quinta-feira, outubro 22, 2009

O Bloco e o Colégio Militar


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Em boa verdade não sou contra a praxe académica. Sou é contra a forma como a praxe académica é generalizadamente exercida, porque muitos dos nossos jovens se embebeda pelo poder efémero advindo da antiguidade e especificidade ambiental do momento e o exercem com aqueles resquícios de malvadez de quem sabe que mais cedo o mais tarde o perderá. De resto, esta é a matriz comportamental de muitos estudantes que exorbitam do poder, sem saberem bem como lhes veio parar às mãos, que frequentemente se reflecte na forma como esses estudantes, mais tarde vêm a apurar as suas atitudes de comando na vida profissional. Não por acaso, o nosso país é muito dado ao caciquismo, ao abuso do poder e, em última análise, à entrada no campo da ilegalidade por força do poder que se detém. Autarcas, deputados, membros do governo, chefes de repartições, burocratas, gestores ou simples motoristas de transportes públicos demonstram cabalmente como o poder pode ser mal exercido, dependendo da formação de cada qual. E aqui é que reside o problema porque a tentação é grande, sobretudo para os fracos.

Isto, na minha opinião, é o que se passa no Colégio Militar. Penso que não será nem mais nem menos do que se passa noutras instituições de ensino. Talvez com mais visibilidade, por ser um colégio com uma pesada herança de tradição secular. E, tanto quanto julgo saber, os excessos praticados são detectados, investigados e punidos. Mas daí a aparecerem Rosas e Louçãs armados nos justiceiros do costume a usarem, eles próprios, uma linguagem de violência e de abuso de poder (à partida acusando a instituição militar de sabotagem organizada) deveria ir uma grande distância que o Bloco, normalmente, não respeita. Por um lado porque chama um doce a qualquer causa que lhe traga visibilidade, Por outro, porque o tempo que lhe sobra do tempo que ele próprio utiliza na manipulação de jovens estudantes do secundário e do superior, através de brigadas específicas para o efeito, fomentando a rebelião, a desobediência civil e instituindo o medo em todos os que não aderirem às suas nobres causas, o tempo que lhe sobra, dizia eu, é muito pouco para que ele se detenha numa análise séria das praxes académicas. Isto se o Bloco fosse capaz de fazer análises sérias sobre o que quer que seja.
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