segunda-feira, março 31, 2008

Mãe, o que é um vibrador?


[2423]

Filha de 8 anos (F): - Mamã, o que é vagina?
Mãe (M): - Vagina? É… quer dizer… pergunta ao papá.
Pai (P) – Filha, vagina é… pois… olha é o pipi das meninas.
F: - Papá, o que é um vibrador, aquela coisa que a senhora tem na mão??
P: - Vibrador… olha, pergunta à mamã.
M: - Ó filha, vibrador é uma coisa que vibra… assim como um telemóvel, já reparaste não é? A gente mete-lhe umas pilhas e depois aquilo vibra.
F: - Mas ó mamã porque é que se mete aquilo na vagina, no pipi?
M: -Porque… olha lá não queres ver o canal cartoon?
F:- Mããããe, diz lá, porque é que se mete aquilo no pipi? As senhoras dizem que se pode meter no pipi e que é bom…
P: - Olha lá filhota, já fizeste o TPC? E não são horas de ires para a caminha?
F: - Cama? Ainda são nove da noite, vocês dizem para eu ir para a cama às dez…
P: - Então porque é que não pões um DVD? Está aí aquele dos animais que…
F: - Olha, a senhora agora diz que aquela coisa também pode ser usada no banho e que o tamanho é normal, mas pode ser que as senhoras tenham maior em casa… a mamã tem daquilo?
M: (sussurrando para o P) – Muda-me a merda do canal…
F: - Mamã o que é fálica? A senhora na TV diz que o vibrador tem uma forma fálica.
M: - Fálica… fálica… olha lá, o que é que isso interessa?
F: - Mamã, diz lá…
M:- Fálica é uma coisa assim como a pilinha dos homens.
F: - Mas a pilinha dos homens também vibra?
M:- Não, como é que querias que vibrasse? A pilinha dos homens não tem pilhas.
F:- Mas porque é que aquelas coisas que vibram têm a forma das pilinhas? E porque é que a senhora da TV está a pôr aquilo na boca? As pilinhas também se metem na boca?
M: - (dirigindo-se ao pai): - Ó pá resolve lá isto, ou fechas a merda do televisor ou fazes tu as despesas da conversa…

Este pedaço de conversa pode muito bem ter acontecido ontem cerca das 21 horas em muitos lares portugueses, quando a SIC resolveu passar uma reportagem sobre vibradores. A horas próprias, como se vê, logo a seguir ao noticiário. Falou-se de vibradores, de tamanhos, e até de vibradores com controle remoto, i.e. a mulher vai a uma reunião com umas amigas, o marido lembra-se dela, acciona o comando tipo SMS e o vibrador vibra a quilómetros de distância. Falou ainda de vibradores tipo baton (lip stick, explicava a apresentadora) que são óptimos porque passam nas fronteiras e ninguém sabe o que é.

Eu não tenho nada contra vibradores com ou sem controle remoto. Acho até que têm uma certa graça. Mas uma reportagem destas não poderia ficar para mais tarde quando as criancinhas de oito anos já estão na cama? O que é que leva uma estação de televisão a passar uma reportagem sobre vibradores em horário nobre? Ou estou a fazer uma pergunta estúpida e anti-pedagógica?

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domingo, março 30, 2008

A espuma da semana


Foto daqui

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Vícios e virtudes

O domingo é um dia consagrado à família, quer os portugueses queiram quer não queiram. Claro que, graças ao projecto de lei do PS, os portugueses poderão agora dissolver a família sem culpa. Ficarão sem nada para fazer ao domingo à tarde.

Ler tudo aqui.
João Miranda no DN

Medicina a pedido

A Ministra da Saúde disse hoje que a cesariana a pedido da grávida não pode ser implementada no SNS. Argumentou que a cesariana é um acto médico que deve ser decidido por médicos. Garantiu que no SNS não há medicina a pedido. Podia ter acrescentado: a pedido só mesmo o aborto



The telemóvel kid

Well, quite easily, really. Teenagers are awful, Portuguese ones included. Even though I'm often told by English newcomers that Portuguese teens are delightful, they're SO much better than British teenagers (conned by the fact that Portuguese teens are obsessively clean, and because they don't understand that "foda-se, carralho, pá!" doesn't mean "do you read the splendid Enid Blyton?"). And this one is a typical brat

Ler tudo aqui

Lucy Pepper in Lucy Pepper.com


A poesia do ensino nacional

“…O marxismo geral, nas suas vertentes caleidoscópicas, incluindo o trotskismo, constitui para estes indivíduos, uma espécie de caldeirão de Astérix, onde os avatares dos Tavares se chamam Obélix e mergulharam em pequenos, ficando impregnados para todo o sempre, dos valores intrínsecos à ideologia derrotada do século em que nasceu…”

“…A solução de Rui Tavares para o problema da ( falta) de autoridade nas escolas, é simples de propor: os tempos que correm exigem “turmas menores, não ultrapassando os 20 alunos ( medida certa, mas de difícil concretização com poucos meios). Cacifos para deixar os telemóveis á entrada ( esta, é de gritos polifónicos). Mais professores e funcionários ( pois claro, já são poucos...); Intercomunicadores na sala de aulas ( esta, nem sei como comentar); E para os alunos indisciplinados? –pergunta, Rui Tavares. Ora, puni-los, sim, ( a palavra tem cabimento no léxico da esquerda, mas já veremos como...), mas com “ a única coisa que hoje em dia mete medo: o aborrecimento...”

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sexta-feira, março 28, 2008

Juke Box 56

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Se a Carlota não andasse desaparecida em combate, hoje teríamos por aqui um post chamado Oui Chérie, c’est vendredi. Mas como anda, deixo eu aqui um pretexto para nos libertarmos (esquecermos) da operação, em regime de movimento uniformemente acelerado, do processo de raleficação em curso e em roda livre no nosso país, editando uma canção extraordinária pela Etta James (não, parece mas não é, não é a Ella Fitzgerald).

Fred Astaire e Audrey Hepburn (Funny Face - 1957) dão-lhe o touch of class e elegância para compor um ramalhete de prazer e bom gosto para o fim de semana que está aí.

Bom fim de semana para todos.

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Calinadas que me tiram do sério ( 7 )

[2420]

Inssencialmente

(esta era "inssencial" não esquecer).
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O lado bom do vídeo da "miúda do telemóvel"


[2419]

O vídeo da “miúda do telemóvel” do Carolina Michaelis teve a virtude de "soltar" uma imensidão de outros vídeos para o You Tube mostrando cenas de violência sobre os professores.

Pela minha parte confesso que sabia haver violência, que tinha a noção da costela simiesca que se formou nos nossos jovens, muito (ou quase toda) por culpa dos sociólogos, “pedos”, professores avançados, técnicos de educação e outros inomináveis agentes do eduquês e do politicamente correcto e tinha ainda a noção da componente inata na “maralha nacional” para comportamentos deste tipo, sempre que à solta. Mas confesso que não tinha a noção da dimensão do problema. Esta última reflexão nada tem a ver com saudades de qualquer tipo de autoritarismo, que abomino, mas com o reconhecimento de que cada vez mais estou convicto que uma sociedade como a nossa não tem capacidade de sobreviver sem um capataz. Isso, um capataz. Que nos desconte na féria, nos puna, nos ralhe e, porque não, nos chegue a roupa ao pelo sempre que a outra argumentação não chegue para nos portarmos como “deve ser”, já que não vivemos em cavernas e temos de conviver com o resto do mundo.

Os programas, debates e intervenções a que tenho assistido a propósito da “miúda do telemóvel” fazem-me prever o pior. Ou seja, que nem para aprendermos o episódio serviu. É que por um lado surgem aqueles que acham que a miúda devia pura e simplesmente levar uma “carga de porrada” e ser banida do sistema. E depois há os que continuam a lenga-lenga conhecida, de vocabulário conhecido, de ideias pré estabelecidas ou pura e simplesmente sem ideias e fluindo uma verbosidade adequada ao vazio e/ou à imbecilidade que marcaram os caminhos da nossa educação (?).

Inapelavelmente vem-me à ideia a total irresponsabilidade dos sindicatos (muitos, como se sabe) que, aparentemente, nunca se preocuparam muito com os problemas da segurança dos professores e dos próprios professores que ano após ano se foram refugiando no silêncio cúmplice, blindado no receio de represálias tanto dos órgãos de tutela como dos próprios pais que não hesitam em agredir professores, o que, como se sabe, é verdade. Mas se professores e sindicatos conseguiram reunir 100.000 pessoas (não 100.000 professores, como se vulgarizou) em militância feroz contra a ministra, ocorre-me perguntar porque é que nunca os professores e os respectivos sindicatos exerceram tamanha capacidade de aglutinação para se indignarem com a verdadeira tragédia em que se tornou o estado da educação em Portugal e, especificamente, contra a insegurança dos professores. Ao invés andamos todos entretidos a apontar as culpas da frágil (e inábil, diria eu) professora, ou da energúmena criança, ou do sistema ou, ou, ou, ou, ou. O essencial, seja o reconhecimento de que a educação em Portugal é um exemplo vivo de um fio de actuação política em que a esquerda é exímia através da desconstrução, por via de um conjunto de acções que só poderiam resultar no que está à vista ficou para trás. O que era isso comparado com o achincalhamento dos professores, a progressão na carreira, as férias, a avaliação e outras prementes questões que arrastaram milhares de professores para a rua?

Adenda: Agora é o divórcio simplex. Mas afinal para que é que há casamentos civis? Por outro lado, e dentro da mesma linha de raciocínio, porquê a excitação em homologar, rapidamente e em força, o casamento entre homossexuais?
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quinta-feira, março 27, 2008

Calinadas que me tiram do sério ( 6 )

[2418]

Júniores

(ou como se inventa palavras acentuadas na sílaba antes da antepenúltima)

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300.000

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Reparei agora que o “counter” virou as 300.000 “page views”, com 38% de “uniques”. Um obrigado a todos.

Atente-se na flawlessness do meu inglês técnico
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Sarjeta

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Inglês técnico disponível para todos os gostos, incluindo versão Francisco Louçã em mode de errrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrres Famel “Foguete”. Mais uma evidência da falta que o Zé me fazia. Mais uma vez a expressão idiota de um punhado de gente que me dá poucas razôes para me orgulhar do rebanho a que pertenço. Vale a pena ver e ouvir tudo, via Al Jazeera. Mesmo que tenha de tomar um par de kompensan.

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Vídeo via Atlântico

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quarta-feira, março 26, 2008

Calinadas que me tiram do sério ( 5 )

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Vendem-se apartamentos
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O bom-gosto de Maria


Foto desta última viagem, de costas para o Conselho Executivo da cidade. Ao fundo, o Hotel Rovuma


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Feiosa, desengonçada, péssimo gosto a vestir e até o nome Maria não ajudava muito. A maledicência nacional, um dos desportos favoritos dos portugueses, não poupou Maria Cavaco Silva ao tempo da eleição do marido como presidente da república.

Na visita do casal, presidente e primeira-dama, a Moçambique, Maria tem distribuído simpatia e sobretudo uma noção muito exacta da realidade moçambicana. Integrou-se com naturalidade nos termos e assuntos moçambicanos sem que isso demonstrasse o artificialismo usual nestas coisas. As palavras mamã e kanimambo, dois dos termos com mais significado no léxico moçambicano foram usadas com um sorriso de mamã mesmo e do fundo do coração, como os moçambicanos gostam. Foi a propósito da visita de Maria ao Josina Machel, uma escola onde ela leccionou no tempo colonial.

Não sei se Maria levava a lição estudada ou não. Mas se levava, ia tão bem estudada que pareceu não o ter sido e, antes, espalhou desenvoltura e uma alegria genuína na partilha do momento com os jovens estudantes moçambicanos. Sobretudo, muito natural, muito genuína.

Para quem conhece África em geral e Moçambique em particular sabe que um episódio destes vale mais que mil expressões coloquiais que, frequentemente, são tiradas dos blocos de apontamentos para a oratória de alguns políticos que não têm a mais remota noção do que estão a fazer ou dizer, sempre que lidando com lugares ou gentes africanos.

Maria prestou um bom serviço a Portugal.
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Eu, pecador, me confesso…


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A propósito da sua pronunciação como corruptor activo e numa entrevista ao Rádio Clube Português, Pinto a Costa pecou. Disse acreditar na justiça divina e em vez de dar a outra face, atirou-se àqueles que, segundo ele, mentem. Mais. Invocou o nome de Deus em vão, pedindo-Lhe para que aos mentirosos lhes caísse uma espécie de praga do Egipto - "que nunca mais na vida conseguissem dormir descansados" (sic).

Pinto da Costa devia ir confessar-se. Já.
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Por obséquio, dá-me licença que lhe roube o carro sem necessidade de lhe dar um tiro?


[2412]

A máquina de propaganda do governo continua a martelar-nos a estatística segundo a qual o crime violento desceu. Em 2007. Não percebi bem, posso ter ouvido mal, mas pareceu-me ouvir falar em 0,1 %. Ou seja, de 1000 crimes violentos em 2006 passámos para 999. Será o resultado das grandes reformas estruturais de que Sócrates falou, a propósito de outro tema, creio que da redução do défice.

É nestas alturas que se eu fosse jornalista pediria a Sócrates que identificasse essas reformas estruturais já que a mim, do deserto da minha condição de cidadão anónimo, só me ocorrem medidas avulso, cataplasmas que aqui e ali vão corrigindo os erros tremendos anteriormente cometidos. Frequentemente, erros cometidos pelo próprio Partido Socialista em governos anteriores.

Já agora. Pondo de parte a delícia do decréscimo do crime violento, o fenómeno do car-jacking, ainda segundo as mesmas estatísticas, subiu, segurem-se, 30%. Pode ser que este não seja um crime violento. Pode ser que os carkjackers tenham frequentado cursos de boas maneiras.
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terça-feira, março 25, 2008

Calinadas que me tiram do sério ( 4 )

[2411]

…que não tinha nada a haver com o assunto
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Jornal Público

[2410]

Acabaram (felizmente) os malabarismos de copy&paste para “lincar” notícias do Público.

Abrir os “links” a quem queira comentar os artigos do jornal com a introdução de uma nova ferramenta para o efeito é uma excelente medida e que se saúda
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Correntes

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Não me esqueci deste pedido. Mas estás de férias e eu tenho-me “baldado". Esta semana cumpro a minha obrigação de blogger atento, dedicado e que (em nome dos amigos) a tudo sou obrigado. Até já.


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Só o vestido? E as alianças?


[2408]

Desta notícia respigo o seguinte:

- O jeitinho que mantemos para complicar, ser bufo, burocratizar, sermos mauzinhos, “xico-espertos” (isto de pôr noivos como sócios activos do governo socialista na luta à evasão fiscal), mantermos uma total ausência de noção do ridículo, um detestável complexo de inferioridade/superioridade (se é que é possível aplicarmos este aparente paradoxo) e a faculdade inata de nos revelarmos um povo bizarro. Esquisito. E filho de uma senhora mal comportada.

- A expressão acabrunhada, atarantada e pateta de Francisco Louçã na TV a defender a medida, ao mesmo tempo que as tripas se lhe revolviam no ventre (como será o interior do ventre dum bloquista?). Apetece dizer a Francisco Louçã que esta poderia ser uma boa oportunidade para os noivos aplicarem os ensinamentos de desobediência civil que o Bloco de Esquerda pressurosamente andou a ensinar, e mandar os mentores desta ideia brilhante para a real… pois!

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segunda-feira, março 24, 2008

Sofrer dos ossos


[2407]

Milhares de portugueses submetem-se diariamente a sessões de fisioterapia. Portugal deve ser o país do mundo onde se usa mais fisioterapia, desde os pacientes que se levantam de madrugada e se deslocam muitos quilómetros para uma sessão, até àqueles que aguardam que o fisioterapeuta lhes entre em casa, armado de toalhinhas, óleos, parafinas e outros artigos milagrosos, preparados para cobrar entre €25 e €150/hora. A maior parte porque "sofre dos ossos". É uma doença vaga, claramente muita gente não sabe o que é sofrer de ossos nem isso interessa. Mas sofrer dos ossos é suficientemente abrangente para que o português se entregue ao tratamento nacional em que a fisioterapia se tornou. Pacientes interrogados sobre o porquê de andarem durante anos, repito, anos, a fazer terapia, já que a fisioterapia faz assim tão bem, são evasivos e limitam-se a afirmar que sofrem dos ossos, têm artrites, hérnias ou deram um jeito a apanhar o sabonete na banheira.

Contrariamente ao que se possa julgar, não serão só os idosos a fazer fisioterapia. Muitos são de meia-idade ou mesmo jovens. O fenómeno entranhou-se e faz parte do enquadramento dos portugueses. Há um caso recente de uma família, pai, mãe e filha, que morreram tragicamente num desastre de ambulância que os transportava para tratamentos de fisioterapia, porque sofriam dos ossos. Foi, pelo menos, a razão invocada pela comunicação social.

As razões do fenómeno serão muitas mas quem conhece bem Portugal e os portugueses não terá muita dificuldade em entendê-lo e inscrevê-lo num dos muitos sintomas da hipocondria nacional .

Como é evidente, não se discute os casos em que a fisioterapia é um poderoso e adequado meio de restabelecimento e cura de muitos doentes.

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Provavelmente, a comunicação social mais estúpida do mundo

[2406]

Parafraseando um anúncio a uma conhecida cerveja, acho que a comunicação social é provavelmente a mais estúpida CS do mundo. Atente-se bem neste pormenor descrito pela Madalena:

Quando não há já nada para dizer, as televisões passam em rodapé, nos vários noticiários, que "a professora agredida está em casa". Onde é que havia de estar?
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domingo, março 23, 2008

Calinadas que me tiram do sério ( 3 )

[2405]

Probalidades
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A turba e a ignorância militante


[2404]

Gostava de ter escrito isto - um notável artigo de José Pacheco Pereira no Público de ontem (link reservado apenas a assinantes).

A turba que grita “crime” conforta-se com meia dúzia de verdades, muitas falsidades e uma ignorância militante

Existe em Portugal um delito de opinião para o qual uma pequena turba, que só parece grande porque é alimentada pelo silêncio de muitos, pede punição, censura, opróbrio, confissão pública de crime, rasgar de vestes. Esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque e é particularmente agravado nos casos raríssimos em que se continua a estar a favor, esses então de reincidência patológica que justificam prisão e banimento. Esta persistência no erro só pode mostrar tenebrosos defeitos de carácter e uma crueldade sem limites, que são apontados a dedo como devendo justificar o ostracismo e a incapacidade cívica. Como só se aplica a meia dúzia de pessoas, visto que a maioria doas apoiantes originais abjurou como Durão Barroso, ainda é mais fácil apontar o dedo. Se houvesse pelourinho na cidade, a turba lá nos levaria a mim e ao José Manuel Fernandes, que suporta nove décimos de ataques à sua direcção do PÚBLICO por causa deste delito de opinião, para a humilhação pública.

Para essa turba que grita “crime” os factos interessam pouco, o conhecimento do que aconteceu fica confortado com meia dúzia de meias verdades, muitas falsidades, mas acima de tudo uma ignorância militante que não só não sabe como não quer aprender. Os factos não lhes interessam de todo. Olharem o Iraque em 2003, 2006, 2008 é a mesma coisa, só muda o final do ano. Têm uma tese e, aconteça o que acontecer, o que vale é a tese e essa tese é normalmente uma visão do mundo assente num único pilar, o antiamericanismo militante por razões puramente ideológicas. Essas razões existem, mas raras vezes são enunciadas para não prejudicar o bater no peito moral com a suspeita de que a mão que bate o faz por uma política radical que não ousa mostrar-se. Desse ponto de vista, as críticas a Bush têm um precedente curioso, parecem as críticas a Churchill e a Reagan.

Há, como em todas as regras, meia dúzia de excepções de pessoas que foram contra a guerra e que o foram por razões mais sérias e que foram capazes de apontar erros reais da actuação dos americanos, em particular os que vinham quer da ignorância da dimensão daquilo em que se estavam a meter, quer da sua impreparação para o fazer e das suas erradas prioridades. Essas objecções sérias merecem ser discutidas e, nalguns casos, deve-se-lhes o reconhecimento da razão que tiveram antes do tempo. Mas, insisto, os interlocutores sérios são a excepção. Nesta matéria, quem faz a lei ideológica e tribunícia é o Bloco de Esquerda, muitas vezes secundado pela voz de Mário Soares. Todos falam com a linguagem, os slogans, os tiques, os excessos verbais, a arrogância moral e a pesporrência do Bloco de Esquerda e não querem saber de mais nada do que da condenação moral dos"responsáveis” por “muitas centenas de milhares de mortos”. Os números são plásticos, podem ser exagerados porque são sempre números do “crime”. Não lhes interessa Saddam, não lhes interessa a submissão dos xiitas, não lhes interessa a natureza de um regime que atacou aldeias curdas com armas químicas, não lhes interessa um ditador que provocou guerras, essas sim, com mais de um milhão de mortos, e que invadiu os países vizinhos. Nada mais lhes interessa.

Dito isto, vamos pois continuar a cometer delito de opinião. A última coisa que direi é que, cinco anos depois, na operação iraquiana tudo correu bem, porque, em muitos aspectos, correu até bastante mal. Só que não é pelas mesmas razões, nem pelas mesmas causas, nem pelos mesmos motivos, dos que bradam ao crime e “à mentira”. Mais adiante voltaremos aqui, mas comecemos pelo princípio.

Primeiro há os pressupostos da decisão de invadir, tomada muito antes da invasão e não necessariamente pelas mesmas razões apresentadas publicamente para o justificar. A decisão de invadir tem pouco a ver com a existência de armas de destruição maciça, ou com a possibilidade de Saddam ser um apoiante da Al-Qaeda, que não era. A origem da decisão tem a ver com uma ideia mais global da resposta à crise suscitada pelo terrorismo apocalíptico que se verificou nas torres nova-iorquinas e no Pentágono, mas também nas embaixadas africanas dos EUA, nas discotecas de Bali, no metro de Londres, nos comboios suburbanos de Madrid e um pouco por todo o lado, da Índia à China, do Cáucaso aos Balcãs.

Na Administração americana surgiu a ideia de que, para combater a nova forma de guerra que é o terrorismo, não bastava erradicar as bases terroristas onde elas existiam (como no Afeganistão ou Sudão), o que era visto como um sintoma, mas ir à causa, à relação de forças que bloqueava todos os processos políticos que deveriam “distender” o Médio Oriente e permitir a resolução de conflitos antigos como o da Palestina. Esses conflitos não eram a causa do terrorismo da Al-Qaeda, de uma natureza diferente do Hezbollah ou do Hamas, mas, ao funcionarem como um irritante geral, bloqueavam as forças moderadas e moderadoras no mundo árabe-muçulmano e impediam a estabilização da região. A importância geoestratégica do Médio Oriente era crucial para o resto do mundo por causa da dependência do petróleo, líquido que tem a tendência natural para surgir só em sítios complicados.

Se a discussão se centrar neste ponto, o da natureza da resposta americana e da sua razoabilidade, ela é frutuosa, porque contém um genuíno problema: o terrorismo fundamentalista e o modo de o defrontar. Para o discutir há que entrar em conta com os aspectos de maior complexidade que não só estão contidos no problema, como na suposta “solução” que estava implícita na invasão. E aqui é que existem as objecções mais sérias, como também muito do que correu mal no processo iraquiano e que podia ter sido evitado. Sim, porque nem tudo o que aconteceu no Iraque se deveu à invasão em si, nem aos pressupostos da invasão (alguns dos quais mostraram apontar no sentido correcto nos primeiros momentos), mas ao modo como foi efectuada a ocupação do Iraque. Ou seja, nem tudo o que aconteceu depois de 2003 se deve à invasão, nem é sua consequência necessária ou inevitável, nem a tem como pressuposto.

Muito do que aconteceu no Iraque deve-se a erros cometidos depois da invasão, uns inevitáveis devido ao modo ingénuo, ignorante e incompetente como foi previsto o período de ocupação, outros perfeitamente evitáveis e que se devem a erros clamorosos da Administração Bush. Toas as críticas que salientam a imprudência e a impreparação americana para lidar com uma das áreas mais complexas do mundo, onde existe há muito tempo um nó górdio da política mundial, criado pelas potências europeias desde a divisão do império otomano e agravado por uma miríade de ideias ocidental como o marxismo, o nacionalismo e mesmo a forma moderna do fundamentalismo islâmico, têm razão de ser. Mas uma coisa é criticar os americanos pela sua ocupação do Iraque e outra é contestar a sua decisão de invadir e negar que nem todos os efeitos da invasão foram desastrosos e alguns foram conseguidos. Por detrás do fumo dos atentados em Bagdad, a única coisa que vemos na televisão, há muita coisa a mudar no Iraque e alguma no sentido desejado pelos americanos. Mas dizer isto parece que causa escândalo. Talvez por isso, fechar o que está a acontecer no Iraque debaixo de conclusões férreas, definidas de antemão desde 2003, e a que pouco interessa a realidade que não seja a dos atentados, é mais do domínio da propaganda do que a realidade.

Segundo, há a questão das “armas de destruição massivas”. (Continua)

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sábado, março 22, 2008

Está a caminho


[2403]


Numa operação sem precedentes, o Sporting SAD fez a aquisição que se impunha. Decisão tomada imediatamente após a marcação de penalties em Loulé.
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Elementar...


[2402]

"...Contudo, acrescento, sabendo ser politicamente incorrecto, que não é impunemente que em programas de televisão, como os Prós e Contras, professores chamam mentirosa, cara a cara, à ministra da tutela; como não é impunemente que professores vão fazer arruaça para a porta de partidos políticos ou de comícios de partidos políticos; como não é impunemente que professores se vistam de negro, colectivamente, para dar aulas ou que envolvam as escolas com panos negros para cenas televisivas; como não é impune a linguagem, muitas vezes insultuosa para com o governo, de dirigentes sindicais dos professores. Os alunos sabem de tudo isso e comentam entre eles. O respeito e a autoridade não são servidos de bandeja, conquistam-se. Quem não se dá ao respeito, dificilmente será respeitado..."


Negrito e itálico da responsabilidade do autor do post.



Tomás Vasques in Hoje há conquilhas

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sexta-feira, março 21, 2008

Até Segunda


[2401]

Bom fim de semana longo e uma boa Páscoa para todos.

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Calinadas que me tiram do sério ( 2 )

[2400]

Ilecóptros
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quinta-feira, março 20, 2008

Altamente, meu. Olha a velha vai caír, eh eh!


[2399]

Este vídeo, onde cheguei via Blasfémias e que acabou por ser retirado do You Tube e disponibilizado noutro endereço, mostra uma cena degradante de uma agressão a uma professora por uma aluna do Carolina Michaelis do Porto (referência à escola via FJV).

A minha reflexão, para além da vergonha imensa, centra-se em três linhas gerais: Esta professora demonstra impreparação por se prestar a uma lide desta natureza com uma aluna. À recusa de entrega do telemóvel deveria tê-la posto fora da aula e, se nova recusa houvesse, parava simplesmente a aula até vir a segurança, o director, alguém que mandasse e obrigasse a aluna a sair. A segunda parte da reflexão é que algumas atitudes que presenciei em recentes manifestações de rua por parte de alguns professores são propícias a gerar uma dinâmica de revolta, insubordinação e bandalheira. Finalmente, é de que não percebo porque é que esta aluna não foi sumariamente expulsa da escola. Ou suspensa de acordo com um inquérito que necessariamente teria de ser aberto.

Uma vergonha. Altamente!

ADENDA: O vídeo voltou a ser retirado do novo endereço do You Fube. Fica aqui o link para o Sapo onde se espera que não venha a ser eliminado.

Vale ainda a pena ler estes comentários:

Da Helena Matos:

A cena é pungente. Mas mais pungente ainda que a cena em si mesma é o tempo em que os alunos se mostram quase divertidos com o sucedido e sobretudo o que se ouve naquela sala de aula.

Do Paulo Tunhas:

Há criaturas protegidas pela anomia ambiente que, muito democrática e galhofeiramente, violentam um ser humano isolado. Violentam fisicamente, sublinho. Não se fazem coisas dessas sem um sentimento de protecção e impunidade, é óbvio.

Vídeo do Sapo obtido via O Insurgente

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Uma bica, já, ou vou-te ao focinho


[2398]

É o que dá vivermos todos no condicional. E a culpa é da hostilidade parental. Gera-se o medo e depois nem uma bica sabemos pedir. Vale-nos o diagnóstico inteligente dos nossos especialistas ou chegaria o dia em que pedimos uma bica e o dono da pastelaria sodomiza-nos primeiro (não dá jeito nenhum este vocábulo, mas ainda são nove da manhã…) e ainda pedimos desculpa por estar de costas.

Há, claro, a parte hilariante da coisa. Ou não somos nós um povo hilariante? Ele é o fado Hilário, ele é o Hilário do Chelsea e os patetas. Os patetas, senhor. Porque falam eles tanto, Senhor? Porque nos dais tanta dor?

Ouvir, atentamente, aqui, com a devida vénia
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Quem se metesse com eles, levava


Capa da Revista Expresso de 18.3.95

[2397]

Foram eles que nos Estados Gerais de 1995, da futura maioria absoluta de um PS conduzido então por um Guterres, amplamente aplaudido por este Vital Moreira, definiram as políticas concretas que agora são consideradas de “privilégios”,

Foram estes políticos que sustentaram a bondade de tais medidas, como salvíficas e justificadíssimas, em debates parlamentares

Foram estes políticos apoiados então e agora, por este mesmo Vital Moreira que defenderam as medidas legislativas que conduziram a uma diferenciação de regimes nas várias funções públicas e que criaram corpos especiais, com grandes fundamentações preambulares nos decretos leis que os instituiram. Desde 1995 que as poderiam ter alterado e nunca o fizeram. Agora, consideram-nas como medidas de privilégio a abater quanto antes. Com uma argumentação hipócrita e nefanda: atirando-lhes o rótulo de "privilégios", para conquistar votos, na sociedade civil que inveja regalias de classe.

Foram estes mesmos indivíduos que entenderam nessa altura - contando com os votos certos de algumas dezenas de milhar de pessoas- que a função pública merecia uma atenção especial…São eles agora, quem entende que afinal tudo isso eram meros privilégios de “classe” a abater furiosamente com discursos na tomada de posse do governos. Tal como de facto aconteceu com este Sócrates, aplaudido freneticamente por este Vital, beneficiário pessoal deste governo e deste regime


Excertos de um post notável do José na Grande Loja do Queijo Limiano. Ler tudo aqui.


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Calinadas que me tiram do sério

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Hemorregias
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quarta-feira, março 19, 2008

Já está?

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Tenho andado distraído com os empates do Benfica, as bocas do Pinto da Costa, a vida privada do nosso primeiro e a coisa tem-me passado. Já reconhecemos o Kosovo ou ainda andamos a pensar?

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Visão Canderel



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Está mal

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Vai morrer uma quantidade de gente escusadamente com a dinâmica de protesto que se está a verificar a propósito dos Jogos Olímpicos, acerca da questão do Tibete. Gente bem de vida e no conforto dos seus lares ou escritórios vai escrever imenso, mostrar como percebe imenso do problema e contribuir imenso para uma dinâmica de protesto que empurrará centenas ou milhares de tibetanos para a prisão, para o hospital ou para o cemitério.

Está errado. Há muitas maneiras de se tentar contribuir para a justiça sem criar dinâmicas como a que se está a gerar. Muita gente morrerá, muita gente vai ficar contente da silva porque se fartou de escrever sobre o assunto, acabam os jogos, levanta-se a tenda e fica tudo como o quartel de Abrantes.

Por respeito àqueles que vão morrer, seria melhor que ficássemos quietos. Nós, os tais que do conforto do lar e do desafogo dos nossos países livres aproveitamos todas as marés para mostrarmos como somos social e politicamente cometidos.

Está mal.
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terça-feira, março 18, 2008

Ler os outros

[2392]

No Maradona, claro.
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Sporting 4 Nacional 1


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Os mistérios insondáveis do futebol da paróquia!

Em todo o caso, os golos ontem marcados em Alvalade foram um regalo para os olhos. Já os penalties… pois, o melhor é irem à bruxa.


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segunda-feira, março 17, 2008

Apocalipse daqui a um bocadinho


[2390]

É bem perceptível uma movimentação desusada na esquerda engomada, nos vários órgãos de comunicação social, bloggers incluídos. A simultaneidade de alguns fenómenos mundiais negativos, como a crise económica, escândalos de corrupção, emergência de possíveis ditaduras nalguns países da América Latina, guerras e recrudescimento do terrorismo terão produzido uma inércia torrencial de muitos agentes consonantes na ideia que parece ter-se instalado de que o fim do capitalismo e dos capitalistas está próximo para dar lugar a uma nova ordem mundial.

Por outro lado, alguns acontecimentos políticos nacionais, com relevância para a marcha de indignação dos professores, de que o PCP e BE disputam agora os despojos, provocaram uma extraordinária movimentação neste sentido. Artigos de opinião, programas de rádio e posts de blogs que normalmente se manifestavam de semana a semana e que agora se desdobram em produção diária, mormente na transcrição de notícias parciais e distorcidas que fazem adivinhar o fim próximo do capitalismo. As manhãs que não chegaram a cantar há trinta anos ensaiam agora novos trinados e surgem putativos maestros, todos irmanados na presunção de que agora é que é. Afastados que forem alguns impecilhos boçais, tipo “utentes” diários de cacilheiros, restará a nata que nos há-de guiar nas vias desinfectadas de uma sociedade nova e justa.

Não fora a trabalheira, o prejuízo e o atraso que esta gente dá de cada vez que se sente habilitada a gerir a coisa mundial e ainda teria graça. Mas não. Já cansa. Mói e entedia. Esperemos que alguns focos de turbulência ora presentes amainem, para ver se esta gente se acalma e regressa ao casulo confortável e seguro que os regimes, que tanto abomina, lhe conferem, para podermos todos estar mais tranquilos.

NOTA: Um bom exemplo é um programa diário no RCP ao fim do dia em que Ana Sousa Dias, doce, melíflua e inteligente se arma de uma equipa de conhecidos jornalistas e bloggers e disserta sobre os mais diversos temas. Tudo num registo e num tom como se todos, mas todos, pensassem como eles e partilhassem um mundo diferente, que não aquele em que vivemos. O tal mundo novo que de admirável pouco tem, apesar da assepsia e correcção política que lhe implantam através de um programa de rádio muito inteligente e tudo menos inocente.

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Uma questão de higiene


[2389]

Isto está a ficar irrespirável. Desde a "espontaneidade" da bica do nosso primeiro às 11 da manhã (o relógio de parede não engana), ao telefonema do compañero Zapatero e à sessão de español técnico que se seguiu passando pelo jornalista à coleira canina a mostrar-nos a criatura, tudo se está a tornar um exercício insuportável de sobrevivência num caldo patético de matrequice política e social sem paralelo em tempos de democracia.

Esperemos que as agências de imagem ou assessores ou lá o que seja passem a diluir um pouco a ideia de que este país é habitado por 10.000.000 de lorpas e nos poupem a estes desvarios. Por uma questão de higiene. De ambiente, De bom-senso. De dignidade.

Foto debicada do GR que já a tinha debicado de outras latitudes.

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domingo, março 16, 2008

Dica de Domingo


[2388]

Mesmo à esquina da alameda Com. Grande Guerra com a avenida Valbom, para quem seja ou viva no meu burgo, o Casa Velha "desarrincou" um esquema privado que lhe permite pôr-nos no prato uns salmonetes daqueles que a gente lhes mete a ponta da faca na extremidade do rabo e a pele se destaca, tipo casca, do corpo do mulídeo. Dizem os entendidos que o facto de a pele se destacar inteiriça do corpo é um sinal de frescura. Por mim, o que sei é que os salmonetes do Casa Velha provocam sensações muito próximas de outras que agora não digo porque ainda são nove da manhã.

Porque é domingo, aproveitem a dica e façam como eu. Descasquem um salmonete grelhado no Casa Velha, destaquem-lhe delicadamente um lombinho, molhem-no com respeito e pose zen no molho de manteiga e limão, metam-no na boca e não mastiguem logo. Fechem os olhos e deixem os sumos escorrer para as papilas e agradeçam aos deuses termos uma costa marítima com os melhores peixes do mundo. Porque são estes pequenos grandes prazeres que nos reconciliam com a vida.

Disclaimer: Não conheço o dono do Casa Velha, não recebo por publicidade, é uma dica genuina para uma boa refeição de domingo.
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Mais traições


[2387]

Mais sete traidores cubanos que se deslumbraram com a decadência capitalista.

Reparem na expressão de sabotagem aos elevados desígnios da revolução cubana do nr. 10 da selecção cubana, ao mesmo tempo que disputa uma bola com o nosso Freddy Adu, o pobre do Freddy a quem calhou a fatalidade de ser norte-americano. Nem todos tiveram o privilégio de nascer no regaço dos irmãos Castro!
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Post dedicado

[2386]

Em matéria de prendas de anos parece-me que nada mais indicado que algumas imagens da terra que te viu nascer.

Um grande beijinho de parabéns.

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sábado, março 15, 2008

"...you know, technically I'm not a therapist yet, I did just come up with the idea ten minutes ago..."


[2385]

Por me ter referido a esta série na resposta a um comentário da Riquita, aqui fica um excerto da mesma (excerto da série, entenda-se). Aquela que às oito e dez de cada noite me faz interromper o crime de Sacavém, as tiradas de Sócrates o bigode do Mário Nogueira da Fenprof e a permanente berraria dos "empregados" públicos, para mudar para a Fox. E levar os trinta minutos seguintes a sorrir, frequentemente, mesmo, a rir com gosto.

Fica aqui a sugestão e bom fim de semana para todos.

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A sanha


[2384]

Não me conformo. Não que eu goste de piercings por aí além, mas não me furto a render-me ao encanto e à sensualidade de uma peça de bom gosto, pequena e discreta. No mais, acho absurdo. Mas ter de suportar esta suposta assepsia do Governo diluída em tortuosos e tenebrosos instintos de controle do corpo de cada qual tira-me do sério.

A continuar esta sanha de controle sobre o corpo dos portugueses, ai daqueles que se suicidarem. Um dia destes haverá, certamente, legislação que aplique coimas aos familiares.

Já agora senhores legisladores: Então e aquela unhazinha de dois centímetros que muitos homens usam para escarafunchar aquelas orelhas cheias de pelos nos opérculos? Hein? Fica tudo na mesma? Não se limita, ao menos, o comprimento?

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A tal saudade


[2383]

Não conheço pessoalmente o Miguel Castelo Branco, mas sei do que ele fala. Porque também eu, por opção, me libertei da Europa quando precisei dela e ela me fez caretas que desagradaram profundamente e me fizeram repudiá-la. Como ele, olhava de soslaio o que o Expresso e os jornais desportivos me mostravam, fresquinhos de quarenta e oito horas e não lia os blogues porque ainda não os havia. E julgava que me ia esquecendo dos cheiros de Lisboa, do ministro das colheitas, do reposteiro-mor e preboste que comanda a guarda e, realmente, tudo estava longe do coração e dos olhos. Saía do trabalho e entrava nos restaurantes para comer camarões, caranguejos, caris de muitas cores e sabores, matapas e galinhas assadas ou a nadar em molhos esquisitos com amendoim e gengibre, ou inhames e quiabos e nada de bacalhaus com batatas nem pão de côdea rija e o vinho raramente era português. Voltava a casa e, como ele, mergulhava na tepidez duma piscina e respirava em trinta graus.

Curiosamente nunca me esqueci daquilo que eu julgava que queria esquecer. Percebi-o quando me instalei em definitivo em Lisboa e reparei que os tais cheiros, carrancas crispadas e maus modos e tudo aquilo que na altura me fez saltar borda fora me era estranhamente familiar. E como essa pequenez e mesquinha atmosferazinha do português se diluía num sentimento de pertença que vez alguma eu sentira enquanto andei pelos tais trinta graus e exotismo tropicais.

A minha impressão é que Miguel Castelo Branco não quer e, provavelmente, não repara, mas está roidinho de saudades. É um dos insondáveis mistérios destes pouco menos que 90.000 km2.

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sexta-feira, março 14, 2008

"Crise da mariquice"


[2382]

A casa está demasiadamente silenciosa. Surpreendentemente arrumada e a casa de banho liberta de uma bateria de artigos de beleza. A cozinha tem tudo no lugar e não há embalagens de iogurte vazias deixadas no mármore. Na sala, os DVD’s estão todos no sítio e a mesa redonda lá ao canto não tem chaves, esferográficas e cartas a enfeitá-la. A música de fundo também se esvaneceu e, se a quero, tenho de ser eu a ligá-la. Sei sempre onde pára o comando da televisão e as toalhas estão impecavelmente expostas nos toalheiros.

Todos os dias lhe telefono. Anda com muito trabalho e já disse à mãe e disse-mo a mim, depois, que a crise de mariquice só depois das nove da noite. Por outras palavras, "hora marcada para os beijinhos". Peguei na expressão "crise da mariquice" ajustei o mode "ridículo" e telefonei a um milhão de pessoas a explicar que ela tem um refinado sentido de humor, as pessoas não entenderam bem, ou entenderam e desculparam-me, enquanto a baba me escorria pelo telefone abaixo.

Mas isto há-de passar. Tal como o casamento que o que custa mais são os primeiros vinte anos, depois a gente habitua-se, isto da filha trocar um pai extremoso por um namorado muito mais cool também passa. O mais tardar lá para 2028 já nem se fala mais nisso.

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Becagueine


[2381]

Ela aí está. A F1. Despontando em Melbourne, já com os suspeitos do costume a marcarem território nos treinos desta noite, entenda-se Massa, Raikonnen e Hamilton.

Os meus domingos vão ser mais completos e vou torcer pelo Massa. O moço tem um sótaqui meio brega, mas é simpático, bom piloto e pode lá chegar se o gelo de Raikonnen não lhe arrefecer o calor da refrega e as guelras de Hamilton não se tingirem demasiadamente de sangue.

Como ódio de estimação, Alonso, claro. É um digno sucessor de Prost em despertar ódios, com a agravante de que guia pior.

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Ditosa Pátria

[2380]

"Isto é que é ter tomates. Uma contra 100.000. Eu também sou professora!" Resposta da Maria Assunção a um grupo de zelosos professores que acham que a liberdade não pode prejudicar a imagem dos professores junto dos lacaios da comunicação social.

Ditosa pátria!

Vídeo de Paulo Vaz Henriques VIA

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quinta-feira, março 13, 2008

A frente e a "trás", o Rajoy e o Menezes


[2379]

A Carlota gozou-me (um bocadinho, mas gozou) porque só falo no Zapatero e no Sócrates, na esquerda, na direita. Num impulso directamente proporcional à amizade que lhe tenho, estive à beira de fazer um post sobre, digamos, o Luís Filipe Menezes e o Rajoy e sobre a frente e sobre a “trás”, mas receei que saísse obra insossa e, mais complicado ainda, que aquela coisa do à frente e atrás me empurrasse para os caminhos ínvios do facilitismo retórico, com espaço a interpretações menos próprias de gente aprumadinha. Pois que qualquer blogger com pelo menos um ano de bloguismo é capaz de alinhavar umas palavras nesse tema.

É assim que me aventuro num dos seus (dela) temas preferidos, qual seja o das coisas que ela detesta. Por isso, aqui vai. Uma das coisas que me mexem (Carlota, repara neste pormenor, qualquer apresentador de TV diria uma das coisas que me mexe) com os nervos, mas com os nervos todos, com o grande simpático a abanar e as unhas quase a ser roídas, é ir almoçar ou jantar a casa de amigos, prestar-me a ajudar no que for preciso, naquela fase em que se estão a pôr os comeres e as alfaias na mesa, a “generala” (todas as casas têm uma "generala", mais ou menos contida, mas generala, pela simples razão que todas as mulheres têm uma generala dentro de si que têm de libertar de vez em quando) dizer que não, que não precisa, senta-te aí, já aí vou ter contigo, está á vontade e depois começar com um " (marido), importas-te de me trazer aquela travessa que…? Olha, Zé, já que estás aí vê lá se a maionese já está consistente. Zéééé, querido, importas-te de abrir aquela latinha de alcaparras? Olha, Zé, se calhar é preciso ir lá fora que me esqueci de comprar aqueles aperitivos que a tua mãe gosta muito e que o espumante gosta também. Zé, querido, desenformas o pudim para dar tempo a refrigerá-lo? Amor, vais lá baixo à arrecadação escolher o tinto,? É que só trouxe o branco. Zé, regulas aí o aquecimento? Está quente de mais…

E o Zé traz a travessa, confere a maionese, abre a lata de alcaparras, vai lá fora buscar aperitivo, desenforma o pudim e escolhe o vinho e regula a temperatura da sala. A mulher do Zé é um amor de criatura mas o generalato doce e feminino que se instalou no lar português irrita-me tanto como as cortinas de fios da Carlota. Mas se calhar é aqui que reside o segredo de um grande amor, que sei eu destas coisas? Por outro lado, olhando o Zé de soslaio, consigo adivinhar uma expressão de acabrunhamento mal disfarçado pelo esforço genuíno em ajudar a mulher nas minudências pré-refeição.

E pronto, fica aqui um post sem falar de professores (os malandros), da Fenprof (os bandidos). Do Sócrates e Zapatero (aqueles hipócritas, não é que agora resolveram… hummm lá ia eu outra vez!). O post não saiu grande espingarda mas eu não quero ser gozado pela Carlota outra vez!

NOTA: À noite, no remanso do lar e já sem visitas, o Zé prepara-se para ligar a Sport TV para ver as desgraças do seu clube eleito e a mulher enrosca-se nele, acaricia-lhe o queixo com o dedo e diz: - Amor, passas a vida a ver futebol, põe lá isso na SIC–Mulher, tá? (chuac, chuac, chuac, chuac).
Esta vida difícil de marido!...

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quarta-feira, março 12, 2008

A sublime felicidade de sermos livres


[2378]

Não concordo um bocadinho que seja com a marcha de indignação dos professores e na minha condição insuspeita de achar que os governos do PS são os piores do mundo (sendo o actual o segundo pior só batido pelo smiley Guterres de má memória) e que a ministra de educação se comportou sempre com a maior elevação nas entrevistas e respostas ao assédio dos jornalistas sobre o conflito, tenho de me render a esta foto, onde a mulher de António Costa se indigna imenso.

Esta foto, por si só e pelo contexto que encerra, é um símbolo da preciosa liberdade que conquistámos e em que vivemos. Não deixemos os mecanismos da mais ortodoxa e estúpida esquerda europeia (a nossa) minar-nos a sublime sensação de sermos livres.

Foto VIA

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Racismos


[2377]

A "SOS racismo" e correlativos devem andar distraidíssimos. Andam ocupadíssimos com a visão dos "racismozinhos" à volta do jardim da casa de cada qual e depois deixam passar ao lado situações deste género. Para o bem ou para o mal, conheço bem alguns países africanos, o que me permite entender razoavelmente estas coisas e de uma forma abrangente. E não digo nada. Mas eu não ando por aí a fazer palestras nem a mandar bitaites para a televisão.

Os portugueses, no fenómeno do racismo como em muitos outros temas sociais, mantêm uma desesperante visão paroquial das coisas que podem contribuir para o seu próprio protagonismo e, quiçá, catarse. Mas há limites. E era bom que as pessoas imbuídas de consciência cívica e aderentes a este tipo de organizações alargassem as suas fontes de informação.

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Contra Capa nos Cuidados Intensivos



[2376]

O Contra Capa está na U.C.I. da Blogo. Desejo-lhe um rápido restabelecimento. A situação é grave, mas estável, encontrando-se aos cuidados de uma equipa composta por um perfeito Animal, um Anarca com uma gripe do caraças e um Desinformador para baralhar os boletins clínicos.

Get better soon. Ou não. Se ficares assim também não será mal alembrado. Desde que não te doa, claro!

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terça-feira, março 11, 2008

Promessas...


[2375]

Segundo notícias de hoje, somos, na Europa, o homem que mais sexo tem e com o maior número de parceiras sexuais. Apesar de tudo somos os mais insatisfeitos. Pudera! O governo não faz nada. Prometem, prometem mas depois não fazem nada. Anda uma pessoa aqui a trabalhar e depois é o que se sabe. Não há ajudas, não há incentivos, subsídios, como é que um homem se há-de virar? Prometem tudo nas campanhas eleitorais e depois não cumprem. Não há direito. São todos a mesma coisa…
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segunda-feira, março 10, 2008

Zapatero, outra vez II


[2374]

Pela negativa: Zapatero vence as eleições e continuará no poder.
Pela positiva: o PSOE falha a maioria absoluta, o PP cresce e - especialmente relevante quando comparado com a deprimente situação portuguesa - a extrema-esquerda espanhola é praticamente esmagada.

André Azevedo Alves in Insurgente

A situação portuguesa não poderia, realmente, ser mais deprimente. Porque mais grave que o facto de a extrema-esquerda estar a dominar a cena política e social portuguesa é a instituição de uma dinâmica absurda de interesses pessoais e de classe.

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Zapatero, outra vez


[2373]

Mantinha nos joelhos, pés ao borralho, uma sopinha quente e o cheque na conta ao fim do mês, depois do menor número de horas de trabalho possível, garantia de emprego e carreira a progredir por forma a que o cheque engorde todos os anos. Médico à cabeceira, medicamentos de borla e muitos psicólogos quando uma desgraça qualquer acontece. Estradas cómodas e largas a percorrer com o carrinho obtido a crédito fácil e, no caso de dificuldades com alguma prestação não paga, uma instituição de defesa do consumidor a chamar nomes aos porcos capitalistas que nos passam a vida a encher de coisas inúteis e depois querem que paguemos tudo a tempo e horas, imagine-se. Centros comerciais cheios de lojas e restaurantes onde levar as criancinhas, onde se possa dar corda às sapatilhas que os bandalhos dos americanos fabricam em companhias subsidiárias em países de mão-de-obra barata. À noite, muitas notícias modernas sobre homossexuais, criancinhas adoptadas por casais do mesmo sexo, violência doméstica e, para desanuviar, sobre a última queca da Elsa Raposo (no caso português) e educação avançada como aconteceu agora na Catalunha com a distribuição de folhetos nas escolas a explicar às criancinhas como e porquê se devem masturbar, não vá eles não saberem ou terem medo. E já agora para começarem a ver qual é a sua orientação sexual. Uma manifestação ou outra para se dizer mal de alguém, sobretudo se for alguém que se lembre de vir para aí dizer que qualquer dia não há dinheiro e que não é possível manter o status quo. Na falta de culpados directos, servem os americanos. Uma ou outra tertúlia de intelectuais a perorar na televisão sobre coisa nenhuma também é bem vinda. No caso específico de Portugal um programa diário, pelo menos, que nos fale em democracia, em revolução, em Caxias, torturas da Pide e fascismo – indispensável.

Não é o sonho americano, esse paradigma dos obtusos e insensíveis colonos exterminadores de índios, mas é o sonho europeu. De dada vez que a economia dá umas abébias há que repor estes valores e ficamos todos contentes. Sempre que as estruturas abanam demais, venha de lá um governo de direita para pôr tudo nos eixos outra vez (entenda-se mantinha no joelhos, pés no borralho, etc., etc.).

Não sei por quanto tempo este sonho europeu será possível. Logo se vê, que para isso é que se fizeram Guterres, Zapateros e correlativos. Até lá, viva o socialismo democrático, não nos esqueçamos que somos pessoas, quéstamerda!

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sábado, março 08, 2008

Et Dieu créa la femme II

[2372]

E fez Ele muito bem.





(Cenas de Et Dieu crea la femme de Roger Vadim, com Brigitte Bardot, Curd Jürgens e Jean-Louis Trintignan)

O pretexto é ser o "Dia Internacional da Mulher". Não gosto de "dias de" mas hoje abro uma excepção.




Non. A primeira palavra da mulher. Dizem-na tão bem que quase sempre quer dizer sim!
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sexta-feira, março 07, 2008

País de tontos 2

[2371]

No telejornal das 13 horas da SIC esteve um polícia para esclarecer o mistério de polícias recolherem informações sobre uma manifestação que terão de policiar. O entrevistador, indiferente às respostas do polícia, começou e acabou como quis: "o método é inaceitável numa democracia".

Porque razão o polícia não se foi embora a meio da entrevista só a gravitas institucional explica. Porque razão o entrevistador se julga o Che Guevara de Carnaxide só um complexo poderá deslindar: será talvez um moço que leu algures histórias da resistência e que não se conforma com o hiato biográfico. Duas coisas são certas: ele não está lá para fazer perguntas e ainda bem que é apenas um jornalista ( ou coisa parecida).

Filipe Nunes Vicente in Mar Salgado
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País de tontos


[2370]

Amanhã há lugar a uma manifestação que reunirá em Lisboa, alegadamente, uns milhares de professores, oriundos de praticamente todos os pontos do país.

A Polícia, aparentemente de uma forma discreta e temerosa, que isto agora nunca se sabe quando é que lhes levantam um processo, procurou estimar o fluxo de pessoas por forma a organizarem a circulação em Lisboa, visitando seis escolas e indagando isso mesmo, quantas pessoas se esperava se deslocassem a Lisboa;

A rádio tem noticiado o facto ao longo da manhã ao estilo de “cuidado que a Pide anda a prender os intelectuais”;

Um senhor chamado Mário Nogueira, tonto-mor da história, afirmou pela enésima vez na rádio que isto era uma manobra intimidatória e não era de-mo-crá-ti-co;

A grei entreolha-se preocupada e congemina acções apropriadas (de preferência de rua) para responder a mais este ataque soez às liberdades e garantias;

A cereja em cima do bolo é colocada pelo ministro de administração interna que afirma, sem hesitação, determinado e protector que vai abrir um processo de averiguações para ver o que se passou;

Os chefes da PSP devem estar a pensar que para a próxima nos mandam à merda, que se lixe a circulação, desenrasquem-se e, de caminho, para nos chatear, aplicam-nos uma multa de mau estacionamento.

Notícia e comentários para todos os gostos e “orientação política”, aqui.

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quinta-feira, março 06, 2008

Assim se vê...


[2369]

No próximo Sábado a Câmara Municipal de Beja disponibiliza o seu autocarro, a título gratuito, para quem queira deslocar-se a Lisboa.Isto é, a CMB considera que a deslocação dos professores (e respectivos acompanhantes e familiares) à marcha da indignação é um serviço público que deve ser suportado por todos os contribuíntes.Isto só deve admirar quem não conhece quem está à frente da CMB e os interesses que persegue. São os interesses partidários (PCP) a sobreporem-se ao bom senso.

Adenda: O vereador Caixinha diz que a autarquia também isenta de pagamento o uso do autocarro por grupos corais da região


Como A Fenprof emitiu um comunicado afirmando que não ia permitir aproveitamento político da manif, espero que Mário Nogueira já tenha contactado a CMBeja a declinar a oferta.

Entretanto o Jorge Ferreira (por via de quem, aliás, cheguei a esta notícia) interroga-se se também dará a direito a uma bucha para o caminho. Tem toda a razão, que a viagem é desgastante, exigente, stressante e injustamente valorizada no panorama rodoviário nacional.

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Utentes e clientes


[2368]

João Miranda responde assim a Paulo Guinote, a propósito do escarcéu que se gerou á volta do artigo que o JM publicou no DN:

“…Paulo Guinote, como muitos dos seus colegas, é incapaz de pensar o sistema de ensino para lá do pequeno mundo da sua escola. Fazer umas manifestações, sem sequer ter a mínima ideia como é que o sistema de ensino poderia funcionar num regime de liberdade, não é uma manifestação de autonomia. É uma manifestação de impotência…”

“…Só recorre ao processo político para resolver problemas profissionais quem não tem forma de dirigir a sua própria vida pelos seu próprios meios…”

“…Basta ler a resposta ao meu artigo para perceber que Paulo Guinote nem sequer consegue lidar com a crítica à sua classe profissional de forma objectiva e impessoal. Quando os membros de uma profissão não são capazes de analisar objectivamente a sua actividade e a dos seus colegas o resultado é que essa profissão não se poderá corrigir….”

Ler o post todo aqui.

Já na altura da reacção ao artigo no DN se registou uma reacção lamentável na base do insulto e na ausência de argumentação sólida. Exemplos:

“João Miranda: por qué no te callas?”
“Perdoai-o, meu Deus, porque não sabe o que diz.”
“quem lhe dera a si chegar aos calcanhares do prof Paulo Guinote”
“o Miranda é um asno! Que me perdoem os quadrúpedes.”
“daqui a gerações, este sujeito vai ser um “case study”. O último do Australopitecos, talvez seja o título.”
“Mas convenhamos… até para flatulência é demasiado estúpido.”

(Compilação de insultos pelo JCD, a maior parte deles no primeiro post)

A história repete-se e o post do João Miranda gera um punhado de comentários do mesmo jaez. Alguns deles são pueris e estéreis, sem base e apenas ressabiados, género “quem dera ao João Miranda chegar aos calcanhares do Paulo Guinote”.

A verdade é que este tipo de movimentação panfletária e herdeira de uma certa forma de fazer política que eu pensei estar já desbotada continua a fazer escola (atente-se neste caso, um verdadeiro paradigma panfletário de luta, atacando o ME e deixando a ideia de que o professor Manuel Cardoso foi forçado a retractar-se – quiçá torturado …-).

Tudo isto é profundamente lamentável e fere a sensibilidade daqueles que mesmo achando o actual governo muito mau e que os métodos da ministra possam não ser os mais avisados esbarram com uma reacção corporativa e fortemente politizada do tipo da que se está a evidenciar.

Porque a verdade é que ninguém poderá ignorar uma forte componente política em toda esta situação. Certamente não por parte de todos os professores que vão manifestar-se no Sábado mas por quem mostra saber da poda, na manipulação dos descontentes. E depois há todo um abismo no conceito que se tem hoje de liberdade entre aqueles que são livres de escolher e progredir numa carreira e os que consideram que o emprego é um bem adquirido e o Estado uma agência de emprego. É que liberdade não é apenas podermos dizer o que nos apetece nem defender as “conquistas” e os “direitos” alcançados. Liberdade é, também e sobretudo, podermos escolher, optar, decidir e sermos livres de eximir os nossos filhos e netos à carga ideológica que se abateu sobre a escola portuguesa. É oportuno, ainda e a título de exemplo, recordar as lágrimas de crocodilo de Ana Benavente, para aqueles que tiverem um pouquinho de memória (Aliás é curioso como uma certa esquerda se posiciona hoje na condenação das políticas destrutivas da educação em que ela própria activamente se engajou, há poucos anos atrás. É de uma profunda irritação). E aquilo a que os nossos filhos estão a assistir é um acto político de grande impacto. E não devia ser.

NOTA: Pegando nos comentários ao post do JM é verdade que há professores que deveriam saber estabelecer a diferença entre cliente e utente, para além da semântica. Talvez se resolvesse muito conflito.


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quarta-feira, março 05, 2008

Um é azelha, o outro ainda anda a tirar a carta


[2367]

É, pelo menos, o que se depreende das afirmações de Luis Filipe Meneses, relativamente ao merecimento do PSD e do PS em tomar conta da paróquia.

Estão explicados os choques, colisões, ultrapassagens pela direita, cortes de curvas pela esquerda, atropelamentos e uma extensa lista de violações do código de uma estrada chamada Portugal.

Alguém que nos arranje um motorista depressa. Alternativamente, tirem-me deste filme antes que me dê três coisas!

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