sexta-feira, maio 29, 2009

Volto já


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Vou ali e já venho.


Um bom fim-de-semana para todos e cuidado com as roubalheiras para não irritarem o Vital.

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Cambada de ladrões, diz ele


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De cada vez que faço uma crítica a Vital Moreira, numa roda de amigos, por exemplo, recebo uma contra-argumentação mais ou menos apologética e laudatória, segundo a qual:

- Vital é um grande constitucionalista
- É da escola de Coimbra
- O Pacheco Pereira também já foi comunista. E a Zita Seabra. E o Durão Barroso foi MRPP

Eu só gostava de perceber a relação entre ser-se um estudioso da constituição, universitário coimbrão ou pelo facto de outras personagens do espectro político nacional já terem sido comunistas e o facto incontornável de Vital ser um inábil candidato às europeias e, pior, revelar um carácter duvidoso, rasteiro e ressabiado quando, como agora, associa um Partido à “roubalheira do BPN”.

Esta forma de estar faz parte da cartilha do partido Socialista, onde interessa mais “malhar” do que fazer alguma coisa de prestável pelo país. Talvez porque seja a única coisa que sabem fazer a preceito, ainda ontem António Costa dizia (ia a dizer, “sem se rir”, mas não é verdade, ele tem aquele sorriso melífluo de imagem de marca), na Quadratura do Círculo, que uma coisa era Dias Loureiro demitir-se por imperativos éticos, outra, bem diferente, era Sócrates e a tralha socialista adjacente se demitir pelas mesmíssimas razões. É diferente, diz Costa, sem que se perceba exactamente porquê. Nem interessa. É diferente, ponto, e basta o sorriso de Costa para explicá-lo. E quem não entender é porque é burrinho militante e com as quotas em dia.

É necessário um grande estômago, diria mesmo daqueles de ruminantes, com pança, folhoso e correlativos, para digerir esta lógica socialista. Tal e qual como para o seu habitual despudor, como o que Vital achou por bem, agora, usar, associando o PSD às “roubalheiras do PSD”.

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quinta-feira, maio 28, 2009

A gritaria

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Este homem ultrapassou a raia do decoro. Embaraça e gera sorrisos de complacência. Ele acha que o que interessa é o timbre, a fonética, para quê esboçar uma ideia, uma frase gramaticalmente escorreita, para quê ir além do que verdadeiramente interessa, ou seja porque sair deste fluxo torrencial de retórica de quem nem ele próprio recordará um minuto depois de a ter usado?

Há pouco ouvi uma intervenção de uma apresentadora norte-coreana que, em gritaria plena, avisava os sul-coreanos que seriam atacados se ousassem inspeccionar os pacíficos barcos do Norte. A mulher berrava, em obediência às linhas de fundo que lhe foram inculcadas pelo sistema. Acreditem que me lembrei do Grande Líder. Mas do nosso. Tal como a apresentadora, ele berra. Ele acha que a gritaria é sinónimo de razão e tem a força e a nobreza do argumento correcto. Não importa o que diz, desde que berre e acuse o PSD de todas as malfeitorias e afirme que o PS é a salvação da alma lusa.

Sócrates é um caso sério de embaraço. Faz lembrar aquela tia que não vemos há duas décadas, que aparece de repente numa festa de família e nos leva a fingir que não a conhecemos de lado nenhum.

Sócrates tem todas as condições para garantir o êxito na Venezuela, na Colômbia ou mesmo em Pyong Yang. E, neste último caso, nem a língua seria barreira, reconhecida a sua facilidade em aprender qualquer língua. Mesmo o coreano. Desde que seja técnico, bem entendido.Mas por cá, valha-nos a santa... bem poderia desamparar-nos a loja. Já não há pachorra.

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quarta-feira, maio 27, 2009

Força miúda


Foto tirada há pouco em Roland Garros, na partida de Michelle com Zheng Jie

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Michelle, uma menina de ouro, descendente directa de um colega meu, o “colega Diogo”, uma veneranda figura de ancião que todos os colegas da minha geração respeitavam e que deixou raízes por Angola, por Moçambique e pela África do Sul, com quem eu continuei a privar ao longo das minhas andanças pelo mundo.

A Michelle é um portento e acabou de eliminar a chinesa Zheng Jie, 15ª da hierarquia mundial, pelos parciais de 6-4 e 6-3 em Roland Garros, há cerca de uma hora atrás.

Força miúda.

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Ódios pessoais?


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Acompanhei com muito interesse as declarações de Oliveira e Costa na audição parlamentar de ontem.

Tenho de confessar que um dos aspectos que retirei da sessão e que mais me impressionaram foi a vulnerabilidade dos cidadãos e do próprio país à intrincada teia de interesses e, não menos importante, às resultantes de uma série de situações provindas de tricas e ódios pessoais. Repito, pessoais. Impressiona pensar que isto é verdade, mas parece que é mesmo. Pelo menos a avaliar pelo que ouvi ontem. Como é que zangas, ódios e ambições pessoais podem conduzir a custos elevadíssimos da ordem dos que se verificaram com o BPN (para toda a gente, mesmo para aqueles que nem sabiam que o banco existia) é um fenómeno que deveria ser devidamente escrutinado e rigorosamente prevenido. Pelo Banco de Portugal, acho eu. Aparentemente, não foi.

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O homem novo


Foto daqui

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Esta foto que a Helena Matos publica no Blasfémias e que foi primeira página do El Mundo mostra um labrego qualquer, destilando ódio e invectivando uma mulher trabalhadora do Corte Inglés que decidiu não aderir a uma greve em Bilbao.

O drama patente na foto é a forma como esta gentalha acha que pode, impunemente, fazer exercer as suas vontades. Carregados de ódio, nem eles sabem bem porquê (nem poderiam saber porque nada de verdadeiramente assinalável se passou na sua vida que pudesse impulsionar esta vaga de ódio e de intransigência). E, também, a ausência total de escrúpulos da chamada esquerda moderna em aproveitar e usar estes energúmenos para prosseguir com a sua forma paulatina, mas firme, de destruir a "direita" em nome das suas convicções e das suas conveniências. Principalmente estas.

Por cá as coisas são um pouco mais benignas. Um ou outro campo de milho destruído, umas declarações avulsas e absurdas de Ilda Figueiredo, Louçã e correlativos, alguns professores apostados em afinar a pontaria dos seus alunos em tiro ao alvo com tomates e ovos e uns cursos intensivos sobre desobediência à autoridade. Mas não desanimemos. Com perseverança, lá chegaremos.

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Champions league 2009


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O Google celebra a final da champions league, ataviando o logótipo a propósito. De realçar a escolha feliz da cor de fundo. Nem mais.

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"Estádio de Oeiras"


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Assisti ontem num programa desportivo a mais uma manifestação rebarbativa, pelo facto de a final da Taça de Portugal se disputar no estádio Nacional. Que Pinto da Costa tenha feito escola com as suas vitórias pontuais sobre o “estádio de Oeiras” compreende-se. Tanto em nome da estratégia do líder portista como pela sua própria natureza bairrista e provinciana. Já Rui Moreira, homem de outra geração e de outros horizontes, poderia poupar-nos a mais do mesmo. Que o estádio não tem condições, chove lá dentro, não tem balneários e, last but not the least, cheira a Salazar. Tudo razões patéticas que não disfarçam a tremenda dispepsia que o Norte experimenta sempre que Lisboa se limita a exercer as suas prerrogativas de capital. Goste-se ou não. Ontem cheguei a ouvir Rui Moreira dizer que Lisboa pode ser a capital mas não tem o direito de querer tudo para ela. Seja o que for que isto signifique.

Não sei se haverá paralelo em qualquer outro país da Europa de situação semelhante. A Taça de Portugal é uma festa nacional e, "dito isto", como agora se diz, deverá ter um cenário nacional. Mais: E merecer o apoio e orgulho nacionais, como acontece nos países que gostam de futebol. Sobretudo quando se trata de um estádio com um enquadramento lindíssimo como o do Jamor. Mesmo cheirando a Salazar e à sua arquitectura, como dizia Moreira
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terça-feira, maio 26, 2009

Dia europeu do vizinho (!!)


[3156]

Hoje é dia europeu dos vizinhos e espero que a Madalena trate dele com o devido respeito.

Há quatro anos atrás (!!!...) fiz este post, a propósito. Era o tempo em que se fazia um texto por tudo e por nada. A vizinha do texto, entretanto, mudou-se (para a Malveira da Serra, que é um sítio muito bonito mas cheira demasiadamente a reforma…) e agora tenho uma outra vizinha que ainda não sei bem se é vizinha se é vizinho. Mas vive na vizinhança, não me pede salsa e passeia um cão enorme todos os dias. Ah! E não tem um Mercedes. Cheira-me que é uma daquelas pessoas que acham que os carros vieram ao mundo só para atrapalhar.

Resumindo, falta-me a matéria para um post adequado ao dia
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Jacarandás


O jacarandá da Ana em 22 de Maio de 2009 - Clicar na foto para ver melhor.

[3155]


A Ana G.F. , que ama os jacarandás (só conheço paixão parecida no Torquato da Luz) e que todos os anos acompanha a floração do dela quase ao minuto (publicando fotos por vezes nos sítios e blogues mais inesperados…), teve a amabilidade de me enviar a foto do referido jacarandá tal com se encontrava a 22 de Maio deste ano. Pretexto para me felicitar pelo novo template do Espumadamente.

Aqui fica o registo e um beijinho amigo de reconhecimento. Porque a Ana tem uma delicadeza rara e a elegância própria das almas sensíveis.

Nota: Aproveito para agradecer a muitos amigos que me felicitaram, por várias formas, pela roupa nova do Espumadamente. O mote foi meu mas o trabalho, esse, e tal como já referi, foi do João Condeixa.

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Higiene do espírito


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Ontem não vi o "Prós e Contras". Mais: Não sei qual era o tema, não me lembrei sequer que dá às Segundas. Não fora esta lúcida nota do João Gonçalves e tudo me teria mesmo passado ao lado.

Definitivamente estou num processo biológico uniformemente acelerado (consistente e, espero, que irreversível) de higienização de hábitos.

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segunda-feira, maio 25, 2009

Esquerda infantil?

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Via Combustões, tropecei neste vídeo em que Marien Gonzales, da "Notícias 41 de Miami", mete Benício del Toro num chinelo, a propósito do Filme CHE que Benicio protagonizou.

“eloquente demonstração da fragilidade dos mitos políticos, assombrosa exibição do mentecaptismo da esquerda infantil…o Che que o consumismo capitalista transformou em mercadoria”

Uma mercadoria fora de prazo diria eu. Infelizmente ainda de consumo garantido e não só pela esquerda infantil.

Nota: O atabalhoamento de del Toro na entrevista é chocante. A desenvoltura de Marien é, simplesmente, notável.

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Abajo las toradas. Arriba las niñas desnudas e protestativas (espanhol técnico aprendido recentemente com o Grande Líder)


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É uma questão de se ignorar o sangue e uma ou outra cena de decúbitos mais ou menos inverosímeis. Após o que concluímos que uma manifestaçãozinha ou outra contra as touradas até pode ser o refrigério para muitas das nossas travessias do deserto. Ora experimentem. É só clicar aqui


http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1243518

e ver o vídeo.
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Inquietação


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Há gente assim. Gente que nasce para ganhar bem e fazer mal, ou pouco, ou mesmo nada, apesar da difícil tarefa de terem de se preocupar e inquietar com as maleitas do mundo.

O Secretário-Geral da ONU, por exemplo. Uma posição com as vicissitudes próprias de um lugar de grande responsabilidade como, por exemplo, ter de saber falar inglês e, sobretudo inquietar-se imenso. Veja-se Ban Ki-moon. A Coreia do Norte lança um míssil e ele inquieta-se. Profundamente. Os palestinianos atiram umas bombas para Israel e ele preocupa-se. Vagamente, mas preocupa-se. Os Israelitas mandam um balázio para Gaza e ele preocupa-se e indigna-se. Muito, como convém e é para isso que lhe pagam. Morrem uns milhares de paquistaneses com umas inundações e lá está Ban Ki-Moon preocupado. O Irão anuncia que lançará mais um foguetão e ele pensa já como se vai inquietar outra vez. Uma maçada. E depois é a emigração na Europa, o genocídio em vários países de África, os refugiados do Sri Lanka, a Sida e a malária, o racismo, a xenofobia, a economia de casino, enfim, uma série de inquietações a prazo. Muitas para um homem só.

Eu, se fosse convidado para Secretário-Geral da ONU pensava duas vezes. Que isto de uma pessoa levar a vida inquieta bem basta já o desemprego cá na terra e ter de aturar o Bloco e a RTP. É por isso que me colo à máxima salazarista de antanho, a minha política é o trabalho e não quero saber de florestrias. Se querem alguém que se inquiete vão bater a outra porta. Nem toda a gente está preparada para se inquietar com esta intensidade.

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Provinciano, parolo, abjecto...


[3150]

Pedro Santana Lopes está de parabéns. Ser apelidado de parolo, abjecto e provinciano por Ana Gomes, hoje por hoje um acabado exemplo do Partido Socialista que temos, é uma mais-valia de peso.

Por seu lado, Ana Gomes continua a dar um bom exemplo do auto-convencimento desta esquerda moderna (já absolutamente insuportável) que acha que tudo lhe é permitido, tudo é fundamentado na sua superioridade moral, quase sempre ao arrepio das mais elementares regras de urbanidade e boa educação.

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domingo, maio 24, 2009

A peixeirada


[3149]

Nós somos assim e pouco ou nada haverá a fazer contra isso. Qualquer assunto dá direito à formação de claques e neste, as claques rapidamente se formaram. Por Marinho e Pinto (MP) e por Manuela Moura Guedes (MMG). Não interessa mais nada, apenas o amor ou o ódio que cada um nos merece.

Por mim, estamos tão só perante um exemplo de má educação (má criação, como diria a minha avozinha) de MP e de uma demonstração real do ódio profundo que este homem tem por certas pessoas e pela zanga imensa que tem com a vida. Porque a verdade é que por muito que não se aprecie o estilo de MMG, ainda não me apercebi de que alguma das notícias sobre o caso Freeport (porque a zanga de MP foi muito mais por causa do Freeport do que pelas bagatelas da Ordem) fosse falsa. Pode-se não gostar da senhora. Mas há que reconhecer que a MP, para lá da sua truculência e má educação, faltou a necessária inteligência para disfarçar o seu verdadeiro e único objectivo em aceder à entrevista. E que era o assunto Freeport. O resto era acessório. Por último há que realçar a contenção de MMG e fazer-lhe a justiça de ter conseguido resistir com elegância ao ataque bestial de que foi alvo.

Apenas mais uma nota. E por isso, entre outras coisas, vale a pena ver a entrevista toda. MMG não chamou bufo a MP, como diz o José. Limitou-se a inserir no contexto criado pelo próprio MP a observação “então o senhor é bufo”. Com atenção, ver-se-á que este “então” faz toda a diferença.

Marinho e Pinto é um malcriado. E disfarça mal.

Nota:

Não consegui copiar directamente a entrevista total. Mas pode ver e ouvir
tudo aqui.
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sexta-feira, maio 22, 2009

Juke box 71

[3148]

Dois cantores improváveis e um tema que vale pela sua simplicidade e, quiçá, pela verdade que encerra. Para variar um bocadinho deste permanente chapinhar no lodo em que todos nos atolamos, aparentemente sem remissão. Afinal uma canção simples pode ser tão bonita e verdadeira como parece.

Bom fim-de-semana para todos.


Hugh Grant e Drew Barrymore (imagine-se…) em Way back into love

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E se?


[3147]

Fui dos que reagiram a quente sobre a professora de Espinho. Hoje, depois de ler este post do Besugo, é sem rebuço que me rendo à evidência do que ele escreve. Realmente… e se?

Este episódio teve, ainda assim, o efeito positivo de me lembrar que devemos sempre contar até dez de cada vez que nos irritamos. E eu que já tenho idade para saber que contar até dez faz bem à saúde e, sobretudo, nos põe a coberto de, aqui e ali, dizermos asneiras…

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Aguarelas de Turner


[3146]

Embora um pouco atrasado, aqui fica o registo dos 4 anos do Aguarelas de Turner, uma paleta de cores, de afectos e de ideias. Tudo coisas bonitas. Muitos parabéns e muitas aguarelas mais.


Tchin Tchin
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Flirt com selo branco em uso nesta repartição. Ou, hormonas de serviço público


É aqui. Na porta 1.08.01, não esquecer

[3145]


Deveres de ofício levam-me a Angola e, concomitantemente, a cumprir um processo kafkiano de exigências, algumas das quais presenciais.

Uma das exigências é, agora, um registo criminal que me levou, naturalmente, a duas lojas do cidadão, onde percebi que os interessados se postam em bicha ordeira ainda antes das portas abrirem, para obterem uma senha mágica que lhes permite ser atendidos para o fim em vista. Essas senhas esgotam ao fim de cerca de duas horas e não há simplex que valha a esta realidade. Depois de visitar duas lojas, acabei por ser aconselhado por uma funcionária simpática que o local menos sobrecarregado era no Parque das Nações, num departamento do Ministério da Justiça. Lá fui e reconheço ter ficado surpreendido com o ar funcional e moderno do edifico, enquadrado num cenário moderno e arejado. Só não gostei da porta 1.08.01, continuo a achar que as portas devem ser 1, 2, 3, 4 ou, quando muito, A, B, C, D e por aí adiante. Um edifício na rua D. João II, nr. 1.08.01 (endereço real) só pode resultar do engenho português.

Numa sala com quatro balcões de atendimento, lá me dispus a esperar a minha vez que era o D 62, numa altura em que o atendimento ia no C quarenta e qualquer coisa. Daqui resultou uma espera de cerca de duas horas e meia para um assunto que levou dois minutos a resolver. Mas isto, sou eu, que cheguei ao balcão, disse que queria um registo criminal e mo deram, sem mais delongas, após pagar não € 3,50, mas sim € 1,75 de requerimento mais € 1,75 de emissão, o que faz toda a diferença e me levou a entender que deve ser possível fazer um requerimento (e pagar) e depois não querer o certificado para nada ou, outra hipótese, que as receitas caibam depois em rubricas diferentes, o que poderá ser outra virtualidade do simplex.

Sentado, aguardando, entretive-me a observar um fenómeno curioso e que julgo extensivo a outras repartições, porque já o vi. É que a maioria de quem nos atende são mulheres. Algumas são, até, atraentes. E é aqui que está o busílis. Quando reparamos que a numeração das senhas está a andar depressa, há sempre um macho latino que começa a circular entre as colegas funcionárias e deve ter mil assuntos para tratar com elas, porque todas elas param e são, naturalmente, obrigadas a responder e a alimentar um diálogo de sorrisos, risinhos e dichotes mais ou menos ininteligíveis ao rebanho em espera. Isto aconteceu umas quatro ou cinco vezes enquanto esperei, sobretudo junto de uma das funcionárias, por coincidência a mais atraente, uma mulheraça de trinta e poucos anos, morena e com uns olhos enormes, impossíveis de passar despercebidos, depois, claro, de observadas outras minudências que o seu corpo generosamente mostrava. O macho, careca, alto e com ar de quem não sai de casa sem puir o espelho com a sua imagem por longos minutos, entrava pelo friso das atendedoras e falava e falava e falava e, às vezes, chegava a colocar a mão no ombro da mais bonita, certamente para lhe fazer sentir o espírito fraternal (paternal?) de que ele se deve sentir imbuído frequentemente e querendo significar que as mulheres podem confiar nele.

A irritação era grande e traduzia-se numa quase paralisação dos números de chamada de cada vez que o machão “atacava”. Sobretudo quando pensávamos que aquele exercício de flirt em directo terminava, enfim, e o macho acabava por se voltar, dar mais dois passos e regressar à pessoa de quem tinha uma evidente dificuldade em descolar. As pessoas, em espera, olhavam distraídas e acomodadas a este tipo de situações. Mas eu confesso-me invadido por um formigueiro tremendo que se não tinha nada a ver com facto de o homem se passear de plumas enfunadas junto do gineceu, tipo pombo a arrulhar, tinha, com certeza, a ver com o facto de que às duas e um quarto eu ainda não tinha um papel na mão a dizer “nada consta”, pelo qual eu iria pagar €1,75 pelo requerimento e €1,75 pela emissão.

Daqui deixo um aviso aos incautos. Quem se atrever a pedir um registo criminal no Ministério da Justiça ao Parque das Nações (porta 1.08.01, não esquecer o pormenor) deve manter-se calmo e frio com um senhor que deve ser chefe de secção, cá para mim, e que se acha irresistível perante as colegas. Porque se nos deixamos arrastar pela fúria ainda fazemos alguma que nos vai manchar o registo criminal. Que se quer limpinho, impoluto, senão não podemos ir a Angola.

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quinta-feira, maio 21, 2009

Os nossos parlamentares


[3144]

Ainda assarapantado com o caso da professora de Espinho que diz aos alunos que a mãe lhe rasgou o hímen à nascença e lhes explica, com detalhe romano, o que eram as orgias e se vangloria de ter estudado 12 anos de secundário mais quatro de faculdade mais não sei quantos de estágio e pós-graduação e que, ainda assim, diz “amiguíssimos” e “dissestes”, cai-me agora no prato a indigência dos nossos partidos que, ao discutirem o episódio, o colam à bondade de haver ou não educação sexual nas escolas.

Há em tudo isto um défice tremendo de… tudo, quando uma professora actua da forma que já toda a gente ouviu e os nossos eleitos glosam o acontecimento da forma como o fizeram. Uns a clamar por educação sexual e outros a atacar os que pensam isso, com a algazarra e falta de nível do costume. Como se tudo o mais, implícito na lamentável cena de uma professora de hímen rasgado à nascença pela mãezinha, que explica que as orgias metiam mulheres e tudo e que exige que lhe chamem sotôra, não estivesse muito para além de um programa, seja ele qual for, de educação sexual.

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quarta-feira, maio 20, 2009

Obama guterrou, Ana Gomes amuou


Avião obrigado a "borregar". Foto daqui

[3143]

Obama borregou (“guterrou”) e meteu na gaveta as nobres e bonitas intenções de acabar com Guantanamo em três penadas e tornar públicas umas fotos sobre Abu Grahib. Que é da “nobreza” destas intenções que vive a esquerda moderna, pelo menos até os seus fautores esbarrarem com o muro da realidade e perceberem que o mundo é um círculo de difícil quadratura, sempre que os seus responsáveis saltam do campo da retórica para a realidade. Foi isso que Obama fez e fez muito bem, depois de ter percebido que havia mesmo terroristas muito perigosos em Guantanamo, daqueles que matam gente sem pestanejar, americanos incluídos, e que divulgar fotografias não ajudava nada ao verbo e era pura estultícia de campanha eleitoral.

Se fosse Bush a fazer isto, “saltariam” já cartoons, vídeos e programas de televisão em que o “homenzinho” seria tratado entre o simiesco e o asinino, a SIC-N colocaria no ar mais um "Spam-Cartoon" a propósito e o clamor ressoaria pelo espaço sideral. Com Obama é diferente. Tudo junto e somado, só topei com um tímido protesto de Ana Gomes que amuou e disse que não gostava e não apoiava Obama que, finalmente, acabou por se render ao establishment. Establishment que deve ser uma coisa muito má e que, como toda a gente sabe, foi inventado pela direita e que obriga os Obamas do nosso descontentamento a renegar promessas e, numa visão mais paroquial, Mário Soares e sus muchachos a pôr o socialismo na gaveta.

Obama deve ter perdido o sono com os amuos de Ana Gomes mas acabou por se render à real politik. O que vale é que Ana Gomes não desespera e tem a certeza que mais tarde ou mais cedo tudo se vai saber. Ámen.
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terça-feira, maio 19, 2009

E a Marinha Grande vai fazendo escola!


[3142]

Isto agora é assim. E quem não salta, não é da malta. O método da arrochada vai fazendo escola numa sociedade de tesos, tipo “agarrem-me se não vou-lhe às trombas ”.

O país anda a ficar cheio desta gentalha. Quer dizer, já andava. Durante muito tempo varreram-na, mas para debaixo do tapete. O resultado é este, levanta-se uma pontinha do tapete e aí vêm eles, esplendorosos, “encostarem-nos o penteado”.
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New look

[3141]

Pronto. Parece ter ficado obra asseada, ainda que relativamente ao templale anterior qualquer camisinha lavada não desdouraria.

Quero deixar aqui um agradecimento ao João Condeixa pelo trabalho que teve e, sobretudo, por ter conseguido fazer tudinho sem estragar nada. Ah, os comentários… pois… ele promete reparar a coisa. Até lá, seja amanhã, espero, os comentários são legíveis desde que se clique no “deixe um comentário”. Se não se clicar, népia. As letras estão lá mas a tinta invisível. Um #003399 qualquer que deveria ser um #009933 instead. Coisa de gente de html’s. Mas o João promete resolver. Que nem o Liedson.

Aqui fica um abraço de agradecimento para ele por ter dado um ar mais lavadinho ao Espumadamente. Que, aqui para nós, bem precisava.
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Professora avançada

[3140]

Ora aqui está um caso interessante. Se a juventude socialista se tivesse interessado pelo caso há uns vinte ou trinta anos atrás já esta professora não explicava aos alunos como é que os pais lhe tinham rasgado o hímen e não teria dito as barbaridades que disse. Provavelmente teria ido à máquina de preservativos da escola e tinha dado um queca e os jovens socialistas teriam hoje um legítimo motivo de orgulho. Já quanto ao jipe
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Inexplicável

[3139]

Poderão existir mil razões para o tribunal ter decidido entregar uma criança de seis anos à sua mãe, após ter vivido praticamente desde sempre com uma família de acolhimento, ao que parece a pedido da própria mãe. Mas não deve haver uma só razão que justifique este folclore, tão ao nosso gosto. Criança aterrada, a chorar, confusão, berraria, choros convulsivos e as inevitáveis opiniões dos mirones que, nestas coisas, não faltam.

Eu só gostaria de saber qual a dificuldade de fazer cumprir uma ordem de tribunal longe da praça pública e do voyeurismo de ocasião, incluindo uma guarda avançada da comunicação social. Transferir uma criança de seis anos de uma família para outra deveria requerer cuidados muito especiais e muito respeito pela própria criança. Assim, como aconteceu, com o folclore do costume, só se conseguiu uma criança traumatizada e, sobretudo, muito, mas muito desconfiada em relação ao insondável mundo dos mais crescidos.

Ver o vídeo aqui.
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segunda-feira, maio 18, 2009

Uma questão de intensidade


[3138]

Que o futebol é uma patranha já todos nos tínhamos apercebido. Um logro, mesmo. Mas a grei continua a vociferar e a gesticular, transvazando emoções acumuladas e fruindo uma ilusão de poder e protagonismo, ainda que efémeros, através de cada palavrão, manguito ou mesmo um murro ou cadeira pelo ar. Mas a patranha tem-se agravado, ultimamente. É impressionante a forma de actuar de grande maioria dos árbitros. Não falo em erros, em fruta ou mera incompetência. Falo num fenómeno estranho que a todos parece assolar, qual seja o de apitar a todo o contacto entre jogadores, mesmo que esse contacto não passe de um ligeiro roço entre camisolas. Qualquer toque, que não derrubaria sequer uma criança de três anos, serve de motivo para o árbitro apitar falta. A seguir os comentadores falam de intensidade da falta… e eu pasmo como é que isto é possível. Os jogadores, manhosos como só eles, fazem verdadeiros acrobacias de circo de cada vez que são atingidos pela falangeta do dedo mínimo de um adversário que lhes possa ter roçado na ponta da manga da camisola. A seguir é falta e, sendo dentro da área, dando direito ao respectivo penalti.

É uma forma estranha de ser. O jogo Braga vs Benfica de ontem foi um bom exemplo. Mas só por ter sido ontem. Todas as semanas os exemplos abundam.

Nota: O árbitro Duarte Gomes disse ontem à reportagem, lacónico, irónico e arrogante que “hoje não empurro ninguém”. Não há ninguém que o empurre a ele?

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Serviço Público

[3137]

Qualquer manual de imigração deveria incluir este vídeo. Se há países onde a malária ou a vestimenta requerem conhecimentos e cuidados acrescidos e disso são avisados o que intentam visitar esses países, também Portugal deveria incluir este vídeo. A ser visionado por todos aqueles que precisem de, temporária ou permanentemente, fixar-se em Portugal. Legendado, evidentemente, embora se perca impacto em legendagem. Assim, qualquer candidato a emigrar para este país, teria neste vídeo umas boa amostra do que o espera. E pôr no prato da balança oposto ao da comida, do sol, das praias e da apregoada (alegada) hospitalidade portuguesa.

Mais um serviço público do JCD. Apreciei particularmente o “…o quociente é um produto…”

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domingo, maio 17, 2009

A coluna da direita

[3136]

De vez em quando há que fazer uma actualização/limpeza à coluna da direita. È assim que alguns blogues são retirados dos links, porque deixaram de existir e outros são acrescentados. Destes últimos, muitos deveriam tê-lo sido há bastante tempo. Outros, provavelmente, ficaram ainda para trás. A explicação mais próxima que me ocorre é porque “isto” dá uma trabalheira danada. Independentemente do gosto que tenho em incluir mais blogues na coluna da direita (salvo seja, não desfazendo). São adicionados:

- ABC do PPM
- Calamity Jane
- Câmara de Comuns
- Carmo e a Trindade
- Clube das Repúblicas Mortas
- Gravidade Intermédia (o besugo, de novo)
- Jacarandá
- Papamyzena
- Paulo Gorjão
- Porta da Loja
- Portugal Contemporâneo
- Sorumbático
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sábado, maio 16, 2009

Embaraço




[3135]

A Helena Matos define perfeitamente o país que somos, com estes dois posts. De resto, ou eu não sei português ou há pessoas que continuam a referir à boca cheia o nome de Sócrates como personagem fulcral em toda esta marmelada. Ou então…devo ter tirado a 4ª classe na tropa.

São imagens e notícias destas que me fazem pensar que mais que o desejo de que todas estas trapalhadas se resolvam (talvez porque, no íntimo, sei que jamais se resolverão) me deixo invadir por um sentimento de embaraço e vergonha. Começo a sentir-me embaraçado com esta promiscuidade e, sobretudo, com o à-vontade com que estas notícias circulam, sem desmentidos, como se de normalidade se tratasse. E com uma inexplicável bonomia com que são tratadas. Para além de uma lógica estranha que começa a instalar-se em muita gente. Ainda ontem me perguntavam, num jantar: - Mas, olha lá, então lá fora não é a mesma coisa? Ainda agora o Gordon Brown pediu desculpas…


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Mais uma


[3134]

A Cristina inclui-me, de novo, numa corrente blogosférica. Aqui vão as minhas preferências (com receio de estar a fazer alguma má escolha, em detrimento de alguma série que eu tenha gostado mais e que não me ocorra):

- A Mulher do Sr. Ministro
- Os Marretas
- O Tal Canal
- Twin Peaks
- Columbo
- Perry Mason
- Cornélia (apesar de…)
- Seinfeld
- Curb you enthusiasm (Larry David)´
- Law & Order


Ficam só dez. E passo a corrente à Carlota, à Isabel, ao António de Almeida, ao António Torres, à Sinapse, à Laura, à Cristina, à Joana, ao Ideafix e à Luna.

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Por supuesto...

[3133]

Alguma vez experimentaram escrever um post, por simples que seja, com o ruído de fundo de um filme falado em espanhol? Depois digam-me qualquer coisa.
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Escarcéu estereotipado


[3132]

Algum gineceu mostrou-se eriçado, mesmo a resvalar para o escarcéu, com uma saída de Cavaco Silva, sobre ter deixado, não o cartão de crédito, mas euros, à sua Maria para ir às compras na Turquia.

Cavaco é consabidamente um mau comunicador, tímido e um medíocre diplomata, mau grado a sua reconhecida seriedade e competência em finanças. Daí que poderia haver alguma condescendência sobre a frase infeliz do presidente, perante o cenário circunstancial em que foi abordado por jornalistas e não fazer dela um caso nacional.

Imagine-se que a mulher diz para o marido, num determinado contexto: - Traz-me um detergente do Carrefour. Deverei eu fazer um post a correr sobre o crescente índice de violência doméstica na forma de mulher sobre o marido? Vistas bem as coisas…


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sexta-feira, maio 15, 2009

Roidelas


[3131]

Roeu as unhas primeiro
Depois, os dedos roeu.
Foi roendo o corpo inteiro,
Roeu-se todo. E morreu! (*)

(*) De vez em quando dá-me estes lampejos de poesia elevada

Bom fim-de-semana a todos.
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quinta-feira, maio 14, 2009

Agora é que é


[3130]

Por mais que uma vez admiti que o Espumadamente poderia ser o blogue mais feio da blogosfera. O template mais matreco, repulsivo, alergizante, de todos quantos se encontram hoje disponíveis.

Por mais que uma vez pensei que o mínimo que se poderia exigir a um blogue à beira de cumprir cinco anos deveria ser o direito a um template mais decente. E por mais que uma vez me deixei embalar num discurso mais ou menos apologético em relação á minha total incapacidade de mudar seja o que for no “looks” deste pobre blogue. Ultrapassado, datado, feio, aparolado e, sobretudo, com a mais abominável composição de cores onde, provavelmente, só faltará o roxo.

Por fim, surgiu a luz. Uma estrela promissora do universo político nacional, apesar dos axónios puídos, e com especial engenho para as missões nobres (desde a defesa intransigente dos comas alcoólicos das QF até à promoção do direito de atingir os 230 km/h na A1 sempre que as circunstâncias o exigirem), prometeu-me melhorar a “espuma”. Primeiro achou que o faria em dez minutos. Mais tarde, achou que um par de horas seria o ideal. Em definitivo, ficou-se por copiar os códigos e resolver a coisa em casa, através de uma sessão de TPC (é mesmo TPC que quero dizer, i.e. trabalhos para casa, não tem nada a ver com HTML que foi uma coisa que o artista mencionou vinte vezes com ar de quem está a falar para um deserdado da fortuna de se saber o que é o HTML). Pffff!

A ver vamos, como diria a Julianne Moore no seu último filme. Já lá vão uns dias de expectativa mas preparem-se para um «Espumadamente» novo. Se não gostarem… eu digo-vos onde podem pedir o livro de reclamações.

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Reforço da selecção?


[3129]

Ora aqui está uma boa notícia. Com jeitinho, este homem ainda vai parar à selecção nacional. Aliás eu já andava desconfiado. Alguns traços fisionómicos denunciavam claramente um avô transmontano, um tio-avô alentejano ou, por vezes, um padrinho algarvio.

Pois, que venha por bem. Há sempre uma hipótese do Pepe ou Bruno Alves estarem lesionados e nunca se sabe quando a selecção pode ficar carecida de alguma agressividade nos respectivos sectores.
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Arrepios e insónia


[3128]

José Sócrates, insone por causa do desemprego e arrepiado pelas recentes notícias sobre práticas de gestão fraudulenta no Banco Privado Português (BPP) e no Banco Português de Negócios (BPN), pediu rapidez à autoridades judiciais na perseguição dos criminosos. "Espero que as nossas instituições judiciais persigam os responsáveis por esse tipo de práticas. As notícias são absolutamente arrepiantes no que diz respeito a empresas fictícias", apontou Sócrates.

A insónia e o arrepio nunca foram bons conselheiros à conjugação dos princípios activos e excipientes no tratamento de algumas questões nacionais, sobretudo quando umas são apontadas como o resultado de campanhas negras e cabalas e enfermam de julgamentos na praça pública e outras são condenadas tout court pelo Grande Líder, que deveria ter um pouco mais de cuidado nestas coisas. É que independentemente dos indícios de actividade fraudulenta dos bancos em causa e consequente prejuízo dos legítimos interesses de muitos portugueses, não me parece que neste caso se reduza a tratos de polé o princípio da presunção de inocência até julgamento e condenação e noutros, como os vários em que o nosso Grande Líder parece estar directa (Freeport, Central de Compostagem, licenciaturas e licenciamentos) ou indirectamente (pressões no arquivamento de processos), se perca o tino e nos arrepiemos. É uma questão de bom senso e higiene. No mínimo.
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quarta-feira, maio 13, 2009

Chora que logo bebes


Um arranjo de Proteas, flores tropicais, para quem tem a tropicalidade a correr nas veias
[3127]

De repente há blogues que começam a fazer 5 anos. Ainda me lembro bem de quando fazíamos um ano, dois anos e toda a gente se admirava e dava os parabéns e achava que dois anos de blogosfera era uma eternidade.

Agora é a Madalena. A Madalena do Chora. A Madalena que comecei a ler no tempo em que ela dava conta de qualquer efeméride. Fazia anos que F… começara a usar risco ao lado, que B… escrevera o livro X ou que S… morrera, ou escrevera um poema, ou fizera um filme, ou, ou, ou. A Madalena registava tudo e tudo nos servia com a graça, elegância e sobriedade que ainda hoje usa no seu Chora.

Hoje está mais “atrevidota” e ainda bem. Refila um bocadinho (coisa impensável há algum tempo) e isso é saudável, num país habituado e troçar de nós a todo o instante) e refinou o humor. Mas não perdeu o tique e a graça do sorriso permanente em tudo o que escreve, mesmo nos momentos de maior adversidade. E escreve como poucos de nós. E na vida real tem, também, o sorriso perpétuo da gente de bem.

Um grande beijinho para a Madalena. De um leitor de há cinco anos também e que gostava de se sorrir, sempre, como ela.

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Vitalino, de novo


[3126]

Não é aceitável que Vitalino Canas prossiga na senda das suas declarações idiotas, sempre que as trapalhadas do Grande Líder vêm à superfície. Desta vez é o processo disciplinar ao presidente da Eurojust Lopes da Mota, encontrada que foi substância na suspeita de que terá colocado pressão nos magistrados sobre o caso Freeport.

Vitalino Canas voltou a usar a retórica habitual, afirmando que há um aproveitamento oportunístico (o termo é dele) e ilegítimo das oposições, uma vez mais, quando afinal, o que houve foi uma "transferência de inquérito em processo disciplinar" e é preciso esperar pela "produção de prova" . Resumindo, a culpa é dos outros, na óptica de Vitalino.

Para mim, mais grave do que a transferência do inquérito em processo é a convicção de que as pessoas não são maluquinhas e não estou a ver Lopes da Mota, pessoa que não conheço e de que apenas ouvi falar quando foi do “Foge Fatinha”, a acordar de manhã a dizer para os seus botões: - Hoje vou colocar pressão nos magistrados sobre o caso Freeport.

Parece-me curial pensar que a trama é bem mais complexa que uma mera acção de escuteiro de Lopes da Mota. E isso, sim, preocupa e envergonha.
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terça-feira, maio 12, 2009

Imagine-se


[3125]

Imagine-se o festival que por aí iria, na abertura dos telejornais, se tivesse sido Manuela Ferreira Leite a dizer que os bairros sociais do Porto tinham sido pintados com dinheiro do PSD.

Por via de um comentário de Maria a um post meu lá mais para baixo, cheguei a este pequeno texto, a cuja actualidade me vergo. Imagine-se, mas imagine-se mesmo, que “isto” tinha sido dito por MFL.

Só tenho de admitir que Pacheco Pereira anda cheio, cheiinho de razão.
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A mudança de paradigma…


[3124]



… é eu ter deixado, sem esforço, de ver o "Prós e Prós". Houve uma altura, (“houveram” umas alturas, como diria a nossa Alexandra Lencastre), em que este programa fazia parte da minha dieta televisiva, mesmo que resultasse quase sempre numa profunda crise de dispepsia. Mas ia vendo. E a verdade é que isso me proporcionava até alguns posts que meia dúzia de amigos do Espumadamente apreciava. Que o diga a Sinapse, que chegava a perguntar-me pelo post de Terça-Feira sobre o "Prós e Prós", fosse o caso de eu não escrever sobre o assunto.

Assim, o "Prós e Prós" tem vindo paulatinamente a constituir-se, por direito próprio, em history e confesso que isso terá contribuído generosamente para a minha higiene mental. Mas ontem… não resisti. Um ataque de saudade indígena, aí pela meia e noite e qualquer coisa, já eu tinha ouvido o “Prolongamento” na TVI24, tive um impulso de "zappar" pela 1 para ver, pelo menos, qual era o tema. E não é que dei logo com um senhor apessoado, no exacto momento do zapping, a dizer que era preciso acabar com a política de rapina dos bancos, os bancos deveriam pura e simplesmente acabar com os juros, como nos países islâmicos. Comissões, sim, juros não. Não sei quem é a criatura, parece que se chama Guerra e quer que os bancos acabem com os juros. Quase logo a seguir, uma senhora de madeixas intensas e que, essa sim, sei que se chama Carmelinda Pereira, vaticinava a incorporação dos bancos, já, no empresariado (qualquer coisa neste género, que eu estava ainda em ressaca dos juros do senhor Guerra) e que o dinheiro dado aos bancos falidos deveria ter sido dado às empresas.

Estas tiradas chegaram para me ir embora. Nem a presença fresca da Laurinda Alves ou a rouquidão do Nuno Melo fizeram com que eu me fixasse na pantomina. Passei a um filme interessante de good guys e bad guys, uma boa receita para adormecer na paz do Senhor. Ainda que atordoado pelo reconhecimento de que este pais é um caso irresolúvel de idiotia militante. E adormeci. Sem saudades da Fátima.
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segunda-feira, maio 11, 2009

É que, às tantas, fica difícil


[3123]

Referindo-se aos incidentes da Bela Vista em Setúbal, D. Manuel Martins afirma repetidamente que não é com polícia que se apagam fogueiras. Com o devido respeito, lembro Sua Eminência Reverendíssima que os bombeiros já lá tinham ido, mas foram corridos à pedrada.

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Um exemplo notável


[3122]

Ora aqui está uma mulher depois, ia a sair-me um dichote machista e Lisa Ashton, uma assistente de bordo inglesa, não o mereceria.

Talvez algumas mulheres que eu conheço, em vez de se entreterem com aviões da CIA ou andarem a proclamar que no Parlamento Europeu só lhes interessa ir assinar o ponto pudessem e devessem "pegar" nestes assuntos e inclui-los na sua agenda de trabalhos.


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O estribilho


[3121]

Oiço o estribilho habitual dos moralistas da nossa praça sobre os acontecimentos do bairro da Bela Vista e reajo já com a abulia dos cépticos. Não há nada que mude a atitude desta gente, sobretudo no respeito devido àqueles que moram e vivem em bairros problemáticos e que observam as regras fundamentais duma sociedade, no respeito pelo próximo e pela legalidade instituída, mas sob a permanente ameaça dos "excluídos" de Louçã e do Bispo de Setúbal. Chega a ser obscena a forma como esta gente trata o assunto, não respeitando, repito, as verdadeiras vítimas das malfeitorias destes delinquentes. Será cretinice pura ou uma visão vesga das realidades. Mas em qualquer dos casos, os que trabalham e respeitam a lei deveriam sempre merecer outro tratamento por parte destas luminárias, por muito bispos que sejam.

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sexta-feira, maio 08, 2009

Não acredito


[3120]

Foto da mais exclusiva (e cara) loja de Beverly Hills onde só entra um cliente de cada vez, com hora marcada e todo o staff de empregados à sua disposição..

Esta foto não pode ser verdadeira. Não acredito. Só pode ser uma montagem grosseira. Não acredito que gente como de Niro, Ronald Reagan, Al Pacino ou Steven Spielberg autorizasse que uma loja de roupa ostentasse os seus nomes na montra. Já os outros…

Via Blasfémias

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É que já não há mesmo pachorra…


rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr... Alguém se lembra da portuguesíssima (e estrrrrrridente) Famel Foguete?
[3119]

Francisco Louçã foi chamado, uma vez mais e só ele, vá lá saber-se porquê, pelos meios de comunicação social a pronunciar-se sobre a ocupação das instalações do BPP no Porto. Louçã, de cátedra habitual e exibindo a actual desenvoltura, disse que o Estado tinha de assumir as suas responsabilidades perante os pequenos depositantes.

Não sei bem quais são os parâmetros de Louçã que diferenciem um grande de um pequeno depositante, fica apenas a ideia de que ser grande é pecado. No Bloco, claro. E ser pecado no Bloco é coisa que não há padre que confesse nem penitência que salve. Acredito, porém, que ser pequeno é ter depósitos até €1.270.000 que é o montante que o Bloco votou no Parlamento, lampeiro, como a importância que os Partidos podem receber em dinheiro vivo. E era o que faltava era que o Bloco fosse considerado grande. Pequenino e honrado, claro. Como os pequenos depositantes do BPP que devem, de imediato, serrrrrr prrrrrrotegidos e rrrreceberrrrr os seus valores. Os outros, que se lixem. Quem é que os mandou ser grandes?

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Desculpem qualquer coisinha


[3119]

No bairro da Bela Vista em Setúbal, aconteceu o habitual. Umas centenas de pessoas juntaram-se em frente da esquadra da polícia e provocaram abertamente a autoridade com motos, carros, invectivas verbais e, no final, atirando cocktails Molotov contra as instalações. Tudo isto porque, imagine-se, morreu um dos “seus” jovens, um dos “deles” (SIC), às balas da GNR apenas porque estava a assaltar um multibanco.

Esta situação não é nova e requer, admito, uma boa preparação das forças policiais para lidar com ela, evitando danos físicos. Mas evitar danos físicos não significa necessariamente uma atitude apologética perante os ataques de que são alvo. É patético ouvir responsáveis a falar para as reportagens como que a pedir desculpa pela reposição da ordem, numa total inversão dos factos. Já do outro lado da barricada, os “jovens” são unânimes em usar uma lógica muito própria e exibindo um vincado rancor, acusando a autoridade de matar só porque se anda a assaltar caixas de multibanco.

Como seria bom que as forças policiais fossem treinadas no sentido de evitar danos físicos, mas não hesitar em prender quem tivesse que ser preso e, sobretudo, conceder um ar de dignidade ao “espectáculo”, mostrando a firmeza que este tipo de situações requer, em vez de quase dar a impressão que se está a pedir desculpa por ser polícia, tipo vá, desculpem lá, pá, vão-se lá embora mas não assaltem muitas caixas de multibanco senão temos de atirar mais um tiro para o ar.

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quinta-feira, maio 07, 2009

Direito de Opinião


[3118]

O Direito de Opinião fez dois anos. Habituou-nos a uma crítica escorreita e civilizada, pelo que é de leitura diária e "mandatória".

Aqui fica o registo e os sinceros votos de que o António de Almeida se sinta por muitos mais anos no direito de opinar.


Tchin Tchin

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Começou...


[3117]

Eu andava a estranhar a demora dos lobis da carne de vaca e/ou do peixe em vir a público com este tipo de notícias que não são bem notícias, mas que podem vir a ser notícias e, pelo sim, pelo não, não se sabe, coisital, portanto o melhor é…

Já agora, desde quando é que se podia comer “a carne de porcos doentes ou encontrados mortos, processada ou utilizada para consumo humano em qualquer circunstância” ?
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"Vánessa", limpaste o cu?


[3116]

Domingo passado fui ao Zoo, por imperativos de afectos familiares. Vi bichos civilizados, razoavelmente cuidados, bem instalados e indiferentes ao burburinho da turba humana que, vagueando pelos recintos dos “animais” ia, entre outras coisas, discutindo o que é que iam fazer para o jantar ou qualquer outro tema de “importância relacionada” com a visita.

Havia muitas famílias, como é natural. O pai, a mãe e os filhos pequeninos, o que é natural e bom sinal. Curiosamente poucos imigrantes, o que, à partida daria pano para as mangas de uma crónica bem “arrancada” do Dr. Pureza. Como denominador comum, uma forma de comunicação entre o conflito, o mal-estar e uma aflitiva falta de educação entre o pai para a mãe, a mãe para o pai, os pais para os filhos e estes para os pais. De um modo geral há uma degradação muito vincada na forma, nos modos e na substância da comunicação das famílias. Dificilmente ouvi pais a comentar os animais que observavam ou a ler os dísticos onde poderiam encontrar informação interessante para transmitir à prole. O grosso da comunicação situava-se entre a necessidade de comprar um “corneto”, o que é que havia para o jantar e ver as horas para não perder as focas e os “gólfinhos”. E depois, era a linguagem. Sinceramente que não me apercebia da forma como muitos portugueses comunicam hoje entre si. No meu tempo de miúdo já havia palavrões, mas sabíamos que eram palavrões. Deles se guardava a necessária reserva e respeito pela nossa condição de gente em ”processo educacional”, ao contrário de hoje quando, amiúde, oiço palavrões entre pais e filhos com a mesma naturalidade com que ouvia (muitas vezes) maridos a perguntar às mulheres o que é havia para jantar logo à noite. Palavrões, no mínimo termos ordinários que, parece-me, perderam por completo o sentido da inconveniência e da deseducação pela forma corrente como são utilizados.

Exemplificando, estava eu sentado a comer um “corneto” (lá está…) e a descansar das caminhadas, quando ouvi uma mãe, mulher de não mais que 30 anos, perguntar à filha de cerca de seis anos que tinha ido à casa de banho pública: “Vánessa”, limpaste o cu?

Olhei para uma neta de três anitos e julguei ver nela uma expressão de estranheza. Ou desconhecia o termo ou achou que a linguagem que lhe outorgavam em casa era demasiado pobre e que passava ao lado de expressões tão banais como o acto a que a mãe da “Vánessa” se referia.

Fiquei a penar neste episódio. Claro que devo poder pensar em mil causas para este efeito. Mesmo assim, deprime-me pensar na desconfiança que tenho que a mudança de padrões materiais que assolou a sociedade portuguesa, bem assim como o discurso de algumas luminárias que se empenharam na formação de um português novo estão na razão directa da naturalidade com que uma mãe pergunta a uma filha de seis anos, alto, claro e bom som, se já limpou o cu.

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quarta-feira, maio 06, 2009

Melhor era impossível


[3115]

Podemos não gostar de futebol. Mas não é possível passar indiferente à extraordinária demonstração de força, técnica e talento no jogo de ontem do M. United contra o Arsenal. Cristiano Ronaldo encheu o campo, marcou golos, deu a marcar, correu, assistiu, transbordou talento e habilidade e fez uma enorme propaganda ao futebol enquanto espectáculo de multidões.

Era difícil fazer melhor.

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Falta de chá




[3114]

Não sei pormenores. Do essencial sei que Paulo Rangel terá avançado com um plano de primeiro emprego para a UE. Basílio Horta, um convertido ou socialista–novo em ascensão no universo politico, não gostou e o nosso preclaro ministro Pinho veio ajudar a festa dizendo que para Rangel chegar aos calcanhares de Basílio Horta precisava de comer muita farinha Maizena.

Sem cuidar de outros pormenores, o que ressalta é que com falta de mais ou menos farinha Maizena a Rangel há uma tremenda falta de chá por parte de Manuel Pinho.

É a tal política pequenina, pífia e que resulta exactamente de quem possivelmente se terá atafulhado de farinha Maizena em pequenino, mais tarde tê-la-á usado em profusão para engrossar o molho do guisado, mas que porventura não teve o privilégio de lhe terem posto alguma vez á frente uma chávena de chá.
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terça-feira, maio 05, 2009

Depois admiram-se

[3113]

Chamaram-lhe corno, partiram-lhe a loja, roubaram artigos e ameaçaram-lhe uma irmã. Elementos de uma claque do F. C. Porto entretiveram-se alegremente nestas actividades lúdicas numa loja de Cristiano Ronaldo no Funchal, ao mesmo tempo que berravam que era por causa do golo que ele, Ronaldo, lhes tinha aplicado no Dragão.

País estranho, este.
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Não é fácil...

[3112]

Enquanto personagens ilustres antecipam e discutem as virtualidades de um Bloco Central e vêem, por isso, as suas opiniões projectadas e reverencialmente glosadas, já Manuela Ferreira Leite, que verdadeiramente nunca chegou a afirmar tal coisa, é executada em praça pública por força de ter alegadamente colocado mais um prego no caixão do PSD.

As manifestas dificuldades de comunicação de MFL são indubitavelmente um forte handicap na sua relação com o eleitorado. Mas temos de convir que dificilmente se resiste à sanha permanente com que esta mulher é tratada na comunicação social. O episódio burlesco de se afirmar que o êxito de Rangel nas europeias seria um cartão amarelo à líder social-democrata (um artigo inominável de Francisco Almeida Leite) é disso uma prova cabal.
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A urgência de uma atitude liberal no Portugal de hoje

[3111]

"A presente crise mundial demonstrou bem como as retóricas socialistas se souberam enraizar no sistema político e comunicacional, e como os seus chavões tiveram uma consagração incoerente..."

"O mundo divide-se hoje entre os que procuram pelos seus meios, o seu espaço, e os que esperam, de mão estendida, aquilo que o sistema burocrático tem para lhes dar. A dicotomia política faz-se hoje entre os que permanecem fiéis às raízes liberais, de confiança no indivíduo, na sua capacidade e criatividade, e defendem a sua autonomia e a sua esfera de direitos, e os que projectam no Estado as suas aspirações, limitando na teia legal-burocrática o seu raio de acção. Portugal assiste impávido e crédulo à escalada galopante do Estatismo e à captura de recursos pelas cliques que o rodeiam..."


Um excelente post do RAF no Insurgente. Ler tudo aqui.
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segunda-feira, maio 04, 2009

Yaaaaaahn!


[3110]

Acabou o longo bocejo do campeonato nacional de futebol. Aconselha-se alguma diligência no sentido de entreter o povo até à chegada do Verão, que ainda falta um bocadinho.

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Dúvidas pertinentes



[3109]

"Alguém tem dúvidas de que eram militantes do PCP? Pergunta Vital Moreira"

"Alguém tem dúvidas que José Sócrates está metido até ao pescoço no caso Freeport?"


João Miranda no Blasfémias, respigando a notícia do Público.

O PCP já fez alguma declaração no sentido de achar que está a ser vítima de uma campanha negra?
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É preciso não esquecer *

[3108]

NO FIM dos discursos, em aperitivo para o beija-mão e os cumprimentos de função, cantou-se o hino nacional. De pé, os nossos representantes tentaram recordar e trautear aquelas heróicas e obsoletas palavras. Sobretudo, esforçaram-se por não desafinar. Pois bem, nesse momento solene, algo de extraordinário aconteceu. Ao mesmo tempo que soavam as últimas estrofes da canção nacional, nos enormes ecrãs de plasma, pendurados nas paredes do hemiciclo, começam a ser projectadas fotografias. Em particular, a que se viu depois reproduzida nos jornais: algures, na sede da PIDE ou da Censura, em Abril de 1974, um soldado retira das paredes uma fotografia de Salazar. Inesquecível! Absurdo!
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PODE pensar-se que o episódio não tem importância. Que foi uma brincadeira. Um devaneio. Que ninguém, além dos deputados e das altas individualidades, vê o que se passa no Parlamento. Qualquer coisa. Mas a verdade é que tem importância. Trinta e cinco anos depois de Abril, a democracia continua a viver à custa de Salazar e da sua queda. Parece que o regime democrático e a liberdade nada têm a oferecer ao povo para além do derrube do ditador. Que, aliás, não foi do próprio mas do sucessor. Aqueles partidos e aquela instituição vivem obcecados. Sentir-se-ão culpados? De quê? De não terem sabido governar o país com mais êxito e menos demagogia? De perceberem que a população está cada vez mais cansada da política e indiferente aos políticos? Preocupante é haver alguém que pense que aquelas imagens produzem algum efeito! A política contemporânea é de tal modo medíocre que o derrube do anterior regime é ainda mais importante do que o novo regime democrático. Essa é a mágoa! Trinta e cinco anos depois, a liberdade e tudo quanto se vive não são já mais importantes do que aquele dia de derrube. Será que os espanhóis fazem o mesmo? Os gregos? Os russos? Os franceses também eram assim em 1980? Que Parlamento no mundo, em dia solene ou simplesmente em dia de trabalho normal, se dispõe a exibir fotografias dos inimigos da democracia? Será assim tão frágil a nossa liberdade que necessitamos de a legitimar sempre com o derrube de um ditador? Por quantos mais anos vamos assistir a isto? Nenhum dos argumentos previsíveis é satisfatório. Dizem que é preciso recordar. Reler a história recente para que a ditadura não volte. Gritar “nunca mais”, para que nunca mais seja. É exactamente o contrário. A falta de capacidade de respirar livremente, sem recordar os fantasmas, é a vontade de viver amarrado ao passado. Este regime é débil, porque não encontra em si próprio, nos seus méritos, razão suficiente para se legitimar e justificar. Para se assumir sem inventar ou ressuscitar inimigos. Esta insegurança revelada pelos dirigentes políticos contrasta com a certeza de muitos cidadãos. Inquéritos recentes mostram os sentimentos dos portugueses. Querem a liberdade. Não necessitam de fantasmas para se sentirem livres. Ponto final.

António Barreto, no
Jacarandá e Público (sem link)

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É preciso não esquecer, o tempo que passou... estribilho de uma canção revolucionária moçambicana, através da qual se instigava o povo não esquecer o colonialismo.
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