sábado, abril 26, 2008

25 de Abril de 2008


Vinha em Vergelen, South Africa (CP) - clicar na imagem para ver bem

O sector agrícola na África do Sul absorveu muita mão de obra portuguesa. Engenheiros agrónomos, motoristas de máquinas agrícolas, topógrafos, engenheiros químicos, especialistas em fitossanidade, capatazes, mecânicos e outros.

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Os cravos do costume, os discursos do costume (uma excepção para o discurso de Cavaco) e a galeria dos "donos do 25 de Abril" são adereços que ameaçam degradar a imagem de um acontecimento político da maior importância para todos nós. Mas nós somos assim. Levamos as coisas á exaustão, criamos lendas, mitos e cliques de personagens que se arroubam direitos adquiridos. Há ainda a inclusão nos últimos dois ou três anos daquele filme de capitães da Maria Medeiros que se arrisca a entrar-nos pelos televisores todos os anos. Tal como A Túnica na Páscoa, mas a verdade é que cada um tem a Páscoa que merece e talvez nós mereçamos isso mesmo. - o filme da Maria, pendularmente aos 25 de Abril de cada ano.

Este ano veio-me à ideia com mais precisão um grupo de intérpretes do 25 de Abril que me merece o mais profundo respeito. Aqueles que percebendo a verdadeira dimensão do fenómeno político que se lhes deparou, cuidaram de tratar de si e dos seus, rumando a paragens remotas como ponto de partida para refazer as suas vidas. Os campos de Cullinam, Groblersdal, o porto de Moçâmedes, os aeroportos de Luanda e Lourenço Marques e outros locais serviram de rampa de lançamento de milhares de pessoas que, mais tarde e na sua maioria, recompuseram as suas vidas em troco de prestação de serviço competente e sério. Na altura não havia sindicatos, manifestações de rua, nem gritaria pelos direitos adquiridos, não havia avaliações nem progressões de carreiras, horas semanais de trabalho, férias e muito menos se sabia o que era precariedade de trabalho. Mas havia aquilo em que os portugueses, sob pressão, são bons. Uma vontade férrea, um grande sentido de dever, amor-próprio e protecção da família que os levou a muitos cantos do globo onde refizeram a vida. Incluindo Portugal, onde se poderá ter dado o maior fenómeno de integração e sucesso de milhares de "retornados", num país pequeno, esvaído de recursos, hostil, mesquinho e mal informado.

Esta é, também, uma forma de recordar o 25 de Abril.

ADENDA:
Este post foi corrigido porque chamei Inês à Maria de Medeiros. Por isso as minhas desculpas a ambas e, correcção feita, resta-me agradecer à IO por me ter corrigido. Mesmo com a subtileza de nem sequer o referir.
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9 Comments:

At 1:40 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Eu cá continuo a não perder o 'Música no coração' no Natal, o 'Casablanca' sempre que passa na tv e, claro, o filme da Maria no 25 de Abril. E comove-me sempre a cena da rua do Arsenal, quando a brigada do reumático é abandonada pelos soldados que aderem ao Maia.

As comemorações que metem gajos que não põem cravo vermelho ao peito acinzentam a data. Mas a democracia é para todos.

Um beijo para ti e
Viva o 25 de Abril!!

IO

 
At 8:35 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 
At 8:36 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

IO

Já corrigi o Inês para Maria, graças a ti. Obrigado.
Quanto ao "resto" :)), pois! Mas não mencionaste "A Túnica" :))

E concordo 100% quando dizes que o 25 de Abril é para todos. Por isso referi os "donos do 25 de Abril" :))
Um beijo. De quem é o "Digital Índico? Minha visita diária...

 
At 2:19 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Linda a tua homenagem a esse grupo de interpretes.
Dulce

 
At 4:20 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce

Ao teu comentário, de tão longe com a Austrália, apetece-me dizer: Tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei...
Um beijo grande pelos fusos horários todos até aí
:)

 
At 6:27 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

O 'Digital no Índico' é dasimpatiquíssima Ana David que continuaa viver em Maputo e nos faz aquelas fotos com legendas que traduzem todos os tempos.

Já agora, falaste na mana Inês, também actriz, sabes que (nos 90) já lhe ganhei aos matraquilhos no 'Mah Jong' do Bairro Alto?

Eh, pá, eu da capa e batina também não gosto, recomeçou depois de eu sair da faculdade.

Beijo, também gosto muito das tuas fotos africanas, IO.

 
At 10:25 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Tu não sabes o que eu sei...
A Dulce do comentário não é de tão longe é só do Brasil. Apesar de menos fusos e do beijo ser para a minha xará, roubei-o para mim, porque adoro ler os seus posts.
Dulce/br

 
At 2:54 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce do Brasil
Estou embaraçado... é a segunda vez que me engano e penso que é a Dulce minha amiga de longa data que vive em Brisbane :))) É o que faz ter um nome bonito.
Sendo assim, reduzo o múmero de fusos horários mas mantenho o beijo, ora essa! :)
E obrigado pelo cumprimento e tudo de bom aí pelo Brasil!

 
At 3:18 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IO

Eu conheço uma Ana David... estaremos a falar da mesma pessoa? Acho que lhe vou mandar um e-mail.
:)
Beijo

 

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