sexta-feira, agosto 07, 2009

A sanha e o escarcéu...


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… são, consabidamente, uma forma emotiva e irracional de reagir a qualquer coisa de que não gostamos. Deitamos fora a licitude dos propósitos e ignora-se qualquer réstia de pudor e ponderabilidade para extravasarmos a torrente revolta da revolta dos nossos sentimentos em relação a uma situação ou a uma criatura.

A reacção em cadeia às listas dos PSD (talvez o acontecimento do ano…) poderia e deveria constituir-se em case study da idiossincrasia nacional e tenho a certeza que algumas das considerações finais seriam pouco menos que espantosas.

Mas isto é uma coisa, outra, bem diferente, é a pauta cuidadosa e profissionalmente estabelecida para se pronunciar uma das mais competentes urdiduras conta o PSD. Refogou-se umas quantas características de Manuela Ferreira Leite em unto de um fenómeno mais ou menos indecifrável (leia-se um ódio visceral a uma coisa que se convencionou chamar de cavaquismo) adicionou-se as especiarias em uso na paróquia e eis que surgiu facilmente o pomo da campanha, que de uma campanha se trata, ainda que, em alguns casos, subconsciente. Passos Coelho, um homem pouco fiável nos padrões de confiança de MFL e de quem o mais que sei é que leu um livro que Sartre não escreveu, parece que é bonito e fica bem nas fotografias e na televisão (ah! E foi o MELHOR líder da JSD, segundo me foi fito por um expert na matéria), DEVERIA ter sido escolhido para as listas (que MFL não é dona do Partido), Preto e Helena deveriam estar a ferros numa masmorra qualquer e, céus, o cavaquismo voltou em força. Os velhos. As relíquias. O cavaquismo em peso, aguardando agora os pormenores que, adivinha-se, pintalgarão o universo dos leitores de blogues, revistas e jornais, e onde não faltará uma célebre manta da TAP (estou francamente admirado de ainda não se terem lembrado de tal) que aqueceu Deus Pinheiro nos intervalos das suas snobes partidas de golfe.

Temos, assim, dois aspectos distintos do tema nacional do momento. A bruxa, a velha, a feia, a espanta-votos que se permitiu destruir o que restava do PSD e um conjunto de acções habilmente criadas e geridas para aproveitar a dinâmica do momento para, de uma vez por todas, pontapear o que resta da credibilidade de MFL e afastar para bem longe o espectro do «fenómeno fortuito» da vitória nas europeias, coisa que se tem de evitar a todo o custo. E é assim que temos a esmagadora maioria da Blogo a carpir a fatalidade das escolhas de MFL ou a entreter-se no mais descarado vitupério de que me recordo num passado recente, lado a lado com um desfile de personalidades absolutamente extraordinárias que comparecem à chamada na tareia a MFL. A recente ida á SIC-N da extraordinária Maria de Belém Roseira (mulher que, como se sabe, se distinguiu no seu brilhante desempenho como ministra da igualdade, se bem se lembram e a partir do que ficamos todos iguais…) e do espantoso Ângelo Correia são, de tudo isto, um bom exemplo.

Preparemo-nos, assim, para mais quatro anos de Sócrates. Arrecademos as licenciaturas domingueiras, o bom gosto e a lisura de processos das casas da Guarda. As trapalhadas em que ele, coitado, se viu envolvido na qualidade de Zezito, por causa de um tio trapalhão e de um «filho do tio» mais ou menos estouvado e em mode zen lá pelo oriente, do terceiro-mundismo em que durante quatro anos nos vimos mergulhados por força das campanhas, viagens e inglês técnico do nosso primeiro a vender Magalhães pelo mundo fora, os ralhetes e descomposturas diários a que fomos sujeitos porque, aparentemente, nos portávamos mal, quando não compreendíamos ou nos entretínhamos em campanhas negras contra ele, ele, coitado, razão de umas quantas trapalhadas de pressão de justiça e outras banalidades, o vazio estarrecedor de tudo quanto este homem nos foi dizendo durante anos, em tom e forma de comício, esqueçamos ainda as monumentais trapalhadas em que este homem nos envolveu ou permitiu que nos envolvêssemos mas, por amor de Deus, concentremo-nos no essencial. MFL não é dona do PSD, não tinha nada que ostracizar os PSD’s que melhor saem nas fotografias e na televisão e, céus, muito menos se atrever a fossilizar o Partido com algumas tenebrosas figuras do tenebroso regime do vampirino Aníbal.

Leitura recomendada: “…Declaração de interesse: tenho mais respeito por Kim Jong-Il do que por Pedro Passos Coelho…”
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2 Comments:

At 10:10 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

carcéu é o que faz a Manuela com as escolhas que faz. O resto é conversa para adormecer

 
At 10:11 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

escarcéu, é o que eu queria dizer

 

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