quarta-feira, dezembro 01, 2004

A minha Tribo



O feriado de hoje já quase passa sem repararmos. Salvo se calhar a uma Sexta ou a uma Segunda e der para fazer ponte.

Eu, que nem sou muito destas coisas de comemorações, devo confessar um carinho especial pelo aniversário do dia em que demos o chuto nos espanhóis, restabelecendo aquilo que era “nosso”. A nossa independência e os nossos destinos. Esta é a verdade insofismável que ultrapassa tudo o que de mau possamos ter (o meu amigo de estimação aqui ao lado, por exemplo, a corrigir-me para póssamos...). Cuspimos para o chão, deitamos sacos do Modelo-Continente pela janela do carro fora nas estradas, estacionamos nos passeios, somos frequentemente porcos, feios e maus, intriguistas, pimpões, contorcionistas de estilo, interesseiros, cúmplices, promíscuos, falta-nos rigor, competência, cultivamos a cunha e o “empurrãozito”, lemos pouco ou quase nada, somos vaidosos e arrogantes perante os fracos e servis apaniguados dos fortes, somos insuportavelmente marialvas, mentirosos... somos uma data de coisas horríveis.

Mas somos uma tribo. Com as nossas idiossincrasias, mas uma tribo. Com uma história longa de mais de oito séculos e que conseguimos o nosso lugar na história e no mundo através de poetas, escritores, cientistas, pintores, artistas, empresários (um ou outro...), vultos grandes da história que fomos fazendo e que desembocou até na democracia de que muitos duvidaram. E temos um país lindíssimo, o melhor clima do mundo, um mar magnífico, o peixe é mais fresco, Lisboa tem aquela luz só dela, mesmo “quando os barcos ficam no rio, parados sem navegar...”, o fado, as mulheres são lindíssimas, falamos a mesma língua e estamos irmanados por laços que ninguém poderá alguma vez dissolver, mesmo integrados no espaço da união Europeia. Os laços de uma nação.

Por isso o 1º de Dezembro tem um sentido especial para mim.

3 Comments:

At 3:51 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

É um sentimento bonito! Mas o espumante deslisa injustamente para uma visão lisboeta. Eu que até sou alfacinha sinto as dores dos que o não são. E outra coisa: Não sei se a europa não acabará por desagregar mesmo a tal tribo :)

 
At 3:58 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Detesto missivas anónimas. No comentário anterior falta o
IL
:)

 
At 10:40 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IL:
Sou convictamente europeista, na letra e no espírito. Mas tenho a certeza que o bife com ovo a cavalo se tornará intemporal :)) E quanto a Lisboa... sim, eu sei. Sou suspeito :)

 

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