulso consegue zangar-se mais agora do que quando defendeu Sócrates no caso Freeport ou atacou os «ladrões do BPN».

Pois, enquanto este país se for mantendo num caso de Benfica/Sporting, quem vai ganhando é o F.C. Porto.
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Carta aberta a J. Sócrates

[3471]

Autor: João Miguel Tavares


Excelentíssimo senhor primeiro-ministro: Sensibilizado com o que tudo indica ser mais uma triste confusão envolvendo o senhor e o seu grande amigo Armando Vara, venho desde já solidarizar-me com a sua pessoa, vítima de uma nova e terrível injustiça. Quererem agora pô-lo numa telenovela - perdoe-me o neologismo - digna do horário nobre da TVI é mais um sintoma do atraso a que chegámos e da falta de atenção das pessoas para as palavras que tão sabiamente proferiu aquando do último congresso do PS:”Em democracia, quem governa é quem o povo escolhe, e não um qualquer director de jornal ou uma qualquer estação de televisão.” O senhor acabou de ser reeleito, o tal director de jornal já se foi embora, a referida estação de televisão mudou de gerência, e mesmo assim continuam a importuná-lo. Que vergonha.Embora no momento em que escrevo estas linhas não sejam ainda claros todos os contornos das suas amigáveis conversas, parece-me desde já evidente que este caso só pode estar baseado num enorme mal-entendido, provocado pelo facto de o senhor ter a infelicidade de estar para as trapalhadas como o pólen para as abelhas - há aí uma química azarada que não se explica. Os meses passam, as legislaturas sucedem-se, os primos revezam-se e o senhor engenheiro continua a ser alvo de campanhas negras, cabalas, urdiduras e toda a espécie de maldades que podem ser orquestradas contra um primeiro-ministro. Nem um mineiro de carvão tem tanto negrume à sua volta. Depois da licenciatura na Independente, depois dos projectos de engenharia da Guarda, depois do apartamento da Rua Braamcamp, depois do processo Cova da Beira, depois do caso Freeport, eis que a “Face Oculta”, essa investigação com nome de bar de alterne, tinha de vir incomodar uma pessoa tão ocupada. Jesus Cristo nas mãos dos romanos foi mais poupado do que o senhor engenheiro tem sido pela joint venture investigação criminal/comunicação social. Uma infâmia.Mas eu não tenho a menor dúvida, senhor engenheiro, de que vossa excelência é uma pessoa tão impoluta como as águas do Tejo, tirando aquela parte onde desagua o Trancão. E não duvido por um momento que aquilo que mais deseja é o bem do Pais. É isso que Portugal teima em não perceber: quando uma pessoa quer o melhor para o País e está simultaneamente convencida de que ela própria é a melhor coisa que o País tem, é natural que haja um certo entusiasmo na resolução de problemas, incluindo um ou outro que possa sair fora da sua alçada. Desde quando o excesso de voluntarismo é pecado? Mas eu estou consigo, caro senhor engenheiro. E, com alguma sorte, o procurador-geral da República também. Atentamente, JMT.


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terça-feira, novembro 10, 2009

Bull shit


[3470]

Não sei por que carga de água, ocorre-me aquela deliciosa comédia romântica com a Kate Hudson e Matthew McConaughey, quando ele a leva a conhecer os pais e estão todos a jogar “bull shit”. O jogo consiste basicamente em citar uma carta. Se o adversário acreditar não diz nada. Se não acreditar diz "bull shit" e pede para mostrar a carta.

A subtil diferença é que no filme o "bull shit" tem um impacto lúdico e de cada vez que somos ludibriados desata tudo a rir às gargalhadas. O problema é quando este sentimento de ludíbrio não só não nos faz rir como nos faz sentir perfeitamente idiotas. E nem sequer podemos pedir que nos mostrem a carta.
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Gramática técnica


[3469]

Parece que as
escutas ao primeiro-ministro vão ser invalidadas. Tinha que ser um tribunal superior a autorizar, na prática é impossível parar as escutas quando alguém não contemplado com a autorização das escutas fala, porque não há tempo para lhe telefonar e avisá-lo e depois aquele assunto noticiado sobre a Prisa e a TVI não tem nada a ver com o sucateiro e depois está de chuva e berreubéubéu e ponto final. E quem quiser que vá escutar para outra freguesia que não tem nada que andar a desconfiar. Desconfiados, é o que somos todos. Mesmo que tenhamos chegado a um ponto em que se dá um pontapé numa pedra e apareça o sujeito da desconfiança e o predicado seja parecidíssimo com o complemento directo, apesar do complemento circunstancial de modo não pareça ter tanto a ver com o aposto ou continuado.

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Pífio mas teso

[3468]

«Há muitos que dizem com justiça que as revoluções democráticas precursoras do movimento que levou à queda do Muro foram as revoluções ibéricas as revoluções democráticas em Portugal e em Espanha, e eu faço essa leitura histórica»

José Sócrates não quis deixar por mãos alheias o sentimento pífio e marialva que nos caracteriza, desde que as pessoas começaram a ter a mania e a tendência de se esquecerem de nós depois dos descobrimentos. Vai daí, «desarrincou» esta «tirada» onde, de uma cajadada, mata o coelho da revolução de Abril em Portugal, apesar da resistência heróica daqueles que não permitiram que se desvirtuasse o rumo do 25 de Abril que, entretanto, ia apontando para a instalação do regime vigente em Berlim-Leste, e matou o outro coelho espanhol, qual fosse o de achar que o processo iniciado e materializado por Franco e que apontou para a transição pacífica do regime espanhol e para o regresso do Rei de forma ordenada e na paz do Senhor, tivesse sido uma revolução democrática.

Por estas e por outras é que Reagan, João XXIII, Walesa e Gorbatchov conseguiram contribuir para o derrube do muro. Inspirados pelas revoluções peninsulares. Sobretudo a portuguesa, que eu bem me lembro de uma vizinha a quem os SUV (Soldados Unidos Vencerão) lhe deitaram o muro abaixo para ver se ela tinha armas na capoeira. Fugiram-lhe as galinhas todas e a única coisa que lhe encontraram foi uma caçadeira velhinha com que o neto costumava ir aos tordos que lhe comiam os figos todos numa figueira que ela tinha num quintal ali para os Olivais. Mas foi uma premonição, configurada na imagem comovente do derrube do muro que suportava a capoeira.
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O novo Público


[3467]

Como é do conhecimento geral, o Público sentiu uma necessidade intestina de aliviar o excesso de peso ideológico que lhe tolhia os movimentos e o peristaltismo intelectual da sua redacção. Assim sendo e em linha com o respeito pelo primado da isenção, o editorial não assinado de ontem rezava esta iluminada e isentíssima peça:

“O casamento entre pessoas do mesmo sexo é um direito que deve ser reconhecido por uma sociedade que defende a igualdade e rejeita a discriminação. É um passo em frente num país que progressivamente se liberta de preconceitos e evolui no sentido da tolerância. Não existe entre nós um consenso sobre a questão, como é sabido. Mas é importante que o debate seja elevado. E que decorra no local adequado, que é o Parlamento e não o referendo. Foi um tema da campanha eleitoral e é aos deputados que compete legislar.”

Fiquei comovido. Ao deplorável excesso de peso ideológico sucede-se agora a «barbaridade» aplicação da sua prometida isenção.

Via Cachimbo de Magritte

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segunda-feira, novembro 09, 2009

Falando de saudade

[3466]

Porque me apeteceu.

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Alguém que lhe explique


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Alguém explique ao Pedro Sales que os muros que ele cita aqui são muros destinados a conter gente de fora para dentro. O Muro de Berlim, ao contrário e ao contrário do que a propaganda socialista dizia, destinava-se a conter gente de dentro para fora.

Não que este pormenor acrescente algum capital de simpatia pelos muros, mas há diferenças substanciais que não podem ser escamoteadas. E é profundamente irritante que a esquerda moderna faça bandeira das bandeiras dos outros, em nome da retórica habitual das liberdades e das igualdades. Com que ela, a esquerda, aliás, convive mal. Tão mal que só comecei a ouvi-la depois do muro (o de Berlim) cair.

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Os zelotas da paróquia


[3464]

Pacheco Pereira censurado por um zeloso editor de política do Expresso em 1978. Ainda o muro estava bem de pé…


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Campanhas brancas


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Dantes eram as campanhas negras. Agora, ou muito me engano, ou há por aí uma série de campanhas brancas. Desde as atitudes dignas de quem se demite, repetidas à exaustão pela comunicação social, até às reportagens televisivas a patrícios de arguidos, que consensualmente acham que eram pessoas muito boas e que quem diria

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4 meses?

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A verdade é que pode haver um milhão de razões técnicas para o PGR manter as escutas das conversas entre Sócrates e Vara. Aceito que sim, que estas coisas da justiça têm desígnios tortuosos. Mas a verdade é que agora que sabe que elas existem, Pinto Monteiro deve esclarecer os portugueses (e as portuguesas, para usar o bom léxico socialista) o que se passa. Para que a suspeita (que já existe) não atinja dimensões incontroláveis.

Ler aqui. E aqui. Vale a pena ler tudo.

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Pudessem eles...


[3461]

O muro de Berlim era o que a maioria das pessoas sabe. Ainda que muitas dessas pessoas, por mais novas, tenham uma imagem algo distorcida da realidade e outras se tenham rápida e convenientemente travestido de esquerda moderna perante a impossibilidade de reformar o comunismo (esta do comunismo reformável ouvi ao Daniel Oliveira no Eixo do Mal, quando afirmou que o dia da queda do muro foi o dia mais feliz da vida dele).

Com o muro terá caído um regime, mas não terão caído muitas pessoas que o tornaram possível. Pessoas perfeitas, iluminadas e a quem lhes foi consignado o privilégio de indução de comportamentos para uma sociedade perfeita. É dessas pessoas que eu ainda hoje tenho medo. Porque foram elas que alimentaram o mais cruel e sanguinário dos regimes, não só pela perda trágica de milhões de vidas como pelo estabelecimento de uma sociedade castrada a que nada era permitido senão comer, ver, ler e ouvir exactamente e apenas o que lhes era autorizado. Era, possivelmente, o lado mais trágico do regime que aguardava, guloso, o avanço de gerações já nascidas sob a pata socialista e que nada mais conheciam que não fosse a geometria fixa da sua existência. Dessas pessoas iluminadas, dizia eu, tenho medo ainda hoje. Porque estão despeitadas pela derrota, porque perderam privilégios e porque possuem um ADN incompatível com a liberdade. Porque ainda não perceberam que as pessoas preferem o primado da liberdade e a individualização da vontade, mesmo que para isso tenham de pagar preços tão elevados como a corrupção e as injustiças sociais. Porque podem pelo menos, lutar contra elas. Ao contrário das sociedades comunistas que não podiam lutar por nada, a não ser pelo que lhes mandassem.

Vinte anos depois da queda do muro, sinto uma grande alegria porque as pessoas conseguiram deitá-lo abaixo. Fica-me a saber a pouco, já que há um punhado de gente que merecia um real enxerto de porrada. Mas o tempo passa e os ódios diluem-se. Mesmo por aqueles que ainda hoje acham, que a queda do muro foi uma catástrofe. Desses, pudessem eles, ainda poderíamos vir a ouvir falar. Pudessem eles…

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sexta-feira, novembro 06, 2009

E esta, hein?


[3460]

Quem se lembra de Susan Boyle?
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Intragável - situação complicada


[3459]

É-me indiferente a conotação da semântica usada por Ferreira leite na campanha das legislativas. A verdade, crua e directa é que dificilmente se traga a presença do primeiro-ministro, sobretudo se pensarmos que vamos ter mais quatro anos «disto». Por «isto» entenda-se a insuportável arrogância da criatura, a total ausência de substância em tudo o que diz, como ontem se viu na Assembleia, a embaraçosa falta de nível e berço com que ele maneja os debates (?) em que participa, achincalhando os adversários e recorrendo a figuras de retórica que só usa quem não tem capacidade para mais. A forma como se dirigiu ontem a Pacheco Pereira, com raiva e despeito, foi disso boa prova. Entenda-se ainda a conjuntura que se desenha para os tempos vindouros, mas que começaram já, nos quais vamos sendo bombardeados com notícias, ao ritmo de tortura chinesa, da excelência de Sócrates e seus rapazes, como está a acontecer já com a inevitável Eurosondagens, que se encarrega de nos fornecer continuamente resultados como os que nos deu ontem. Subida de Sócrates e do Partido, descidas do PSD, e grande baixa de popularidade de Cavaco Silva devido aos «acontecimentos» das escutas. Este termo «acontecimento das escutas» é mesmo paradigmático do som ambiente. Pouco importa já a essência, a verdade do que se passou, interessa sim mencioná-lo, assim pela rama em jeito de «fait accompli», de uma forma em que se assume com naturalidade as «culpas» do Presidente.

Sujeitos a esta forma de fazer política (?), a esta coreografia permanente e à ausência total de uma consciencialização séria e serena (e devida aos portugueses) sobre uma das mais sérias e potencialmente perigosas situações em que Portugal se encontra, ocorre-me perguntar: se isto não é asfixia democrática, então o que é?

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Everton 0 SLB 2

[3458]

Ladeando a tristeza de ver o meu Sporting a arrastar-se penosamente pelos relvados, congratulo-me com a prestação dos lampiões e questiono-me até onde poderia ir esta equipa se estivesse a disputar a «Champions».
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quinta-feira, novembro 05, 2009

Pedir desculpa por ter nascido


[3457]

Estes brancos são lixados. Discriminatórios, visceralmente racistas, geneticamente estigmatizados e facilmente permeáveis aos factores ambientais, sendo que os factores ambientais são eles próprios gerados a partir de pressupostos racistas, assentes nos alicerces de uma suposta supremacia racial. Já de bebés, os brancos mostram a sua execrável natureza, patente na franqueza de uma criança e, à medida que vão crescendo, caldeada na hipocrisia que vão aprendendo a cultivar.

É urgente um plano de emergência com duas fases distintas. A primeira, vedar aos bebés brancos o convívio com outros bebés da mesma etnia para que se familiarizem com negros. A segunda, um programa detalhado e debatido por reconhecidos sociólogos (deixar o Papa fora disto, que é um homem perigoso), de preferência europeus, segundo o qual as crianças brancas comecem a intuir um sentimento de culpa a partir, digamos dos três anos, e a adoptar comportamentos sociais compatíveis com a sua natureza de racistas caucasianos. Incluindo pedidos de desculpas, por exemplo, em documentos oficiais, coimas (uma multa de estacionamento poderá ser ao abrigo do decreto x conter e ao facto de ter nascido branco e de lhe vir das tripas um condenável ódio aos pretos) e adequada legislação que permitirá saber-se a fase de regeneração e a adaptação a uma sociedade como deve ser, de cada branco à medida que vai crescendo. No documento único, por exemplo.


Nota: O artigo da Newsweek até é interessante. O título nacional (quem é a Cristiana Martins?) é que é absolutamente idiota.
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quarta-feira, novembro 04, 2009

Não há post

[3456]

Há dias assim. Obedecemos ao impulso de nos sentarmos ao computador e escrever alguma coisa, mas depois somos envolvidos por uma espécie de temporizador de emoções que nos faz parar. E, enquanto parados, aproveitamos para pensar e nos apercebermos que a vida encerra segredos com os quais as pessoas nem sempre sabem lidar. Algumas delas perecem mesmo, quiçá porque a intensidade desses segredos torna-os uma carga demasiadamente pesada. Por vezes, isso está para além do conhecimento ou compreensão dos que lhes são próximos.

Não há post hoje. Amanhã é outro dia. Porque a vida continua.
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terça-feira, novembro 03, 2009

Ele há cocós para tudo...


[3455]

Ferreira Leite tinha razão quanto àquela ideia da censura provisória, temporária e temporizada. Falo por experiência própria. Eu conto: Todos os dias à mesma hora e naquela fase em que estou ainda numa espécie de limbo entre o acordado e o adormecido, que é quando a minha rotina diária me obriga ao aroma de um bom café e um par de fatias de pão com um bom queijo antes de ir para o chuveiro, apanho com um anúncio de que não consigo perceber bem a substância. Isto não porque não esteja suficientemente interessado, mas apenas porque as notícias matinais na televisão são parte integrante da minha rotina, também. Resulta daqui que ao longo de um processo distraído de mastigar e deglutir há uma corrente de palavras que não distingo. Isto se não fosse a expressão cocó difícil… é uma frase que desperta a atenção. Pela escatologia envolvida a uma hora imprópria, porque sai do televisor normalmente no momento exacto em que estou a engolir uma pasta de pão devidamente mastigado com queijo e porque um «cocó difícil» me parece uma frase absurda. Não só me condiciona o prazer intrínseco do meu sacralizado café, como me faz pensar que os «cocós» devem ter uma personalidade própria. Um «cocó», afinal, pode ser difícil como uma mulher esquiva ou uma criança travessa.

Quando dou por mim a tentar decifrar o anúncio, que de um anúncio se trata, já não vou a tempo. Aquilo passa para um Actívia qualquer ou para um detergente miraculoso que lava uma data de loiça com um pingo apenas. Resultado. Continuo com esta dúvida angustiante. O que levará alguém a chamar difícil ao «cocó»? Mais. Que «cocós» são estes, com personalidade própria e, aparentemente, com birras?

Esta angústia já se arrasta por alguns dias e todas as manhãs me esqueço. Mas prometo estar mais alerta amanhã. Macacos me mordam se não acabo por descobrir a que se refere o tal anúncio e, não menos importante, porque é que o tal «cocó» é difícil. Nada que se resolva com um par de palmadas? Ou com um ramo de flores?
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