quinta-feira, abril 30, 2009

Sinapse reflectiva

[3099]

"...o que me tira do sério é que este Governo centrista, feito de moscas e moscardos, é encabeçado pelo zângão do Sócrates. Não suporto aquela arrogância pimpona, aquele arzinho de soberba e importância. Muito senhor do seu nariz, muito cheio de si próprio. Inchado como o papo de uma fragata-comum, vulgo tesourão ... vejam lá, vejam lá que o homem ainda estoura de tão impado!..."
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Já cá tardava


[3098]

E não é que eu andava desconfiado? Ainda bem que apareceu a sondagem, sobretudo feita por quem é, para eu ficar mais sossegadito.
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Parece que Jon Stewart não foi processado. Nem Michelle Obama bateu no “Bo” ou se demitiu de nenhum programa de televisão


DS - 090428 Ovrama é muçulmano @ Yahoo! Video

[3097]

CNN: O presidente Obama está envolvido numa comoção real. Será que fez uma vénia ao rei da Arábia Saudita?

Fox News: A vénia controversa de Obama... Obama dobra-se até ao nível da cintura.

CNN: Foi inapropriado?Fox News: Transmitiu a mensagem de que o Islão é superior a qualquer outro ministro ou presidente do mundo. Vejam como se baixa. Fica abaixo do ombro dele.

Jon Stewart: Está a fazer-lhe um br...! O que tem a realeza saudita que faz sobressair o lado bajulador dos nossos presidentes? Todos nos lembramos do presidente Bush a dar a mão a Abdullah em Crawford. Aliás, Jimmy Carter costumava ler histórias para adormecer ao rei Khalid. Eisenhower arranjou as mãos e os pés ao rei Saud. Até Roosevelt costumava levar Abdul Aziz às cavalitas.

É ver o vídeo todo. Está legendado e tudo. É um bom tratamento para o fígado.

Via Um homem das cidades

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Desculpem lá o mau jeito

[3096]

Sócrates já pediu desculpa pela utilização de crianças de escola nas campanhas de propaganda do governo (chegou-se ao ponto de se filmar uma criança a dizer que o "Magalhães é o seu melhor amigo"). Os pais podem não ter tido conhecimento. Foi tudo um engano, um pequeno excesso.

Esta coisa da campanha eleitoral e assim, o entusiasmo, temos de ser compreensivos.
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Somos fantásticos


[3095]

A propósito da gripe suína, (também chamada de gripe mexicana por causa da qual já andam a matar porcos no Egipto, esta é irresistível e é do Jorge Ferreira) temos ouvido vários avisos e informação sobre a possibilidade de uma receada pandemia. Ouvi várias entidades, desde responsáveis da O.M.S até ao próprio Obama, com recomendações a propósito, desde evitar o beijo até aos grandes ajuntamentos de pessoas, cuidados de higiene acrescidos, etc., todos eles num assinalável tom de humildade perante as grandes ameaças.

Em Portugal é diferente. A ministra dirigiu-se ao país para dizer que aqui não há casos. Mais. Que as autoridades estão preparadas para qualquer eventualidade. Voilá. Por um lado protegidos por Nossa Senhora, como quando foi da Guerra, por outro, se Nossa Senhora tiver um deslize, a eficácia de um governo que sabe como fazer as coisas e como proteger os seus cidadãos. Sócrates também já disse qualquer coisa, que não reproduzo porque já criei, inequivocamente, defesas do organismo para quando ele fala. Mas ainda consegui perceber qualquer coisa como “…a prontidão com que os nossos serviços de saúde reagiram…”. A partir daí a coisa esfumou-se.

Há qualquer coisa de pacóvio nisto tudo.

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quarta-feira, abril 29, 2009

Ainda a tempo


[3094]

Por só agora ter reparado neste comentário do leitor Francisco Costa num post já com alguns dias, achei melhor responder em post.

Como seria bom, prezado Francisco Costa, que todos os que "estavam em Portugal" percebessem que nem todos "os que não estavam em Portugal" eram propriamente indigentes da realidade política. E era tempo que aqueles que lêem ou ouvem dizer que a descolonização foi vergonhosa e trágica percebessem que quem o diz não advogava necessariamente a perpetuação de um regime que toda a gente percebia condenado e que sabia que a descolonização poderia e deveria ter sido feita por Salazar já nos anos sessenta. É uma questão de ler com mais atenção o que se escreve. E não confundir as coisas.

Finalmente, vergonha por vergonha e descaramento por descaramento, é precisamente achar que quem estava fora de Portugal analisou a descolonização pelo impacto que ela teve nas suas vidas. É uma maneira de chamar estúpido às pessoas e confirmar a ideia de que essa gente, os que estavam fora, acabou por ser um grupo de empecilhos ao bom andamento "dos trabalhos".

É pena! Mas define bem a mentalidade estreita de muitos que nunca passaram da Trafaria e que se arvora em profundo conhecedor da realidade política e social das coisas do mundo.

E sim. A descolonização foi uma vergonha. Não na óptica dos que estavam fora mas na óptica de toda a gente que se der ao trabalho de se ilustrar melhor sobre tudo o que realmente aconteceu.
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A zoologia da política


[3093]

“Não foi feito pelo Partido Socialista não. Nós tivemos um contacto da tutela, dos representantes do Ministério da Educação aqui no Distrito de Portalegre e na região de Évora, que é onde está a Direcção Regional, com a intenção de consultar crianças e pais”, disse a responsável.

Mais do que o acto em si, angariar criancinhas para propaganda do governo sem dar cavaco a ninguém, choca a retórica “pós-delito” com que o Partido Socialista nos brinda quase todos os dias e que se tornou já uma imagem de marca e que consiste fundamentalmente em fazer de todos nós parvos. Quer dizer, todos, não. Porque há sempre aqueles que votam incondicionalmente, faça ou diga o Partido o que fizer ou disser. São os indefectíveis, os correligionários, a claque de fidelidade canina, que acham que os outros devem assumir uma passividade bovina, fazendo de todos nós burros. Porque a verdade é que pouca gente altera a serena impavidez com que se vai assistindo à extrapolação e abuso descarados do poder do aparelho de Estado.

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terça-feira, abril 28, 2009

Autárquicas em Cascais


[3092]

Neste pequeno texto, Carlos Castro (CC) explica que Cascais deixou de ter o dinamismo e a projecção que um concelho como o de Cascais pode e deve ter. E que Leonor Coutinho tem todas as condições para dar. CC não explica bem o decréscimo da projecção e dinamismo de Cascais. É uma afirmação meio vazia ou meio cheia de nada. Nada concretiza, apenas diz que Cascais perdeu dinamismo, ponto parágrafo, o que é uma forma no mínimo vaga de se argumentar. E depois, que Leonor Coutinho tem todas as condições para dar. Não diz que condições, não diz como, CC só diz que Leonor Coutinho tem. Por isso, diz CC, as pessoas estão nervosas.

Por mim, não conheço Leonor, lembro-me apenas de umas notícias esparsas veiculadas pela imprensa de que ela emprestava o BMW de serviço (do Estado, o que não é bem uma viatura de empresa particular) ao namorado. Mas acredito que a senhora tenha condições. Só gostava é que CC me dissesse quais são. Assim, a frio e sem mais pormenores, não vou lá. Não que tencione mudar o meu voto em Capucho, mas já agora gostava de conhecer melhor a senhora, não vá eu estar a perder uma autarca melhor. E eu quero o melhor para Cascais.

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Mais Prós e Prós


[3091]

Referindo-me à sessão de ontem (que não vi na totalidade), parece-me evidente que estes Prós e Prós são cada vez mais uma encomenda clara no sentido de dar cor ao Portugal cinzento que medra pelo meio de uma tão profunda crise. Não viria daí mal ao mundo se houvesse um mínimo de honestidade e genuinidade no propósito, mas o que se verifica é que tanto pela escolha dos participantes e convidados, como pelas matérias abordadas e pela forma como as mesmas são tratadas, rapidamente chegamos à conclusão que antes de se tratar de um exercício de propaganda pura ao Governo e ao regime, estamos perante um acto de evidente maltratamento da inteligência dos portugueses, aqui tratados como crianças traquinas (e estúpidas) que é preciso carrilar com psicologias avançadas ou, no mínimo, como borregos tresmalhados de um rebanho que é preciso manter agrupado e obediente aos seus pastores.

Um dos pastores de serviço (Mário Soares, quem mais?) proferiu uma das mais disparatadas apologias à profunda mudança mundial, à bênção da eleição de Obama (facto de estranhar, por ele ser um afro-americano, disse Soares, paternalista e mordaz quanto a uma sociedade naturalmente inquinada pela administração anterior) e ao evidente descalabro do neo-liberalismo. Palavra de honra que jamais ouvi Soares explicar o que é que ele entende por neo-liberalismo, fico até com a sensação que nem ele mesmo sabe exactamente do que é que está a falar, mas isto posso já ser eu a ser má-língua. Mas Soares, com audiência bovina e batuta conveniente, conseguiu falar e falar e falar e falar sobre as malfeitorias do capitalismo e da sua profunda convicção de que, finalmente, as coisas iam mudar.

Sampaio da Nóvoa também deu um ar da sua graça, sobretudo da exigência dos tempos modernos em estender o poder para além dos partidos, isto é, tudo deverá ser escrutinado por organizações cívicas (Nóvoa bateu muito neste pormenor) e devia estar a pensar no regresso a grupos dinamizadores, células de bairro e representantes dos “trabalhadores “ nas decisões estratégicas das empresas. Entre outras coisas do mesmo quilate, para cuja descrição me falece a paciência para evocar.

Anacoreta Correia e um punhado de estudantes deram um toque de colorido e aquiescência à coisa e Leonor Beleza pareceu-me naturalmente deslocada no meio daquilo tudo, contrastando com Fátima Campos Ferreira, segura, impante, sorridente e didáctica. Por mais que me digam, estas sessões, mais do que enfermando dos índices de situacionismo de Pacheco Pereira, parecem-me uma representação clara de um quadro complexo de exercício de poder, ao qual não é estranho o convencimento de que é preciso explicar as coisas muito bem explicadas ao rebanho, claramente impreparado para os grandes desígnios do homem novo e de uma sociedade nova. Sociedade nova surpreendentemente começada no Estados Unidos, como dizia Soares, apesar do presidente afro-americano e que seria bom que a Europa copiasse, ou o dilúvio vem aí.

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segunda-feira, abril 27, 2009

Os factos mais relevantes da semana que passou


[3090]

- A nortada que varreu o campeonato, leia-se, a derrota ilegal do Belenenses, a vitória esquisita do Rio Ave na Figueira da Foz, o estranhíssimo penalty que iria colocar o Benfica vs Marítmo em 3-2 e a saída dos dois melhores jogadores do Vitória de Setúbal ao intervalo, coincidentemente, emprestados pelo F.C. Porto. O jogo estava empatado e não andava nem para trás nem para a frente;

- A notícia do Expresso onde se dava conta de que, afinal, as declarações de Charles Smith eram todas falsas. Dito pelo próprio. E a calma seguinte, como quem diz: “Prontes”, está tudo esclarecido;

- Os critérios estranhos do professor Marcelo, segundo os quais os grandes vencedores do debate do Prós e Contras foram Miguel Portas e Ilda Figueiredo. Miguel, já nem me lembro bem porquê e Ilda porque ia bem penteada o que é um sinal de modernidade e ajustamento do Partido Comunista aos dias de hoje. Marcelo falou a sério, ia jurar…

- Uma jornalista que disse que Sócrates rosna e que não foi processada;

- Este ano não ouvi qualquer menção ao facto de Cavaco Silva não usar cravo na lapela;

- Nenhum porco espirrou ainda mas uma nova gripe anda aí. Os suinicultores de Leiria (aqueles que de três em três anos são notícia há trinta anos pela emissão de dejectos para o rio) já vieram à televisão sossegar-nos, dizendo que podemos comer carne de porco à vontade. A Drª Jorge ainda não disse nada, mas o Dr. George já fez a costumada prelecção a propósito das grandes gripes e dos riscos das pandemias e já nos deu os números de telefone para onde podemos telefonar se espirrarmos.

- Mário Lino, o nosso impagável ministro das pantominas periódicas, acha que Paulo Rangel tem uma visão cinzenta e salazarenta;

- Câncio deixou mesmo a TVI24, mas aquilo assim não tem graça nenhuma. Compensou com as alusões ao nosso Condestável;

- Esta semana ninguém falou mal de Bento XVI.

Assim, de repente, foram estes os factos, que me ocorra, mais relevantes desta semana. Uma semana fraquinha, como se vê…

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domingo, abril 26, 2009

Onde é que eu estava no dia 24 de Abril?


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A Cristina gosta destes desafios e eu gosto de responder aos desafios da Cristina. Em boa verdade o desafio refere-se ao 24 de Abril mas eu, confesso, não faço a mínima ideia do que é que estaria a fazer nesse dia. Mas a 25, sim, lembro-me bem.

«Em Lisboa as coisas iam acontecendo. Entre o “e depois do adeus”, “Grândolas”, chaimites e espingardas com cravos, a dinâmica estava criada. Eu, longe do mundo, voava a 15.000 pés, a uma velocidade de cerca de 400 km/h num Cessna tornado minúsculo no meio do contraste forte entre o branco intenso dos cúmulos e o azul do céu, a caminho de um lugar conhecido como Baixa de Cassange. A Baixa de Cassange era um dos caprichos de Deus quando fez a Terra, escavando uma depressão de cerca de 25.000 km2 num planalto de 1200 metros de altitude.

Eu era um jovem, iniciado nos segredos da profilaxia vegetal e Abril era um mês de intenso trabalho na Baixa de Cassange. Um mês quando as temperaturas elevadas dos três meses anteriores e a humidade relativa proporcionavam um vasto universo de insectos devoradores de algodoeiros. Saíra de Luanda por volta das sete da manhã, na companhia do piloto Carlos S. de uma empresa que se chamava, à altura, CTA e cheguei ao destino, uma terra chamada Cunda, por volta das nove e meia onde, depois do habitual e aconselhável voo rasante para ver se havia cabras na pista (pista que, em boa verdade, era um caminho de cabras, ”aterrável” por via de um par de passagens com motoniveladora), acabámos por aterrar sem matar cabra nenhuma.

O dia passou-se normalmente, entre a observação de bichezas à lupa, contagem de gotículas de produtos químicos por cm2 de folhas, abertura de cápsulas de algodão à cata de ovos e lagartinhas, um almoço de galinha assada e cerveja e alguma papelada e troca de impressões entre técnicos das várias companhias e pilotos que operavam no local.

Já ao cair da noite metemo-nos nos respectivos aviões e voámos para Malange, a cidade mais próxima onde dormiríamos até ao dia seguinte. Ao jantar, a notícia foi-nos dada. Tinha havido uma revolução no “puto”… Marcelo estava preso… não havia mortos nem feridos mas a situação estava tensa… tudo muito vago e algo confuso. Ao princípio não acreditei, mas notícias em onda curta confirmaram que sim, que tinha havido uma revolução durante o dia.

Nessa noite dormi mal. Acho que não estava preparado para me aperceber da dimensão dos acontecimentos, mas pressentia profundas mudanças na minha vida. Foi talvez o pensamento mais certo que tive. No dia seguinte interrompi o trabalho e disse ao piloto para regressarmos a Luanda. E, realmente, começaram nesse dia as tais grandes mudanças da minha vida…»

Pronto. E eu agora deveria nomear mais uns quantos. Mas como a Cristina já nomeou um milhão, poucos mais ficaram para nomear. Acho que o melhor mesmo é nomear toda a gente que o queira fazer. Porque, já agora, também estou curioso com alguns.

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sábado, abril 25, 2009

Assombrações


[3088]

Ana Gomes lamenta as assombrações que possa causar a Manuela Ferreira Leite, no âmbito da fenomenologia do além.

Pode Ana Gomes ficar descansada que não precisa de fenomenologia esotérica nenhuma. A assombração é presente e contínua, sem precisar de quaisquer fenómenos. Ainda agora a viscosa sugestão de que Durão Barroso foi cúmplice na deslocalização da tortura da administração Bush assombra qualquer cidadão desprevenido. Abracadabra, chiça, penico, abrenúncio, saramago, pé de cabra, vê-se-te-havias, t’arrenego, inda por cima…
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Desígnio vital


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A RTP prossegue incansavelmente a transmissão de declarações de Vital Moreira, no âmbito das sua campanha para as Europeias (!!!!), segundo as quais é absolutamente indispensável que o PS consiga a maioria absoluta nas …legislativas.

Aqui está um caso em que é aplicável a popular expressão tem tudo a “haver".

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sexta-feira, abril 24, 2009

Mentira


[3086]

Foi óptima a forma como os responsáveis políticos do pós-25 de Abril conduziram o processo que, na década de 1970, culminou na independência das ex-colónias portuguesas”.

“A descolonização foi óptima, foi feita num tempo recorde que admirou muitos países que fizeram descolonizações, como os franceses”, disse Mário Soares, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.

Mário Soares… “sustentou que a forma como Portugal entregou as suas colónias trouxe uma confraternização com os movimentos de libertação que criou as condições para que fosse possível criar a Comunidade de países de Língua Portuguesa (CPLP)”.

Diário de Noticias de 24 de Abril de 2009, sem link disponível.

“Isto” é uma enormidade. Patético. É o desrespeito total pela memória de milhares de mortos, portugueses e africanos vítimas da irresponsabilidade de Soares, ligeireza e ausência de sentido de Estado e pelo mérito de milhões de outros portugueses e africanos que se viram obrigados e conseguiram ressurgir da tragédia, forjando novas vidas em novos lugares. Soares não soube, não pôde ou não quis que as cerimónias de independência, que de cerimónias se deveria ter tratado, tivessem o brilho e solenidade de muitas outras independências, como as das ex-colónias inglesas, por exemplo. Nem cuidou de respeitar os interesses legítimos de uns e outros, antes optando pela versão hábil de que “quem vinha das colónias era, naturalmente, colono”. Tudo foi feito a trouxe-mouxe, a correr, ao sabor do improviso e da imponderabilidade da situação, sem agenda, sem respeito, por vezes autenticamente em retirada, como em Timor e, quase, quase, em Angola. Cerimónias que envergonharam portugueses e não dignificaram os novos líderes dos novos países. Pelo meio, uma escandalosa forma de apoio aos movimentos sacralizados pela ex-União Soviética, para o que contaram com preciosos elementos como o inenarrável Rosa Coutinho, mais tarde tornado num próspero homem de negócios em Angola.

Mas Soares não hesita em produzir afirmações de circunstância, verdadeiras mentiras soeses e sem vergonha que, pela própria delicadeza da matéria e pelo respeito devido àqueles que tiveram de fazer pela vida, sem muletas, sem Partidos, sem ideologias que não fossem a necessidade de manter a saúde e a dignidade das próprias famílias, deveriam ser cuidadosamente proferidas e no estrito respeito pela verdade.

As novas gerações têm de saber que “discursatas” do tipo destas que Soares usou no Instituto de Ciências Sociais são uma forma mórbida de distorcer convenientemente a verdade, mas sobretudo uma falta de respeito pelos portugueses e africanos. Porque são mentirosas, são parciais, são doentias por tudo o que contêm de perversas e de falsas. Soares devia contar até dez antes de falar desta maneira. E as pessoas têm de saber a verdade. Porque quando as mentiras são ditas muitas vezes e não são desmentidas acabam por parecer quase verdade.
Uma atitude verdadeiramente lastimável de Soares. Ele sabe que o que disse não é verdade…
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Angolabela





O Quintal da Tia Guida - Fotos do blog

[3085]

Peixe fresco, choco frito e sumo de múcua, anuncia uma familiar da Tia Guida para “petiscar” antes de entrar no peixe fresco da ilha, no feijão dem-dem ou noutro pitéu em que Luanda é farta.

Luanda tem o encanto, entre muitos, dos nomes, uns deles incontornavelmente ligados á herança colonial, outros genuinamente camundongos (para quem não saiba, o termo camundongo, vulgarizado no Brasil para designar o rato é luandense e aplica-se aos naturais da cidade).

Nomes como Pezinhos na Água, Kussunguila, Bituite, Camprandando e outros são um bom exemplo do que digo e que correspondem a lugares, neste caso, da Ilha de Luanda onde se come ou dança. Porque em Luanda come-se bem e dança-se melhor. Não há “maca” que afaste esta atitude do luandense perante a vida e o trabalho, este interrompido todas as sextas à noite para se viver a plenitude daquela, até segunda de manhã. E o nome deste restaurante, O Quintal da Tia Guida, é também um bom exemplo.

Este pequeno preâmbulo serve apenas a finalidade de, uma vez mais, me referir a um brasileiro, julgo que de nome Belo, que se entretém a publicar dezenas (centenas?) de fotos de Angola pela qual parece estar irremediavelmente apaixonado. Vale a pena visitar o Angolabela e ver as fotos. E ler os textos, naturalmente. Neles se entenderá o velho aforismo de que Angola era a mais portuguesa das colónias, mas não perdendo, jamais, a sua fortíssima personalidade própria. E inigualável beleza. Vale a pena visitar o blogue. Talvez, sobretudo para os que conhecem a terra.
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Coimbra é uma lição


[3084]

Nem sempre a esquerda gera anti-corpos pela sua forma ideológica mas, frequentemen-
te, pela soberba, pela arrogância dos seus mentores. Ontem na Quadratura do Círculo, numa emissão a partir de Grândola, Manuel Alegre disse, com um ar sério, compenetrado e, quase diria, messiânico, que poderia vir a formar um novo partido, porque os partidos, todos, frisou ele, precisavam de uma lição.

A esquerda é assim. Nem sempre interessa o desenvolvimento e o bem-estar social… das pessoas, como soe dizer-se. Frequentemente, é mesmo o que menos interessa. O que verdadeiramente interessa é dar uma lição àqueles que, e perdoe-se-me a vulgaridade do termo, se atrevem a “mijar fora do penico”.

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Às vezes compensa...


[3083]

Otelo Saraiva de Carvalho já pouco significará para os mais jovens. Para aqueles que se lembram da preponderância da sua acção, do vitupério pronto contra todos aqueles que ousassem sequer “pensar” e da normalidade e convicção com que achava que poderia eliminar uns quantos reaccionários no Campo Pequeno, esta promoção não terá grande significado em si. Mas vai fazer recordar como é estranho este país e como sinuosas são as linhas com que se cose. Porque a verdade, para os mais esquecidos, é que este homem foi acusado de vários crimes, concretamente dezassete assassinatos em circunstâncias nunca devidamente esclarecidas e tudo acabou numa espécie de amnistia que passa por lavar com esponja um dos mais vergonhosos capítulos do nosso processo revolucionário. A alguns dos implicados, alegadamente aqueles directamente envolvidos em “crimes de sangue”, foi-lhes facultada a possibilidade de se instalarem em países a salvo da justiça portuguesa. Aí foram recebidos, emulados como exemplo para as revoluções locais e entretinham-se a esquematizar revolucionariamente quintas e cooperativas junto de camponeses. E se as quintas poucos meses depois deixavam de dar hortaliças (e ananases, lembro-me bem…) isso não apagava o “brilho revolucionário” da sua presença em algumas circunstâncias sociais, como eu pessoalmente tive ocasião de assistir, episódios que serviram para eu entender melhor o “fenómeno revolucionário”. Hoje não sei bem o que resta destes “ananaseiros” revolucionários e cooperativistas e que Deus os guarde longe, mas de Otelo sei que está cá e que se dá até ao luxo de questionar a “injustiça” da sua promoção.

É um caso que nunca perceberei bem e se manterá na bruma de alguns mistérios nunca devidamente explicados aos portugueses. Ficará, outrossim, a ideia de que este homem esteve directamente implicado numa série de crimes de morte e que Mário Soares terá tido um papel importante na lavagem da sua imagem, através de uma mal explicada amnistia, se bem lembro em nome do “momento revolucionário da época” e da desejada harmonia entre os portugueses. Mais palavra menos palavra é o que tenho na memória. Amanhã, possivelmente, vê-lo-emos a exibir o seu garbo de Abril numa celebração a propósito.


Ler esta história do assassinato do pai de Manuel Castelo Branco do 31 da Armada. A não perder também alguns dos comentários ao post.

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quinta-feira, abril 23, 2009

A batalha do berbigão




[3082]

Esta noite houve tiros na Trafaria. Começava assim a notícia.

Pensei logo em grupos de imigrantes ilegais, façanhudos e cruéis a assaltarem qualquer coisa aos tiros e a polícia a responder, com cuidado para não acertar, claro, que depois é uma trabalheira de papelada e processos. Mas não. Afinal era uma história muito ao nosso género, muito tuga, muito Trafaria, em que um grupo de trinta pescadores teria sido apanhado a apanhar berbigão, de noite, em embarcações “azuis”. Ora, depreendi depois da notícia, como só os barcos “laranja” é que estão licenciados, a polícia marítima desatou aos tiros para o ar. Parece que não houve baixas, apenas morreram alguns berbigões que não resistiram á refrega.

Não sei bem porquê, mas associei involuntariamente esta história às obras de engenharia na Guarda do nosso Grande Líder. A imagem daqueles projectos e a polícia aos tiros por causa de uns quantos pescadores de berbigão sem licença, prefiguram todo um perfil da nossa gente. Tanto de líderes como de liderados. É só meditarmos neste sentido e apercebemo-nos de como o nosso quotidiano é feito deste tipo de episódios mais ou menos caricatos. Actuamos segundo padrões de uma lógica e de uma estética muito próprias e muitas das nossas histórias revestem-se de um fundo caracteristicamente pífio que nenhuma globalização alguma vez nos roubará.

CORRECÇÃO: Informam-me que afinal são amêijoas e não berbigões. Sempre se eleva um pouco o nível à coisa.
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Critérios simples

[3081]

Do blá blá blá habitual da sessão de ontem no Parlamento, retive esta frase lapidar do nosso Grande Líder:

“O meu critério é uma coisa muito simples. É estudar… e passar”

Não sei se Sócrates adoptou esta simplicidade de critérios antes ou depois da sua licenciatura a um santo Domingo. Mas que lhe saem bem estas tiradas, saem.
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quarta-feira, abril 22, 2009

Stalinismo em estado puro. Ou, do aparelhismo indisfarçado

[3080]

A propósito de um vídeo difamatório

Se alguém divulga um documento alheio difamatório para outrem, o divulgador também comete o crime de difamação. Se o crime for cometido através dos media, a pena será agravada. E se a vítima for um membro de órgão de soberania, também tem pena agravada. Além disso, se se tratar de documento de um processo em segredo de justiça, há também o correspondente crime. O problema é a lentidão da nossa justiça penal...


Vital Moreira em Causa Nossa

Há tiques que se alojam nas tripas. Por mais esforços que se faça eles alojam-se. Lá. Para a vida. E dão volta ao estômago de cada vez que achamos que estamos curados.
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Couros - Indústria marroquina do cabedal desiludida com saída de Fernanda Câncio da TVI 24


[3079]

A indústria marroquina de casacos de cabedal manhoso que patrocinava e vestia Fernanda Câncio está consternada com a saída da jornalista do “A Torto e a Direito” da TVI 24, por não se sentir confortável com o rumo do programa.

“Não percebemos porque razão não estava satisfeita com o rumo do programa. Praticamente só ela é que falava”, explicou ao IP um industrial marroquino.


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Fuuuuuuu!


[3078]

Há aqueles casos em que nos cruzamos com alguém a sair de uma casa de banho, visivelmente embaraçado pelo fedor que causou e deixou ao triste utilizador seguinte.

Por muito que me esforce em evitar a imagem, a sensação que tive ontem ao fim da entrevista de Sócrates foi mesmo essa. Um fedor incómodo, causado por ele próprio, com a agravante que, ao contrário do exemplo acima, Sócrates não mostra embaraço nenhum.

E peço desculpa pelo exemplo grosseiro mas foi exactamente o que me veio à cabeça. Do resto, sobre a entrevista, pouco há a dizer. Ficam os longos minutos (habilmente deixados para o fim da entrevista) concedidos ao Grande Líder para mais uma barrela (limpeza de imagem) no caso “Fripór”, na forma redonda, pesporrente e ameaçadora que se lhe conhece, citando até que “a liberdade de dar um murro termina no nariz do parceiro”, como refere Manuela Moura Guedes, na reacção ao destemperado ataque de Sócrates à TVI.

O meu primeiro-ministro embaraça-me. Cá dentro e lá fora. Espero veementemente que ele saia, democraticamente, de cena. E possamos esquecer este trágico intermédio.

Adenda 13:15 - Ouvi o forum da TSF quase todo. Coincidentemente, ou não, uma enorme parte dos opinantes apoiou sem reservas o primeiro-ministro. Mais trágico que ter o Grande Líder a ganhar de novo as Legislativas só o Grande Líder ganhar as Legislativas e o FêQuêPê ganhar o campeonato. Tudo ao mesmo tempo. Aos trambolhões...

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terça-feira, abril 21, 2009

Cortaram-lhe o pio

[3077]

Um médico palestiniano tentou explicar como tinha sido preso e torturado na Líbia que, por ironia, presidia a uma das reuniões da Cimeira sobre Racismo e Descriminação. Umas marteladas na mesa e cortam o discurso ao orador. E não lhe terem cortado mais nada…

Esta foi a cimeira onde Mahmoud Ahmadinejad bolçou o ódio e o racismo do costume e onde o secretário geral da ONU achou por bem avisar as hostes de que a “islamofobia” era uma forma de racismo, sem especificar se a habitual fobia dos islamistas pelos cristãos era uma forma consensual e aceitável e própria das civilizações com que o nosso Jorge Sampaio anda ocupado. Tudo ingredientes que conduziram à decência de alguns países como os Estados Unidos, Israel, Canada, Australia, Alemanha, Itália, Holanda, Polónia e Nova Zelândia terem boicotado a cimeira, outros terem abandonado a sala no momento em que Ahmadinejad começou a dizer disparates e outros ficaram. Não sei em que grupo estava Portugal, mas desconfio que no último.

Nestas coisas é preciso ter calma e saber negociar. E, de vez em quando, pedir desculpa…

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Vital desvitalizado


[3076]

No "Prós e Contras" de ontem, o friso de socialistas estrategicamente colocados na primeira linha da assistência e as suas palmas organizadas e aquele sorriso insuportável que só os socialistas sabem afivelar não foram suficientes para ofuscar um Paulo Rangel aguerrido, controlado e grandiloquente. Aguerrido porque soube atacar os problemas com afinco e contornar a “conversa mole” (e, surpreendentemente, mal preparada) de Vital Moreira, suportar com elegância a bravata habitual de Ilda Figueiredo e lidar com a sageza de Miguel Portas. Controlado porque não é fácil manter a calma perante a forma habitual do debate socialista e, repito, a bravata habitual de Ilda. Grandiloquente porque, apesar da berraria e da claque encabeçada por Ana Gomes e Edite Estrela, conseguiu manter a articulação desejável ao discurso.

Rangel (e Manuela Ferreira Leite) está de parabéns. Meteu Vital no bolso.
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segunda-feira, abril 20, 2009

Pilha-galinhas e índices de confiança


[3075]


Em mais um desenvolvimento do estádio de terror e insegurança actual, percebe-se que a mesma desceu aos galináceos. Vale-nos a nossa pronta e eficaz justiça que não permite que estes perigosos pilha-galinhas se locupletem com os nobres galinheiros da paróquia.

A justiça espera retomar o seu caminho nos processos de rotina ainda em curso (Freeport, Casa Pia, etc.) mas deu um bom sinal (apesar de Sócrates não gostar de recados) que está atenta na gestão de prioridades e não vacilará na aplicação da lei a estes meliantes de aviário que nos ameaçam a “criação”.

Relacionada com esta notícia, uma nota do Eurostat referiu estarmos na vanguarda do combate europeu aos pilha-galinhas. Entretanto vai ser levada a debate na Assembleia da República a formação de uma comissão que deverá estabelecer subcomissões provinciais de acompanhamento psicológico às vítimas dos pilha-galinhas. Quanto às galinhas propriamente ditas não se sabe nada de concreto, mas especula-se nos corredores de S. Bento que a Sociedade Protectora dos Animais estuda também formas de assistência a aves galiformes e fasianídeas, nomeadamente da espécie "gallus gallus domesticus". Mas isso depende ainda de um parecer do Partido Os Verdes que, para o efeito, apresentou uma moção ao Parlamento. Este respondeu que iria de imediato pedir um parecer jurídico ao Dr. João Pedroso, salientando que não são se aceita fotocópias. O parecer deverá ser apresentado em formato "pdf", mas especula-se sobre a possibilidade de o poder fazer em “Magalhães”.

Os índices de confiança, entretanto, melhoraram substancialmente com o julgamento deste pilha-galinhas e Sócrates espera mencionar isso mesmo numa próxima inauguração, que se espera seja um aviário na prisão de Alcoentre, logo após a inauguração da auto-estrada entre a Chamusca e a Golegã e de uma nova farmácia em Almeirim.

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Grã-final


[3074]

Distraído como andei com a Ana Gomes e com o futebol da paróquia, tem-me passado ao lado o futebol internacional. E pelo António Boronha, via Cristina, cheguei à foto das finalistas da Taça Uefa, agendada para 20 de Maio em Istambul.

Aqui ficam as finalistas. Uma alemã e outra ucraniana a preparem-se para a final.

Foto daqui.

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Crise?

[3073]

Acabei de ouvir, notícia fresca do noticiário da manhã das televisões, que muitas casas de penhor estão cheiinhas de Magalhães. Esses. Os tais que andam a ser distribuídos pelas escolas.
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Rash


[3072]

Ana Gomes para a Câmara de Cascais. Ou de Sintra. Já. Em força. Rapidamente. Não venha ela e os munícipes destes dois concelhos correm o risco de apanhar com tectos de escola em cima e ficar submersos no lixo que o PSD não trata.

Diz Ana Gomes que o PSD de verdade de Ferreira Leite não é capaz de tratar de problemas tão comezinhos como o lixo e a segurança dos tectos das escolas. Está na altura, assim, de mudar as Câmaras de mãos, para mãos habituadas a tratar de lixo e fazer tectos com segurança. Que o diga ela própria, com tectos invejáveis. Sobre o lixo é que é melhor estar calada. Em matéria de lixo dá-me ideia que Ana Gomes teria muito com que se ocupar na casa (política) dela, antes de se atirar ao lixo de Cascais e Sintra.

Não sei bem o que se passa ou passou com a Tratolixo que AG refere. Mas passe-se seja o que for, ver uma personagem do PS eriçar-se contra eventuais maus gastos de dinheiros públicos pelo PSD causa-me uma eripsela danada.

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Mais uma medida imbecil


[3071]

No firme processo de imbecilização da nossa sociedade e, concomitantemente, dos nossos jovens, chegou agora a vez de desrespeitarem Mr. Hulot trocando-lhe o famoso cachimbo pelo símbolo da Metrobus. Acresce que a alteração é tão ridícula que bem mereceria uma legenda a explicar o que é que terá passado pela cabeça de Hulot para andar de bicicleta com o símbolo na boca. Mas o ridículo hoje não tem limites e ignora qualquer efeito colateral de si próprio.

O jornal Libération, sobre o tema, pergunta, apropriadamente, fazendo notar que Mr. Hulot não está a usar capacete, que o seu veículo é antigo e muito poluente e que o rapaz que leva atrás não está sentado de forma segura. “Porque não levar mesmo a sério o respeito à legislação?” Valha-nos o nosso proverbial sentido de humor.
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domingo, abril 19, 2009

Música de intervenção e protesto

[3070]

"Afinal, era essa a única mudança pretendida, e a única plausível quando os presuntivos agentes da insubmissão são comendadores da ordem do Infante e, como é habitual nestas histórias, gente com razoáveis padrões de conforto. Mesmo sob ditaduras a sério, os típicos militantes da cantiga enquanto arma provinham quase sempre das classes desafogadas, capazes de financiar aos meninos ociosos os exílios em França de que os verdadeiros oprimidos não dispunham."

A propósito do último álbum dos Xutos e Pontapé, um artigo de Alberto Gonçalves no DN e que pode ser lido na íntegra aqui, no Blasfémias.
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Ainda o futebol. Académica 0-3 FCP


[3069]

O Porto foi a Coimbra beneficiar, de novo, de uma das mais habilidosas arbitragens a que tenho assistido. O futebol é cada vez mais um caldo de batota, manha, jogo de cintura, compadrio, amiguismo, suspeita, muito possivelmente chantagem, pressão e um bocadinho de tudo o que de mau nós temos nos genes. Não é preciso saber de futebol para perceber que o desfecho do jogo que opôs o F.C. Porto à Académica poderia ser outro se a batota do árbitro (ninguém, em boa fé, poderá afirmar que o árbitro não viu a mão voluntária e destacada do defesa portista, e muito menos poderá afirmar que foi um erro. Um erro é originado pela deficiente visão ou interpretação de um lance, e na jogada em questão isso não é aplicável, basta ver a jogada na televisão) não fizesse “jurisprudência” no desafio. E este lance foi o mais visível, depois houve um sem número de pequenas faltas tendenciosas e cirúrgicas, intervaladas com outras inteligentemente a favorecer a Académica a balancear a coisa.

Mas a verdade é que pensando bem mão não há uma razão suficientemente forte para que tenhamos um futebol escorreito de métodos e de princípios. Por que carga de água o futebol haveria de ser diferente da justiça, da educação, da administração pública, do parlamento, da comunicação social, de todos os sectores que, em última análise, enformam a vida nacional?

"Habituemo-nos" a nós próprios. Ao que somos. Afinal não é nada de novo, nem para espantar.

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sábado, abril 18, 2009

O costume


[3068]


Com que direito um sujeitinho de autoridade pendurada numa bandeirinha manda anular um golo limpo ao Sporting?

Nem sou muito destas coisas mas uma equipa que manda duas bolas à barra e depois é espoliada de um golo limpo, entra para a segunda parte com que ânimo para jogar?

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sexta-feira, abril 17, 2009

Afinal havia dinheiro...


Se tivéssemos um Estado responsável e rigoroso, esta ponte tinha sido feita há dez anos atrás, como tudo aconselhava, e não tinha morrido ninguém

[3067]


Este país é um comédia. Afinal as custas do processo a quatro arguidos de Entre-os-Rios montam a €57.000 e não €500.000, como fora anunciado. Fica por saber como é possível “enganos” destes.

Entretanto começam a aparecer os mais voluntariosos na TV a dizer “não pagamos” Como o Armando Vara dizia na ponte 25 de Abril, lembram-se? O que vale são os nossos bons exemplos...

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Caldo de esquerda


[3066]

Não se confunda o caldo de esquerda (termo usado ontem, apropriadamente, por Pacheco Pereira na “Quadratura do Círculo”) com a permissividade táctica em relação ao enriquecimento ilícito. Nem com a evasão fiscal. Atente-se apenas no verdadeiro festim, no qual se vai dando mais passos para acabar com os ricos em Portugal, essa espécie espúria e putrefacta que tira o sono às almas puras do Bloco.

Ninguém parece lembrar-se que há gente rica e séria. Gente que tem muito dinheiro sem ter que recorrer a donativos de grandes empresas de obras públicas, sem ser autarca nem político e sem nunca ter estado envolvido em negócios turvos de licenciamentos, favores, reciprocidades nem mesmo negócios de cueca. Há gente que usou os seus méritos para desenvolver uma ideia, gerar um negócio e aumentá-lo de acordo com as leis do mercado e do país. Gente de mérito que não precisou de carreiras políticas nem jogos de cintura para enriquecer, muito menos de lamber as botas de ninguém. As botas ou o que quer que fosse para alcançar os almejados fins.

Levar um dia inteiro a ouvir Louçã num tom patologicamente furioso e a raiar um estádio de difícil auto-controle, pelo clímax de se ouvir ele próprio, a bramar contra os ricos é sintomático de um país que pouco ou nada mais tem para nos dar senão esta farsa patética de mostrar à populaça que andamos todos muito ocupados a perseguir os ricos, os poderosos e os capitalistas, em versão TVI e 24 Horas, aos berros e manguitos.

Permanece em mim a grande questão sobre o que verdadeiramente leva o PS a beijocar o BE e fazer o seu jogo em toda esta farsa. Afinal muitos políticos terão pouco a aprender em matéria de enriquecimento ilícito e evasão fiscal. Agora, fingir que têm e fazer esta algazarra é que chega a ser obsceno. Ninguém tem dúvidas que os ricos terão sempre meios de “evitar” esta salganhada em que o PS está a afundar este país. No caso vertente, sem embargo de mecanismos apropriados, mas sempre no maior respeito pela privacidade de cada qual, para se ajuizar da bondade da forma de enriquecimento de cada um e do seu cumprimento fiscal.

Paulo Rangel acusou ontem à noite o Governo de propor a criação de uma pena fiscal "totalmente inconstitucional", que configura "um dos mais graves ataques contra o Estado de Direito e a separação de poderes" E explica porquê, aqui no Público. Só não percebo porque é que se absteve na votação. Mas vale ler a notícia toda.

Já agora. Aquela cena de fúria de Louçã a acusar o BES de ter uma conta com dinheiros dos herdeiros de Pinochet tem a ver com quê? O presidente do banco já lhe chamou mentiroso patológico mas se fosse verdade, ou for, o que é que nós temos a ver com isso? E Louçã, por acaso, já se preocupou em saber onde é que Fidel Castro tem a fortuna? E Chávez? E Khadaffi? E a viúva de Arafat ? E tantos outros? Que Louçã precise de fazer terapia de controle de fúria, como a gente vê no cinema, é um problema dele, não meu. Mas já é meu problema a influência que este homem parece conseguir ter nos assuntos do meu país.

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quinta-feira, abril 16, 2009

Siglas, utentes e feitios

[3065]

Gostamos imenso de siglas e associações e são lestos muitos os que se aprestam para chefiar, coordenar ou orientar tais associações. É muito nosso, muito associativo, muito “utentes”, mas nem sempre os resultados são os esperados. Por vezes, voluntariosos líderes de associações, frequentemente assessorados por advogados mais ou menos predadores, conduzem ingénuos cidadãos a situações complicadas, como esta que surgiu agora com a AFVTE-R (Associação de Familiares das Vítimas de Entre-os-Rios, chefiado por um senhor chamado Horácio Moreira), obrigada ao pagamento de cerca de €500.000 de custas de um processo que perderam em tribunal.
"Facilmente se conclui que os arguidos não praticaram os crimes de que vinham acusados, impondo-se a sua absolvição" , sentenciou o colectivo de juízes.

Não conheço bem os pormenores do processo mas tudo indica que o voluntarismo e protagonismo poderão ter tido muita importância nas intenções da Associação, sem cuidarem do rigor na instrução do mesmo. Agora, a decisão do tribunal está tomada e gera-se o clamor do costume.

"Num estado dito de Direito, é inconcebível que o ónus da queda da ponte recaia unicamente nas vítimas e suas famílias. Neste caso, a justiça não funcionou" , frisou Horácio Moreira. Ora eu julgo saber que não é bem assim e que as famílias foram devidamente indemnizadas. Mas, como se sabe, há sempre um advogado e um senhor Horácio nestas coisas. E o resultado está à vista. Agora vão querer que o Estado (nós) pague as custas e sobre isso mesmo vão pedir a intervenção do Presidente da República. Não vejo bem porquê.
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quarta-feira, abril 15, 2009

Chiqueiro


[3064]

Depois queixem-se. É costume o rosário de lamentações de jornalistas que se acham em permanente escrutínio e, sobretudo, mal entendidos e injustamente julgados.

Como se vê por esta notícia, não é por falta de razões dadas pelos próprios que isso possa eventualmente acontecer. Imagine-se que um irmão de Santana Lopes está envolvido em qualquer coisa que acabei por nem perceber, tal o arrazoado da notícia, para além de meter o BPN.

Simplesmente deplorável. Mas relativamente a jornalistas, tal como governos, cada país tem os que merece.
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Habituem-se


[3063]

Ferreira Leite fez bem em confirmar Paulo Rangel para cabeça de lista às europeias. Além, de se tratar de um político que se tem salientado pela sua competência e, até, brilhantismo, no combate parlamentar, Manuela fez o que lhe competia. Mostrar aos "especialistas" que pululam no Partido que é ela quem manda. Mal iria Manuela se de cada vez que tem tomar uma decisão tivesse de seguir a orientação e pareceres dos “técnicos” que, entre uma evocação peregrina a Sá Carneiro e um pseudo peso curricular no Partido, acham sempre o que se deve fazer e se convencem da indispensabilidade da sua opinião. Normalmente em sentido contrário ao da líder.

Por isso, mesmo que haja melhores candidatos, Manuela fez bem. É tempo das costumadas estrelas do universo social-democrata se habituarem, para cumprir o léxico socialista. E se não gostarem, marquem um congresso e corram com Manuela. Deixem-se é de manter esta guerrilha permanente que prejudica o Partido e o País. Pacheco Pereira, Marcelo e Rui Rio incluídos, personagens que aprecio bastante mas que não se inibem de meter a colherada quando ela é menos aconselhada, como, no caso vertente, fizeram até à exaustão. E não se trata de liberdade nem pluralidade de ideias. Trata-se de manifestações de vanidade vindas de onde menos se espera.

Já agora, mesmo que isso pareça pouco provável, era interessante que o PSD ganhasse as eleições. Apesar do cartaz. Apesar da oposição interna. E apesar, sobretudo, das manifestações patéticas do exterior do Partido. Não me posso esquecer que uma rádio como a TSF fez ontem um fórum em que o tema era perguntar aos ouvintes se achava que o atraso de Manuela na escolha do cabeça de lista prejudicava o Partido. Elucidativo. Isto a seguir a uma crónica rançosa de Bettencourt Rodrigues e de uma sábia análise do politólogo Costa Pinto. E sabe-se como em "cronicologia" de análise política e politologia estamos brilhante e imparcialmente servidos. A esta intervenção da "nobreza" seguiu-se o cortejo da "plebe" participante do fórum, com intervenções que facilmente se adivinham.

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terça-feira, abril 14, 2009

Ão, ão, woof, woof, bau, bau

[3062]

Ele há terramotos, uma aberta nas relações EUA-Cuba, filipinos avariados que se cruxificam, navios raptados por piratas, ele há ainda mulheres atacadas por ursos polares, o massacre que columbine que faz 10 anos e o novo album de Dylan. Mas não. O site do Público decide que o momento do dia é Bo, o cão de água português da família Obama, que chegou à Casa Branca. Ser emigrante é receber as notícias online filtradas de acordo com esta ordem de prioridades. É ainda ter a opção de poder ler e entender o Guardian, o El País ou o Le Monde e perceber que há vida para além das notícias em português de portugal.

Pela Spring, que anda por Barcelona em trabalho, nos intervalos das tapas com os amigos, calçots e sopas de peixe. Ou de como emigrar faz bem à saúde e escala a padronização de (novos?) valores.
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Uma boa medida


[3061]

Ora aqui está uma coisa que eu, se mandasse, já tinha feito há mais tempo. Melhor que qualquer embargo de duvidoso efeito, é esta medida de Obama. Uma medida que vai certamente ajudar a esboroar a noção de paraíso que muitos cubanos, tragicamente, ainda têm. Perceberem por amigos e familiares chegados dos Estados Unidos que se pode comer frango ou comprar um rudimentar electrodoméstico sem senhas de pontos, acabar cursos na universidade sem serem chamados a serviços cívicos indefinidamente antes de terminarem os estudos e, ainda por cima, serem livres de dizer o que lhes apetece, pode vir a ser uma medida de longo alcance e de grande importância para ajudar a “desformatar” os cérebros daqueles que nasceram e viveram sob a batuta do comandante e a trazer uma autêntica vaga de frescura e liberdade aos jovens que, felizmente, beneficiarão já de um regime livre.

Resta saber se o fim da tragédia se fará por simples implosão do sistema ou se ainda vai ter de morrer mais gente…

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Poluências


[3060]

Ana Gomes é uma personagem típica de uma certa esquerda portuguesa. Demagoga, insolente e trauliteira, vai entretendo a clientela na forma e no estilo a que nos habituou. Mas desta vez excedeu-se. Por um lado, na forma grosseira e confrangedora como aqui ataca Manuela Ferreira Leite. Por outro, porque produziu afirmações na televisão que me deixaram perplexo, a propósito dos actos de pirataria a partir da Somália. Diz Ana Gomes, basicamente, que Bush contribuiu imenso para a situação, instigando e apoiando a Etiópia a invadir a Somália. Por outro lado, que não nos devemos esquecer que os piratas actuam porque muitos navios estrangeiros iam descarregar poluentes no mar da região. Daí que a Europa tinha de dar lições de cidadania, já que a pirataria se resolve em terra e não no mar.

O costume, afinal. Para além da demagogia contida nestas afirmações é necessário que Ana Gomes nos esclareça devidamente sobre a questão dos tais poluentes descarregados no mar e que espoletaram a fúria dos piratas.

Particularmente nesta questão dos poluentes, eu sinceramente agradecia que alguém se manifestasse e me dissesse o que se passa. Até aceito que haja alguma consistência no que ela diz e, a haver, as pessoas têm o direito de saber que poluentes são esses e o que é que realmente se passa. Caso contrário, teremos de admitir que Ana Gomes é uma pateta irada e de todo irresponsável em dizer coisas destas. Assim. Com os ingredientes do costume. Bush, poluentes, os EEUU a ajudar a Etiópia e uma Europa civilizada e democrática para dar lições ao mundo de como se deve lidar com esta maçada de estarmos sujeitos a piratas zangados porque lhes andam a descarregar poluentes na praia.
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domingo, abril 12, 2009

Faria se não fôssemos esclarecidos


[3059]

Santana Lopes deve andar a somar pontos, com certeza. Um cidadão lisboeta, com sotaque não sei bem donde e chamado Paulo Fidalgo, que eu julgo ser médico comunista mas não tenho a certeza, resolveu fazer uma petição que, como se sabe, é uma coisa actualmente muito em voga. Esta petição parece que já tem setenta e quatro assinaturas e só não ponho aqui o link porque o desconheço. Nessa petição, o senhor Fidalgo diz que os lisboetas andam preocupados e têm de evitar os erros recentes. Para isso, a esquerda deve unir-se, o PC, o BE e o PS, porque nos arriscamos a uma grande desmobilização e a cidade pode ficar ingovernável. E, além disso, os eleitores têm maturidade.

Estas são razões que ouvi nos noticiários. Se convivo bem com a ideia de que os senhores Fidalgos façam as petições que lhes apetecerem para as uniões de esquerda, pasmo com os argumentos apresentados. Os lisboetas são esclarecidos, há perigo de desmobilização e a cidade pode ficar ingovernável. Repare-se no fio de lógica destes argumentos. Mas Saramago e Sampaio assinaram logo. Terão, certamente, sido sensíveis aos argumentos.

Uma coisa é certa. Com fidalguia desta a aparecer, o sinal de que Santana Lopes representa um verdadeiro perigo para a esquerda é demasiado real. Quem diria!

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Consternação geral


[3058]

A consternação é geral. A notícia caiu que nem uma bomba no seio daqueles que pensaram que o cão da família Obama seria um cachorro nascido em Portugal. Afinal, o senador Kennedy antecipou-se e já lhes arranjou o cachorro. Um exemplar born and bred nos States, como convinha. Bo, chama-se o bicho. Portugal, assim preterido e magoado nos seus desígnios nacionais chorou a perda de uma coisa que não chegou a ganhar. E as televisões não esqueceram a desgraça.

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sábado, abril 11, 2009

As hortas livres. Ecológicas e solidárias. Correctas.


First lady Michelle Obama has donned a pair of brown gloves and helped plant the first fruit and vegetable seedlings in the new White House garden. Aqui.

[3057]

O que é que a esquerda doméstica - sempre tão galhofeira em relação à circunstância de Oliveira Salazar possuir uma horta e umas galinhas "de criação" nos jardins de São Bento - pensará da horta que a Madame Obama plantou nos jardins da Casa Branca?

João Gonçalves in Portugal dos Pequeninos

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sexta-feira, abril 10, 2009

A falta que este Zé nos andava a fazer...


[3056]

Este Zé irrita-me. Aliás, parece que irrita toda a gente pela simples razão de que é profundamente irritante. Mas irritante é também o facto de me parecer que, de repente, toda a gente se irrita agora, passadas que foram algumas das mais conhecidas diatribes do Zé. Porque quando ele cedo se denunciou nas suas capacidades inatas de irritar o mais sereno dos cidadãos, toda a agente andava mais ocupada a irritar-se com Santana Lopes. As pessoas irritavam-se imenso com as sestas, ao mesmo tempo que negligenciavam os tremendos prejuízos, por exemplo, que o Zé ia causando aos munícipes lisboetas com a sua sede de protagonismo e cretinismo militante quando atrasou as obras do túnel do Marquês e provocou milhões de prejuízo a comerciantes e cidadãos em geral, apenas para dar de comer ao seu insaciável ego. Hoje, alguns anos e muitos milhões de Euros depois, o túnel está aí, demonstrando a sua grande utilidade.

O Zé não fazia falta nenhuma e apareceu em cena para irritar, complicar, dar prejuízo e fluir a sua necessidade de protagonismo, mas as pessoas andavam demasiadamente ocupadas em irritar-se com Santana Lopes.

A actual rábula do cartaz do PSD no Marquês marcou um inesperado consenso e chegou a ser deprimente ver a cara do Zé a tentar balbuciar para um jornalista quem seria o responsável por uma lei que ele interpretou ao jeito das sinapses excitatórias que pautam o seu comportamento habitual, sobretudo depois de passar pelo embaraço de até a CNE lhe ter tirado a razão.

Mas não desanimemos. Quando menos esperarmos, o Zé vai atacar outra vez.

Nota: Devo referir que pessoalmente gostaria de ver a Praça do Marquês sem cartazes nenhuns. Mas isso é irrelevante para o caso em apreço.
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quinta-feira, abril 09, 2009

Ter os ouvidos limpos… e a visão clara


[3055]

Obama pode pensar que existe uma língua austríaca. Um homem culto e aprovado pode pensar o que quiser. Com Berlusconi é diferente. Não houve pussy cat que não tenha rosnado com o suposto humor negro do italiano sobre a situação dos desalojados do terramoto. Teriam toda a razão em eriçar os bigodes se tivesse sido esse o caso. Não foi.

Gosto muito de italiano, da poesia então nem se fala, mas bastou-me ter os ouvidos limpos. Berlusconi disse que o alojamento será provisório e por isso deve ser encarado como um "camping de fim de semana". Não fez mais do que outros políticos que com a recessão à porta suavizam a mensagem. Se ele é um malandro demagógico teria sido mais fácil chorar em público. O que se passa é que hoje os meninos e meninas das redacções têm uma agenda: fazem esperas
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FNV no Mar Salgado.

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quarta-feira, abril 08, 2009

Desde logo, sem gravata!


[3054]

De repente há um inusitado número de homens que aparecem esgargalados (entenda-se, sem gravata) nos locais mais diversos. Das reuniões de políticos aos domingos na Penha Longa, por exemplo, em que o habitual e tradicional jacket and tie required é substituído por um pretensioso (porque na moda) jacket and NO tie: compulsory, a comentadores de televisão e, até, apresentadores, eis que uma legião de desengravatados passou a enxamear-nos o "environment".

Eu pouco sei sobre gravatas, apesar de ter lido algures que este adorno masculino data do Século III antes de Cristo (ver aqui algumas curiosidades sobre o assunto), mas sei que, queiramos ou não, a gravata é indissociável do traje masculino. Não só ela complementa um enquadramento de desejável elegância como, ainda, parece ser reveladora do gosto de cada qual. Diz-se mesmo, mostra-me a tua gravata e dir-te-ei quem és.

Pouco a pouco, a gravata tem desaparecido. A coisa é mais em Portugal, conhecida a propensão dos portugueses para as modas, sobretudo quando elas, as modas, vêm a propósito de coisa nenhuma. E se as modas do nosso linguajar são talvez a expressão mais frequente das nossas idiossincrasias, temos agora a moda do colarinho desapertado com uma pretensa manifestação de bom gosto e aggiornamento social. Por mim, acho detestável. A ausência de gravata pressupõe um polo moderno, uma camisa Lacoste, ou outras camisas de corte de colarinho adequado. Agora ver camisas com cortes de colarinhos naturalmente ajustados ao uso da gravata, desprovidas da mesma é, no meu modesto entender, de mau gosto. Pior. De um pretensiosismo atroz. Assim uma espécie de “desde logo”, “repare” ou “é assim” ou “daquilo que são isto ou aquilo”.
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Porto, Porto, Porto, és a nossa glória...


[3054]

"Chapeau" ao F. C. do Porto por uma das mais conseguidas exibições de futebol na época. A equipa revela estar muitos furos acima dos seus directos adversários, Benfica e Sporting.

Que o FCP chegue às meias-finais e que ganhe mesmo o caneco, que da forma que estão a jogar bem o merecem. Votos de um lagarto rendido à classe evidenciada ontem.

P.S. A parte negativa da exibição e resultado do Porto de ontem é ter de ouvir a legião de apaniguados que em vez de se congratularem com o feito, se entretiveram a contactar a TSF em referência chocarreira ao Sporting e ao Benfica. Se é preciso saber perder talvez mais preciso seja saber ganhar. Sem embargo de verdadeiras pérolas (!!!) ouvidas ao longo do Fórum…

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Molusquicidas


[3053]

Uma coisa é a politica nua e crua, outra coisa são as convicções de cada qual e outra coisa ainda o chamado combate político, expressão tão do agrado dos "knightriders" do nosso cenário político. E há, depois, uma coisa que parece ter sido remetida para o arquivo morto e que dá pelo nome de boa educação.

O Partido Socialista sempre foi dado ao tal combate político, nele se embrenhando com aquilo que sentem ser um sentido de missão. Mas para sua (e de toda a gente) desgraça, este sentido de missão resvala com demasiada frequência para uma aflitiva ausência de ética e seriedade, como o atestam numerosos casos avulso, i.e., Emáudio, Casa Pia, Freeport, qualquer deles derrotando por KO outras "poucas-vergonhas" de outras famílias políticas, apequenadas pela mestria do PS neste particular.

Mas há um pormenor não despiciendo em que muitos socialistas são exímios. É na má-língua e numa aflitiva falta de chá na substância e na forma como se referem aos seus adversários políticos. São conhecidas as diatribes de Guterres, (partir as fuças), Jaime Gama (canalha) e o inenarrável Jorge Coelho com o seu “quem se mete com o PS leva”. E dando de barato que o “habituem-se” de Vitorino se aceita, por mais polido. No fundo, expressões que mesmo quando são brandas relevam de uma completa inaceitação da crítica alheia.

Agora é o Dr. Fernando Nobre, da AMI, que numa sessão, a raiar o clímax, de lançamento de um livro de Mário Soares, afirmou que Durão Barroso "tem um corpo de plástico, moluscóide, de quem não tem coluna vertebral". É do tipo de políticos que pensa que, com uma plástica, tudo pode continuar na mesma. Isto porque Fernando Nobre achou que Durão Barroso não tinha nada que ter ido aos Açores com Bush e, muito menos e em função disso, ter elogiado Obama na recente conferência dos G20. É feio, revelador e tira-nos até a vontade de lhes corrigir o Português. Por isso, se o “há-dem” de Jorge Coelho merecia referências jocosas, já a falta de concordância de sujeito/predicado do Dr. Fernando Nobre (…é do tipo de políticos que pensa…) deslustra a imagem do autor. Mas rebuscar este ponto poderá parecer má educação.
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