quinta-feira, junho 29, 2006

As lagartixas azuis


[1084]

Um inspector do Ambiente achou que um tubo de cimento para escoar umas águas quaisquer numa freguesia lá para o centro do país lesava o ambiente e "pimba". Aplicou uma coima à Junta. Fernando Ruas irritou-se e aconselhou os presidentes de Junta a receberem os inspectores à pedrada.

Claro que isto está tudo mal desde a multa às pedradas, mas que me seja lícito apoiar um bocadinho Fernando Ruas, neste particular. Porque eu imagino o que seja lidar com uma colecção de zelosos funcionários que se entretém a correr o país e a ganhar umas ajudas de custo, á cata de um selo que falta, de um terceira via que sobra ou de um despacho com assinatutra ilegível, enquanto o leito da Ribeira dos Milagres continua, há anos, a ser regularmente efluída de trampa suína.

Nós temos uma cultura propícia a este tipo de coisas. Sempre fomos bons bufos, eficazes delatores e mauzinhos como as cobras. Se juntarmos a esta lusa particularidade o facto de o ambiente ser hoje uma das principais armas de arremesso da esquerda politicamente correcta para alimentar alguns dos seus mais caros desígnios, leia-se asfixiar o desenvolvimento através da burocracia e alimentar egos mal resolvidos, temos aqui um cocktail explosivo que proporciona o desejo de emigrarmos ou, como disse Fernando Ruas, receber estes zelosos ambientalistas á pedrada.

É evidente que a frase é excessiva, mas já Scolari diz que os jogos agora são "mata-mata" e ninguém está á espera que os portugueses matem os ingleses no Sábado. Ou, para usar as próprias palavras de Fernando Ruas, se mandarmos chegar o fogo ao rabo de alguém, não tem que haver necessariamente ninguém a fugir com uma tocha espetada no… pois, aí mesmo. Daí que dar honras de Forum TSF a uma frase infeliz, só mesmo nós.

De qualquer maneira, um exemplo a reter e, na dúvida, não será mal lembrado ir apanhando uns seixos!

quarta-feira, junho 28, 2006

Fraseologia basculante


[1083]

Aqui há uns anos atrás, um conhecido treinador de futebol, julgo que Artur Jorge, dizia que a única maneira de conseguir ver as transmissões televisivas de futebol era tirando o som e pondo uns auscultadores para ouvir música sinfónica. Na altura achei aquilo um bocadinho de pretensiosismo mas hoje, depois de ouvir um outro treinador, Tony, a comentar os jogos do Mundial, acho que Artur Jorge tinha razão. Tony tem uma voz pastosa, arrastada assim do tipo de quem já vai na segunda garrafa de tinto a acompanhar umas mãozinhas de carneiro com grão de bico. A sintaxe é um requintado exemplo de como se fala mal ou não se consegue falar, explicando melhor, é difícil falar como Tony, sem concordância de verbos, sem concordância de género, não há predicados, sujeitos ou complementos directos ou, se há, estão amalgamados de forma absolutamente ininteligível, tudo isto salpicado com o despropósito de vocabulário totalmente desajustado de que Tony desconhece o significado ou julga que conhece mas não faz ideia do que se trata.

Ontem, por exemplo, empregou várias vezes o termo “bascular” o jogo de flanco e eu ia jurar que ele não sabe o que é uma báscula. Acresce a tudo isto que a dicção é tão má, tão entrecortada de ahs…uhssss e hummms que a descrição oral que ele pretende fazer de uma qualquer cena é totalmente ultrapassada em tempo ou seja, seguiu-se outra cena, ele vai no 25º “her”…, nós estamos a ver um golo e ele ainda está a explicar a sarrafada que um jogador qualquer deu no adversário. Ontem, no Espanha vs França, o homem excedeu-se com o vocábulo “fraseologia” (que empregava por tudo e por nada) e a dar plurais a adjectivos franceses, como “dêmodês”.

Ora, nada disto seria muito grave se Tony comentasse os jogos no café, numa roda de amigos. Mas põem o homem a falar na comunicação social. Numa altura em que milhares (milhões?) de pessoas estão a ver e ouvir os jogos. Sobretudo os jovens que começam, de pequeninos, a ouvir falar mal. Há responsabilidades muito concretas nos gestores da comunicação social, eu jamais permitia que Tony fizesse comentários de futebol pela simples razão que ele não sabe falar, mesmo que ele fosse o melhor treinador do mundo. Pela mesma razão que ninguém me põe a treinar futebol porque eu não percebo nada daquilo.

É evidente que este post não encerra qualquer crítica a Tony. Pelo contrário. Tenho até admiração por pessoas de escassa qualificação académica e que conseguem guindar-se a posições de relevo. A crítica vai inteirinha para os mentores dos programas e, inclusive, para um ministério qualquer (da cultura? Da educação?) que deveria estar atento a estas coisas. E não está. Acho, mesmo, que já ninguém repara. Porque infelizmente o caso de Tony não é único. É, mesmo, frequente, recorrente, desesperadamente triste e frustrante
.

terça-feira, junho 27, 2006

Post dedicado


[1082]

Meu caro
CAA, o Quaresma é o melhor jogador de futebol em Portugal, o Vítor Baía é o guarda-redes com mais títulos, a Torre dos Clérigos é, de longe, mais bonita que o Mosteiro dos Jerónimos, o Douro tem mais peixe que o Tejo, o Porto tem muito mais pontes que Lisboa, o Aeroporto Sá Carneiro não tem o horrível nome de Portela de Sacavém, no Porto não há nenhuma freguesia com o nome de Moscavide; Ermesinde, Maia e Gondomar são nomes muito mais bonitos que Marvila, Odivelas ou Alfornelos, o FêQuêPê é uma equipa do caraças, em Lisboa não há cruzetas, potes, aloquetes, sertãs, finos nem cimbalinos, no Porto há sotaque mas não se diz "runião", as tias da Foz são menos estúpidas que as de Cascais e excitam-se muito mais depressa e em Lisboa não há vinho do Porto nem Castelo do Queijo.

"Prontes", post dedicado e ó homem, deixe lá a
selecção e o Scolari que ainda apanha um enfarte, carago!

Ah… e em Lisboa não sabem o que é rodovalho. Julgam que é um palavrão!

E Ah... fiz post para você não ter que pedir desculpa outra vez ao
Rui por lhe ter boicotado o esforço para elevar o nível do debate.

Gerassão Rasqa


[1081]

O
Geração Rasca faz hoje um aninho. Aqui ficam as minhas felicitações sinceras ao André, ao Filipe, à Miss M (no Algarve a fazer um mestrado em Verão), ao Raimundo, ao Bruno, ao Luís, à Cristina, ao José Nunes e à Nancy Brown.


Tchin Tchin

segunda-feira, junho 26, 2006

Amores atrevidos


[1080]

"...sabes que de bom grado te emprestaria os últimos trocos para que me comprasses um anel fingido, uma rosa dos monhés e me pedisses em casamento. Só pelo pretexto de te cobrar juros usurários em forma de beijos de língua ensaiados na escadaria de mármore sob chuviscos de arroz e espreitar as nossas salivas reflectidas no cromado piroso da limusina alugada."

Ler o post todo aqui. Vale a pena. Como aliás os outros posts todos.

Deadly calm


[1079]

O dia hoje está estranhamente calmo. Pouco trânsito, pouca gente e até o bruáá da cidade neste recanto onde trabalho parece mais cavo e sonolento. O restaurante estava às moscas e almocei sozinho. Apenas outra mesa estava ocupada com um casal de idosos, ele calmo e aparentando resignação, ela loquaz e com aquele timbre de voz que se faz ouvir entre mil. Falavam, isto é, falava ela, do hábito de os portugueses cuspirem para o chão com garbo e com crista e que até ele próprio, marido resignado ali em frente, não cuspia para o chão mas ainda usava lenços de pano, quando hoje só se usa papel, dizia-lhe ela com olhar reprovador e descendo uma oitava ao tom da voz, como se estivesse envergonhada. Lancei um olhar solidário ao idoso enquanto tentava abstrair-me da imagem de um tuga garboso e encristado a lançar uma escarreta formidável, para poder meter um pedaço de galinha na boca em cenário minimamente higiénico.

Há-de haver uma razão qualquer para o dia estar calmo. Tanto quanto um homem idoso ouvir resignado a mulher falar de cuspo enquanto come, sem esboçar um movimento reactivo ou soltar uma palavra de desacordo. Aliás, há sempre uma razão para qualquer coisa. E se não há uma razão, tem de haver uma razão para não haver. Talvez quando o peso dos anos e a resignação calejada, como naquele homem idoso à minha frente já não exigem razão nenhuma e tudo é aceite como uma componente fatalista da vida que não precisa de razões para ser acomodada pelos resignados, tal qual ela é.

De volta ao escritório dei uma volta pelos blogues, li apenas os habituais e regressei à rotina dos telefonemas e das pessoas a baterem-me à porta, a perguntar se me interrompem. Interrompem quase sempre, mas hoje, como disse, tudo está mais calmo e julgo sentir uma vontade estranha e secreta de que me interrompam mais vezes. Porque há dias assim. Em que nos apetece ser interrompidos, em que precisamos de bulício, de movimento, de vida. E o dia hoje, estranhamente, está morto. Sem bulício, sem movimento e vida quase nenhuma
.

domingo, junho 25, 2006

Portugal 1 Holanda 0


[1078]

Simplesmente "eletrizante"

sexta-feira, junho 23, 2006

Olha, já é fim de semana!


[1077]

Pãozinho quente chapinhado em azeite, azeitonas de Elvas com dois golpes e ervas aromáticas, tornedó recheado com presunto de Chaves, embrulhado em queijo de ovelha alentejana, deitado numa fatia de ananás grelhado e enfeitado com uma batata fatiada assada no forno e salteada e um folhado de farinheira confortado numa caminha de rucola.

Assim como assim, foi este o meu almoço, depois de ter saído do escritório cheio de nobres intenções que passavam por uma posta de cherne grelhado com legumes cozidos em vapor. A questão foi ter encontrado no corredor uma colega com o marido que entre outras coisas me disse que estava um bocado magro, mas com aspecto saudável e óptimas cores. Com uma mentira destas quem é que se lembrou mais do peixe grelhado? Local do crime: Clube dos Jornalistas, Rua das Trinas, fronteira da Lapa com a Madragoa.

Bom fim de semana para todos e aproveitem bem a praia. Pezinhos ao léu, sal nas pestanas, apanhando conquilhas, jantando à luz do dia, blusa "fru fru", minisaia ousada ou boxers arejados, conforme o caso.

quinta-feira, junho 22, 2006

A ambivalência da Leitura


[1076]

Li que fumar faz mal à saúde – deixei de fumar.
Li que o álcool faz mal à saúde – deixei de beber.
Li que o sexo em excesso faz mal à saúde – f***-se, deixei de
ler.

Verdade ou consequência?


[1075]

O Forum da TSF de hoje foi dedicado à arrogância da ministra da educação e à análise de algumas das suas medidas.

Como se esperava ouvi um rosário de lamentações por parte de professores e uma ou outra voz de apoio à ministra, por parte de ouvintes não-professores.

O pormenor que mais me chamou a atenção foi o facto de nenhum professor ter argumentado sobre a substância das medidas da ministra, centrando as críticas no facto de a ministra ser arrogante. Eu também acho que a ministra é, mais que arrogante, irritante e desajeitada na forma como está a lidar com os professores, que lhe deveriam merecer mais respeito. Mas é incontornável reconhecer que há questões muito delicadas que poderiam e deveriam ter sido abordadas pelos intervenientes no Forum, como por exemplo o facto de haver muitas centenas (!!!!) de professores que há trinta anos que não dão aulas e desenvolvem actividade sindical, tendo entretanto atingido o estatuto máximo da carreira. É verdade? E, sendo verdade, os professores concordam, aceitam, são acríticos a este escândalo nacional? Ou é mentira? E se é mentira, os professores acomodam esta acusação de braços cruzados? Não se reunem? E, a ser verdade, não arranjam maneira de fundir as (aparentemente) dezenas de sindicatos em um ou dois, eventualmente desdobrados por zonas geográficas e, já agora, levantar uma voz audível e firme contra a partidarização dos sindicatos, atribuindo-lhes uma verdadeira função de defesa dos interesses dos professores? Incluindo a dignificação das suas carreiras, a segurança física (no imediato) e uma atitude estratégica e concertada para que o regabofe e terceiromundismo de haver pais a atirar com baldes de alumínio às professoras acabe de uma vez por todas. Por exemplo, alguém cuidou de saber se o paizinho que atirou com um balde de alumínio a uma professora ali no Lumiar foi chamado à polícia a prestar declarações? Foi constituido arguido? Ou continua no snack-bar do bairro a amorfar uns caracóis, a buber umas bejecas e a contar aos amigos que meteu a professora do filho na ordem?

Mas não, o Forum manteve-se na versão monocórdica e aflitivamente inimaginativa de dizer que a ministra é malcriada e não se saíu dali. E com os florilégios do costume, claro, i.e. a visão economicista da ministra e do governo, a fúria com que a ministra acorda todos os dias para lixar os professores e outras pérolas do género.

Não sendo professsor, não possuo dados sequer para avaliar o conflito. Mas aflige-me ter ouvido algumas acusações da ministra aos professores, acusações que ilustram bem o regabofe em que a educação mergulhou e nenhuma dessas acusações ser rebatida e isso só pode levar-me a pensar duas coisas. Ou que o que a ministra diz é verdade ou, então, é mentira e os professores devem exercer o contraditório de imediato, sob pena de perderem credibilidade.
ADENDA: Ouvi apenas a 1ª parte do programa, das 10 às 11. Admito que a segunda hora tenha sido diferente.

Ânimo

[1074]


Os dias começaram hoje a ficar mais pequenos.

quarta-feira, junho 21, 2006

Hot


[1073]

Hoje começa o Verão. É o solstício.

Rima com bulício, suplício, estropício, fictício e início de algum indício do prenúncio de algum instinto suicidício, hummm, suicidário que nos leve ao precipício.

Hate the heat!...

Salazarentos


[1072]

Por mais voltas que dê, não consigo adequar outra interpretação aos (vários) posts de
CAA no Blasfémias sobre Scolari que não seja a de que quem achar que pela primeira vez ao longo de toda a minha vida a selecção nacional está a dar um exemplo claro de que é possível jogar bem, não armar peixeiradas com prostitutas nos hotéis ou nas praias, não andar à pêra nos hotéis, não fazer greves espúrias, não subordinar a sorte dos jogos ao número de cabeças de alho espalhadas no balneário, não manter um perfeito regabofe ao longo das deslocações, não andar em correrias atrás dos árbitros e, muito menos, agredi-los com murros no estômago e vir para casa cheios de vitórias morais (uma única excepção, a Inglaterra-66) e, ainda por cima gostar do treinador e tentar mantê-lo à frente dos seus destinos, dizia eu que quem achar que a selecção não está deixar um exemplo do que acabei de referir e, já agora e de caminho, ganhando os jogos é, salazarento.

A isto eu chamaria a “síndrome das Antas”, doença muito comum a partir da margem direita do rio Douro e sem vacina conhecida.

terça-feira, junho 20, 2006

Prémio Miguel Torga


[1071]

O Prémio Miguel Torga deste ano vai para o escritor
Cristóvão Aguiar, co-autor do Destreza das Dúvidas, agora com novo endereço.

Aqui fica o registo e as sinceras felicitações de um leitor atento e diário. Parabéns.

Sem assunto


[1070]

Devia ser proibido escrever posts às terças-feiras. É que não há pachorra. Anda uma pessoa já em crise de verbo e ainda tem de andar a correr, cheio de trabalho e de preparativos vários para várias coisas que nos tornam a vida variada, mas variada assim no mau sentido, que há coisas que podiam muito bem não variar coisa nenhuma, ficávamos todos quietinhos que ficávamos muito bem. Nem tempo tenho tido para ler blogs que é uma coisa que eu gosto de fazer todos os dias, "à uma" porque o meu médico disse que eu devia fazer exercício, "à duas" porque me diverte, mesmo quando os blogs são escritos por gente que de divertido só tem o nome.

Notícias, também, nem por isso, só o Marcelo Rebelo de Sousa a dizer, num programa qualquer em que o professor prova a sua eclética formação (ele é direito, ele é política, ele é autarquias, ele é livros e, agora, ele é off-sides e centros tensos ao primeiro post), que é medianamente supersticioso porque é católico. Eu sei que não é bem assim, que ali para os lados onde eu vivo, a superstição é coisa que anda a dar forte ultimamente e vai bem com o fato e com a cor do carro. Não me perguntem porquê, mas ser supersticioso, assim de repente e sem avisar, cai muito bem, prova que até em Cascais existe esta ligação indissociável com o povo, por outras palavras, somos todos gente bonita (é assim que se diz nas revistas – gente bonita), mas somos povo, é giríssimo, tão povo que até somos medianamente supersticiosos e vai daí até já damos uma volta à cadeira antes de nos sentarmos, deitamos fora as estatuetas de elefantes com a tromba para baixo (tenho algumas amigas que deitam elefantes fora, como mensagem subliminar ao interlocutor que as coisas lá por casa andam assim um bocado para baixo, mas isso é outro departamento e não vem agora ao caso) e não sentamos treze pessoas à mesa. Mais grave. Dizemos isto tudo com um sorriso cúmplice, como quem diz: "Simplicidades do povo, mas nós somos povo, apesar de ricos, de Cascais e das trombas para baixo". Portanto, Marcelo não me engana, ele não é supersticioso coisa nenhuma, deu-lhe para ali, ele diz que é supersticioso como diz que nada no Guincho todos os dias (com frio ou sem frio) ou come uns filetes de peixe no "Correio" que são uns filetes como os outros mas que se convencionou dizer que são uma delícia e então é ver magotes de gente bonita à espera de mesa para comer uns filetes de peixe gordurosos com arrôz de pimentos assim para o espapassado, mas "prontes" a gente depois toma um kompensan e diz aos amigos que fomos ao "Correio" comer filetes.

Mas isto vinha tudo a propósito de ser terça feira e de eu andar ocupado e não ter tempo para isto. Realmente ando SEM TEMPO para isto. Não parece, mas de vez em quando tenho assim umas fases de mais trabalho e comigo não há avaliações que me valham. Ou há resultados ao fim do ano ou não há nada para ninguém nem progressão de carreira que me conforte.

Peço desculpa a um grupinho de leitores indefectíveis, mas, realmente, não tem saído nada de jeito. Nem entrado. Nada de nadica. Talvez daqui por uns dias eu tenha mais tempo disponível e consiga dizer alguma coisa que se leia. Para já, ficam aqui estas linhas assim a modos que a assinar o ponto. E depois vou-me entreter um pouco com o trânsito ali para a A5 e não vou comer filetes porque não me apetece. Mas se me lembrar, ainda chego a casa e telefono a alguém a perguntar como é que as trombas andam lá por casa. Não vá o diabo tecê-las
.

segunda-feira, junho 19, 2006

It's a girl


[1069]
Ti, um beijinho muito amigo e tudo de bom.
Parabéns aos shelves babados.

Roubo descarado


[1068]

Copiar o que é bom não é pecado. É só um bocadinho indecente, mas não resisti.

Roubado indecentemente e irresistivelmente à Miss Spring

domingo, junho 18, 2006

Vá-se lá entender as mulheres...


[1067]

Passou em frente do macho, rugindo para dentro e enviando-lhe com os olhos toda a languidez que uma fêmea com cio consegue produzir. Chegou a dar-lhe mesmo uma patada na ponta do focinho, após o que lhe mostrou a garupa, levantando a cauda e afastando-se lentamente, derramando odores e promessas, arrastando um convite que o macho parecia hesitante em aceitar. Repetiu a cena mil vezes até o leão se erguer, bocejar, escancarando uma boca enorme de dentes afiados e sacudindo uma juba farta e imponente.

O macho decide-se então e persegue a leoa em passo lento mas firme, enquanto esta finge fugir para, dois ou três metros à frente, se imobilizar em decúbito ventral, continuando a exercitar a pantomina da fuga e da negação, aparentando estar a ser forçada a qualquer coisa que não quer. O leão domina-a, colocando-lhe a sua poderosa pata direita sobre o cachaço, instala-se, dominador, sobre o seu dorso e a leoa debate-se, rugindo, gemendo, saracoteando o corpo e aparentado tentar fugir do macho que a subjugou. Mas o macho, mais forte, imobiliza-a e tenta iniciar a cópula. A leoa ruge então intensamente, debate-se ainda, tenta retirar a garupa de debaixo do companheiro ou melhor, finge que tenta porque, de repente, afasta estrategicamente a cauda para o lado abrindo caminho para o início de uma leonina e formidável cópula.

A cópula é curta, a leoa sai de baixo e vira-se ao leão rugindo, batendo-lhe com as patas e, por vezes até, perseguindo-o. O pobre tem de fugir e aguardar pelo próximo acto, já que a cena se vai repetir por uma dezena de vezes durante o dia. Com os mesmos preliminares, os mesmos rugidos, a mesma luta e o mesmo desvio final de cauda.

NOTA: Isto é o que faz acordar cedo com a televisão ligada, ver um documentário sobre leões e filosofar (ensonado) sobre o facto de até os leões terem razão para pensar: - Vá-se lá entender as mulheres…

sexta-feira, junho 16, 2006

E-JETAMOS


[1066]

Há dois anos a e-jetar, tornou-se minha leitura diária.
Parabéns e venha de lá o terceiro.


Tchin-Tchin

Ó filha, vê lá se o CAA escreveu sobre o Scolari


[1065]

Houve tempo em que eu tinha uma tia muito chata, daquelas que podiam facilmente fazer de sogra para uma anedota qualquer. Entre outras coisas menores, nunca se calava e tinha o péssimo defeito de estar a ver filmes na televisão e ler as legendas em voz alta. Pior, não só lia como nos explicava o enredo sempre que ela achava que a trama era muita areia para a nossa camioneta. Chata como só ela, moía a paciência de um santo.

Resulta desta situação que quando visito a minha mãe, tenho o cuidado de exigir a quem quer que me esteja a acompanhar um "comprovativo de ausência" da nobre senhora, quanto mais não seja porque nem me apetece que me leiam legendas de filmes.

Eu lamento dizê-lo, mas o que se passa no
Blasfémias de cada vez que o CAA se mete a falar do FCP e do Scolari é em tudo semelhante ao que se passa com a minha tia que lê legendas. É que uma coisa é ter opinião, não gostar do Scolari, outra é uma permanente atitude déja vu provinda de ínclitas e insuspeitas personagens da Invicta Cidade que nunca perdoarão a ausência de Vítor Baía e de Quaresma da equipa nacional. Este post é de um arreganho, de um azedume, de um mau perder e de um bairrismo tão demodée que custa a entender, vindo de quem vem.

Um dia destes, o que acontece é que sempre que visitar o
Blasfémias (o que faço todos os dias com gosto) tratarei de ver primeiro se o CAA não está a falar de Scolari ou do FCP. Se não estiver… entro. Se estiver… espero que lhe caiam mais uns posts em cima.

"Prontes", já disse
.

Saraivas



Míldio da videira - Plasmopara viticola

[1064]

Uma saraivada violenta comprometeu algumas culturas, sobretudo grandes áreas de vinha na região do Douro, do que ouvi na televisão.

As reportagens das várias televisões sucedem-se, naturalmente, e vê-se de tudo. Desde mulheres a chorar porque ficaram sem nada e ainda por cima estão doentes das costas e incham-lhe muito as varizes, até a homens barbudos e decididos que gritam com ar ameaçador para as câmaras dizendo que exigem que o governo tem de fazer qualquer coisa.

De todas as queixas ressalta um aspecto comum. É que os prejuízos são tão elevados que em anos em que não há granizo toda a gente deve ficar rica, só pode.

Nota: Os repórteres, atentos e solidários, sobretudo os da RTP, foram dizendo que a recuperação só poderia ser possível à custa de muitas sulfatagens. Assim muito rapidamente e muito pela rama, uma sulfatagem é o nome corrente que se aplica a uma pulverização com caldas cúpricas (sulfato ou oxicloreto de cobre), com o fim específico e único de tratar doenças como o míldio e o oídio. Doenças que, nas videiras, atacam as folhas e os frutos. Folhas que, ao que parece, caíram todas com o granizo.

Resumindo, como de costume, as notícias e reportagens são desconchavadas, sem rigor, provavelmente desproporcionadas e descaradamente alarmistas
.

quinta-feira, junho 15, 2006

May Day, May Day


[1063]

Esta foto é da Lusa, disponível no
Portugal Diário e refere-se à manifestação de professores ontem em Lisboa. Presumo que esta senhora de boina é professora, ou presumirei mal?

Lisboa, Portugal, Europa, 15 de Junho de 2006

Catch the wind


[1062]

Porque hoje está vento, porque estou cansado dos professores e da ministra, do futebol e da televisão, do Rubens de Carvalho a dizer no DN de hoje que "ele está (o PR) do lado de lá" (em 2006 ainda se pensa e age assim...), porque andar de bicicleta contra o vento dá uma trabalheira desgraçada, porque estou farto do Francisco Louçã, porque nem todos os dias é domingo, sentei-me aqui a marcar o ponto e... não saiu nada.
Veio uma rabanada de vento, lembrei-me de agarrar o vento... e saíu isto aqui em baixo. Está pirosinho, eu sei, mas foi o que saiu e serve de post. E vai daí, até pode ser que alguém ache graça, sei lá!

Catch the wind
And blow it gently into your heart
And over your body!
Feel it then, smooth and tender
And see how it will bring you desire
And whisper words of magic and temptation.

Smile and tell the wind to come back to me,
Bringing your fragrance, the velvet of your skin
And smile of crystal.
The wind will accomplish the task
And will ask me to carry our secret
Through golden dawns and dusks of grey,
Cliffy mountains, peaceful valleys and seas of blue.
Up in the sky I will praise the sun,
And my beautiful thought will always be you.

Vento em Cascais - Junho 2006

quarta-feira, junho 14, 2006

Fernando Pessoa



[1061]

"A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo."


Fernando Pessoa

(Do entendimento dos símbolos e dos rituais - simbólicos - , que exige do intérprete cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles)

Lesões da educação


[1060]

De uma professora de Coimbra (aliás, a primeira interveniente) ao Forum da TSF, em que o tema era a greve dos professores hoje e o estado da educação em Portugal:

"Sinto-me lesionada pela ministra da educação..."

Pensei para mim: Lapsus linguae. Mas a professora encarregou-se de me esclarecer, dizendo:

"...aliás, sentimo-nos todos lesionados pela senhora ministra."

Será que a Fenprof não terá umas embalagens de "embrocation", que era uma coisa com que me massajavam quando eu jogava raguebi em Coimbra? Era um cheirete horrível no balneário mas as lesões passavam logo.

E assim comecei, lesionado, o meu dia de trabalho! E não há "embrocation" que me valha…

Atirar a toalha



Clicar para ver maior (salvo seja)

[1059]

Já mudei fraldas a bebés, já cozinhei, preguei um botão de colarinho num hotel, já fiz a cama, já passei esfregonas em chãos, já accionei o botão de uma máquina de lavar loiça (e roupa também), já lavei loiça à mão. Já preparei biberões e até já estendi roupa, uma vez entendido aquele mecanismo dos rodízios que nos permite estender roupa sem saír do lugar. Já pedi salsa à vizinha e só não fiz ponto de cruz porque nunca experimentei já que, verdadeiramente, nunca tal me passou pela cabeça, nunca foi preciso e acho pires. Já fiz sessões de má língua, já fiz asneiras ao volante e, aqui e ali, até já consegui ser complicado, instável, volúvel e absolutamente impossível de aturar.

Resumindo, já fiz praticamente tudo aquilo que impropriamente é designado por tarefas do gineceu, tendo concluído que pude fazer o que elas fazem. Claro que há funções (vitais) que me são vedadas só porque não tenho o que elas têm ou, pondo as coisas de forma mais perceptível, eu tenho coisas que elas não têm…whatever (este whatever é o vocábulo inglês mais oportuno que conheço), mas, até "nisso", consigo uma apreciável capacidade de atingir formas e substâncias de aplicação abrangente – e quem não percebeu o que acabei de dizer, vai ficar sem perceber porque eu não vou explicar.

Não sou, portanto, machista, sexista e, muito menos, não tenho mania que não sei pregar botões, assim ao estilo da piada racista que dizia que os pretos tinham um cromossoma que os impedia de ser pilotos de aviação, afirmando que as mulheres tem um gene próprio para a lide caseira.

Mas descobri uma tarefa onde vou, incondicionalmente, ter de me render à realidade. Não consigo, ultrapassa-me de todo, it´s way beyond my full and comprehensive range of mental and physical skills - engomar uma camisa. Há "ali" qualquer coisa que me provoca um bloqueio qualquer, há uma sensação de impotência frustre, qualquer coisa como despejar uma bisnaga de pasta de dentes e tentar meter a pasta lá dentro outra vez, mas a verdade é que não dá.

Circunstancialmente, tenho tentado engomar uma camisa, só porque a empregada teve uma criança (lá está outra coisa que não consigo fazer, quer dizer, fazer, consigo, não consigo fazer é no sentido de entregar a criancinha a este mundo). E cheguei à conclusão que é uma tarefa inatingível para mim. Desde abrir a tábua de engomar (estive seguramente cinco minutos a tentar perceber como é que "aquilo" se abria), passando pela água que eu, devidamente avisado ao telefone, tinha de colocar no ferro (levou-me mais 10 minutos a "descobrir" por onde é que se mete a água) até conseguir definir o botão onde carregar para "aquilo" espichar água na roupa, foi um período de agonia que não me apetece repetir. Da acção de engomar a camisa propriamente dita, poupo-vos a descrição. Teria que dizer um palavrão ou dois e não me apetece. É que aquela parte da frente, onde estão os botões, ainda é mais ou menos passível de ser razoavelmente engomada. Mas… e as mangas? E aquele zona absolutamnete estúpida, que eu não percebo porque é que as camisas têm de ter, dos ombros? E uma prega imbecil atrás que começa muito vincadinha e depois desaparece gradualmente nas costas? E…

Há, portanto, pelo menos, uma coisa em que me rendo à superioridade feminina. Atiro com a toalha e vou ao 5àSec…

segunda-feira, junho 12, 2006

Portugal vs Angola


[1058]

Portugal delineou uma jogada magnífica aos 17 segundos de jogo, que só não deu golo por mero acaso, marcou um golo de antologia aos 4 minutos, nos cerca de vinte a trinta minutos seguintes fez jogadas magníficas, depois abrandou porque do outro lado também estavam onze jogadores (aparentemente muita gente achava que era tudo gente de bola de trapos) mas, mesmo assim, Cristiano Ronaldo atirou um bola estrondosamente ao poste, Tiago e Pauleta fizeram remates certeiros defendidos pelo guarda redes angolano e, finalmente, Maniche fez o costumado remate do meio da rua a que o guarda-redes correspondeu com uma soberba defesa.

Perante isto, as enormidades que tenho vindo a ouvir dos experts na matéria e o tipo de perguntas que os jornalistas fizeram aos jogadores e ao seleccionador dão-me que pensar. Não gostam mesmo do homem. Acham que é teimoso, sargentão, disciplinador e, pasme-se, brasileiro. Ainda por cima o homem é católico e devoto de Nossa Senhora de Fátima e de Caravaggio. Não se admite. Sobretudo quando estávamos habituados às bandalheiras da selecção, intrigas, zangas, cenas de violência e prostituição nos hotéis, lóbis, compadrios e em vez de uma Nossa Senhora tínhamos alhos, óleos e outros "trabalhos" nos balneários
!

sábado, junho 10, 2006

Pedido

Recebi um pedido para publicar e divulgar este apelo:

URGENTE - MENINO RAPTADO - Passa MSG, muito depressa

Vejam primeiro as imagens e reenviem este email a todos os vossos contactos. Este menino foi raptado no Alentejo, por favor passem este e-mail a todos os que conhecem.

Para informações contactar com a Câmara Municipal de Viana do Alentejo. Pensem que se vos acontecesse algo de género, gostariam de ser ajudados.

http://www.cm-vianadoalentejo.pt

Para que saibam que a colaboração de todos não é em vão, houve respostas a um e-mail que eu reencaminhei por causa de duas irmãs raptadas.

Toda a informação está a ser enviada para a Interpol através de uma amiga minha.

Bem haja!

Isabel Soares da Costa

sexta-feira, junho 09, 2006

Metamorfose - versão tuga e actualizada


[1057]

"...Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Espumante deu por si na cama transformado numa gigantesca bola de futebol. Estava deitado sobre o dorso, tão estranho que mais parecia revestido a couro e, ao levantar um pouco a cabeça, divisou o arredondado ventre castanho dividido em segmentos regulares hexagonais, sobre os quais a colcha dificilmente mantinha a posição e estava a ponto de escorregar.
Reparou numa total ausência de pernas, aparentemente substituídas por aquele conjunto de gomos hexagonais, cosidos entre si e dando ao seu corpo a forma rubicunda de uma bola…"

"…ouviam-se os pingos de chuva a baterem na calha da janela e isso o fez sentir-se bastante melancólico. Não seria melhor dormir um pouco e esquecer todo este delírio?..."

Isto é o que acontece a quem liga a televisão nos últimos 15 dias e apanha com futebol em simultâneo e permanência em todos os canais de televisão de sinal aberto. Já as pingas de chuva poderão ser explicadas pelo facto de Gregor Espumante ler com tolerante perseverança os blogues do gang de Bruxelas onde
nalguns se dá conta da situação meteorológica em ritmo semelhante ao do futebol na televisão portuguesa. Para não falar num que mais parece uma frente fria de baixas pressões provocando o arrastamento de uma massa de ar polar do quadrante Noroeste!

Vou fugir. Bom fim de semana para todos. De preferência com o ar condicionado no máximo!

Dúvidas?


[1056]

Mas eu também não tenho dúvidas nenhumas!

Só tenho dúvidas sobre a quem é que Ferro Rodrigues mandou armar os paraquedas. A verdade é que ele abriu e a senhora aterrou "doucement" em Bruxelas, pelo que não deve ter sido ninguém do Partido, com certeza.

Já agora, vale a penda ler
isto, também, no Insurgente.

Rica prenda? Eu?



[1055]

Você é a Selecção de Itália:
Acima de tudo...estilo, é o seu lema. Até pode perder, mas é sempre com pose. Se ganhar não é muito espalhafatoso, gosta de ser olhado com respeito e alguma reverência, gosta que lhe elogiem a táctica, como se ela saísse de um oráculo sagrado qualquer. Sempre atento á moda, gosta de se sentir capaz de conquistar o mundo, e se por acaso não o consegue você amua e diz que a culpa não foi sua! Entre o glamour e o complexo calimero, você é a chamada rica prenda!!!!

Poucas vezes terei sido tão mal julgado na vida! Tirando não ser espalhafatoso quando ganho, gostar de ser olhado com respeito e reverência e que me elogiem a táctica, estar razoavelmente atento à moda, gostar de conquistar o mundo e, não conseguindo, amuar entre o glamour e o complexo calimero e, aqui e ali, me dizerem que sou uma rica prenda, é tudo mentira.



Via Blueloungecafe



E tu que selecção serias?

Extraordinário


[1054]

Um polícia sindicalizado, ou um sindicalista polícia, numa manifestação, usando uma t-shirt com uma foto de Marcelo Caetano e onde se pode ler:

«Os direitos que o Estado Novo nos deu os democratas injustamente aboliram».

Agora já pouco me resta para ver.

Via Blasfémias

Pensamento do dia


[1053]

A forma como as pessoas arrumam os carros em parques com linhas pintadas no chão e o número de “fábricas” de pirotecnia que quase todos os meses fazem "PUM" são um bom factor de aferição do índice cultural e de desenvolvimento económico de um país.

Para conclusões suplementares sobre este fenómeno aconselha-se a observação do ar admirado com que os donos das fábricas ficam depois das explosões, o número de vezes com que dizem que a “culpa é do governo” (que já multou os donos dez vezes mas não “faz nada para evitar as explosões”) e o ar cândido com que a maioria dos condutores (as) atravessa o carro por cima dos riscos ocupando três lugares de um parque e o ar decidido com que sai, bate com a porta, espeta bem o braço, acciona o botão de alarme até se ouvir “fuin fuin”. De preferência, toda esta operação é feita em simultâneo com uma conversa ao telemóvel.

Para o exemplo das explosões aconselha-se uma ida ao Norte, de preferência no Verão. Já para o estacionamento atravessado, qualquer supermercado em Cascais, pequeno, caro, daqueles que vendem as mesmas coisas que vende o Pingo Doce, mas ao triplo do preço, ser
ve.

quinta-feira, junho 08, 2006

Parabéns



[1052]

Uma das coisas giras e gratificantes da blogoesfera é este tu cá tu lá com gente ilustre.

Parabéns
FJV.

A correr...


[1051]

Estes dois últimos dias foram de grande intensidade de trabalho. Não parei quieto, estive com um milhão de pessoas, comi a correr, fartei-me de falar, a minha princesa bateu com o carro e partiu um farol, as gatas estão a largar pêlo, o calor estorrica Lisboa e cada vez há mais gente que acha que o ar condicionado nos restaurantes tira o sabor à comida, os incêndios estão aí outra vez (de repente, assim como “quem vai de caminho”, fiquei a saber que o mês de Maio foi o pior mês em incêndios nos últimos não sei quantos anos, mas palavra que não andava a dar por nada…), a politiquice doméstica mantém-se com episódios hilariantes se não fossem trágicos pelo que revelam de quem nos governa, já tenho sonhos esquisitos do género Sócrates a ralhar comigo zangadíssimo a obrigar-me a comer a sopa toda e a dizer de que lado devo usar a risca do cabelo e até o
Espumadamente me vem causando algum fastio (afinal faltam escassos dias para completar dois anos de posts diários e eu começo a sentir as meninges erodidas e as sinapses embotadas – não é nada contigo, minha amiga.

Hoje desenha-se um dia mais calmo e eu posso finalmente espumar um bocadinho. Sem graça, mas lá vou espumando. Porque avançar para o terceiro ano sem espumar coisa nenhuma é que não tem mesmo graça.

Shame


[1050]

Quando a incompetência e uma fatal tendência para sermos trapalhões, por via de uma insuportável vaidade, falta de preparação e provincianismo, se circunscrevem a um registo paroquial, a coisa vai-se diluindo na nossa habitual bonomia e indiferença. Quando as trapalhadas são transpostas para fora das fronteiras e, sobretudo, se trata de assuntos sérios e de grande responsabilidade como é o caso de Timor-Leste, cria-se em nós uma desconfortável sensação de vergonha e de embaraço.

O que se está
a passar em Timor-Leste (muita gente avisada o previa) entre a GNR e os australianos envergonha-me, por tudo o que releva de incompetência, de irresponsabilidade e de pelintrice mental que só poderiam desembocar num contingente da GNR “confinado” às instalações que lhe destinaram, tipo, quietinhos aí, não atrapalhem e vão chatear o Camões.

O quadro está completo. Só falta aí um postzito da
Ana Gomes a dizer que os australianos são umas bestas e que os americanos tiveram uma responsabilidade activa nisto tudo. Não deve tardar…

terça-feira, junho 06, 2006

"Comunicar "com o rebanho


[1049]

Não sendo jornalista, cada vez entendo melhor porque é que existem as chamadas agências de comunicação.

Não é que eu me considere muito estúpido mas realmente a coisa é tão sinuosa, tão cínica, viscosa, que um bem intencionado como eu leva algum tempo a entender.

Mas vou chegando lá
.

Dia da besta


[1048]

Hoje, 6-6-6, dia da besta, do diabo, do mafarrico, de belzebu, do demónio, do chifrudo, encontrei uma data de gente que sempre que a encontro digo para mim próprio: o diabo que os carregue.

É que nem hoje. Andam aí, alegres, rabudos e felizes por ter nascido e o demo não os carrega por nada deste mundo. Pode, uma coisa destas?

Desblogueadores

[1047]

Três anos a desbloguear por aqui. Com gosto e com graça.
Um abraço de parabéns.


Tchin Tchin


Parabéns



[1046]

Feliz aniversário e um dia cheio de sol e de boa disposição
.

segunda-feira, junho 05, 2006

Bora lá sermos todos assim?





[1045]

- Está?
- Está, estou a falar com o senhor Nuno?
- Sim...
- Sr. Nuno, aqui é da TMN, estamos a ligar para apresentar a promoção TMN 1.382 minutos, que oferece...
- Desculpe (interrompo eu), mas com quem estou a falar?
- O sr está a falar com Natália Bagulho da TMN. Eu estou a ligar para...
- Natália, desculpe-me, mas para minha segurança gostaria de conferir alguns dados antes de continuar com a nossa conversa, pode ser?
- ...Sssssim, pode...
-
A Natália trabalha em que área da TMN?
- Telemarketing Pró-Activo.
- E tem número de funcionária da TMN?
- Desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.
- Então terei que desligar, pois não estou seguro de estar realmente a falar com uma funcionária da TMN.
- Mas eu posso garantir...
- Além disso, sempre que tento falar com a TMN sou obrigado a fornecer os meus dados a uma data de interlocutores.
- Tudo bem, a minha matrícula é TMN-6696969-TPA.
- Só um momento enquanto verifico.
- ...??? (Dois minutos mais tarde)
- Só mais um momento, por favor.
- ...??? (Cinco minutos mais)
-
Estou sim?- Só mais um momento, por favor, estamos muito lentos hoje cá por casa.
- Mas, senhor... (Um minuto depois)
- Pronto, Natália, obrigado por ter aguardado. Qual é mesmo o assunto?
- Aqui é da TMN, estamos a ligar para oferecer a promoção TMN 1382 minutos,pela qual o Sr. fala 1.300 minutos e ganha 82 minutos de bónus, além de poder enviar 372 SMS totalmente grátis. O senhor estaria interessado, Sr.Nuno?
- Natália, vou ter que transferir a sua ligação para a minha mulher porque é ela quem decide sobre alteração de planos de telemóveis. Por favor, não desligue, pois a sua chamada é muito importante para mim... (Pouso o telemóvel em frente ao leitor de CD's, coloco a música "Quero cheirar teu bacalhau" a tocar em repeat mode e vou beber um cafézinho...)

Também pode experimentar com a TV CABO, Clix, PT, Cabovisão, etc .. etc ..

Recebida por e-mail , apenas com uns arrebiques meus, de maldade mal disfarçada!

F... 16


[1044]

Por muito que M. M. Carrilho possa ter razão relativamente à qualidade e nobreza de muitos dos nossos jornalistas, há factos que não podemos escamotear. Não fossem os jornalistas e eu jamais saberia que oito (acho que é oito) F16 da Força Aérea jamais terão saído dos caixotes em que os comprámos e que agora nos preparamos para vender a preço de refugo.

Este pormenor dos aviões, assim no imediato, suscita-me duas reflexões. Uma, as verdadeiras barbaridades do trágico reinado de Guterres (e calem-se todos os apaziguadores de serviço que se esforçam por branquear o forró guterrista, dizendo que o défice já vinha do tempo de Cavaco) e a impunidade com que a criatura continua a distribuir sorrisos pelas instâncias internacionais e as suas expressões pungentes junto de refugiados esfomeados e doentes.

A outra reflexão é a de que mais do que acções musculadas para evitar a fuga ao fisco, teria um efeito muito mais moralizador todos nós percebermos que o nosso dinheiro não era malbaratado da maneira que é, em nome de estratégias eleitorais ou, como terá sido o caso de Guterres, por manifesta impotência em se impor aos seus pares. Mas assim, como as coisas são, quase que entendo que as pessoas fujam ao fisco
.

domingo, junho 04, 2006

A alourar


[1043]

No “Eixo do Mal” de ontem fiquei sem saber muito bem onde é que o Daniel de Oliveira e a Clara Ferreira Alves queriam chegar. Devo estar a alourar…

Reparei, entretanto, que o cenário do programa inclui um grande poster do Che. Será que somos caso único? Ou, no ano da graça de 2006, ainda haverá Ches por essas televisões europeias
?

Badalhocas


[1042]

Na marcha pelo mundo rural, ouvi a mesma reportagem duas vezes, reduzida a uma pergunta a uma mulher vestida de vermelho e com um lenço à cabeça:

- Então qual é o motivo desta marcha?
- É para os homens daqui da cidade verem como é que nós nos vestimos e como é que sofremos (isto não é retirado de nenhum contexto, a mulher não disse mesmo mais nada).

Num outro apontamento de reportagem, um homem respondia à mesma pergunta:

- É para que a gente da cidade saiba que para beber um copo de leite temos que ordenhar uma vaca, duas vezes por dias trezentos e sessenta e cinco dias por ano.

Grandes vacalhonas… 365 dias por ano, tsss, tsss, devassas
!

Distracções


[1041]

Estorrico em Cascais e na Itália anda tudo a tiritar e a limpar a neve do quintal.

Por muito estranho que pareça, ainda não ouvi ninguém a falar de Quioto, de aquecimento global, petróleo e americanos. Anda, certamente, tudo muito distraído
.

Dia nacional do cão


[1040]

“Cá fora”, achamos que tudo é idiota, ridículo, mal pensado e mal parido. Chegamos ao poder e desatamos também a fazer disparates.

Alguém que me explique ou, como diz um amigão meu em Angola, “algo não está correcto
”.

sexta-feira, junho 02, 2006

O fresco das ideias




Nos fins de Maio de 1871 havia grande alvoroço na Casa Havanesa, ao Chiado, em Lisboa [...], onde numa tabuleta suspensa se colocavam os telegrama da Agência Havas
O Crime do Padre Amaro, 1876

Lisboa. Antiga Casa Havanesa - princípio do séc. XX
[Hotel Aliance e Casa Havanesa]
Fotografia, Joshua Benoliel, ca 1913
Biblioteca Nacional

[1039]

A minha cidade está suja, cheia de carros, cocó de cão, obras poeirentas, homens gordos e de bigode a disputarem a primazia do arranque de um sinal vermelho e de mulheres de buço a saracotearem as ancas vastas e gelatinosas de gorduras perenes pela calçada à portuguesa onde, de vinte em vinte metros, há montinhos de pedras que sobraram da última obra e que nunca mais vieram buscar. Os restaurantes estão cheios de gente a comer comida gordurosa a transbordar de travessas de alumínio que deixam marcas nas toalhas de papel onde todos nós ao almoço, escrevinhamos as bases de uma qualquer estratégia de trabalho para a semana seguinte.

A minha cidade também está barulhenta, as pessoas buzinam os carros porque acham que o “próximo” é uma besta, não sabe conduzir e vai muito devagar ou porque as gajas deviam estar em casa a coser meias, mas não, gostam é de andar pela cidade a pavonear o cu e a meterem-se com o pessoal que anda a trabalhar. Há ainda os eléctricos vermelhos ronceiros com bandeirinhas portuguesas, pífias, desbotadas e surradas de anos de acumulação de humidades e poeiras das obras e que dão um ar de turismo terceiro-mundista, cheios de turistas que, mesmo assim, devem conseguir achar graça ao conjunto, porque vão tirando fotos apesar do seu ar circunspecto.

A minha cidade está quente e viscosa, suja, os prédios escorrem uma mistura escura que deve ser pó, humidade e falta do ozone que o Bush anda a destruir, que foi assim que nos ensinaram nos jornais e na TV, com externatos nos segundos andares e lojas de hortaliças no rés do chão. Os carros, cobertos de pó, são, todavia, de ano recente e circulam com alacridade, conduzidos pelos meus conterrâneos de uma forma, que parece que acabaram de os roubar.

Ainda estou em casa, num subúrbio que estes meus vizinhos acham que está um horror, mas que se mantém razoavelmente imune a estas coisas que acabei de referir, mas sei que assim que chegar ao viaduto e começar a subir a Infante Santo será esta a sensação que vou colher. Como todos os dias.

Todavia, o tempo está aprazível outra vez. As temperaturas baixaram para níveis suportáveis e o céu deixou de estar opressivamente abafado. A minha cidade voltou a adquirir aquela luz única que proporciona aquilo que eu chamo dias bons para tirar fotografias, quando os contornos dos prédios, das colinas da outra banda, da ponte e até do céu se tornam tão nítidos que pensamos que nasceu uma nova cidade. Cheia de gente que também faz a barba todos os dias e mulheres lindas. Lindíssimas, diria eu, com a graça, sorrisos, malícia e aquele andar traquinas que fazem da mulher portuguesa a prova na Terra do génio de Deus, no céu.

É, apesar de tudo, a cidade que amamos e é nela que nos sentimos em casa. Vá lá uma pessoa perceber isto...

1/2 + 1/2 =... hummm


[1038]

Uma pergunta profunda, cheia de substrato, diferentes formas de interpretação e sentidos possivelmente enviesados, filosoficamente estruturada e muito, mas muito preocupante que vai manter-me intrigado durante todo o dia de hoje, antes de deixar de pensar nela porque, entretanto, faz-se Sábado:

- What happens if you get scared half to death, twice?

quinta-feira, junho 01, 2006

A vergonha que não temos e que nos espanta por outros a terem por nós.


[1037]

Enquanto alguns de nós (muitos) se entretêm a tentar descobrir quem são os timorenses bons e os timorenses maus,
JPP escreve este artigo no Público.

De alguma forma me surpreende o enfoque dado às colónias, posto que o autor se poderia aventurar em muitos outros campos, com a mesma eficiência. Talvez a mola tenha sido Timor Leste. Ou Lorosae, a palavra que os jornalistas criaram para nela gerarem e manterem os seus mitos, para que eles se tornassem realidades. Nada de novo afinal.

Na minha modéstia, penso que um artigo como este é um inestimável contributo para que nos percebamos melhor e uma valiosa ajuda àqueles que de uma forma redutora esgravatam por aí, à procura dos timorenses bons e dos timorenses maus.

O mérito em quarto de hóspedes


[1036]

Quando o mérito convive com um carácter empedernido pelo narcisismo serôdio e um permanente azedume, o resultado é, frequentemente, tiradas ofensivas, pesporrentes e merecedoras de uma boa lição.

Quando Saramago disse, em tom chocarreiro, não acreditar no Plano Nacional de Leitura organizado pelo Governo para o fomento da leitura entre os jovens, e para cuja comissão ele foi convidado, e que tinha aceite porque "aquilo" era uma fatalidade, como as bexigas, só porque ela era prémio Nobel (citei), a ministra da cultura deveria tê-lo sumariamente dispensado e pedido desculpa por ter incomodado a insigne criatura.

Não o tendo feito, está a dar cobertura à má educação, a uma insuportável vaidade e à mais descarada manifestação de desprezo de um homem manifestamente mal formado e, ainda, a dar continuidade a esta forma reverencial, atenta, veneradora e obrigada herdada do Estado Novo que usamos e de que abusamos para com aqueles que nos deram a visão efémera da glória. No caso vertente, um prémio literário, cujos critérios de atribuição dão hoje motivo a um amplo debate sobre as suas verdadeiras determinantes e motivações.