sábado, dezembro 10, 2005

Milhões de dúvidas, rigor e fervor



Rigor à nossa moda

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Tenho amigos que me acham demasiado anglosaxónico. No humor, na expressão e até em sentimentos. Eu não concordo com isso, acho que sou visceralmente latino – o que não me impede de tomar o rigor e a objectividade como dois pilares importantes do meu posicionamento na vida, perante a sociedade em que estou inserido de um modo geral e perante as pessoas. Em particular, aquelas que me são mais chegadas e com as quais privo mais frequentemente.

O rigor, sobretudo, é um fenómeno que releva de especificidades da nossa personalidade e remete para um evidente vantagem na forma qualitativa de vivermos. É só pensarmos um bocadinho para percebermos como isto é verdade, desde a pontualidade à simples manobra de se estacionar um carro. À nossa proverbial falta de rigor devemos muito do nosso atraso, muitos conflitos e prejuízos e quiçá, até, perda de vidas. Em acidentes de trabalho, por exemplo. Daí que eu ache que ser rigoroso não é uma mania nem sequer condiciona o meu eventual fervor de sentimentos latinos. Formas de ser, afinal.

Isto a propósito de uma das mais extraordinárias controvérsias que não chegam a sê-lo e que tem a ver com o milhão. Milhão que para uns é mil milhões, para outros é um milhão de milhões e eu, já crescidinho ainda não consegui perceber porque é que temos de criar e inventar tantas dúvidas e controvérsia sobre um ordenamento numérico em que os americanos, por exemplo, resolveram de uma penada e a contento de todos, ou seja mil, milhão, bilião (mil milhões), trilião, etc.

Em sentido diverso vogam os franceses e, claro, nós por arrasto, porque tudo o que cheire a confusão e a polémica (eu sou mais complicado do que tu…) é connosco e não nos ficaria bem ser tão simples e tão lineares como os estúpidos dos yankees, que é lá isso?

Cavaco Silva utilizou recentemente a expressão bilião, nos debates televisivos. Tenho a certeza de que números percebe ele, pelo que me fica a ideia de que ou ele anda distraído ou poderá haver uma remota e salvífica possibilidade de o bilião poder ser utilizado no sentido de mil milhões. Será? É que não acredito que a Ota possa custar 3 milhões de milhões de Euros, portanto Cavaco estava mesmo a referir-se a milhares de milhões.

Se quiserem baralhar-se um pouquinho mais com a questão é só irem aqui. Até o pato Donald é tido e achado…

4 Comments:

At 8:04 da tarde, Blogger Pitucha disse...

Que horror! Isto faz-me lembrar as Perspectivas Financeiras da União Europeia que têm pilhas de zeros (eu, é mais este rigor) e que eu nunca consigo ler em voz alta (million, billion, millard?).
Mas isto não é ignorância, é mesmo defeito no cérebro.
Beijos

 
At 10:31 da tarde, Blogger Carlota disse...

Eu sobre números e cálculos em geral não me pronuncio porque o meu cérebro não foi programado para isso.
Mas o meu marido já comentou que, de facto, o Cavaco Silva se enganou várias vezes acerca do custo da Ota, referindo-se sempre aos três biliões.

 
At 10:43 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Pitucha

Fiquei sem saber a tua opinião...
Mas está bem, tu és mais humanidades, mesmo
:)
Millards de beijos :)

 
At 10:46 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Carlota
Eu também não me pronunciei sobre cálculos. Limitei-me a constatar a nossa proverbial tendência para complicarmos, tal como os franceses aliás, assim género contarmos as patas e dividir por quatro para sabermos quantas vacas tem uma manada :) E o Cavaco mencionou biliões, sim ! O que é, no mínimo, estranho.
Beijinhos loteados

 

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