quarta-feira, setembro 03, 2008

Comunismo - história e preconceito


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Alertado pelo Insurgente (confesso que na altura não me apercebi), tive ontem oportunidade de ver o documentário Comunismo – história de uma ilusão. É um documentário em três partes e que aparentemente já teria passado em Outubro do ano passado, mas apenas a 1ª parte, no que pode ser tomado como o resultado de um preconceito que muito boa gente não conseguiu ainda ultrapassar.

Esperemos que desta vez passem as partes todas. Porque é saudável e esclarecedor para as actuais gerações reavivar factos históricos que deram origem a passagens mais recentes da vida de alguns países (muito recentemente ainda se arrebanhava gente, como gado, para campos de concentração e se fuzilava portadores de uma nota de 20 dólares, acusados de sabotagem económica).

Ao mesmo tempo, interrogamo-nos como é possível que ainda hoje gente que se presume formada e informada mantenha como paradigma a solução social para as mazelas do mundo como a que o documentário expõe.

Por último, a não ter havido caso de força maior para a interrupção do programa em Outubro passado, acho que o mínimo que a RTP devia fazer era pedir desculpa às pessoas e sumariamente despedir quem emperrou a transmissão da série completa.

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13 Comments:

At 9:03 da tarde, Blogger cristina disse...

É «Comunismo - história de uma ILUSÃO»; "desilsão" também se adequaria, mas não é esse o nome do documentário.

Vi, por acaso, uma parte o episódio de ontem e tencino ver a continuação.

Custa-me que aquilo que vejo vá contra aquilo que penso, principalmente quando não percebo porquê. Daí que essa salubridade e esclarecimento sejam sempre bem-vindos.

Não deixo, no entanto, de achar alguma piada ao regozijo de algumas referências a estas "desmistificações"... - parece ouvir-se no fundo "told you so"...

Por último, esse parágrafo final está um bocado excessivo, não?... Vamos partir do princípio que a censura ideológica está fora de questão, certo?...

 
At 8:06 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 8:33 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina

1. - "...regozijo de algumas referências a estas "desmistificações"... - parece ouvir-se no fundo "told you so..."

Dos outros não sei, mas pela minha parte não há regozijo nenhum, há apenas aquilo que eu considero uma necessidade de desmistificar, para usar o teu termo, aquilo que considero ser a maior fraude da história, que custou milhões de vidas (puro extermínio) e a "standardização" mental de outros milhões, mas que perdura ainda como a utopia da sociedade perfeita e do paraíso na Terra.

2. - "...esse parágrafo final está um bocado excessivo, não?... Vamos partir do princípio que a censura ideológica está fora de questão, certo?..."

Mas é precisamente disso que se trata. Condenar veementemente a censura ideológica que a haver terá existido exactamente por parte de quem, na RTP, tentou escamotear a transmissão da série em Outubro do ano passado. Para o bem ou para o mal, a "oleada" máquina de propaganda do actual governo achou que o documentário poderia muito bem ser passado em coincidência com a "festa do Avante". Típico dos socialistas, mas que teve o condão de trazer a lume um excelente comentário.

Cristina, para o bem ou para o mal a minha maturação política aconteceu exactamente num período áureo do socialismo. Os exemplos que citei do envio massivo de milhares de pessoas para campos de reeducação (!!) e execução sumária de gente acusada de sabotagem económica por serem apanhadas com uma nota de dólares no bolso, foram do meu conhecimento directo. Ninguém me contou. Vivi-os de perto. A par com o exemplo trágico da "colectivização" de usos, comportamentos e vontades na formação do "homem novo". Cheguei a privar com pessoas da Europa de leste que acabavam por ser chamadas às respectivas embaixadas para explicar porque é que tinham estado comigo. Mesmo por razões profissionais. Comigo ou quaisquer outros representantes da sociedade "corrupta e decadente do Ocidente". Mas isto é um exemplo minúsculo das ocorrências diárias que me ajudaram a "perceber" o embuste do comunismo, porque é de um embuste que se trata.
Na actualidade, surpreende-me como é possível sequer aceitar este tipo de regime como modelo, por muito enfeitado que esteja com a modernidade. Até porque uma das coisas que aprendi foi não confiar pura e simplesmente nos agentes do comunismo. Que continuam a andar por aí. E que lhes faça bom proveito, desde que não colidam com a minha preciosa liberdade.

Obrigado pelo teu comentário. Poderia escrever folhas sobre reflexões desta natureza, mas não sou escritor, político, sociólogo nem político. Sou apenas um homem livre, daí que preze muito um sistema que mesmo por entre muitas justiças me permite sê-lo. O capitalismo, esse mesmo.
beijinho

 
At 11:34 da manhã, Blogger cristina disse...

«Condenar veementemente a censura ideológica que a haver terá existido exactamente por parte de quem, na RTP, tentou escamotear a transmissão da série em Outubro do ano passado.»

«a haver» - dizes bem! Mas falas disso quase como se fosse certo... Há alguma vivência factual que me esteja a escapar neste caso concreto ou é apenas uma generalização ideológica?...


Quanto aos exemplos reais, os «factos», eu não os nego - nem podia! - apenas questiono (um pouco confusa) as causas...


PS: o nome do documentário continua errado...

 
At 11:52 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina

«a haver» - dizes bem! Mas falas disso quase como se fosse certo... Há alguma vivência factual que me esteja a escapar neste caso concreto ou é apenas uma generalização ideológica?...

Claro que não há, há apenas uma coincidência estranha - a de RTP ter passado o primeiro episódio e ter-se ficado nas covas quanto aos segundo e terceiro. E também é claro que a minha expressão despedir sumariamente é um arroubo de indignação e ninguém é despedido pelo mau humor dos outros, ou não deveria ser, pelo menos. Digamos que foi uma forma de expressão, dentro da dinâmica do post.

Quanto ao mais, não me conheces, mas queria dizer-te que tenho o maior respeito pelas ideias e convicções de cada qual. No que particularmente se refere ao comunismo, limito-me a surpreender-me como é possível ainda hoje acreditar-se numa idelogia ou num regime cuja génese está disponível amplamente em documentos históricos. Para não falar da vivência pessoal de muitos que, como eu, o conheceram de perto. Basicamente, é isso. Mas ninguém tem mais respeito pelas ideias dos outros do que. Poderão ter a mesma, mas não mais.
Obrigado pelo teu comentário e espero não ter baixado uns pontos na tua escala de valores
:)

 
At 11:52 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina

«a haver» - dizes bem! Mas falas disso quase como se fosse certo... Há alguma vivência factual que me esteja a escapar neste caso concreto ou é apenas uma generalização ideológica?...

Claro que não há, há apenas uma coincidência estranha - a de RTP ter passado o primeiro episódio e ter-se ficado nas covas quanto aos segundo e terceiro. E também é claro que a minha expressão despedir sumariamente é um arroubo de indignação e ninguém é despedido pelo mau humor dos outros, ou não deveria ser, pelo menos. Digamos que foi uma forma de expressão, dentro da dinâmica do post.

Quanto ao mais, não me conheces, mas queria dizer-te que tenho o maior respeito pelas ideias e convicções de cada qual. No que particularmente se refere ao comunismo, limito-me a surpreender-me como é possível ainda hoje acreditar-se numa idelogia ou num regime cuja génese está disponível amplamente em documentos históricos. Para não falar da vivência pessoal de muitos que, como eu, o conheceram de perto. Basicamente, é isso. Mas ninguém tem mais respeito pelas ideias dos outros do que. Poderão ter a mesma, mas não mais.
Obrigado pelo teu comentário e espero não ter baixado uns pontos na tua escala de valores
:)

 
At 11:58 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Esqueci-me de referir o título do documentário. Já está devidamente corrigido e obrigado
:)

 
At 5:32 da tarde, Blogger cristina disse...

«há apenas uma coincidência estranha - a de RTP ter passado o primeiro episódio e ter-se ficado nas covas quanto aos segundo e terceiro.»
Quem te ouvir até pensa que as alterações de programação são coisas raras na nossa televisão! =)

«Digamos que foi uma forma de expressão, dentro da dinâmica do post.»
Digamos, então! =)

«como é possível ainda hoje acreditar-se numa idelogia ou num regime cuja génese está disponível amplamente em documentos históricos.»
Acreditar na ideologia não me parece difícil, olhando só à ideologia, até tu hás-de consegui entender - não digo que acredites, mas, pelo menos, que concebas a possibilidade de se acreditar. O problema é que da ideologia ao regime vai uma grande distância... - e é aqui que tu dizes que essa distância é uma ilusão e que a implementação de tais pseudo-ideais só pode ser feita de forma totalitária, e que, portanto, já se antevê o resultado...

 
At 9:01 da manhã, Blogger António Chaves Ferrão disse...

Ó espumante, os teus préstimos de Rambo salvador estão deslocados no lugar - estás em Portugal, onde os comunistas foram os que mais se bateram e continuam a bater pela liberdade - e no tempo. Já o teu olhar para assassino de mais de um milhão de iraquianos (kind of american fellow, today), não parece suscitar-te qualquer vontade de despedir jornalistas. Mas esses despedimentos ocorrem mesmo sem os teus incitamentos.
Já agora, as primeiras vítimas das purgas que referes foram membros de partidos comunistas, esqueces-te-te de referir. A História é uma ciências pouco linear, não achas?
Que dizes do brilho do "Egalité Fraternité" estar assente na eficácia da guilhotina?
Procura evitar julgar os sonhos das pessoas.
Um abraço

 
At 10:47 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

cristina

Digamos então :))))

 
At 11:17 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

antónio chaves ferrão

Por princípio não responderia a um comentário que começa por me chamar de rambo salvador. Mas como se trata da tua pessoa, faço um esforço e, muito sucintamente, pegarei em alguns pontos específicos que mencionas. Assim:
1 - "...em Portugal, onde os comunistas foram os que mais se bateram e continuam a bater pela liberdade - e no tempo..."

Como? Como é que é? Primo: - Na ditadura, os comunistas não se bateram pela liberdade mas sim pelo poder. O que faz toda a diferença. Daí que mesmo na clandestinidade se fossem zangando (e executando) uns aos outros. Secundo Depois do vinte e cinco de Abril o PC não lutou pela liberdade, lutou pela tomada de poder a qualquer custo, mesmo matando gente. Pessoalmente conheço alguns kamaradas que vivem em Moçambique, acusados de crimes de sangue em Portugal e que andam por lá a cultivar ananases na Namaacha, a sonhar com kolkhoses e a descansar por terem andado a lutar pela liberdade em Portugal. Entretanto, mataram. Mas como era a lutar pela liberdade, tá bem.

2.- "...assassino de mais de um milhão de iraquianos (kind of american fellow, today)..."

Isto é uma falácia do tamanho do mundo. E fácil de proferir. Dispenso-me sequer de a comentar. Mesmo assim, a tomar como séria essa afirmação, ainda faltam 64.000.000 para a conta de Estaline ou 6.000.000 para a conta de Hitler. Mas, repito, é uma falácia. Tão grande como as dos artigos sobre economia que tens vindo a trancrever e que leio, sempre que estou meio stressado e me apetece rir.

3.- "...Já agora, as primeiras vítimas das purgas que referes foram membros de partidos comunistas..."

Primeiro, não são as purgas que refiro, são as purgas que existiram. É factual, é histórico e não há como dar volta ao texto. E a ser como dizes, qual é a diferença? Purgas são purgas, matar é matar e period! Quando o Estado Novo matou o Humberto Delgado e a namorada caiu o Carmo. Umas dezenas de anos depois vens como que dar cobertura ao facto de os "purgados" (milhões...) serem comunistas? Confesso a minha incapacidade para perceber esta lógica.

4.- "...Que dizes do brilho do "Egalité Fraternité" estar assente na eficácia da guilhotina..."

Outra falácia, mesmo assim arrisco a dizer aquilo que pode parecer uma heresia. É que o sonho do Liberté, Egalité, Fraternité tem uma génese que não anda muito longe do espírito do que aconteceu depois com a revolução de 1917. Revista e actualizada, tranformou-se em Liberté, Égalité...Jet Privée, mas isso é outra história. O que não invalida aquilo que eu acho ser uma evolução de um estado embrionário da mais trágica utopia da humanidade.

Finalmente, quanto a evitar julgar os sonhos das pessoas, tens razão. Tenho de o evitar a todo o custo. Até porque muitos deles são pesadelos e os pesadelos aumentam a tensão arterial, descamam a pele e fazem cair o cabelo.

Um abraço para ti

P.S. Espero que o cruzeiro te tenha sabido bem. São delícias provindas de manias do capitalismo, o maldito que inventa cruzeiros e outros pecados. Porreiro mesmo era que toda a humanidade pudesse fazer cruzeiros. Mas não pode. O mercado não permite!

 
At 2:29 da tarde, Blogger António Chaves Ferrão disse...

Primo: o teu PS é a demonstração viva de como é difícil ultrapassar as barreiras do argumentum ad hominem. Como pretendes, então, iniciar qualquer discussão política?
Secundo: entre acreditar naquilo que disseram aqueles que ousaram enfrentar Salazar e pagaram um pesado preço por isso, e as iníquas intenções que lhes atribuis, com todo o respeito que me mereces, vou optar pela primeira.
Abraços

 
At 6:37 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

antónio chaves ferrão

E pronto. Resumes a tua argumentação a uma frase em latim. Mas sabes? Pecunia in arbotis non crescit. Esta é a grande verdade. Tudo o mais são sonhos de uma noite de Verão. Ou de uma manhã anunciada durante décadas que conduziu a uma das maiores tragédias da história contemporânea. Ainda que anunciada por mens sibi conscia recti.
E agora, I rest my case.
:)

 

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