terça-feira, setembro 29, 2009

A Comunicação do Presidente


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Não consigo perceber a aparente dificuldade no entendimento cabal da mensagem do Presidente da República. Percebo, sim, a estratégia deliberada de uma grande parte dos jornalistas e comentadores que ouvi depois da intervenção de Cavaco Silva, baralhando o cenário, tergiversando, especulando, questionando e formatando afirmações à medida das suas próprias conveniências. Alguns desses comentadores foram mesmo caricatos como Luís Delgado e o fiel Betencourt Resendes, frenéticos na missão de baralharem de tal forma as ideias que às tantas eles próprios se perdiam, não sabendo bem o que estavam a dizer.

No fundo, o que verdadeiramente fica deste episódio, mau grado a reconhecida inabilidade de Cavaco Silva em lidar com a política dura, é que o Presidente acusou frontalmente o Partido Socialista de uma elaborada manobra de manipulação tentando por duas vezes colá-lo ao PSD, para mais tarde o poderem acusar de parcialidade, através de uma urdidura bem tecida, com pormenores absolutamente espantosos e que revelam bem o profissionalismo de quem esteve envolvido na trama. Desde a utilização e publicação dos mails pelo pasquim do costume a (aparentes) afirmações de dois dos lacaios do regime, Junqueiro e Vitalino, quando começaram a berrar que elementos da Casa Civil da Presidência estavam a fazer o programa eleitoral do PSD e exigindo (os socialistas exigem) que o Presidente interrompesse as férias para vir a Lisboa desmentir o assunto. E depois há toda uma sucessão de episódios de todos conhecidos que basta juntar como se fosse um puzzle para se perceber o alcance da manobra. E é isto que está factualmente comprovado. Pasmo é como com todo o histórico de «trambique» do Partido Socialista haja ainda quem questione a factualidade desta situação e se admire.

Cabe ao Partido Socialista descalçar a bota. O que Cavaco Silva irá ou não fazer, não sei. Provavelmente nem ele. Mas, entretanto, revelou o seu elevado sentido de Estado ao esperar pelo fim das legislativas para acusar, olho no olho, o partido do Governo como responsável pela tramóia. Que de uma tramóia se tratou. E um exemplo vivo da tal asfixia democrática de Manuela Ferreira Leite tanto falou e que foi motivo de alarve chacota por parte dos costumeiros bobos da corte.

O Partido Socialista, uma vez mais, prestou um muito mau serviço ao país.
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1 Comments:

At 8:58 da tarde, Anonymous daniel tecelao disse...

Há quem acredite nos milagres de fátima,assim como na honradez de carácter de Cavaco Silva,cada um acredita no quer.
É preciso ter uma deslavada lata para escrever este post,subvertendo a realidade dos factos,e pior,fazer apreciações sobre comentadores que não afinam pelo seu diapasão.
O facciosismo em politica é mais preversa que no futebol!!!

 

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