quarta-feira, abril 30, 2008

Esta forma estranha de ser


[2476]

Os episódios recentes dos assaltos a esquadras de polícia parecem configurar a passagem de um fenómeno a que normalmente se chama insegurança para aquilo que começa a adquirir contornos de verdadeira bandalheira. E a bandalheira releva desta forma única de sermos, desta maneira estranha que temos em existir, misturando coisas, ideias e vontades num caldo de liberdade que não sabemos sublimar, sem um módico mínimo de razoabilidade e respeito pela pessoa humana e pelos seus direitos e garantias. A bandalheira é, naturalmente, promovida pelos arautos da imbecilidade e do cretinismo quando dizem ou escrevem todas as enormidades a que vamos estando habituados, como uma rotina de vida. Desde incitamentos à violência e desobediência civil patrocinados por uma entidade política estranha e que dá pelo nome de Bloco de Esquerda até à forma truculenta e indecorosa como nos habituámos a reclamar, desde as entrevistas repisadas e diárias nas televisões fomentando a indignação dos cidadãos pelo fontenário que deixou de deitar água ou à vila que nunca mais passa a cidade até à recente manifestação de professores arrebanhados por um enquadramento político que vive disso mesmo, da instabilidade e do total desrespeito por normas e procedimentos, já que falar de boa educação é coisa que nem cabe já nesta reflexão.

Admiramo-nos, depois. Sobretudo quando episódios como o da invasão da esquadra de Moscavide acontecem. Mas depressa tudo passará ao esquecimento. Tal como as palavras desgarradas e patéticas do nosso ministro de Administração Interna que concluiu que (imagine-se) não é aconselhável haver esquadras só com um efectivo policial. E continuaremos alegremente a ser como somos. Porque sempre fomos assim. Há, apenas, uma diferença subtil. É que agora não estamos sozinhos. E breve poderá ser o dia em que já não estão para nos aturar.

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Os jovens...


[2475]

As cerimónias do 25 de Abril, na Assembleia da República, tiveram este ano um sabor de despedida. O presidente da República leu parágrafos e parágrafos dum estudo que demonstrava a ignorância dos jovens. Não era necessário que a presidência da República encomendasse um estudo para dar conta do desinteresse dos jovens pela política. Que “a ignorância da juventude é um espanto!” já Jô Soares garantia de modo bem mais divertido e muito francamente não creio que seja essa ignorância aquilo que mais preocupa a geração que agora começa a deixar de ser poder. Essa geração que tem um antes e um depois do Maio de 68, essa geração que acreditou que iria ser eternamente jovem e adorada, essa geração que achou que não iria cometer os erros das anteriores, essa geração não entende nem aceita que o seu legado, mais do que contestado, seja ignorado.

Contudo a geração de 60 é uma geração que tem pouco de que se orgulhar em Portugal. Os de direita não foram capazes de reformar o regime. Os de esquerda não foram capazes de acabar com ele. E quer uns quer outros acabaram a ser supreendidos no dia 25 de Abril de 1974, por uns capitães pouco lidos mas muito eficazes.

Em ano e meio, os soldados, capitães, generais e demais militares recolheram rapidamente de África a Lisboa e de Lisboa ao interior dos quartéis. A geração de 60, tecnica e culturalmente mais habilitada que qualquer outra que a precedera, ocupou ministérios, fundações, institutos, escolas, universidades… Ao mesmo tempo descobria os carros de serviço, desistia das revoluções e apostava em mudar o país por decreto, aliás cada decreto era o reflexo da sua superioridade moral. Direitos económicos e sociais foram atribuídos sem que a sua viabilidade fosse minimamente avaliada. Incapazes de não se sentirem amados – eles que tinha sido a primeira geração verdadeiramente mimada em Portugal – legislaram como se eles fossem o fim da História. Como se não houvesse mais futuro para lá daquele que estavam a desenhar.

Quando ao primeiro empurrão da realidade todo este artefacto legal começou a soçobrar, adoptaram, sem mais explicações, um apagado e vil pragmatismo: no extraordinário garantismo dos seus postos de trabalho nasceu o terreno fértil dos recibos verdes dos seus filhos. E com a mesma sobranceria com que ainda há pouco fulminavam aqueles que ousavam falar da insegurança – negavam até que ela existisse – acham agora inevitável que a polícia portuguesa aprenda técnicas de combate nas favelas do Rio de Janeiro.

Da justiça fomos desistindo: sentado ao lado do presidente da República, nesta sessão solene do 25 de Abril, estava Jaime Gama que, na véspera, ouvira novamente serem proferidas contra si graves acusações de abuso sexual por parte de ex-alunos da Casa Pia. E ninguém se indigna nem apieda. Porque já nos habituámos a que a justiça não absolva nem condene. Antes se transforma numa espécie de via sacra que trucida honras e deixa escapar os crimes.

Esta mesma geração que, enquanto jovem e estudante, contestou fortemente a família não só vive agora com desconcerto os records de longevidade que os seus pais teimam em bater como pode estar a comprometer boa parte do futuro dos seus próprios filhos. Se os jovens de hoje fossem tão politizados quanto é de bom tom dizer-se que deveriam ser talvez protagonizassem um inédito conflito de gerações pois em causa não estaria a clássica tentativa da geração mais velha de impor um modelo à mais nova mas sim o facto de a geração mais nova não poder reproduzir o modelo da mais velha porque esta última gastou não só o que havia mas também o que estava para haver. Se os jovens de hoje fossem realmente mais politizados interrogar-se-iam sobre a sustentabilidade da Segurança Social, aquela que a geração dos seus pais ainda há pouco garantia que tomaria conta de cada um do berço à cova mas que agora já lhes manda fazer PPR’s complementares para que não tenham apenas “meia reforma”. Na verdade qual irá ser a reforma a que os jovens de hoje podem aspirar? Um quarto? Um quinto? Felizmente que eles não aprenderam fracções e que não dominam sequer as divisões mais simples.

Tendo construído grande parte da sua imagem por antítese em relação àquelas que a precederam, esta geração prefere falar dos seus tempos de juventude em vez de fazer o balanço do seu exercício de vida adulta. Essa vida política que terminou simbolicamente de alguma forma a 23 de Abril de 2008 quando na Assembleia da República, quase clandestinamente, foi aprovado o Tratado de Lisboa.

A mesma geração que da esquerda à direita recebeu o poder no 25 de Abril, que mandou retirar de África rapidamente e em força, que apostou na Europa como seguro político contra tentações golpistas, como fonte dum novo ciclo do ouro e sobretudo como o nosso novo espaço natural, essa geração não foi capaz de deixar o povo votar aquela que foi a sua última bandeira.

Falar dos jovens é fácil, até porque os exemplos da sua ignorância e desatino são imensos. Mas talvez seja tempo de falarmos sobre o que fizeram e o que nos fica como legado daqueles que um dia, em meados do século XX, juraram e acreditaram que nunca iam deixar de ser jovens.


Helena Matos, no Público de ontem.

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Busy f...



[2474]

Como é do conhecimento geral, na antiga Inglaterra todos os que não pertencessem à nobreza precisavam de autorização especial da Corte para relações sexuais com o cônjuge. Garantida essa autorização pelo Rei, os fornicadores, devidamente autorizados, tinham de apôr uma tabuleta na porta com a palavra FUCK (Fornication Under Consent of the King), sempre que no exercício do direito concedido. Pensa-se, mesmo, que terá sido esta a origem do vocábulo ainda hoje em uso na linguagem corrente.

Esta história verdadeira deve ter inspirado o nosso primeiro Sócrates, na sua sanha de controlar a vida dos seus concidadãos. E achando que devia promover o aumento da natalidade em Portugal, enviou à Assembleia um decreto para aprovação segundo o qual qualquer casal no exercício do coito, e à semelhança da antiga tradição britânica, teria de apôr uma tabuleta na porta de suas casas com os seguintes dizeres: Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo, a fim de que se registasse que o referido casal cumpria os despachos administrativos, logo os seus deveres cívicos, relativos à promoção do aumento de natalidade.

Para evitar coimas e autos de notícia pela entidade fiscalizadora, que poderá bem vir a ser a ASAE, todos os cidadãos sem parceiro sexual, impossibilitados assim de procriar e para facilitar a acção fiscalizadora da ASAE deverão apôr ainda um outro cartaz à porta com os dizeres: Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Auto-induzida.

Desconhece-se se Cavaco Silva promulgará a lei que, como se espera, será aprovada pela maioria do hemiciclo.


Nota: Base da história recebida por e-mail, adornos “apostos” pelo signatário deste blog.
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terça-feira, abril 29, 2008

Estragam tudo

[2473]

"...o governo esforçaçe imenço pra nos dar uma imagem de tranquilidade normalidade positividade estabilidade .... de tal modo que todos os dias apareçe o primeiro na altura adequada pra nos relatar uma medida neceçária ponderada prórpria ou um ministro a asseguranus que há dois médicos e sete enfermeiros por cada gajo doente..." "...ora justamente só pra aburreçer o mais esfurssado dos ministros um grupo de rapaziada resolveu entrar por uma esquadra adentro e arriar num gajo que se queria xibar de qualquer coisa importunando o justo descanso do unico puliçia de serviço..."

O resto aqui, no Anarca Constipado.
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Nunca lhe pediu nada...

[2472]

Silva Peneda, antigo ministro de Cavaco Silva, foi testemunhar a favor de Pinto de Sousa, arguido no processo das trapalhadas de árbitros de futebol e correlativos, e disse à Comunicação Social que eram amigos e que enquanto foi ministro nunca Pinto de Sousa lhe pediu nada, apesar disso mesmo, de serem amigos. Era, assim, um exemplo de cidadania.

Pffiuuu! Imagino o peditório entre amigos que vai pelo Terreiro do Paço e outros ministérios, ao ponto de um homem que nunca pediu nada merecer tamanho destaque!
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Chamem a polícia??


[2471]

Para quê? Perguntará o cidadão incauto e bem intencionado que se dirige a uma esquadra para apresentar uma queixa.

Mais do que a sova que o queixoso parece ter apanhado dentro de uma esquadra policial, impressiona mais o á vontade com que energúmenos invadem uma esquadra, agridem e se retiram paulatinamente talvez para ir beber uma bica (ou uma caipirinha, parece que eram brasileiros) ao café da esquina.

A habitual aridez neste tipo de notícias esclarece-me que o Ministério da Administração Interna remeteu para a Direcção Nacional da PSP, que por sua vez remeteu para o Comando Distrital da PSP de Lisboa, que ainda não respondeu. É evidente que fico muito descansado.

Já apanhávamos doenças nos hospitais. Agora agridem-nos nas esquadras. Que ninguém nos acuse de estagnação.


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segunda-feira, abril 28, 2008

Comer mais e melhor


[2470]

Sobem os preços do arroz e dos cereais e a culpa é dos capitalistas, diz-se. Dizem os consumidores de agricultura biológica e os gurus espirituais dos legisladores de Bruxelas que todos os dias acordam a pensar qual o agroquímico que deverão condicionar, em nome do bem-estar das populações.

Alguém deveria explicar a esta gente que o aumento dos cereais se deve ao capitalismo, sim, mas por força da melhoria do nível de vida das populações, sobretudo asiáticas, que podem comer mais e melhor e isso conduz a uma procura acentuada. O desvio de áreas agrícolas e sementes para a produção de biocombustíveis também não ajuda mas é uma prática que vai muito bem com a tendência.

Por mim, acho óptimo que os preços subam. Como disse, isso reflecte um facto insofismável – o de que milhões de pessoas estão a comer mais e melhor e isso é bom. Basta que a produção aumente e se estabilize a relação de oferta e procura para que a situação se resolva. E para aumentar a produção basta semear mais e dar uma adequada protecção fitossanitária às culturas. Toda a gente continua a comer mais e melhor, as empresas estabilizarão os preços e tudo volta ao normal. E os precavidos continuarão a comer agricultura biológica, mesmo que para chegarem aos locais de venda tenham de usar a viatura por algumas dezenas de quilómetros e queimar uns litros de combustível fóssil.

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sábado, abril 26, 2008

Punch bag


[2469]

Às vezes basta atravessar uma ponte e rumar a Lisboa para que, depois dos Carvalhos, passemos a malbaratar qualquer capital de entendimento que julguemos ter adquirido sobre a Invicta e idiossincrasia dos seus nativos. Pois, a não ser pelo afastamento geográfico e progressivo da Arrábida e do Campo Alegre, como perceber o azedume de ilustres portuenses dedicado a um homem que, ao que me apercebo, revela elevados níveis de seriedade e competência, mesmo que no seu percurso tenha afrontado descomplexadamente um dos maiores caciques locais, Pinto da Costa de seu nome, e o respectivo clube que dirige?

Julgo ser demasiadamente simplista se pensar que esse azedume se deve a isso mesmo – ter afrontado a pesporrência de Pinto da Costa e o seu insuportável provincianismo contra a capital e não ter endeusado o Futebol Clube do Porto. Mas será que não é mesmo por isso? Afinal, descontando o “desprezo” a que Rio votou o Clube e dirigentes, o que é que os portuenses têm a apontar à sua gestão autárquica? Mas a verdade é que tripeiros ilustres, como CAA, zurzem metodicamente no autarca, ressumando um indisfarçável ódio por um presidente de câmara que, se outras virtudes não tivesse, logrou expor uma tenebrosa rede de cumplicidades do antecedente, algumas delas pendentes ainda de decisão judicial e recuperou o prestígio que a cidade merece. Ao invés, CAA acha que Rio foi para as eleições para perder (CAA lá saberá porque é que um homem concorre a eleições para perder) mas acabou por ganhar pela má prestação de Fernando Gomes, o que acho uma asserção extraordinária. E agora "deseja de" ser líder do PSD mas blá blá blá, não se candidata, ficando na sombra á espera que Ferreira Leite se esvazie e ele possa avançar. Tudo isto dito com um ar de dolo punível com pena máxima, que as pessoas não têm nada que ser calculistas e muito menos desejar de. Sobretudo o uso indiscriminado da preposição que, como se sabe, é exclusivo e marca registada de Pinto da Costa. Penso eu de que.

Até dou de barato que Rui Rio possa ter um ror de pecados e malfeitorias na gestão autárquica da segunda cidade portuguesa. Sou lisboeta e não vivo de perto, naturalmente, o dia-a-dia da capital do norte. Mas se e quando se quer falar mal do homem seria bom que se especificasse exactamente o que é que de mal o homem fez ou faz. Dizer que ganhou eleições porque Gomes teve uma má prestação e agora, pasme-se, comete pecado capital de desejar de ser líder parece-me pueril e, sobretudo, injusto. Por muito que Rio goste mais de automóveis do que de futebol.


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25 de Abril de 2008


Vinha em Vergelen, South Africa (CP) - clicar na imagem para ver bem

O sector agrícola na África do Sul absorveu muita mão de obra portuguesa. Engenheiros agrónomos, motoristas de máquinas agrícolas, topógrafos, engenheiros químicos, especialistas em fitossanidade, capatazes, mecânicos e outros.

[2468]

Os cravos do costume, os discursos do costume (uma excepção para o discurso de Cavaco) e a galeria dos "donos do 25 de Abril" são adereços que ameaçam degradar a imagem de um acontecimento político da maior importância para todos nós. Mas nós somos assim. Levamos as coisas á exaustão, criamos lendas, mitos e cliques de personagens que se arroubam direitos adquiridos. Há ainda a inclusão nos últimos dois ou três anos daquele filme de capitães da Maria Medeiros que se arrisca a entrar-nos pelos televisores todos os anos. Tal como A Túnica na Páscoa, mas a verdade é que cada um tem a Páscoa que merece e talvez nós mereçamos isso mesmo. - o filme da Maria, pendularmente aos 25 de Abril de cada ano.

Este ano veio-me à ideia com mais precisão um grupo de intérpretes do 25 de Abril que me merece o mais profundo respeito. Aqueles que percebendo a verdadeira dimensão do fenómeno político que se lhes deparou, cuidaram de tratar de si e dos seus, rumando a paragens remotas como ponto de partida para refazer as suas vidas. Os campos de Cullinam, Groblersdal, o porto de Moçâmedes, os aeroportos de Luanda e Lourenço Marques e outros locais serviram de rampa de lançamento de milhares de pessoas que, mais tarde e na sua maioria, recompuseram as suas vidas em troco de prestação de serviço competente e sério. Na altura não havia sindicatos, manifestações de rua, nem gritaria pelos direitos adquiridos, não havia avaliações nem progressões de carreiras, horas semanais de trabalho, férias e muito menos se sabia o que era precariedade de trabalho. Mas havia aquilo em que os portugueses, sob pressão, são bons. Uma vontade férrea, um grande sentido de dever, amor-próprio e protecção da família que os levou a muitos cantos do globo onde refizeram a vida. Incluindo Portugal, onde se poderá ter dado o maior fenómeno de integração e sucesso de milhares de "retornados", num país pequeno, esvaído de recursos, hostil, mesquinho e mal informado.

Esta é, também, uma forma de recordar o 25 de Abril.

ADENDA:
Este post foi corrigido porque chamei Inês à Maria de Medeiros. Por isso as minhas desculpas a ambas e, correcção feita, resta-me agradecer à IO por me ter corrigido. Mesmo com a subtileza de nem sequer o referir.
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quinta-feira, abril 24, 2008

Piratas distraídos e mal informados


[2467]

A falta de informação compromete seriamente um bom negócio

Esta é a conclusão a que os designados piratas da Somália chegariam se lessem jornais ou pelo menos se soubessem um bocadito de História. Os ditos piratas raptaram uns franceses que gozavam as maravilhas da vida num iate. Agora foi a vez duns pescadores espanhois. Os franceses resolveram o assunto: mandaram tropas especiais que recuperaram o iate, salvaram os reféns e ainda prenderam os piratas. Os espanhóis ainda não se sabe o que vão conseguir mas tal como os franceses já mandaram meios militares.
Ora os piratas podiam muito bem sair pela porta grande se apresentassem uma mínima reivindicação política. Diziam duas ou três coisas contra a a Europa colonial e passavam logo de piratas a movimento. De piratas transfiguravam-se em insurgentes ou quiçá activistas. Ninguém ousava tocar-lhes num cabelo quanto mais prendê-los e trazê-los para serem julgados aqui no meio da Europa. Mas se por acaso se cruzassem com a justiça de algum país europeu teriam logo dezenas de outros activistas lutandos pela sua imediata libertação. E mesmo detalhes que muito enervaram os franceses como o facto dos piratas do Ponant terem metido cabras no iate para em seguida as abaterem e comerem passariam imediatamenta a tema de teses multiculturais sobre a recuperação de gestos dum mundo tradicioanal que tenta sobreviver à globalização. Quem sabe aqueles activistas que queimam carros em França até se viravam agora contra os iates.

Deste saboroso post da Helena Matos, acho que só ficou por perguntar o seguinte:

- E os franceses levaram os piratas para serem julgados na Europa?
- Em vôos directos?
- Ou terão feito escala técnica (ilegal) nalgum país conivente?
- E se fizeram escala, a Ana Gomes sabe?
- E se a Ana Gomes sabe, ainda não disse nada?
- Terão vacinado os piratas contra o sarampo que grassa na Europa?

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Elisa Ué!


[2466]

Nas noites suadas do calor de Luanda, a rebita reinava pela noite fora até de manhã, nos recintos de dança da Ilha. Gordos e magros, brancos e negros, os corpos saracoteavam o ritmo frenético saído de potentes altifalantes e o suor caldeava uma das mais democráticas manifestações que eu conheci. E se dúvidas houvesse sobre a democraticidade do evento, havia um recinto que ostentava um letreiro enorme onde se podia ler: "Os que tem gravata entra. Os que não tem gravata, também entra".

A dúvida é se trinta anos depois, esta forma de expressão se sublimou na geração actual ou se fomos nós, os portugueses, mestres no manejo da língua à la mode de chez nous, que a teremos levado para Angola. E se ao tempo em que éramos todos Joaquins e Manueis de Melgaço a Dili, assim se dizia à época, já essa influência se fazia notar.

Esta reflexão tem a ver com isto que ouvi hoje de manhã ao nosso Director Geral de Saúde Francisco George, a propósito de um surto de sarampo que anda aí pela Europa civilizada e com aquele ar que o governo tem e gosta de ter de nos pôr o casaquinho de malha pelas costas quando arrefece:

“Se vai viajar, por exemplo para a Áustria e Suiça, e tem menos de 18 anos, deve vacinar-se contra o sarampo. Se já tem mais de dezoito anos... se já é adulto... hammm... deve vacinar-se também”.

Acabei de ouvir isto e desatei logo a cantar o Elisa ué!

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quarta-feira, abril 23, 2008

O Sapal


[2465]

Quase todos os dias há pelo menos um blog da minha lista da direita que se converte ao “sapal”. Pondo de parte a trabalheira que dá andar a mudar os links, embora o faça com gosto, que isto é tudo gente fixe, interrogo-me sobre o aparente feitiço do simpático batráquio. Eu próprio, “utente” (alguma vez eu havia de usar este “utente” a propósito da minha pessoa…) do Sapo-ADSL e regozijando-me por nunca ter problemas de Internet, enquanto outros se queixam amargamente da Netcabo, por exemplo, a única coisa de que me queixo do Blogger é da minha própria ignorância e ineficácia, que ainda não consegui saber como se faz um template decente para mudar o visual (mais feio que as irmãs de Cinderela) do Espumadamente. De resto, julgo ter tudo o que preciso. Ou estará a passar-me alguma coisa ao lado?

Peço desculpa, assim, de não ser suficientemente lesto a mudar os links mas lá vou fazendo o que posso para acompanhar esta corrente migratória.

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Subir aos céus


[2464]

Um padre brasileiro acordou um dia a pensar que queria ir para o Guiness com o record do homem que subiria mais alto pendurado em mil balões de hélio. A notícia é esta, seca e curta e ninguém explica, por exemplo, como é que o padre faria para descer. Aparentemente o homem subiu, subiu, subiu e a última coisa que dele se ouviu foi um pedido lancinante para que alguém lhe ensinasse a lidar com o GPS porque seria a única forma de, dando a longitude e a latitude, alguém o encontrar.

Suspeitando-se que tenha caído ao mar, a Marinha brasileira empenha agora os seus esforços e meios para encontrar o padre. Até agora encontraram alguns balões.

Esta história, simples como parece, mostra bem a ligeireza de pessoas e factos que fazem o nosso quotidiano. Nem o padre, nem, parece, ninguém, cuidou de saber como é que ele haveria de voltar ao chão. Por outro lado, alguém devia saber vagamente que um GPS é uma coisa que serve para dar longitudes e latitudes e isso foi o suficiente para lhe meterem um nas mãos. Mas ninguém se lembrou, nem o padre, se saberia manejar a geringonça. E o homem partiu. Subiu aos céus. Literalmente. Não sem antes ter dado um mergulho no Atlântico.

Sendo brasileira, esta história soa tão familiar que poderia muito bem ter-se passado num qualquer local do torrão luso
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terça-feira, abril 22, 2008

Torquato da Luz - Exposição


[2463]

Com pesar verifico que não poderei estar presente à exposição de pintura do prezado confrade Torquato da Luz. Aqui lhe deixo uma saudação amiga e um agradecimento reconhecido pelo convite.
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Prós (ah! aquele programa da 1, não é?) e (ou seja aquele programa da FCF, claro...) Con... (um programa de debate de ideias em liberdade) tras


[2462]

Cansado de um dia excessivo, esqueci-me do Prós e Contras. Ri-me com a histriónica Dharma e o paciente Greg, "Californiquei" em descaso e eis que numa passagem fugaz pelo C1 dou de caras com a Fátima. Ela, a FCF.


Fixei-me no programa durante uns minutos. Fátima continua trovejante, obcecada com a a sua própria imagem e opiniões e patologicamente empenhada em cortar a palavra, apenas para acrescentar pormenores óbvios e que só servem para cortar a linha de raciocínio de quem está a falar.

Eu não seria capaz de explanar uma ideia com a avalancha de interrupções que FCF, quer por perder o fio á meada (até porque, frequentemente, FCF demonstra não ter percebido o que se está a dizer, o que é espantoso), quer pela estridência da voz da pivot (pivô dá erro…). A estridência tem vindo a aumentar à medida que o programa se vai tornando uma imagem de marca da RTP e FCF o vai percebendo. E ela não resiste. E eu também não. Não resisto. Não resisti. Regressei ao zapping e fixei-me num filme qualquer.

Verdadeiramente o que me admira é não haver alguém no C1 que pare o andor e diga: Fátima, és uma fulana fixe, patatipatatá, mas olha, cortas o pessoal, baralhas os temas, desmontas as ideias e armas uma confusão dos diabos. Tirando isso, és uma mocinha fixe. Tens é de mudar de estilo ou então ninguém se entende.

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segunda-feira, abril 21, 2008

Quem receia a "temida Manuela"?


[2461]

O Zé Lorota é uma simpática figura de contador de histórias brasileiro. Tantas e de tão detalhada fantasia e verosimilhança que o próprio Zé Lorota acaba por acreditar no que diz.

Entre outras, uma virtude de alguns dos militantes ou simpatizantes do Partido Socialista é fatalmente acabarem por acreditar no que dizem – umas vezes porque foram mal informados, outras porque se tornaram verdadeiros "Zés Lorotas" no cenário político português, vítimas dum circunstancialismo talhado pelas conveniências do Partido. Só nesta perspectiva entendo este post de Filipa Martins, no respeitável Corta-Fitas, onde, entre outras coisas e referindo-se à possibilidade de Manuela Ferreira Leite se candidatar à liderança do PSD, afirma que No futuro, MFL líder do PSD terá um Sócrates primeiro-ministro que a vai lembrar vezes e vezes sem conta da herança de sete por cento de defice que lhe deixou, "depois de ter pedido sacrifícios incomensuráveis aos portugueses".

Ora, fazer esta afirmação só pode relevar de um total desconhecimento da realidade, para além de um manifesto branqueamento das diatribes de Guterres e sus muchachos. A não ser que Filipa, que não tenho o prazer de conhecer, se tenha ela própria tornado em mais um Zé Lorota do universo socialista e acredite piamente no que afirmou.

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domingo, abril 20, 2008

A falência do capitalismo?

[2460]

"To condemn free-market capitalism because of anything going on today makes no sense. There is no evidence that capitalism exists today. We are deeply involved in an interventionist-planned economy that allows major benefits to accrue to the politically connected of both political parties. One may condemn the fraud and the current system, but it must be called by its proper names — Keynesian inflationism, interventionism, and corporatism".

Caro confrade. O resto está aqui. No hard feelings e boa leitura.

Via.

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Arrastões


[2459]

Confesso. Fui arrastado!


E eu ia adivinhar que existe uma Janaína Leite?

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sábado, abril 19, 2008

Juke box 57


[2458]

A canção é bonita… e acho graça ao “puto Bryan”, porque o conheci, já rapazola, na St Julian’s, em Carcavelos, quando lá fui matricular os meus.

Bom fim-de-semana a todos!

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Basta

[2457]

Entre hoje e ontem devo ter ouvido cem vezes Luís Filipe Menezes dizer que "para ele, chega". Para mim também, chiça.

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sexta-feira, abril 18, 2008

Democracia canhota


[2456]

"...Berlusconi governará a Itália, possivelmente com o mesmo desprezo pela democracia que antes já demonstrou. A história vai-se repetindo..."

José Leite Pereira, Director do JN, aqui

"...A terceira vitória…de Sílvio Berlusconi nas eleições italianas…não sofre contestação. Mas ridiculariza a democracia. É preciso que se o diga e escreva com todas as letras. Berlusconi ganhou. Mas a Itália continua a perder. O sistema democrático está a ser gozado. Pode mesmo estar a manifestar sintomas de estertores de morte… "

Paquete de Oliveira, Sociólogo, Professor no ISCTE e Provedor da RTP, no JN, aqui

"... Não é surpreendente a vitória de Berlusconi. Ele representa o que há de pior na política: grosseria, ignorância, mentira, má-fé, soberba e desprezo...É a vitória dos porcos, como escreveu Orwell..."

Baptista Bastos, Jornalista e Escritor, no DN, em 17.04.08, no artigo A vitória dos Porcos.


Respigado daqui.


Três depoimentos, um só estilo. É por isso que eu tenho medo da esquerda. Deslumbra-se com a vitória, espuma de raiva, apoplética, com a derrota. Fazendo alarde, sempre, duma superioridade intelectual com que, crê, foi bafejada na concepção.

Na vitória, nunca se sabe do que ela é capaz. Felizmente que tem sido possível vencê-la, quase sempre, com votos. E quando ela ganha acaba por se esboroar e fenecer em bebedeiras de poder. Até voltar a recompor-se. Porque a luta continua e a vitória é certa!

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quinta-feira, abril 17, 2008

Down a lion, feel satisfied *


[2455]

Este Sporting é assim. Primeiro, exaspera (quase) tanto como o Paulo Bento a falar, depois, maravilha.

Quero confessar duas coisas que me vão na alma: Uma é que gostaria que o jogo de ontem tivesse sido já a final, sobretudo depois de ouvir as diatribes recentes de Pinto da Costa, pedindo justiça divina, entre outras enormidades. A outra é que, por muito que me custe, tenho de admitir que Quim é o melhor guarda-redes português. É simplesmente fantástico e ainda não percebi porque é que é suplente de Ricardo.

Sporting
5 - Benfica 3


* Esta expressão não é original. É da SAB (South African Breweries) e refere-se a uma campanha publicitária da cerveja "Lion"

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Eu vi


Melo Antunes, Rosa Coutinho, Agostinho Neto, Costa Gomes, Holden Roberto, Jonas Savimbi, Mário Soares e Almeida Santos - Alvor, 1975

[2454]

Relativamente ao recente artigo de António Barreto no Público e a uma carta que Ferreira Fernandes afirma ser falsa, é preciso dizer que em toda a propaganda se mente. Muito mais se mente, porém, em contra propaganda. Daí que o conteúdo da alegada carta de Rosa Coutinho a Agostinho Neto me pareça demasiado estranho. Mas não me repugna. A ser falsa, como parece ser, tanto um poderia tê-la escrito, como o outro poderia tê-la executado.

Quanto ás reacções que surgiram por aí, quer em forma de posts quer de comentários (alguns deles perfeitamente idiotas…) pedia-se, no mínimo, algum recato e pudor em memória daqueles que morreram por via das loucuras do almirante, à altura do seu consulado em Luanda como alto-comissário. E, no que me diz respeito, para isso não preciso de cartas. Pela simples razão que eu vi. Daí que posts como o do Helder no Insurgente me parecem pecar apenas por defeito.
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quarta-feira, abril 16, 2008

Dinheiro na mão, costas no chão


[2453]

"Se querem paz, têm de a pagar. Em linguagem coloquial, eles que se cheguem à frente" (SIC).

Ouvi esta pérola na televisão, da boca de um dirigente do Sindicato dos Quadros Tecnicos do Estado, a propósito da perda de poder de compra dos portugueses. Ela é reveladora da mentalidade de uma considerável parte dos funcionários públicos. Esta casta de funcionário funciona, assume a função. No privado, um trabalhador trabalha, progride por força de uma avaliação continuada e faz uma carreira. Não tem estatuto, não conhece termos rebuscados como progressão de carreira e sabe que do sucesso da empresa depende o seu próprio. Consciencializa-se disso mesmo e integra-se. Ou não se integra e procura outro poiso. Já o funcionário, funciona. E acha que o dinheiro para lhe pagar tem de vir de algum lado. E que venha rápido. E mais. Sempre mais. E ameaça e chantageia publicamente a entidade patronal, que somos todos nós, que ou pagam ou não há paz.

No fundo, esta mentalidade e este desempenho não andam longe daquela máxima velhinha, da mais velhinha profissão do mundo, dinheiro na mão, costas no chão. Ponham-lhes o dinheiro na mão que eles põem as costas no chão. Não fazem ondas e contemplam-nos com a almejada paz. É preciso é que lhes paguem. Ou não foi isso que o tal dirigente sindical disse?

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Bibelots?


[2452]

Esta fotografia da ministra da defesa espanhola passando revista às tropas, grávida, é de um simbolismo muito grande. Não tanto pelo facto de as mulheres ocuparem hoje lugares públicos, libertas de vez do anacronismo de tempos mais ou menos recentes em que elas constituíam um mero meio de equilíbrio social dos homens e uma forma de assegurar a continuação da espécie. E ainda bem. É elementar que as mulheres estavam agrilhoadas a um indecoroso papel de bibelot da casa e da sociedade, joguete das idiossincrasias do poder dos homens. Só me preocupa se não estaremos a caminhar para uma situação de substância semelhante, em forma diferente, quando o politicamente correcto começa a resvalar para o aproveitamento de mulheres para simbolizar as políticas novas do homem novo, coisa, aliás, em que Zapatero parece ser exímio.

Esta fotografia de uma mulher frágil, bonita, grávida e licenciada em direito a passar em revista as forças de defesa de uma nação é, sem dúvida, um sinal da efectiva emancipação da mulher. E ainda bem. Só espero que a mesma foto não encerre, por outro lado, uma forma encapotada de políticas mais ou menos hábeis explorarem o impacto, no sentido de perpetuarem a sua preponderância, remetendo a mulher para uma forma diferente de ser bibelot. Mas bibelot.

Foto via

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terça-feira, abril 15, 2008

Tragédias


Agostinho Neto, Rosa Coutinho e Jonas Savimbi. Quem sabe se nesta altura não se ia pensando já como é que se devia eliminar Savimbi!

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Ler o artigo todo de António Barreto no Público de 13/4 ou aqui.

Desta tragédia, que não é novidade para mim desde que uma vez, ainda jovem, vi (ninguém me contou…) Rosa Coutinho em pé em cima de uma mesa e em atitude simiesca, a vituperar os colonos portugueses que andavam a dispersar boatos que eram uma arma da reacção, isto após o assassínio de um par de motoristas de taxi em Luanda, ressalta, a figura de Mário Soaras, Almeida Santos e um ou outro iluminado que se esforçaram por fazer passar a mensagem de que a colonização foi a possível. Não foi. O MPLA estava em frangalhos, o terrorismo era, em 1974 e ao contrário do que acontecia na Guiné ou mesmo em Moçambique, uma atracção turística, pelo que haveria tempo e espaço para se proceder á descolonização com decência e respeito tanto pelos portugueses como pelos angolanos. Mas gente do quilate de Rosa Coutinho, exactamente porque disso se apecebeu, mais um grupo dos idiotas úteis que iniciaram aí os primeiros passos para a sua valiosa contribuição nos amanhãs que acabaram por não cantar, não o permitiu. E deitou mão a quaisquer meios para apressar as coisas. Mesmo que tivesse de morrer gente, muita gente. E é por estas e por outras que esta gente que não presta, já que não poude ser presa, deveria merecer todo o desprezo possível por parte daqueles que sabem ou viram. Como eu, que vi.

ADENDA: Pela idoneidade que o jornalista Ferreira Fernandes me merece e por ele ter afirmado peremptoriamente que a carta de Rosa Coutinho a Agostinho Neto é falsa, decidi retirar a sua transcrição neste post. Isso, porém, não altera uma vírgula ao que disse sobre o almirante e sobre a opinião que dele tenho. Mas se a carta é falsa, pois há é que reconhecê-lo e mais nada.
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Desacordo ao acordo


[2451]

Graça Moura mostrou ser um dos raros presentes na edição de ontem do Prós e Contras com um argumentário suficientemente sólido para rejeitar liminarmente o acordo ortográfico. Tanto tecnicamente, apesar de não ser um linguista, como racionalmente, apresentando matéria factual que claramente irritou o professor Carlos Reis.

Carlos Reis socorria-se de risos trocistas e a raiar a pesporrência para defender o indefensável e não fosse a concorrência de Lídia Jorge (espantosa superficialidade...!), teria levado a taça.

Mas o que verdadeiramente me eriçou foi uma resposta de Carlos Reis: Questionado sobre as razões de os ingleses não terem acordo ortográfico, Carlos Reis respondeu que… era por força de uma questão cultural. Fiquei assim a saber que a cultura dos ingleses não lhes permite alterar a grafia. O que, como se percebe, é esclarecedor. Ficámos todos muito esclarecidos.

É nestas alturas que eu gostava que este tipo de programas tivesse moderadores a sério. Em vez de saltitar pelo palco e interromper a cada instante os intervenientes, aqui esteve uma boa oportunidade para Fátima C. F. interromper e perguntar a Carlos Reis: Professor, não quer esclarecer isso melhor?

Assim, ficámos a saber que os ingleses não mudam a ortografia… por uma questão cultural. Period!

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Coitados dos italianos!


[2450]

Habituado ao timbre e substância da nossa imprensa, acabei por não me surpreender com a vitória de Berlusconi.

Também concordo com o JCD, aqui. Aqueles burri ignoranti dos italianos não lêem, com certeza, os jornais portugueses. Agora, aguentem-se. Felizmente que a imprensa portuguesa já está a esclarecer devidamente os portugueses que Berlusconi nunca poderá formar governo sozinho, terá sempre de fazer uma coligação.

É o resultado da burriiiici dos italianos. Deus tenha piedade deles que não são iluminados como nós. Ó para nós a escolher primeiros-ministros. Queriam!

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segunda-feira, abril 14, 2008

Fame



O Fame ancorado na Xefina.
Ao fundo, a Costa do Sol

Indispensável clicar na foto para ver bem o nome do barco

[2449]

A Carlota, com esta história dos símbolos dos anos oitenta, foi mexer com um símbolo muito especial para mim. Aqui fica ele, com o seguinte pedigree:

20 ‘ Rob Craft Marine, customized, Deep Vee monohull, 2.6 Ton net weight, 2.000 x 1l empty poliethylene bottles floating , 2 x 90 HP Yamaha with trim and tilt, 6,5 m telescopic outriggers, power steering, full gauge equipment, including Furuno echo sound fish finder and GPS, CB and UHF radio, power steering, 600 l fresh/salt water capacity, two berth cabin, maximum speed empty 38 knots, recommended cruise speed 28 knots at 4.500 rpm.

CV
- Several 1st prize fishing contests, including biggest fish, otherwise leisure time for adults and children, including sea motorbikes and toed rolls;
- Decoration for relevant service rendered to rescueing and transporting refugees during devastating tropical hurricane (Domoina);
- 10 years of continuous running condition, including approximately 5.000 hrs overall running, including three trips from Maputo to Ponta do Ouro via Canal Santa Maria, Ponta Abril, Ponta Malogane, Reserva dos Elefantes, etc. and one trip to Bilene up to Praia das Tartarugas;
- Heaviest fish caught: 230 kg hammer shark;
- Fastest fish caught: 3o kg wahoo;
- Biggest catch (in weight, includind bottom fishing) in one round. Approximately 450 kg of assorted fish.


The FAME logo was designed and digitalized by self and stuck on the hull in 1986.
Last time seen: Last year in Clube Naval de Maputo, still running to present owner, in spotless condition.

Pronto, Carlota, tinha de ser. Não tinhas nada que vir mexer em recordações de quem está aqui quietinho sem falar no assunto.

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domingo, abril 13, 2008

Bathtime pinup


[2448]

"don't people get bored to tears of drawing pretty ladies?i may finish this. I may not.... but"

(Lucy Pepper, que também desenhou, claro)


Espero que não, que não acabes, because if you do, something might have to be drawn up out of proportion before getting to be seen.

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sábado, abril 12, 2008

Juke box 55


[2447]

For not getting blue this weekend… fiquemos com esta canção do Elton.

Bom fim de semana para todos.

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sexta-feira, abril 11, 2008

Paulo...Bento a...falar


[2446]

Concordo com o João Gonçalves na apreciação que faz ao discurso (?) do treinador do Sporting, Paulo Bento. Chalana é um bom exemplo, também, de um quase primitivismo de expressão, mas de forma diferente.

O fenómeno não é tão limitado como parece, muito menos exclusivo dos jogadores de futebol. Fora do desporto, são inúmeros os exemplos de gente com oralidade deficiente e no caso da comunicação social a pecha chega a ser gritante, porque quem fala para o público tem responsabilidades acrescidas.

Paulo Bento, porém, é um caso absolutamente espantoso. Por um lado porque o homem não é propriamente analfabeto, por outro, pelo grau de deficiente oralidade que chega a ser exasperante para quem o ouve. Mas a expressão deficiente do sintagma verbal é um fenómeno conhecido e estudado que pode ser corrigido ou, pelo menos, substancialmente amenizado com terapia adequada. Ora, é inaceitável que tanto Paulo Bento como os responsáveis do Sporting não discutam o problema, com tranquilidade, e concordem em submeter o treinador a uma sessão de terapia. Em nome do interessado, do Sporting Clube de Portugal e dos milhões que o ouvem a falar do… … … Sporting nos dias em… … … que acontece um jogo de… … … maior relevância.

A língua e a fala – F. de Saussure

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Chazinho e torradas


[2445]

Acordei impróprio para consumo no mercado de trabalho. Um autêntico "tornado" nas entranhas atirou-me para um estado semi-letárgico com interrupções de cerca de trinta minutos, em que a necessidade de existência de uma casa de banho à distância de dez segundos é condição essencial. Assim, depois de matutar e medir o tempo que levo da sala de estar á casa de banho, decidi atirar-me para o sofá e aguentar a borrasca em casa.

Claro que (Murphy comanda…) o telefone nunca tocou tanto como esta manhã e há mesmo um local a que não posso furtar-me de comparecer mais logo pelas sete e meia. Pelo que deduzo:

- Também adoeço como as pessoas;
- Não estou autorizado a adoecer.

E descobri:

- Que ainda há vizinhos como no antigamente, a quem a gente pede um favor e no-lo fazem. Foi assim que consegui o Público de hoje;
- Fiquei deslumbrado com o nível de boçalidade que as televisões generalistas (todas, sem excepção) demonstram e propagam nos respectivos programas da manhã. Há muita coisa que se entende melhor, depois de assistirmos a estes programas televisivos matinais.

Dito isto, estou melhorzinho. Talvez, até, consiga escrever um post. Ver-se-á.

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quinta-feira, abril 10, 2008

Love is...


[2444]

Guterres tinha a paixão da educação. Treze anos e muita "socialistice" depois, Sócrates tem a educação no coração.

Esta gente pode não ter vergonha, mas ninguém os acuse de falta de romantismo...

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Idiotas, que nem úteis são


[2443]

Lá, como cá, idiotas há. Com ou sem sotaque, idiota é idiota e não há nada a fazer. Atente-se no comentário deste brasileiro ressabiado (vá-se lá saber porquê...) a esta notícia do Público, a propósito do acordo ortográfico:

"Basta percorrer o site do Instituto Camões para se ter uma idéia dos níveis absurdos de preconceito que os 'intelectuais' Portugueses demonstram em relação àqueles que fazem com que a língua Portuguesa seja uma das mais faladas no mundo. Leio muito, observo as atitudes dos Portugueses (todos, da arraia miúda aos graúdos demagogos que frequentam o Parlamento). Não merecem que a gente continue a compartilhar do mesmo espaço linguístico. 'Comunidade lusófona' é uma expressão eufemística para esse pessoal (que vive na época das Caravelas) dar prosseguimento a esse projeto colonial horroroso que culminou no extermínio dos índios e no tráfico negreiro (esse sim, de proporções mundiais - e liderado por Portugal). Proclam-se a língua Brasileira, restaurem-se as línguas Bantas, estimule-se o Inglês. Que o Português fique com os Portugueses... assim com o Basco é falado (por alguns) Bascos. E falo isso como descendente do Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, que morreu lutando contra os Mouros aos 95 anos. E falo isso como descendente de uma meia-irmã de Nuno Álvares Pereira, o herói de Aljubarrota. Saudações"

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Rir faz bem

[2442]

Comentário a este post da Fernanda Câncio.

1.«Comentário de Acácio Ventoínha: Data: 10 Abril 2008, 10:17

Vasco Pulido Valente: “os tornados não passam de mais um exemplo ridículo da piolheira em que este país se tornou”.

Luís Delgado: “no tempo de Santana Lopes bastava um tornado com metade da dimensão de um destes e já estava meio mundo a pedir a sua demissão”.

Eduardo Sá: “o que é preciso é não dramatizar e perceber que um tornado afinal não é tão mau como parece, um tornado pode ser um amigo. Temos que ver que um tornado, no fundo, é a meteorologia a dizer ‘eu estou aqui’”.

Jorge Ortiga: “não temos dúvidas de que se trata de manobras da maçonaria. Apelamos a S. Pedro que contenha o furor laicista dos seus colaboradores”.

Cláudio Ramos: “ora vamos lá ver… eu sei, porque eu tenho as minhas fontes, que este tornado já andou metido com pelo menos duas actrizes da novela da TVI. Não não me venham cá com desmentidos que eu sei muito bem do que estou a falar. Eu não me meto na vida de ninguém, eu estou só a fazer o meu trabalho, que é tão digno como qualquer outro. Além disso, aquele penteado estava horrível”.

Deputado Branquinho: “Não se percebe como é que se contratualizam externamente situações climatéricas, sobretudo quando não lhes é reconhecida experiência nesse campo”.

Última hora: "Casal McCann exige que as autoridades portuguesas investiguem a ocorrência de tornados na Praia da Luz no dia 3 de Maio de 2007".
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O tornado ribatejano


[2441]

Já lá vão mais de vinte e quatro horas e ainda não descobri nenhum post a dizer que as alterações climáticas chegaram ao distrito de Santarém. Está mal...

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Os votos dos despedidos


[2440]

Por estes dias, mais duas fábricas, pelo menos as que mereceram tratamento mediático, anunciaram o fecho das portas, atirando mais umas centenas de trabalhadores para o desemprego.

Independentemente do drama pessoal que o desemprego constitui, há que registar o tom com que estas notícias são dadas. Sobretudo quando se trata da RTP. A verdade é que na maior parte dos casos, o fecho de algumas fábricas cumpre com todos os preceitos legais, incluindo os valores das indemnizações, quase sempre acima do estabelecido por lei. Mas isso não obsta a que as notícias não sejam dadas imprimindo um cunho de malfeitoria dos empresários em particular e do capitalismo em geral. As perguntas de reportagem (as mais estúpidas) são feitas aos trabalhadores em via de ser despedidos, as respostas são-lhes colocadas na boca, os sindicatos iniciam o seu cortejo de banalidades já coçadas pelo tempo e pela realidade dos tempos actuais e tudo se conjuga para alimentar a noção de que todos estamos a ser explorados por uma corja de vilões que nos vêm sugar o sangue. Outra vertente é a desgraça. O choro, as lágrimas (sentidas, certamente) sobretudo de mulheres que durante anos trabalharam para a fábrica que vai fechar, são exploradas até ao tutano e uma achega importante ao cenário descrito.

Nada disto ajuda no presente e, muito menos, no futuro. Talvez os únicos beneficiados sejam alguns sindicalistas que ao conseguirem subir as indemnizações de, por exemplo, 1,8 para 1,9 salários por mês mantêm a razão de ser da sua existência, sem se curar de saber até que ponto eles próprios não terão contribuído para a decisão dos empresários. O resultado é que as fábricas vão fechando, os portugueses vão ficando cheios de raiva dos capitalistas, os capitalistas cada vez têm menos paciência para nos aturar e o cenário está criado para os artífices da sociedade nova que a esquerda acha que Portugal deve ter.

O governo deveria ter uma palavra serena e racional neste fenómeno. Defender, sempre, os interesses dos empregados despedidos, actuar exemplarmente sempre que se verifique dolo ou situações indevidas mas nunca alinhar no choradinho nacional. Porque ao fazê-lo, contabiliza votos de despedidos, mas esses são dos tais votos semelhantes a uma vitória de Pirro. Às tantas, o governo poderá estar a braços com uma montanha de votos que não lhe servem para nada. Porque, entretanto, foi tudo para a rua. Literalmente.

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quarta-feira, abril 09, 2008

Tudo família?


[2439]

Num país pequeno como o nosso e com as nossas estranhas idiossincrasias, esta questão dos futebóis que se vai desenrolando pela comunicação social faz-me recordar aquelas famílias numerosas sicilianas em que toda a gente se odeia e ama doentiamente entre si, capazes de matar e fiéis a códigos de honra viscerais. Tal como nas tais famílias, o processo do “Apito Dourado” mostra que toda gente se conhece, toda a gente se ama e odeia e toda a gente se compromete ou comprometeu com alguma coisa. O resultado parece ser uma viscosa promiscuidade em que aparentemente os pecados têm de sofrer remissão ou castigo, mas todos estamos e somos demasiado chegados para que nos magoemos. Arguidos, testemunhas, juízes, advogados, amigos, claques, motoristas, amantes, enfim, a tal família onde anda tudo ao estalo mas onde todos se protegem do inimigo exterior.

De resto, basta ir ao Google earth ou ao Visual earth, focar sobre Portugal e começar a afastar o cenário até termos uma perspectiva visual universal. Aí percebemos que somos tão pequeninos e tão poucos que ao fim de mais de oitocentos e cinquenta anos é impossível que não sejamos todos primos uns dos outros. Com os perigos conhecidos.

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chuac chuac




[2438]

Há “dias de” e “dias de”. Hoje é dia mundial do beijo. Uma estimável razão para pensarmos que se de cada vez que nos zangamos com a vida beijássemos alguém, talvez houvesse menos guerras. Ou mais… tudo depende… pois!







Um dia feliz para toda a gente e beijem-se loucamente que um dia não são dias.


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terça-feira, abril 08, 2008

Um país de utentes


[2437]

Há muito que os utentes se vulgarizaram no léxico nacional. Significam muito mais que aquilo que parecem, um utente não é só alguém que usa. Neste país um utente é alguém que usa algo a que tem direito por força das conquistas da revolução, qualquer coisa que aconteceu vai para 35 anos mas que serve para manter em pé uma série de coisas que dão muito jeito.

Por falar em manter em pé, ontem vi de raspão qualquer coisa que tinha a ver com preservativos. Uma mostra de preservativos, qualquer coisa no género, não vi bem, estava a chegar a casa e olhei para o telejornal enquanto me desembaraçava do casaco, da pasta e de outros empecilhos que trazemos sempre connosco e lá falava-se de preservativos, sida, cuidados, sexo seguro, tudo isto ataviado por uns quantos cidadãos que aparecem sempre nestas coisas, muito correctos e muito telegénicos. Pois, eis senão quando vejo um jovem em grande plano, com um preservativo na mão, a debitar verbo sobre o sexo seguro e, em rodapé, leio: Fulano de tal (não fixei) – Utente. Esfreguei os olhos mas a palavra lá estava – Utente. Utente de preservativos, só podia. É claro que esta condição lhe dá, com certeza, um estatuto diferente ao aplicar em si próprio um preservativo. Tenho a certeza que o sexo que pratica, além de mais seguro é muito mais correcto. Não fosse ele um utente que é uma coisa que, como se sabe, deve dar um gozo tremendo na cama.

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segunda-feira, abril 07, 2008

O acordo ortográfico


[2436]

No carro, a caminho do escritório, ouvi Malaca Casteleiro e, a seguir, ouvi Graça Moura. A razoabilidade argumentativa entre um e outro é abissal e não vale a pena entrar muito por aí. Virá sempre ao de cima o cliché de que a direita se opõe à revisão ortográfica e a esquerda, em obediência ao seu (dela) nobre desígnio de achar que deve mudar o mundo, pela simples razão de que será a única forma de apresentar obra feita, é a favor.

Mesmo assim, ocorre-me que o meu estimado professor de português me ensinava que as vogais mudas como o “c” ou o “p”, para além de relevarem do étimo original serviam para abrir vogais fechadas. “Acção” teria de ter o “c” antes do “cê cedilhado” para abrir o “a”, sem o qual o “a” se leria “â”, como em “amor” ou em “anel”. Tal como “excepção” ou “director”. Como os brasileiros abriram as vogais todas, a razão das vogais mudas deixa, realmente, de existir. E acho bem, não tenho nada com isso. Tal como os ingleses não cuidam se os americanos tiraram o “u” ao “favour” e ao “colour” e se entendem, descomplexadamente, muito bem. Eu não ouvi o resto do forum, pelo que não sei se este exemplo foi trazido a colação, mas não posso deixar de o registar, por me parecer óbvio.

Somos, basicamente, complicados e complexados. E, frequentemente, ridículos. Veja-se que imediatamente a seguir a Casteleiro e Graça Moura, o primeiro ouvinte disse (vou tentar ser rigoroso): Bom dia dr. Manuel Acácio, sou um professor do Norte e tenho ubrigatoriamente de interbir neste programa. Porque sou professor de português e formado em grego e latim. (pausa) Dr Manuel Acácio... olhe, estou a ter feed back...

Cai o pano!

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Vermicida, já

[2435]

Lá vai a TSF perder audiência a norte do Vouga em geral e no Blasfémias em particular.

Então isto é notícia de cabeçalho para uma Segunda -Feira imediatamente após a conquista de um título, com o desprezo devido aos vermes e contra tudo e contra todos? (*)



(*)
Última "tirada" de JN Pinto da Costa

Olha, mais vermes! Mas nem tudo é mau. Há aqui uma notícia no "Jogo", sobre os Dragões.

Maldade feita, vou trabalhar.

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sexta-feira, abril 04, 2008

Calinadas que me tiram do sério ( 10 )

[2434]

Despoletar

...quando, como na esmagadora maioria dos casos, se pretende significar o oposto, espoletar.
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A espuma da semana ( 2 )


[2433]



Já ouviu falar?

- Já ouviu falar na Cidadela de Cascais, nos chalets do Monte Estoril, no Jardim dos Passarinhos, na Praia dos Pescadores, na pastelaria Garrett, no Casino Estoril?

-Não, não faço ideia. O que são todas essas coisas com nomes curiosos?

- São enfeites simpáticos e bonitinhos, que puseram à volta do Estoril Sol Residence para lhe dar um charme especial e um certo arzinho retro que satisfaz o gosto sofisticado dos futuros moradores.

- Ah, sim, o Estoril Sol Residence, conheço, evidentemente!! Do resto é que nunca tinha ouvido falar...

Ana Vidal no seu Porta do Vento. Clicando o link do Estoril Sol Residence poderá desfrutar de uma antevisão do projecto. E soberbas vistas do melhor sítio do mundo para se viver.




A longa ditadura que nunca o há-de ser



Sob o perfil discreto do novo Comandante chegará o fim das proibições obsoletas?… - é mais ou menos nestes poéticos termos que a TSF anuncia as reportagens que Fernando Alves está a fazer em Cuba. Cuba sempre teve direito a uma terminologia própria em que a ditadura se transfigurava numa espécie de tertúlia com boa música, charutos e onde o ditador dava lugar ao carisma d’el comandante.
Mas apesar de tudo não deixa de ser fantástico em 2008 ouvir anunciar as recentes alterações ao comércio em Cuba como o fim de proibições obsoletas. Ditadura? Nem pensar. O regime é óptimo. Só está um bocadinho obsoleto.


Helena Matos in Blasfémias sobre a obsolescência das "ditaduras boas", ou uma forma já obsoleta de fazer reportagens.



Disciplina e outra coisa



Aparentemente o ministério da Educação, pela insuspeita voz da própria Maria de Lurdes Rodrigues, ontem, em Serralves, possui dados "agregados" que lhe permitem estimar em cerca de cento e quarenta (140) as ocorrências com armas, brancas e de fogo, nas escolas ou nas suas imediações. O PGR não deve ter inventado a conversa que manteve com Cavaco Silva. Apesar de o país não ser de levar demasiado a sério, há assuntos que convém tomar pelo seu valor facial. Isto porque nem tudo releva exclusivamente da falta de disciplina e de autoridade dentro das escolas. Há, por muito que isso custe aos "especialistas" e ao dr. Daniel Sampaio, casos de polícia nas escolas. Por que é que alguns destes "teóricos" não experimentam ir até um "território educativo de intervenção prioritária" desarmar umas criancinhas e os pais delas?




Chanatas


Regressa a chanata, essa maldição que a conveniência lançou sobre o pé feminino. Devia haver uma licença especial para uso e porte de chanata. Mulheres com profissões especiais (as hospedeiras de bordo) podiam ser autorizadas (dentro de um avião nada tem verdadeiramente importância). Na praia também pode ser, não gosto de praia.É inconcebível que com tanta variedade de calçado as mulheres escolham usar chanatas. O Público podia bem descobrir uma ligação de Sócrates a um obscuro negócio de chanatas. Obama podia abolir as chanatas e ligá-las à condição racial. Ratzinger podia recuperar Tertuliano e as suas considerações sobre a moda feminina. A Chanata é o diabo.Os homens podem usar chanatas ( excepto os gays efeminados porque esses também perdem elegância com a chanata no pé). Os homens estão habituados ao ridículo.


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