segunda-feira, novembro 10, 2008

Punir exemplarmente


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De vez em quando o país agita-se, o regime finge que abana e as pessoas preparam-se para ir apanhar os cacos do Carmo e da Trindade. Depois tudo volta à serenidade do costume e tudo se desvanece e desaparece “up in smoke”, que é uma expressão de que gosto muito.

Interessante é a expressão punir exemplarmente. De cada vez que as coisas parecem ultrapassar a vigarice razoável, seja pelos montantes envolvidos seja pelas personagens que a cometem, surge a expressão avulsa da indignação dos portugueses e chovem os pedidos de punição exemplar. Tal e qual como fez Marcelo ontem, que achou que o caso do BPN é um dos tais casos que requerem exemplar punição. Donde se infere que há punições e punições exemplares. Ou seja, que há coisas que devem ser punidas, assim, como dizer, punidas, pronto, e outras coisas que têm de ser punidas por forma a servirem de exemplo. Exemplo a qualquer coisa, não sei bem a quê, mas exemplo.

Desinteressante é a constatação de que quanto mais exemplar é a punição pedida mais raquítica ela se torna tornando-se, com frequência, ridícula na substância e na forma de ser aplicada. Que eu me lembre ouvi umas dezenas de vezes falar de punições exemplares para Fátima Felgueiras e correlativos, para os [alegados] pedófilos da Casa Pia, para as pantominices de alguns dirigentes de futebol e de um rosário quase infinito de malfeitorias… exemplares. Depois, como disse, tudo se desvanece e consubstancia em punições do tipo da que atingiu Fátima Felgueiras.

Marcelo devia saber que as coisas são assim mesmo. É por estas e por outras que ele próprio está a perder a graça e com o programa cada vez mais curto.

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