sábado, novembro 29, 2008

Crise


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Os hotéis de neve estão esgotados. A crise faz-se sentir assim em mais um sector da economia portuguesa. Já um português quer ir de mini férias e não pode. Está tudo esgotado. O governo devia fazer alguma coisa!

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Estatísticas


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Por via do 25 centímetros de neve cheguei a um conjunto de dados estatísticos (OCDE indicators Education at a glance, 2008, relatório de Setembro de 2008) segundo os quais os professores portugueses:

- Têm as turmas mais pequenas (19 contra uma média da OCDE de 21,5 e 20,2 da EU. USA - 23,1; UK - 24,1; França - 22,5; Alemanha - 22,1 ou Holanda - 22,1);

- São dos que trabalham menos horas. 1.440 horas contra uma média na OCDE de 1.662 e na UE19 de 1.619. Dinamarca - 1.680; Alemanha 1.765; Holanda - 1.659; Noruega - 1.688; Suécia - 1.767);

- São dos que ganham mais dinheiro no topo de carreira, em termos absolutos. US$51.552 em paridade de poder de compra, o que compara com 43.289 na Austrália, 49.634 na Dinamarca, 43.058 em Inglaterra, 49.155 em França, 38.525 na Grécia, 36.264 na Islândia, 40.934 em Itália, 40.785 na Noruega ou 38.760 na Suécia);

- São dos que ganham mais dinheiro em termos relativos, por relação ao PIB per capita (os portugueses ganham 1,58 vezes mais, o que compara com uma média OCDE de 1,34 e uma média UE19 de 1,31. Outros valores comparativos - USA - 0,98; Suécia - 0,98; Noruega - 0,72; Islândia - 0,95; França - 1,1 ou Grécia - 1,18).

O que me parece verdadeiramente estranho é o silêncio em que passam estes indicadores estatísticos. Porque será? São falsos? Ninguém lê? Dá muito trabalho? Em contrapartida ouvimos Mário Nogueira todos os dias. Várias vezes por dia.

Nota: MN acabou de dizer na televisão que no próximo dia 3 a greve tem de ser com 100% dos professores. Com P grande, diz ele. Os professores com P pequeno ficam em casa a estragar a estatística e a levantarem atoardas sobre a pressão dos professores com P grande sobre os professores com P pequeno. Mário Nogueira deveria estabelecer um modelo de avaliação para classificar os professores em P’s grandes e P’s pequenos. Ainda que isso não condiga bem com a outra avaliação. Então não têm de ser todos iguais? Massificados e tudo a pensar para o mesmo lado?

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Blue Lounge


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Ele anda um bocado distraído mas cá por mim acho que fez anos. Três. Eu sei porque de cada vez que a minha filha faz anos, o blogue dele faz também.

Os tempos são de crise mas o Blue Lounge merece uma menção. E nestas coisas, deveria ser o dono a começar!

Um abraço ao RAF e


Tchin Tchin

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sexta-feira, novembro 28, 2008

Proteas


[2796]

Ainda há dias fazias 19! Ainda cá estavas em casa. Tu, as gatas e a Cristina. Hoje, nem tu, nem as gatas e a Cristina deve ter sido comida por um… (hummm! Que bichos é que comem as osgas?), mas isso não obsta a que tenhas feito ontem 23 anos.

Há vinte e três anos, como te disse já por sms, fiquei mais rico e fui imensamente feliz. Tal como continuarei a ser, sabendo que estás feliz também. Porque uma mulher como tu só pode ser feliz. Não há outra saída.

Fica aqui a Protea da praxe. Flor da tua terra. Quase tão bonita como tu.

Parabéns minha filha!

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quinta-feira, novembro 27, 2008

Nunca mais negoceiam e depois é isto...


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Uma vez mais, o terrorismo ataca e mata.
Desta vez o número de mortos já ultrapassou a centena, os feridos ultrapassam os duzentos e cinquenta e há um número indeterminado de reféns.

Isto, enquanto não mandarem Mário Soares negociar com esta gente, que como sabemos é um bocado nervosa e, no fundo, vítimas da globalização, e puserem a Ana Gomes a guiar um "follow me" nas Lajes para arrumar os aviões da CIA e controlar aquela espionagem toda, as mortes nunca mais acabam.

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Post dedicado


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"...It is estimated that hundreds, possibly thousands, of North Koreans have fled to China in search of food. But their situation in China is very precarious..."


Já terão dado este documento da Amnistia Internacional à rapaziada do PC lá na Assembleia, em mão do voluntarioso e preclaro Bernardino Soares? Não que eles não saibam o que se passa, que sabem, mas pelo menos para lhes lembrar que a vergonha na cara é uma virtude evangélica que de vez em quando deve ser adoptada, mesmo que a contra gosto. Pelo menos sempre que lhes vier a pulsão de enaltecer as democracias populares, dando o exemplo da Coreia do Norte.

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31 da Armada


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O 31 da Armada completou dois anos.


Long live o 31, o bom humor e a arte de a brincar a brincar se dizer uma data de coisas sérias.

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quarta-feira, novembro 26, 2008

Um filme de terror


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Vale a pena ler a caixa de comentários deste post do blog A educação do meu umbigo, um blog iminentemente corporativista e inteligente de Mário Guinote. Um autêntico filme de terror. Na presunção de que a grande maioria dos comentadores são professores, o terror raia a pornografia também. É apenas uma questão de ângulo.

Escola pública?
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terça-feira, novembro 25, 2008

Prós e Contras (não há como evitar...)


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Uma professora do Norte, de quem, infelizmente, não fixei o nome ou a escola, soube pôr em sentido Mário Nogueira e a sua militância oportunista. Gostei. Também gostei de ouvir a Drª Maria do Céu, sobretudo nas considerações que fez sobre o primado do mérito e o repúdio pela doutrina de pensamento único que parece enformar uma considerável parte dos professores. Por último, também me foi grato ouvir uma professora, aparentemente, de um dos órgãos de gestão escolar, dizer que ao invés de um pretenso clima de terror que o ministério terá imposto nas escolas, há, sim, uma pressão insuportável por parte daqueles que acham que toda a gente deve pensar como eles. Haverá mesmo, segundo ela, ameaças físicas. Nada que, no fundo, me surpreenda. Tenho dito várias vezes por aqui que a esquerda sempre conviveu mal com a liberdade e pluralidade de ideias e não vejo porque haveria de ser diferente com os professores.

Do programa de ontem ficou-me, admito, a ideia de quem nem tudo está perdido. E quanto a Mário Nogueira, divertiu-me ver o autêntico “baile” a que foi sujeito, sobretudo depois da sua entrada de leão, quando se sentiu ofendido pelo facto de a ministra ter enviado um secretário de estado ao programa e não ter vindo ela própria. Terá perdido uma oportunidade de abandonar o programa ao fim de cinco minutos, em frente às câmaras. Seria isso?
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Cretinismo militante


Amílcar Cabral, na selva guineense, pacificando com Kalashnikov.

[2790]


Amílcar Cabral terá sido, para uns, um terrorista. Para outros terá sido um combatente da liberdade, um guerrilheiro, um político, um engenheiro agrónomo e, até, um poeta. Uma coisa ele não foi com certeza. Pacifista. Isso não obstou a que a nossa preclara RTP, em dois telejornais, lhe tenha chamado isso mesmo – pacifista, o que me faz pensar que de duas uma: ou lá pela televisão do Estado não se sabe português ou, pior, sabe-se, mas acha-se que é necessário manter vivo o primado da idiotia ou a chama de que alguns se sentem imbuídos no sentido de "pacificarem" o pensamento único das pessoas e de lhe incutirem a sua, deles, verdade histórica e semântica privada. Acima de tudo parece-me ser uma dose forte de cretinismo e uma falta de respeito, quer pelos telespectadores quer pelo próprio Amílcar Cabral que ganhou, muito antes da esquerda de esferovite da RTP, o seu lugar na história.

Adenda: Verifico, com prazer, que JPP não deixou passar este pormenor em branco. De resto, parece-me que o pacifismo de Cabral tenha sido "pacífico" para a maioria das pessoas.

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segunda-feira, novembro 24, 2008

Carniça fresca


[2789]

"Boa, boa. Presumo então que o facto de Cavaco de estar casado também representa um conflito de interesses quando assinou a lei do divórcio. Agora já percebi o veto à lei do divórcio".

Comentário feliz de Luís Aguiar-Conraria à extraordinária reflexão de João Miranda quando diz que “Se Cavaco Silva tem depósitos no BPN, como afirma este comunicado, então isso quer dizer o presidente estava perante um conflito de interesses quando assinou a lei de nacionalização do BPN.”

É por estas e por outras que eu, ao contrário de muito gente que li e ouvi, acho que Cavaco Silva andou muito bem em fazer o comunicado. Em condições normais e num país razoavelmente normal, não teria nem necessitaria de o fazer. As considerações de Ricardo Costa na SIC, então, raiam o surrealismo. Por exemplo, fiquei sem perceber porquê é que Ricardo achava que Cavaco Silva fez mal, tal o arrazoado que veio por ali fora. Mas, como de costume, o importante era dizer que ele fez mal. Os porquês eram absolutamente secundários.

Num país "pequenino", pífio e sacana como o nosso é diferente. Tem que se dançar ao ritmo da música que temos. E quando a música é rasca, às vezes a coisa é rasca também. Sob pena de não ser entendível pela maioria das pessoas.
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domingo, novembro 23, 2008

Há dias assim...


Clicar no bife para apetecer mais

[2788]


Ontem não vi o Sporting mas ganhei um novo poiso aqui pelas minhas bandas. Acredite-se ou não, há nove anos que existe um restaurante sul-africano em Cascais e eu não sabia. Chama-se A Carvoaria e oferece-nos alguma da genuína south african cuisine, embora algo escassa. Mesmo assim, não faltam a tradicional mealie pap and boerwors e uma panóplia de steaks que são o forte da casa. Boa carne, bom corte e boa assadura, com competentes sauces, acompanhada pelos inevitáveis chips e onion rings.

Indesculpável a falta do sul-africaníssimo monkey gland steak e dos internacionais porterhouse e T-Bone. Tal como aliás não se perdoa não haver kinglip ou Cape salmon. Mas em matéria de steaks, várias versões de rump, sirloin e fillet de claimmed to be genuine charolais estão lá, com aquela apresentação de quem sabe que os olhos também comem e de qualidade e gosto insuperáveis. Há vinhos nacionais mas também os há sul-africanos (ocorre-me um Chardonnay e um Sauvignon brancos e um Pinotage tinto, tal como um ou dois sparkling cujo nome não me recordo) e, para os mais saudosistas e indefectíveis da cerveja, uma Castle lager à maneira. De sobremesas não há muito a dizer para além do velho cheese cake.

E pronto. Antes que o Expresso me contrate e ponha o José Quitério na rua, aqui fica a sugestão para serem atendidos por uma casal simpático e fruírem um steak à maneira. Aqueles que sabem do que falo poderão lá ir á confiança. Aqueles que não souberem, vão lá à mesma e não se arrependerão.

A Carvoaria fica na Rua João Luís de Moura, 24 e o telefone é o 21 4830106.

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sábado, novembro 22, 2008

Rir faz bem à saúde


Clicar em Constâncio para ver melhor

[2787]

Ensaio sobre a cegueira!

Recebida por mail
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Excelência - cores e texturas


Clicar para ver melhor

[2786]


O excelente Carlos Romão (e vai para quatro anos a Cidade Surpreendente) continua a deliciar-nos com as suas excelentes fotos. Desta vez “fala-nos" das cores e texturas de Outono. Aqui, aqui e aqui.

E é com estas cores e com o génio do Carlos que aqui ficam os votos de um bom fim-de-semana para todos.

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Comforting


[2785]

Clinton further displayed tough talk in an interview airing on "Good Morning America" Tuesday. ABC News' Chris Cuomo asked Clinton what she would do if Iran attacked Israel with nuclear weapons.

"I want the Iranians to know that if I'm the president, we will attack Iran," Clinton said. "In the next 10 years, during which they might foolishly consider launching an attack on Israel, we would be able to totally obliterate them
."

Esta afirmação, vinda de quem vem é kind of conforting sort of thing. E faz-nos pensar que para além do folclore da recente "obamahisteria", há um efeito residual de bom senso e noção das realidades. Mesmo dando de barato a terminologia da esquerda democrática – se por cá se trucida, pela América oblitera-se, o que vai dar mais ou menos ao mesmo, com ligeira vantagem estética da semântica inglesa.

Gozo dá-me em pensar o que seria, ou teria sido, se Palin tivesse dito a mesma coisa. De resto, acho muito bem que Clinton se tenha afirmado como uma mulher com os ovários no sítio. Pelo menos há seis meses atrás. Estimo e venero que não lhe tenha passado a "pica". Sempre estou para ver...

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Esquerdas

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A pequena burguesia radical não é uma invenção do léxico marxista. Existe. É uma realidade social. Os seus representantes políticos, dizem-se arautos de uma sociedade igualitária, mas reservam para si o direito de decidir quem é que será igual a quem. Não confiam em eleições, nem na vontade popular. A particularidade que melhor os caracteriza é a recusa em assumirem a sua condição de classe. Daí, o terem desenvolvido uma estranha obsessão por se fazerem passar por representantes da classe operária ou do povo trabalhador, conforme as circunstâncias e as conveniências. Não têm um projecto de sociedade. Por isso, parasitam: quando conseguem tomar o poder, mais cedo ou mais tarde, acabam a copiar o modelo dos verdadeiros representantes da classe operária. Fundam partidos comunistas e arvoram-se em herdeiros da Revolução de Outubro. Há dois exemplos, um mais antigo, outro mais recente, de tomada do poder pela pequena burguesia radical: em Cuba, com Fidel Castro, e na Venezuela, com Hugo Chávez.
Em Portugal, a luta pela liderança da «revolução» entre a pequena burguesia radical e a classe operária tem, desde a fundação do Partido Comunista, no início dos anos 20 do século passado, três etapas: a primeira, foi travada no interior do Partido Comunista até aos anos 60 (excepção feita a correntes residuais, anarco-sindicalistas ou trotskistas, que actuavam fora do PCP). A luta entre as duas linhas, os desvios de esquerda e de direita na história do PCP, e outras coisas do género são o reflexo dessa obsessão da pequena burguesia radical em querer dirigir o «processo revolucionário». A segunda etapa, tem início em meados dos anos 60. Sobretudo, entre os finais dos anos 60 e a primeira metade dos anos 70, quando a pequena burguesia radical travou o seu primeiro combate pela hegemonia do «movimento operário e popular» fora do Partido Comunista. Foi a altura em que, inspirados pela cisão do movimento comunista internacional, a pequena burguesia radical, a partir do movimento estudantil, procurou constituir um outro Partido Comunista, o verdadeiro, que substituísse o partido da classe operária. Provocaram alguns danos ao partido da classe operária, sobretudo em 74/75, mas a pequena burguesia radical de fachada socialista perdeu a contenda. Ainda apresentou publicamente simulacros de partidos comunistas: o PCTP/MRPP, o PCP (m-l) ou PCP (Reconstruído), mas a coisa não pegou. Depois de muitas «reflexões» e muitos desaires, em meados dos anos 90, encapotaram as vaidades pessoais, próprias da «classe», e iniciaram uma nova etapa, a terceira, de luta pela liderança da «revolução»: juntaram-se todos numa caldeirada explosiva: os que estavam dentro do partido da classe operária, mas que perceberam que aí o espaço de manobra para a pequena burguesia radical desaparecera, os que fundaram partidos comunistas alternativos, com Estaline entre os cinco violinos, os velhos trotskistas, gente dispersa e sem paradeiro certo.
Hoje, disputam ao PCP, a liderança da «revolução», no terreno da «democracia parlamentar».
Continuam, como sempre, sem modelo de sociedade. Ora se acham apenas «socialistas de esquerda», – o desvio de direita – ora se acham únicos herdeiros de todas as tradições revolucionárias da humanidade, desde a guilhotina até ao gulag – desvio de esquerda. Medeiam entre a impaciência e castração. A pequena burguesia radical é assim: revolucion
ariamente pequeno-burguesa, apesar de se terem em alta consideração.

Um post notável do Tomás Vasques no Hoje há conquilhas
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sexta-feira, novembro 21, 2008

O Espumadamente errou

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quinta-feira, novembro 20, 2008

De carrinho?


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Ou muito me engano...

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Brasil 6 Portugal 2 (ou a influência da positividade negativa no fio de jogo naif dos portugueses)


Foto do post substituída por esta, pifada, com a devida vénia, à Leonor

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Carlos Queirós é a expressão viva da nossa capacidade inata de dizer coisas que acredito não passem pela cabeça de mais ninguém. Depois da derrota, Queirós conseguiu dizer que do jogo retirava-se a positividade negativa que não sei quê não sei quantas e que a equipa portuguesa jogou de uma forma ingénua e naif. Claro que disse, ainda, que ia retirar ilações não sei das quantas e que da próxima vez contra a Suécia é que vai ser. Extraordinário!

Volta Felipão. Caravaggio perdoa-te e o pessoal do FêQuê Pê anda meio calado… vê lá se ainda dá para irmos a Johannesburg.


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quarta-feira, novembro 19, 2008

Teatro de marionetas


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Helena Matos publica um notável artigo no Público de hoje sobre a educação e os dois actores do momento – Maria de Lurdes Rodrigues e Mário Nogueira e que pode ser lido na íntegra aqui.

Há um pormenor em que a Helena me parece ser omissa. Uma questão que me parece tão clara como água. É que Maria de Lurdes e Mário Nogueira, no fundo, são farinha do mesmo saco. Mais polida a ministra, mais grosseiro e trauliteiro o sindicalista, como convém. Mas ambos bem enquadrados na escola que lhes serviu de modelo. Tivessem eles de se adaptar às incidências naturais da progressão de uma carreira por mérito e objectivos e a situação seria bem diferente, com ganhos para a nossa juventude e para o país em geral. Isto é, aliás, aplicável aos professores que na sua maioria adoptaram a atitude expectante da materialização dos seus desígnios. Mesmo que pactuando com os contornos ideológicos dos sindicatos ou com a bandalheira de muitos deles terem pactuado com os alunos a atirar ovos e tomates á ministra. Esta última parte choca-me particularmente.

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Caras de pau


[2779]

Não sei se Manuela Ferreira Leite tem assessores de imagem. Não sei, sequer, se a um assessor de imagem compete sugerir dichotes pretensamente irónicos a quem lhes paga o ordenado. Em qualquer caso, alguém já deveria ter percebido que Manuela é de cenho pouco simpático, diz mal, e de cada vez que se lança nos escorregadios terrenos da ironia se espalha com estrépito. Sobretudo se lembrar que o PS é um campo fértil de cenhos mais carregados que o dela e de gente incomensuravelmente menos dotada que ela, trauliteira e incapaz de perceber humor seja ao nível que for. Basta lembrar "saídas" absolutamente inaceitáveis dos socialistas de que poucos se lembrarão, sobretudo porque por qualquer razão que me escapa eles continuam a ser privilegiados com a benevolência dos media, por um lado e, por outro, pela própria incapacidade de perceber seja o que for por parte de muitos dos seus agentes.

Daí que alguém deveria explicar a Manuela Ferreira Leite para se abster de ironizar como agora o fez sobre os seis meses sem democracia para pôr tudo na ordem. Não é que não apeteça, mas há coisas que não se dizem. Sobretudo porque quem ouve, de duas ou uma, ou não percebe (creio ser o caso acabado de Alberto Martins) ou percebe mas dá-lhe um jeitão fazer que não entende, como a maioria dos media.

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terça-feira, novembro 18, 2008

Falso alarme


[2778]

Imagine que vai a conduzir e que no computador de bordo lhe aparece uma frase assim:
Atenção:”O código do torque dos cusculhinhos mudou. Ajuste a pré-valência das touches das válvulas”. O que é que faria? Nada, presumo, para além de bater três vezes com os nós dos dedos no visor do computador. Pois foi qualquer coisa do género que me aconteceu. O site meter mostrava-me um quadro azul avisando-me que o “Code has changed”. Sem mais nada. Nem um help, um FAQ, nadica daquelas coisas que, com o tempo, fui aprendendo nesta vida de blogger. Disse FAQ três vezes (mantive a ortografia que eu sou pessoa de não dizer asneiras) e conformei-me com a ideia de ir para a cama com o código do site-meter mudado, na ideia de que isso não me trouxesse quaisquer inconvenientes e dormisse descansado.

Assim foi. Dormi benzinho, não disse FAQ mais vez nenhuma e hoje de manhã verifico, para meu gáudio, que o site meter voltou. Vistas as estatísticas verifico que provavelmente cerca de duzentas visitas não foram registadas. E fiquei a saber que estas coisas de computadores também têm problemas de “mecânica”. E que, às vezes, o melhor mesmo é não fazer nada.

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O vereador da triste figura


[2777]

De "triste figura" conheci um cavaleiro. Apesar de tudo, nobre e honrado, era vítima das suas alucinações e cumpria à risca os desígnios da sua loucura. Conheci outras tristes figuras sem a honra e o brio do nobre da Mancha mas a de ontem, a triste figura do Zé, aquele que nos fazia uma falta dos diabos, ultrapassou os limites do admissível, pelo absurdo, pela falta de tutano quer no que disse quer no que tentou parecer como zelota do reino municipal da cidade.

Houve altura em que perante as investidas de Miguel Sousa Tavares receei o pior e admiti que o Zé desatasse para ali a dizer palavrões ou aos urros. Não começou. Conteve-se. Em qualquer dos casos, o Zé tornou-se um Zeca sem qualquer noção do que estava para ali dizer, por muito válidas que fossem as razões que pudessem justificar o enredo do porto de Lisboa.

Tenho de admitir que a Secretária de Estado se portou bem, com à-vontade, sabendo falar e com sentido coordenado de ideias, atributos que, como se sabe, são raros no governo que temos. Sobretudo no risível chefe da senhora que ontem, graças a Deus, estava ausente.

Miguel Sousa Tavares pareceu-me com o trabalho de casa mal feito. Sentiu-se “apanhado” com alguma argumentação técnica que ele não esperava. Daí que as suas “alegações finais” pareceram demasiadamente românticas e algo pueris. Mas teve saídas com piada, gostei sobretudo daquela em que disse que ia passear com os netos para Alcântara e diria: - "Olhem, vejam aqui o “ganho” do Zé"! Hilariante.

Fátima continua na mesma. Mal criada e sem o mínimo sentido de oportunidade. Aquela insistência junto do administrador da Liscont “têm ou não têm direito a indemnização?” e o ar complacente do tal administrador com cara de “como é que vou explicar isto a esta mulher?” valeu pelo programa.

Tudo junto e somado… fiquei na mesma. Ficou a vertente lúdica de um debate com pormenores bem humorados. Não ficou mais nada. A não ser, porventura, a ideia de que aquela Secretária de Estado faria certamente melhor figura que a do chefe lá no ministério.

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segunda-feira, novembro 17, 2008

Sporting 0 Leixões 1


[2776]

Deixende-os falar que eles calarão-se-ão.

Recebida (a foto) por mail

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Anti-stress


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Acumular stress faz mal. Comprar tomates e ovos é não só incómodo, imagine que terá de ir o super-mercado mais perto, como passou a ser coisa de crianças. Dê asas ao recalcamento dos seus desejos mais íntimos carregando aqui. Depois, basta segurar o rato e clicar nos botões. Vai ver que não dói (pelo menos a nós) e faz bem
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Recebida por e-mail
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Quero ir para o céu...


[2774]

Com João Pereira Coutinho passa-se uma coisa curiosa. Lembra-se de coisas de que eu já me tinha lembrado. Agrava a situação o facto de ele pensar nessas coisas em total concordância com o que eu próprio penso. Aos Sábados lá encaixa ele os seus pensamentos no paraíso, no inferno e no purgatório do Expresso. Fica-me a irritação de não ser eu a referir as situações através de um post modesto, mas como PC é brilhante a escrever toda a gente ganha em ser ele a fazê-lo.

Esta semana a coincidência foi brutal porque ele colocou o Tina Fey no paraíso, Obama no purgatório e Ferreira Leite no inferno. A Tina porque é um caso sério de humor, enquanto as pessoas se habituaram a ver nela, apenas, a sátira a Palin, o Obama porque Pereira Coutinho faz uma reflexão certeira sobre a histeria das esquerdas europeias e finalmente Ferreira Leite, que arde nas chamas do inferno, com muitos diabinhos a picarem-lhe o rabo, com forquilhas de todas as cores.

São reflexões tão adequadas que não chegam sequer a surpreender muita gente que, felizmente, concorda com o que ele escreveu.

Não dá link. Vem no Expresso. Na Única. Vão lá ler.

Excertos:

Sobre Tina: - Mulheres bonitas não precisam de ter lido Oakeshott… basta que apareçam e eu não me importaria de tecer rasgados comentários a Obama, Al Gore, Michael Moore e focas polares… o humor e a encantadora cicatriz junto ao lábio fazem de mim um Rui Tavares…

Sobre Obama: - Como explicar a loucura generalizada? Numa palavra, com a raça. Obama é preto e as esquerdas da Europa, em atitude profundamente racista, entenderam que a pigmentação da pele fazia toda a diferença…fazem lembrar os antigos fazendeiros que achavam imensa graça quando viam um escravo vestido e calçado…

Sobre Manuela: - Fatalmente o fracasso é total. Como líder da oposição Ferreira Leite não surge a ninguém como alternativa a Sócrates.

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sábado, novembro 15, 2008

Juke box 67

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Summer of 42 – Michel Legrand

Bom fim-de-semana para todos.

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O sufoco


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"Alguns traços: um poder tutorial (infantilizador, poder-se-ia acrescentar) e omnipresente, um poder tutelar “absoluto, detalhado, regular, previdente e doce”; paixão servil pelo funcionarismo público (o “desejo universal e imoderado das funções públicas”); glacial homogeneidade e indistinção de indivíduos paradoxalmente isolados uns dos outros, ao mesmo tempo semelhantes e reciprocamente surdos e indiferentes, numa similaridade incomunicante; imersão da sociedade numa mediocridade que tudo nivela; massificação (é, de facto, a palavra que convém) do gosto; tirania da opinião pública; criação de uma sensibilidade universal e untuosa, exprimindo um amor abstracto pela humanidade, um lirismo administrativo dos sentimentos.

Sócrates é o quase inocente agente de tudo isto. “Quase inocente” porque não percebe, de facto, o que se passa: seria pedir-lhe demais
."

Paulo Tunhas no Blogue Atlântico. Leia o post todo aqui. Negritos da minha responsabilidade.

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A ignorância de Palin e a espontaneidade das criancinhas


Foto daqui

[2771]


Nestas coisas, o que verdadeiramente me eriça não é a mentira. Vinda de quem vem nenhuma delas me admira. O que realmente me intriga é a vulnerabilidade de gente de quem se esperaria uma natural capacidade de triagem, para acreditar na rapaziada da foice e do martelo. A ignorância de Palin sobre África ser um país ou um continente é um bom exemplo. Como é possível que as pessoas se entreguem à comodidade de acreditar naquilo que gostam?

Agora é a espontaneidade da manifestação dos alunos. Há imagens e SMS, há testemunhos de alunos sobre terem sido incitados pelos respectivos professores, há um somatório de indicadores seguros sobre a activa participação dos docentes na bandalheira dos ovos e dos tomates. Há, até, declarações do impoluto Mário Nogueira a ameaçar com tribunal quem quer que sugira o envolvimento partidário nos “ovos com tomate”. Se por um lado muitos começam a acreditar na espontaneidade das adoráveis criancinhas há ainda aqueles que admitem a participação dos sindicatos e professores avulso mas que acabam por considerar a manifestação dos estudantes como mais um factor de desestabilização que o governo tem de considerar.

E os tais professores que se reclamam apartidários e dizem ser a maioria? Não dizem nada? Ou acham bem?
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sexta-feira, novembro 14, 2008

Tão simples...


[2770]

[N]a Nova Zelândia não existe um sistema de avaliação centralizado. Não que os professores não sejam avaliados, longe disso. (...) No entanto, não existe um modelo de avaliação único, comum a todos os professores. Existe um quadro geral de avaliação (national framework) e um conjunto de indicações (guidelines) que impedem a arbitrariedade, mas a avaliação é da responsabilidade do director da escola onde cada professor lecciona, e este tem ampla liberdade no modo como a faz. A justificação por esta opção é simples: ninguém está em melhor posição do que ele para avaliar da competência dos professores que leccionam na sua escola. Aliás, uma vez cumpridos os mínimos de desempenho, o resultado da avaliação não tem influência na progressão na carreira, que depende exclusivamente do número de anos de ensino. Apenas influencia a plausibilidade de nomeação para o desempenho funções de coordenação pedagógica ou outras no interior da escola, com significativo acréscimo salarial.

Naturalmente que este sistema de avaliação totalmente descentralizado faz sentido num contexto, que é o neozelandês, em que as escolas têm total autonomia na sua gestão, incluindo a selecção e contratação dos professores. Ao mesmo tempo, uma vez contratados, um professor apenas deixa de o ser se for demonstrada a sua completa incompetência ou se a escola que o contratou deixar de ter alunos, portanto, a qualidade do seu ensino se deteriorar. Estão, assim, criados os incentivos para professores e directores das escolas tudo fazerem para que a formação contínua e o apoio à melhoria do desempenho pedagógico seja uma prioridade e a avaliação do desempenho dos professores tenha como principal objectivo identificar as áreas de melhoria de cada um.

Soa a utopia, e sem dúvida que vem dos antípodas, mas o sistema de ensino neozelandês nem sempre foi assim. Simplesmente, há 20 anos, este país teve a coragem de fazer a reforma que verdadeiramente importava: acabou com a maior parte das direcções centrais e todas as direcções regionais de educação e devolveu as escolas às comunidades locais. Se dúvidas houvessem, os dados do PISA-OCDE colocam a Nova Zelândia no topo, quer no que concerne a literacia quer no que concerne a numeracia. E claro, é escusado gritar contra o ministério da educação, este ou qualquer outro, pois este foi quem mais perdeu poder com a reforma: o poder passou para as escolas e o conselho de administração das escolas é maioritariamente composto por personalidades eleitas pelos pais dos alunos. De uma simplicidade desconcertante, mas que explica a qualidade do ensino neozelandês
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de Fernando Adão da Fonseca no blog da SEDES, acerca do caso da Nova Zelândia (o objecto de uma conferência organizada anteontem pelo Forum para a liberdade da Educação, na Gulbenkian).

Via Cachimbo de Magritte

Tão simples e do domínio do senso comum! No dia em que deixarmos de estar minados por uma classe parasita, retrógrada e provinciana que acha que existe para defender as liberdades de cada qual, pode ser que passemos a ter este sistema de avaliação implementado nas nossas escolas.

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A doce sugestão da fruta calibrada




[2769]

As coisas são como são. Nunca a Comissão Europeia lhe passe pela cabeça obrigar a endireitar as bananas. Dificilmente se encontrará fruto cuja curvatura seja uma tão feliz combinação plástica. Já o pepino, valha-me Deus. Depois de se ter estandardizado o dito e dos pepinos terem forma que se veja, abastardou-se a coisa e a partir de agora vamos passar a poder comprar exemplares como o da foto acima. Mas confesso que assim de repente, olhando bem, sou bem capaz de dispensar tal cucurbitácea.
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Carta de fim-de-semana a um amigo


Ponta Sul da Inhaca. Entrada para o "saco"
Clicar para ver bem

[2768]


Meu querido amigo.

Estamos a meio de Novembro. O atum está aí, o “serra” aumenta de tamanho e a barracuda abunda pela tardinha. O vento amainou, como era de esperar e dá perfeitamente para chegares ao baixo Danae, confortavelmente, onde devem estar a aparecer os primeiros wahoos e, ao fundo do “reef”, soberbas garoupas, pargos e corvinas reais. Por volta das nove e meia podes dar uma passagem de corrico em direcção a Sul, passas ao largo do farol e, com sorte, metes a bordo um ou dois dourados. Ou quem sabe mesmo, ali nas imediações do barco afundado, um sail-fish te vá à pena ou à rapala. Quando chegares ao canal de Santa Maria, podes atravessá-lo para dentro (não te esqueças de o fazer no sentido noroeste, por causa daquelas rochas a meio que, se a maré estiver cheia, não se vêem, por causa da espuma. Pára para almoçar do lado de dentro. Ali mesmo á vista do “saco”. Deve estar já cheio daqueles milhares de flamingos-rosa que fizeram do Saco de Santa Maria o seu lar. Entretém-te por aí. Como a pesca por essa hora não dá nada, entretém-te a mergulhar naquela parede de rocha a pique. Aparecem aí muitos ponpanos, peixes-papagaios, lagostas e um ou outro xaréu pequeno. Por volta das quatro, regressa ao lado de dentro da baía. Toma cuidado que a essa hora já estás com o sol de frente e podes encalhar. Uma boa dica é guiares-te pelos flamingos. Depois de passares a ponta sul, mete nos “velhinhos” 275º da bússola e meia hora depois estás no Banco China. Faz alinhamento do morro do farol com as “mamas” por detrás do hotel e a hora já será boa para umas quantas barracudas. “Dá nelas” até às cinco e meia que quando mais tarde, mais elas comem. Regressa depois a casa. Aponta ao sol que vais ter direitinho ao clube naval. Chama pela rádio a avisar da hora aproximada de chegada para teres a carreta na água e não perderes muito tempo.

Deste lado está frio, apesar do sol. As notícias e o dia a dia estão cada vez mais idiotas e as pessoas já só se riem de si próprias. Para dentro. Para fora, parece mal. Fala-se da crise, dos professores, das vigarices nos bancos, do Pinto da Costa que não é julgado, da Fátima que é julgada só um bocadinho, das minas que fecham, das fábricas que despedem e a televisão mostra uns gajos a berrar em regime contínuo. Indignados e insubstituíveis. Há o futebol, eu sei. Mas cheira tão mal que também já mal o vejo. O trânsito anda um bocadinho melhor, morre menos gente, mas estes gajos continuam a conduzir como se tivessem acabado de roubar o carro. As gentes andam deprimidas, zangadas e feias. Doentes, sobretudo doentes e, se não estão, vão ao médico na mesma. Sobretudo os velhos, cansados desta merda. E olha, vou trabalhar. Boa pescaria para ti. Lembrei-me agora que hoje é sexta. Podes, assim, ficar para dormir. Ou no hotel ou ali na machamba, onde o mar é chão e é sempre giro lá dormir por ser uma ilha deserta. Desde que leves rádio, café e cigarros, está bem de ver.

Bom fim-de-semana.

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Os nossos pioneiros. Ou a nova "mocidade portuguesa"


[2767]

É uma fatalidade histórica. Dos chefes de quina e comandantes de castelo do Estado Novo passámos agora a contar com diligentes enquadradores e dinamizadores de uma juventude indignada, mesmo que os jovens não façam a mínima ideia porquê. A visão dos nossos pioneiros a berrar contra nem eles sabem o quê, enquadrados por alguns professores (eu vi na TV, por muito que me tenha custado…) que acharam muito bem que as criancinhas corram membros do governo à tomatada e ovos, ao mesmo tempo que iam dizendo que elas eram muito pacíficas, são um quadro em tudo demonstrativo do actual estado de coisas.

Passámos do Portugal atrasado, salazarengo e cinzento para o país álacre e boçal da indignação permanente que tão diligentemente aprendemos a ser, fazendo jus aos "mestres da indignação" que temos tido. Se “isto” fosse um país decente e com hierarquias definidas e gente verdadeiramente consciencializada na formação dos nossos jovens, o espectáculo de Chelas (dois dias depois do de Fafe) jamais seria possível.

Pulido Valente bem nos tem avisado que o mundo está perigoso. No nosso caso acho que já nem perigoso está. Está simplesmente perdido.

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quinta-feira, novembro 13, 2008

O direito à indignação das criancinhas


Munições em Fafe

[2766]


Tenho desesperado por uma alocução sábia de Mário Soares a explicar aos portugueses (uma coisa que ele adora fazer, explicar-nos coisas), que os putos também têm direito à indignação, como se viu agora em Fafe. Mas Mário Soares meteu-se nas covas e tem andado calado, mais ocupado com programas na televisão e artigos meio infantilóides no DN.

Um dia alguém se lembrará de explicar (os portugueses adoram explicações) aos portugueses da importância das tiradas de Soares, indignadas, quando invectivava polícias ou fazia campanha presidencial com visões apocalíticas sobre a distinta possibilidade de não ser ele a ganhar Belém. E é bom que essas explicações venham depressa porque as criancinhas que foram esperar a ministra com ovos estão a crescer e acabam por sublimar um substrato (!!!, não acredito que escrevi isto) político revanchista, indignado, em suma, profundamente malcriado.

Talvez também alguém se lembre de incluir nessas explicações a forma como Mário Nogueira (sobre quem ainda ninguém disse ao João Miranda de que é que ele é professor…) vai conduzindo o descontentamento dos professores dos quais, alguém já disse e eu subscrevo, já toda a gente percebeu o que não querem mas ainda não se entendeu claramente o que querem.

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25 cm de neve


[2765]

Não sei quem é, leio-o regularmente e questiono-me sobre a reduzida referência ao que ele escreve, aqui pela Blogo. Por mim, acho-o um dos melhores, apesar do anonimato, que pouca gente aprecia, e isso basta-me para aqui deixar as minhas felicitações pelo seu 4ºano no varal.

Tchin Tchin

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quarta-feira, novembro 12, 2008

A antiguidade é um posto?


[2764]

Julgo saber que Manuel Alegre não cumpriu o serviço militar obrigatório. Achou que a pátria beneficiaria mais e melhor se ele fugisse e combatesse da maneira que o fez. Curioso é como no fundo, bem no fundo, ele não escapou ao sentido e à génese da tropa, baseando o seu verbo em máximas que enformavam o espírito militar. Uma delas era a de a antiguidade é um posto. Pois foi isso mesmo que, do meu ponto de vista, Manuel Alegre terá feito quando se referiu ao autismo da ministra da educação. Disse ele que "pela sua idade e pelos combates que travou, não tinha paciência para atitudes de quero, posso e mando", como as da ministra.

Ora aqui está um bom exemplo do que um bom sargento de carreira diria, quando lhe faltasse argumentos ou se sentisse dono da verdade única. Manuel Alegre "está cansado, ainda, de gente que nunca tem dúvidas e raramente se engana". Como ele, afinal. Ou ele terá dúvidas no que diz, no que fez e no que acha sobre o que se deve
fazer?

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Má educação


[2763]

A notícia é conhecida. A Ministra de Educação deslocou-se a Fafe e preparava-se para uma acção qualquer no âmbito das suas funções, acompanhada do Presidente da Câmara. À chegada à escola foi recebida por um grupo de cerca de duzentos professores e alunos que a invectivavam e acharam que a melhor maneira de o fazer seria sujeitá-la a uma chuva de ovos.

Nada disto seria tão grave se esse grupo não envolvesse alunos da própria escola, que alegremente atiravam os ovos, gritando impropérios. A ministra foi-se embora e a reportagem fez o que lhe competia. Entrevistou uma miúda, aluna, que berrou que se tivesse mais obos mais los atiraria e a professora, Maria do Céu de seu nome, estava escandalizadíssima com a GNR "que empurrou as crianças que estavam à minha beira que apenas se estavam a manifestar".

Não sei se algum professor se incomodou com esta cena edificante, se se preocupou em saber onde é que os alunos foram arranjar os ovos, se alguém lhos deu e/ou quem estará por detrás desta educativa e cívica atitude. O mínimo que se esperaria era que alguém explicasse à criancinhas que o gesto delas foi pura arruaça e as exprobrasse nos seus propósitos. O máximo, mas talvez seja pedir muito, seria esperar que alguém entendesse e condenasse vivamente o episódio e pensasse que de duas uma: Ou a arruaça é a forma que os alunos absorvem de tudo o que têm visto nas manifestações de professores ou, pior ainda, que alguém anda a usar as crianças para o combate político, organizando-as e mentalizando-as e fornecendo os meios de combate (neste caso, entenda-se ovos). Ou, num sentido mais lato, se tudo isto não passa de pura má educação.

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terça-feira, novembro 11, 2008

...a graça e o tique do sorriso de mulher...


"clicar" para ver melhor

[2762]


Maputo fez ontem anos. Não que me lembrasse, tão longe eu estou, mas porque há sempre quem o recorde e faça recordar.

Aqui fica o registo do aniversário de uma das mais belas cidades do mundo, quiçá a mais bela cidade africana (concedo algumas dúvida em relação a Cape Town, mas só mesmo Cape Town). Cidade a que estou indissociavelmente ligado e com um significado muito vincado para mim. E não! Não tem a nada a ver com saudosismos. Tem a ver mesmo com um período fundamental da minha vida já no período pós colonial, durante o qual tive o privilégio de fruir esta bela cidade.

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segunda-feira, novembro 10, 2008

Punir exemplarmente


[2761]

De vez em quando o país agita-se, o regime finge que abana e as pessoas preparam-se para ir apanhar os cacos do Carmo e da Trindade. Depois tudo volta à serenidade do costume e tudo se desvanece e desaparece “up in smoke”, que é uma expressão de que gosto muito.

Interessante é a expressão punir exemplarmente. De cada vez que as coisas parecem ultrapassar a vigarice razoável, seja pelos montantes envolvidos seja pelas personagens que a cometem, surge a expressão avulsa da indignação dos portugueses e chovem os pedidos de punição exemplar. Tal e qual como fez Marcelo ontem, que achou que o caso do BPN é um dos tais casos que requerem exemplar punição. Donde se infere que há punições e punições exemplares. Ou seja, que há coisas que devem ser punidas, assim, como dizer, punidas, pronto, e outras coisas que têm de ser punidas por forma a servirem de exemplo. Exemplo a qualquer coisa, não sei bem a quê, mas exemplo.

Desinteressante é a constatação de que quanto mais exemplar é a punição pedida mais raquítica ela se torna tornando-se, com frequência, ridícula na substância e na forma de ser aplicada. Que eu me lembre ouvi umas dezenas de vezes falar de punições exemplares para Fátima Felgueiras e correlativos, para os [alegados] pedófilos da Casa Pia, para as pantominices de alguns dirigentes de futebol e de um rosário quase infinito de malfeitorias… exemplares. Depois, como disse, tudo se desvanece e consubstancia em punições do tipo da que atingiu Fátima Felgueiras.

Marcelo devia saber que as coisas são assim mesmo. É por estas e por outras que ele próprio está a perder a graça e com o programa cada vez mais curto.

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Batota mais fina


A cacofonia da fruta

[2760]


Nestas coisas de arbitragens de futebol, o melhor é não inventar muito. O suficiente para que ao favorecimento descarado de uma das equipas se sobreponha agora uma forma inteligente e muito mais subtil de fazer batota. Qual seja a de uma permanente forma de actuar marcando pequenas faltas, estrategicamente seleccionadas em relação ao possível desenvolvimento das mesmas. Faltas pequeninas, mal se dá por elas, critérios apertados e, aqui e ali, uma decisão qualquer de flagrante injustiça, mas donde não se espera vir grande mal ao mundo, contra o clube que se quer favorecer, para despistar.

Complicado? Nem por isso. Basta ter reparado na actuação do árbitro do Sporting vs Porto de ontem. Firmado numa versão angelical e usando por vezes aquela expressão de “vocês não me deixam alternativa”, aquele árbitro assinou uma das mais subtis actuações a favor do F. C. Porto.

Quem me conhece ou vai lendo este blogue sabe que nem sou muito de perder tempo com estas coisas de futebóis, mas a verdade é que desde que começou este enredo que mete tribunais, escutas telefónicas, apitos de vários cores, frutas diversas, é natural que o escrutínio público se tenha refinado. Daí a actuações como a de ontem (e, já agora, como as da semana passada contra o Benfica e Sporting) foi um passo. Um passo que demonstra bem como a batota é igual ao bacalhau. Há mil e uma maneiras de a fazer.


Afinal não sou só eu...

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domingo, novembro 09, 2008

Não se faz a uma senhora...


Imagem daqui

[2759]


Fátima Felgueiras foi julgada (?). Da lista extensa de crimes de que era acusada foi condenada por três. Condenação, aliás, que me pareceu extremamente severa, em face do grau dos crimes em questão. Uma boleia a não sei quem num carro da Câmara. Uso indevido de pouco mais de uma centena de Euros e participação indevida (??) no loteamento de um terreno de que era proprietária. Da restante cerca de vintena de crimes de que o MP a acusava parece que foi tudo falso alarme. Este MP é um mãos largas com o dinheirinho do pessoal e tem a mania de desatar para aí a acusar sem estar bem fundamentado. Já com Paulo Pedroso foi a mesma coisa e depois quem paga é o Zé. A fuga para o Brasil também deve ter sido qualquer coisa que a comunicação social tratou de aproveitar para vender jornais e minutos de televisão. Fez bem, assim Fátima Felgueiras em produzir aquele comício triunfal pós condenação, com os meios que as televisões lhe deram. Porque num país absurdo de gente absurda, absurdo mesmo seria não aproveitar a boleia.

Já agora. Então e a senhora não é indemnizada? Tanta coisa, tanto barulho, obrigam-na a uma viagem ao Brasil com que ela não estava a contar e não é ressarcida? É que a vida está cara. Para não falar nos danos morais, bem entendido, que ela ontem na televisão até estava com um ar cansado.

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Mais "Dardos"


[2758]

Fui novamente dardejado, desta vez pelas insubstituíveis Ana David e Isabella. Prémio duplo por se tratar de quem se trata. Um grande beijinho de agradecimento a ambas.

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quinta-feira, novembro 06, 2008

Milú

[2757]

Portugal também teve namoradinhas. Agora, é que nem por isso. Mas teve. Tinha. Eu era um miúdo mas recordo-me bem da languidez e expressão reverencial perante uma das, ao que parece, mais bonitas mulheres portuguesas – Milú. Mesmo o meu pai, homem de apurado sentido de família, mulher, filhos, papagaio, histórias, aventuras, passeios e família, muita família, deixava escapar um indiscretíssimo brilho nos olhos sempre que se falava da Milú. Ocorre-me outros nomes da minha infância como a Maria de Lurdes Resende, a Maria José Valério, Maria de Fátima Bravo, Maria Clara e alguns outros, mas quando se ouvia falar em Milú era como se uma almofada de silêncio e solene recolhimento caísse sobre os mais velhos. E eu, miúdo, lá ia entendendo que o fascínio não tem idade. E que a noção de winners e loosers, mais tarde emulado nos Estados Unidos, fazia a sua própria escola, afinal, em todos os países do mundo, como se pode ver neste vídeo em que a menina bonita, de viva voz e muita graça estilhaça o patinho feio cheio de plumas e voz ridícula, tudo no meio da gritaria e arruaça dos presentes.

Milú faleceu ontem, em Cascais. Fez escola e era, dizem, muito bonita. Não conheci ninguém que dissesse o contrário.



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O Mundo está salvo


[2756]


A melhor das eleições americanas.


Via Leonor Barros, com a devida vénia, no GR.

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terça-feira, novembro 04, 2008

Clarinho como a água

[2755]

André Freire, politólogo, escrevia ontem no Público um artigo com o título “Poderá Obama perder na secretaria?”. Note-se que, se a eleição estiver empatada a esse ponto, o título escolhido seria tão relevante como o título alternativo “Poderá McCain perder na secretaria?”.

Os apoiantes de Obama dizem-se bastante confiantes na vitória, caso não haja fraude. Ou seja, o sistema eleitoral americano é fraudulento, os democratas são uns anjinhos e por isso não cometem fraudes, uma eventual vitória de Obama nunca levantará suspeitas de fraude e uma eventual vitória de McCain só pode ser um indício de fraude.

Há outras variações sobre o mesmo tema. Se Obama perder é porque os americanos são racistas. Se McCain ganhar é porque o povo americano é estúpido. Se Obama ganhar é porque o povo americano que era estúpido quando elegeu Bush se tornou inteligente.
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Prontes


[2754]

A cor do Sr. Obama só é valorizada pelo simbolismo que encerra. Porque em termos de substrato (falha-me a memória para o resto)...

A senhora Palin é uma tontinha e se teve sucesso como governadora do Alaska foi porque teve políticas de esquerda (falha-me a memória outra vez) ...

Quando a senhora Palin andava de helicóptero a matar ursos com tiros entre os olhos…

Os americanos têm que saber se querem capitalismo desenfreado e guerra ou políticas justas, não o marxismo, mas humanistas…


(Extractos do telefonema de um ouvinte que só consegui perceber chamar-se João…)

A “música” de fundo no meu computador do trabalho esta manhã foi “esta”, via Forum da TSF. Interrogo-me sobre os insondáveis mistérios que enformam o pensamento dos nossos “peritos“ em política internacional por forma a que se soltem pérolas destas. Não sei se alguém, em parte alguma, poderá emitir opiniões deste quilate a propósito das eleições de hoje. Mas também, depois de ouvir hoje a jornalista Baldaia, da TSF, enviada aos USA, dizer que John McCain só se dirigiu a um reduzido número de jornalistas, sem se saber bem porquê (este sem se saber bem porquê, sussurrado, em mode Mata-Hari ou, se preferirem, de forma a que achemos que McCain é um mafioso militante, com as quotas em dia e dado a atitudes estranhíssimas, como as de falar apenas para um reduzido número de jornalistas), resta pensar que estamos todos bem uns para os outros. Os jornalistas que falam e os ouvintes que ouvem. Sobretudo quando, para uns e outros, os palcos se multiplicam e disponibilizam para a grande performance das nossas vidas.

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segunda-feira, novembro 03, 2008

A claque do velhinho


[2753]

"O tom obamizado absolutamente histérico-militante da TSF, SIC e RTP ( de outros não sei e não falo) não é relevante pelo enterro da "objectividade", essa puta velha do jornalismo.O que se nota é que eles já nem disfarçam as preferências - é à canzana - ainda que não tenham coragem de as assumir. Com um calendário eleitoral doméstico à porta vai ser interessante assistir ao arraial"

"Alguma coisa não deve estar bem quando Fidel Castro e George Soros, o presidente do parlamento iraniano e o Financial Times apoiam o mesmo candidato à presidência dos EUA. Ou, mais perto de casa, José Sócrates e Fernando Ulrich ou Rui Tavares e Luís Nobre Guedes. Não deve estar bem mesmo. Para além de que alguma destas pessoas vai ficar desiludida com uma eventual presidência Obama.
Eu, por mim, fico-me pelo velhinho. Parece que vai perder. Paciência…"

Luciano Amaral no Gato do Cheshire


Pois! Parece que se vai compondo por aí uma claque simpática pelo velhinho. Sou naturalmente avesso a consensos demasiadamente alargados para o meu gosto. Sobretudo quando eles relevam de uma ausência de pensamento substantivo para darem lugar ao estremeção momentâneo do politicamente correcto.

Fico-me também pelo velhinho. Parece que vai perder. Paciência!


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O Jumento


[2752]

O Jumento anda a blogar há cinco anos. Sozinho. O que não é para todos. Venham mais cinco e que não abandone o palheiro, são os meus votos.

Nota: Aproveito para agradecer a referência feita recentemente ao Espumadamente.

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Ele há coincidências...


[2751]

As coincidências valem o que valem, como as sondagens. As arbitragens do Rio Ave x Sporting e do Guimarães x Benfica são, coincidentemente, coincidentes numa coisa. Ajudar o FêQuêPê. Por muito que custe aos vilacondenses e vimaranenses, não foi a pensar neles que os árbitros, por coincidência, coincidiram na tentativa feroz de prejudicarem os dois clubes lisboetas que, por coincidência, resolveram este ano fazer frente aos portistas que, por coincidência, não estão a jogar nada.

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domingo, novembro 02, 2008

Caraças, pá!


[2750]

Já li por aí, confesso que não me lembro onde, que as bravatas de Sócrates, com especial incidência neste últimos dias, para além do embaraço causado a quem ainda insiste em manter um módico de dignidade e amor-próprio, parecem indicar que algo está mal. Não sei bem o quê, não sou técnico, mas que o homem não está bem, não está. Diz, desdiz e deixa-se cair em situações absolutamente caricatas. Embalado com as vendas dos Magalhães, deixou-se apanhar agora entre a pulsão (que, como se sabe e Freud explicava, nada tem a ver com instinto) esquerdista que circula com alacridade por aí, para dizer coisas como ser necessária a reforma das instituições internacionais que não souberam lidar com a crise financeira e que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem "falta de representatividade e credibilidade". Esquecendo-se que ainda há cerca de um mês dizia "O primeiro-ministro, José Sócrates, congratula-se com o facto das previsões do Fundo Internacional Monetário (FMI) deixarem Portugal de fora do grupo de países que entrará em recessão".

«As previsões do FMI duvidem-se em 2 grupos: o dos que vão entrar em recessão e o dos que não vão. Onde está Portugal? No segundo!», afirmou satisfeito o primeiro-ministro, no debate quinzenal que decorreu esta quarta-feira na Assembleia da República."

Alguém deveria explicar a Sócrates que ser primeiro-ministro não é “porreiro, pá”. É ter, antes do mais, a noção da dignidade que o posto requer, mormente no pormenor não despiciendo de representar um povo e um país. E isso tem exigências mais elevadas que um projecto de uma vivenda manhosa ou a emissão em regime permanente de tiradas populistas que servem para alegrar os tolos. Que nem todos nós somos.

Tema “picado”, com a devida vénia, do Tomar Partido que, por sua vez, o terá “picado” do Nem tanto ao mar.

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A talhe de foice



[2149]

Falando de futebol. Quando é que Paulo Bento percebe que Derlei, nos intervalos em que se atira para o chão a simular lesões, é um factor de evidente risco e prejuízo para a equipa, como ontem quando, em 30 segundos, conseguiu quase bater num adversário (que não tinha culpa nenhuma) e ser expulso logo a seguir após ter falhado um cotovelada a outro adversário?

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Gente bisonha


[2148]

Quem tenha "passado" ontem pela emissão televisiva de dois jogos de futebol em que participavam dois dos “grandes” do nosso mundo da bola, terá percebido como somos um país bisonho e tão cinzento como o Outono que temos tido por aí a prenunciar o Inverno. Tanto na Figueira da Foz como em Vila do Conde, os estádios apresentavam um punhado de gente escassa, enrolada em cachecóis e casacos grossos, de cenho distante e triste a olhar para um grupo de futebolistas igualmente mortiços, sem garra nem jeito, a disputar uma bola, que raramente entra nas balizas. Uma vez na Figueira e outra em Vila do Conde, para ser mais exacto.

Longe vão os dias em que a visita de um clube grande arrastava multidões e esgotava recintos. Poder-se-á avançar um milhão de razões para o fenómeno da desertificação dos estádios - mau futebol, jogadores permanentemente a atirarem-se para o chão e a simular lesões e questões similares, árbitros incompetentes e corruptos, mas penso que muito terá a ver com as nossas próprias idiossincrasias que nos levam à modorra e abulia que nos consome e nos atira mais facilmente para um centro comercial estrear as Nike ou para um sofá onde, entre duas “mines” e um petisco, peroremos, aí sim, sobre as incidências dos jogos.

De qualquer maneira, o futebol como espectáculo está a acabar em Portugal. Em contraponto aos estádios de outros países europeus que continuam a encher-se de gente solta, que ri e exorta os seus ídolos e que saudavelmente assobia os árbitros. Uma ou outra escaramuça servem até para alimentar o espectáculo. Por cá, nem isso. Ainda há dias um adepto foi condenado a um ano de interdição dos estádios por ter dado um “calduço” (termo do juiz) a um árbitro. O réu limitou-se a dizer que tinha vergonha de ser do Benfica. Disse ele que
se fosse do Porto, de certeza que teria tido muito mais apoio à saída do tribunal…

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